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História With You - And I want to see you here beside me, dear.


Escrita por: _EskimoPie

Capítulo 11 - And I want to see you here beside me, dear.


Fanfic / Fanfiction With You - And I want to see you here beside me, dear.

POV Delphine

- Você assumiu os riscos, Delphine, não há nada que eu possa fazer! – Beth gritava, o estresse claro em seu rosto.

- Eu sei! – passava as mãos pelos olhos me recostando na parede, respirando fundo. – Beth... Eu só quero ligar pra ela. Uma ligação.

- Não. – ela suspirou cruzando os braços. – Eu sei que você gosta dela, mas... Delphine, isso é muito maior que qualquer mulher. Nós temos uma missão aqui, foque nisso.

Maior que qualquer mulher....

Meu coração estava acelerado, de medo, de dor, de saudade... Cosima não entendera, ela não tinha como, não sabia de nada. Para ela, eu a estava abandonando. Mas eu não estava! Eu estava lutando, por mim, por nós... Eu havia feito uma promessa.

- Ela não é qualquer mulher, Beth. – disse chamando sua atenção de volta para mim. – Eu a amo.

- Ótimo, Delphine, ótimo. – ela sorriu com sarcasmo, se aproximando. – Você a ama?

- Oui. – senti as lágrimas subindo aos meus olhos. – Demais.

- Era exatamente isso o que precisávamos no momento, ótimo. – levou as mãos à cintura, girando e olhando ao redor.

Estávamos em uma pequena sala de reunião, praticamente toda tomada pela mesa comprida e as muitas cadeiras. Não fazia nem três dias que havíamos chegado à Frankfurt e eu já não aguentava mais. Não aguentava a peruca escura, a maquiagem pesada e as lentes de contato azuis. Não aguentava forçar aquele sotaque inglês. Não aguentava sorrir para homens que me causavam ódio. Não aguentava ser Helene Bauer, com tudo o que vinha com ela. Odiava ter que estar naquela sala, aguardando homens nojentos para um falsa reunião mais uma vez. Mas era necessário, precisávamos nos aproximar da Topside para entender o que estavam fazendo e, mais importante, como derrubá-los.

- Delphine. – Beth me chamava novamente, seu tom mais sério, sem todo o sarcasmo e irritação. – Você sabia desde o começo que não era um bom momento para se apaixonar. Eu-

- Je savais. Eu... Nunca quis isso, não planejei ou me abri para um relacionamento, mas... – olhei Beth nos olhos, um sorriso se esboçando em meus lábios. Me lembrava da primeira vez que vira Cosima. – Aconteceu. Cosima é... Única. Eu não esperava por ela, Beth, nunca imaginei poder amar como eu a amo.

Beth me encarou por alguns minutos, seus olhos indo da reprovação para a compreensão. De alguma forma, alguma coisa nela me lembrava Cos. Talvez fossem os olhos, quando doces daquela forma, ou a forma como ela repuxava os lábios para um lado quando pensava.

- Nós vamos resolver tudo isso. – disse se aproximando e me abraçando. Eu não esperava, Beth não era carinhosa normalmente, mas retribuí o abraço. Precisava daquilo. – Você vai voltar para a sua Cosima.

Minha Cosima. Senti uma lágrima escorrendo pela minha bochecha e abracei Beth com mais força. Finja que é Cosima. Eu me iludia, focando nas similaridades entre elas para me manter ali.

Logo será Cosima.

Aguentei aquela reunião e todas as outras que vieram focando em Cosima. Em voltar para ela.

Cada dia, cada descoberta, cada homem com quem eu cedia jantar, tudo era para voltar aos seus braços. Mon Dieu, como eu sentia falta de estar com ela. Às vezes, no meio da noite – quando eu podia ser eu mesma e não Helene – me observava em frente ao grande espelho do banheiro do hotel. Tentava, a todo custo, encontrar em mim algum sinal dela, qualquer coisa que me desse um vislumbre de Cosima, de seu amor, de nosso amor.

Mas não havia nada.

 Era como se tudo estivesse em outra dimensão. Não havia nada que mostrasse o quanto ela me mudara, o quanto dela havia em mim. Não fossem minhas memórias, Cosima poderia ser apagada de minha vida. E, às vezes, esse pensamento me acalmava. Não tinha como chegarem a ela. Cosima estava a salvo de Paul e qualquer outro que buscasse vingança.

Ainda assim, eu a sentia. Jamais esquecia seu rosto, o som de sua risada, a textura de seus lábios contra os meus. Tudo estava marcado em minha mente pour toujours. Poderiam me afastar de Cosima para sempre, me torturar, me espancar, tirar minha identidade... Eu ainda me lembraria dela. E a amaria. Era tudo que eu poderia lhe oferecer: meu amor, pour toujours.

Desejava sentí-la novamente, por um dia que fosse. Apenas... Ter a certeza de que ela ainda... Me amava? Me queria? Eu só queria saber se eu ainda teria seus braços para me receber quando voltasse.

A última vez em que eu a vira ela estava... Arrasada. Eu a machucara. Cosima sempre me pareceu nunca ter sido machucada, e eu me sentia tão culpada por ter lhe causado aquilo, talvez... Ela ainda estivesse sofrendo. O pensamento fazia minha respiração pesar. Fora um término forçado. Rápido. Controlado. Eu não deveria nem ter contado que estava indo para a Europa. Como ela poderia não se sentir machucada?

Mon amour, mon coeur a été brisé pour elle...

Meu coração estava em pedaços por tê-la deixado, por tê-la machucado. Mas, ao mesmo tempo, ele só permanecia inteiro – e eu só permanecia inteira – por causa dela. Pelo futuro que eu desejava ter com ela.

Eu lutaria para sentir seus braços ao meu redor todas as noites, para nunca mais passar um dia seu seu riso, sem seus lábios, sem a certeza de seu amor.

 

POV Cosima

Acordei com o corpo suado grudando aos lençóis. Havia pouca luz no quarto e tateei em busca de meus óculos.

Merda. Aquele não era meu quarto.

Minha cabeça latejava e os acontecimentos da última noite voltavam aos poucos. Um bar, uma mulher bonita – Julie? Julia? Algo assim? – e algumas bebidas foram o necessário para me levar àquele quarto quente e abafado.

Havia mais, muito mais. Fora uma noite intensa.

Olhei para a mulher adormecida ao meu lado, os cachos loiros cobriam seu rosto e o corpo pequeno e magro estava descoberto, tão suado quanto o meu próprio.

Merda.

Vesti minhas roupas jogadas ao redor da cama o mais silenciosamente possível, encontrando minha bolsa em uma cadeira próxima à porta. Busquei meu celular para mais informações sobre o que acontecera.

Eram quase seis da manhã, minha última mensagem para Scott havia sido há três horas. O nome da mulher era Julie. Olhei de volta para ela, profundamente adormecida na cama, apenas os cachos se destacando. Se assemelhava a Delphine daquela forma, os cachos quase idênticos.

Claro que se assemelhava... Todas se assemelhavam.

Saí do quarto devagar, indo para o elevador o mais rápido possível. Um motel. Ótimo, Cosima, cada dia melhor.

Por sorte estava perto de casa e, duas estações depois, eu já subia as escadas para meu apartamento.

- Olá. – disse trancando a porta atrás de mim.

Sophie miou de volta. Um miado fino de resmungo.

- Eu sei, me desculpe. – sentei ao seu lado no sofá, era incrível como aquela gata se tornara uma companhia. – Não vai acontecer de novo, eu... Também não gosto disso.

Mais um miado, dessa vez com os olhos enormes assustadoramente presos aos meus.

- Hoje faz um mês e quinze dias, Sophie. – suspirei, passando a mão pela gata. – Quarenta e cinco dias sem Delphine, oito noites dormidas fora de casa, seis mulheres estranhas, trinta e duas ligações e... Muita maconha.

A gata miou novamente, um miado triste, eu percebia – ou talvez apenas escolhia acreditar – pelo seu tom. Ela também sentia falta de Delphine.

- Eu não sei porque faço isso... Porque durmo com essas mulheres, elas... Não podem me suprir nada. – sentia as lágrimas subindo. – O sexo pode ser... Bom, algumas vezes, mas jamais como com ela, no fim eu só me sinto uma vadia ridícula e abandonada de novo. É como reviver tudo, sabe? Cada vez que eu acordo ao lado de uma dessas mulheres e percebo que não é Delphine, eu...

Eu o que?

Eu sentia meu coração apertar? Ouvia sua voz dizendo que me amava? Me lembrava que estava sozinha, sem Delphine, sem notícias?

Eu... Acordava para a realidade, sem álcool, sem a raiva de Delphine que me consumia quando decidia me envolver com aquelas mulheres. Não fazia diferença eu dormir com elas, continuava amando Delphine, continuava a querendo ao meu lado.  

Apenas ela. Delphine, minha Delphine com seu corpo quente e seu cheiro único. Minha Delphine, de cachos desarrumados e o sorriso mais encantador do mundo.

Minha Delphine...

As lágrimas finalmente rolaram, me fazendo encolher no sofá, meu rosto enterrado entre os joelhos.

Eu sentia tanta saudade dela. Era ridículo. No começo, eu lutara contra. Lutara contra ainda a querer, mas era forte demais, mais forte que eu. Então decidi a esperar, falar com ela, falar que eu continuava a amando e que eu a esperaria, eu... Estaria lá quando ela voltasse, só precisava saber se era isso que ela queria. Se era isso que aquele eu te amo dela significava.

Delphine nunca me atendeu, sufocando meus sentimentos. Eu deveria continuar a esperando? Ela voltaria... Para mim? Ou aquele era o fim e eu estava apenas adiando a aceitação?

Meu corpo sacudia com os soluços, minha cabeça doendo ainda mais com o choro.

Eu dormia com sua blusa do Wall-e, ainda sem ser lavada, me sentia próxima dela dessa forma, como se o fato de usarmos a mesma blusa na mesma cama em diferentes momentos do espaço-tempo aproximasse nossos corpos. Eu me fazia acreditar nisso todas as noites em que achava impossível dormir.

Quase sempre era impossível dormir.

Eu não sabia sofrer por amor daquela forma, nunca amara uma mulher ao ponto de continuar a querendo, mesmo quando deixada.

Pensava em Shay, seria assim que ela se sentira quando terminamos? Eu a machucara dessa forma? E... E se Delphine fosse como eu era com Shay? E se estivesse seguindo com sua vida e aquele je t’aime fora apenas uma forma de me consolar?

Era um pensamento que eu não aguentava. Não podia acreditar na hipótese de Delphine não ter me amado tanto quanto eu a amava. Na hipótese dela ter... Esquecido tudo tão rápido.

Consegui controlar o choro o suficiente para me arrastar para o banho, lavando todo o meu corpo daquele suor, daquela mulher.

Precisava me arrumar e ir para o laboratório, seguir com a minha vida.

 

Cheguei atrasada como sempre, terminando meu copo de capuccino do The Brigittes enquanto vestia o jaleco.

- Bom dia, Cosima. – Helen me recebera assim que entrei no laboratório. – Suas culturas estão seguindo muito bem, já chequei.

- Hey, obrigada! – dei um leve apertão de agradecimento em seu ombro. Helen tentava me livrar de problemas sempre que podia e nas últimas semanas estava realmente sendo muito útil.

- Bem, parece que você precisa de uma ajuda de vez em quando. – suspirou, me prendendo com seus olhos azuis. – Sabe, Cos, talvez você precise de alguma ajuda... Terapêutica.

- Que? – ri.

- Estou falando sério, Cos. Eu tenho percebido e, como amiga, preciso te dizer... Esse seu término tem te afetado muito, a terapia nos ajuda a deixar as pessoas partirem.

Deixar as pessoas partirem... Senti minha respiração pesada com essas palavras. Eu não queria deixar Delphine partir.

- Eu mesma fiz terapia há alguns anos. – Helen continuou. – Posso te indicar minha terapeuta, ela é ótima, cada sessão te relaxa tanto...

Talvez... Talvez não fosse uma má ideia. Eu estava me sentindo péssima, sucumbindo à falta de Delphine e me entregando à mulheres desconhecidas como consolo. Não era saudável e se Delphine nunca voltasse...

- Eu posso considerar. Talvez. – disse com um meio sorriso. Não iria me machucar.

- Ótimo! – Helen se apressou em pegar seu celular do bolso. – Estou te mandando o contato dela.

Agradeci a Helen e me afastei, mantendo minha cabeça na ciência o máximo possível. Era a única coisa que me fazia esquecer Delphine por um tempo.

 

 

- Você não parece bem, Cos. – Alison tinha o rosto preocupado na tela. – Ainda é... Ela?

- Eu estou bem, Ali, só... Cansada. – suspirei.

Não queria mais falar sobre Delphine com minhas irmãs. Sarah estava perto de pegar implicância com ela – como fazia com qualquer um que me machucava – e Ali logo me obrigaria a ir para a terapeuta de Helen.

- Hm, não, você não está só cansada, Cosima, eu te conheço. Essa carinha é de tristeza. – ela apontou para mim pela tela. – Quanto tempo faz desde que ela foi embora?

- Quarenta e cinco dias. – desviei os olhos de Ali, tentava conter as emoções. – Eu só... Não sei mais o que sentir, Ali. Ela... Disse que me ama, depois de ter ido embora e... Eu também ainda... A amo.

- Não, Cos! – Sarah gritou, voltando à conversa. – Não! Você precisa deixar essa mulher ir embora, yeah?

- Sarah, não é assim. – Ali ajeitou o cabelo, esticando sua postura. – Não a escute, ela vai te mandar para o bar mais próximo. Amor é algo pelo qual lutamos.

- Sim, Cos, talvez você deva ir para o retiro que Alison e Donnie foram então. – Sarah disse com sarcasmo, ouvindo reclamações de Ali.

- Bom, talvez eu deva, Sarah. – suspirei. – O bar claramente não está funcionando, ou dormir com outras mulheres.

- Você a convenceu a fazer isso? – Ali arregalou os olhos.

- Hey, não! Eu nunca mandei Cos para bar algum, ela é nossa irmã mais nova, eu não faria isso. – Sarah se defendeu. Eu não aguentava a briga delas, já estava incomodada com muita coisa para aguentar mais aquilo.

- Preciso desligar. Já está bem tarde aqui. – forcei um sorriso.

- Nos falamos amanhã, yeah? – Sarah percebia meu tom de exaustão, amaciando sua voz. – Fica bem, Cos.

- É, tenta ficar bem, Cosima. Se ela disse que te ama, quando voltar de viagem vocês vão se resolver. – Ali mandou um beijou no ar. – Ciao.

- Ciao. – devolvi o beijo, desligando.

Fui dormir tentando acreditar em Alison, me forçando a ilusão de que logo Delphine estaria ao meu lado naquela cama, meus dedos passeando pelos seus cachos.

Delphine... Porque eu me apaixonara? Se eu simplesmente tivesse perdido aquele papel com seu número....

Mas então... Eu jamais teria tido os melhores dias, jamais teria escutado seu riso ou suas idéias fantásticas, jamais teria visto o universo dentro dos olhos de alguém, jamais teria tido tanto amor.

Amor. Amour. 

Não fazia sentido ela ter me abandonado. Delphine... Sentia.

Eu sabia, vira em seus olhos, ela sentia todo o amor entre nós. Estava em seus olhos... Seus olhos não mentiam. 

Delphine realmente me amava. Eu sentia isso no fundo de minha alma, e era o que doía. Não era a dúvida sobre seus sentimentos que estava me quebrando, era a certeza de que ela sentia o mesmo que eu, era não poder tê-la ao meu lado, sabendo que... Ambas queríamos. 

Era confuso, a epifania levando lágrimas aos meus olhos. Eu a amava, ela me amava. 

Delphine iria voltar. Ela tinha que voltar. Eu quase já podia sentir seu calor ao meu lado. A simples ideia de tê-la novamente me fazia sorrir. 


Notas Finais


Título: Sunburn - Ed Sheeran.


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