"- vamos Alexei, mais rápido _ a Grã-duquesa segurava a mão do irmão, guiando-o para fora daquele inferno.
- POR AQUI! _ Krigor vociferou, seguindo a trilha com alguns soldados atrás de si.
- Ana.. Não vou aguentar.. _ Alexei apertou levemente a mão da irmã, ofegava e mal conseguia manter-se de pé.
- Nós estamos quase chegando.. Por favor, aguente um pouco mais.. _ Ela o ajudou a subir as pedras.
O Czarevich não conseguia segurar-se para subir, escorregava muito e logo amoleceu nos braços da irmã.
- Não.. Alexei, acorde.. Por favor, acorde..
- Pensou que ia longe, não é..? _Krigor aproximou-se, ofegando brevemente _ Vamos voltar, agora!
Ele arrepiou-se brevemente ao sentir a ponta de uma lâmina em suas costas.
- É muita coragem vir até aqui sozinho.. _ Uma voz madura soou atrás do bolchevique.
- Eu não estou sozinho.. _ Ele abriu um sorriso cínico.
- Sim, você está _ Mais dois rapazes jogaram os outros soldados aos pés de Krigor _ Fora daqui.. Vamos levar a garota conosco.
- ... _ Krigor ergueu as mãos em rendição e virou-se, saindo dali.
Os rapazes o escoltaram até que ele sumisse de seu campo de visão.
- Você está bem? _ O homem de cabelos grisalhos a encarou, aproximando-se.
- Não! Fique longe de mim! _ Ela abraçou o corpo amolecido do irmão.
- Está tudo bem _ Ele estendeu a mão e abriu um sorriso gentil _ Vamos cuidar do Czarevich, venha.
Um dos rapazes tomou gentilmente Alexei nos braços e seguiu o grisalho.
- ... _ Ela ergueu o olhar e fitou o rapaz de olhos claros, não via bem a cor, estava muito escuro; conseguia ver somente seus dedos.
Anastásia estendeu a mão e ele a segurou, ajudando-a se levantar; ela fraquejou com a dor em suas pernas, o sangue havia esfriado e agora o corpo latejava pela corrida. Ele passou os braços no espaço abaixo dos joelhos e o outro firmou nas costas da ruiva, erguendo-a no colo de princesa.
- Isso não é necessário.. _ Ela sentiu as bochechas esquentarem.
- ... _ Ele abriu um sorriso mínimo e seguiu a trilha dos colegas.
- Espera.. _ Anastásia apertou a roupa do rapaz entre os dedos _ Pode me levar para a clareira?
Ele assentiu e voltou até as pedras, agarrou uma delas e saltou para cima com facilidade, caminhando até a clareira e deixando a ruiva em pé no centro dela.
- Obrigada.. - Ela ajoelhou-se e tirou de seu dedo a aliança dourada; as lágrimas voltaram a correr por suas bochechas e a execução de Dimitri passou em sua mente como um filme.
O rapaz encostou-se em uma das árvores e observou a ruiva que chorava baixo, abraçada ao anel; ele mordeu o lábio e desviou o olhar, sentia-se mal por ela.
Anastásia abriu um pequeno buraco na terra e enterrou a aliança, a vista já estava turva pelas lágrimas e logo ela levantou-se, limpando-as sem qualquer delicadeza.
- Ele está em um.. Lugar melhor _ A voz grave do rapaz soou e ela virou-se, vendo os olhos violetas iluminados pela luz da lua.
- Tenho certeza que sim.. _ a ruiva abriu um sorriso melancólico e suas pernas fraquejaram.
O rapaz a segurou novamente e voltou para a trilha dos colegas.
- Obrigada.. _ Ela sussurrou e adormeceu nos braços do rapaz."
>>>
Ana despejou o café em sua caneca e deixou a garrafa sobre a mesa, voltando para a sala.
- O que queria me perguntar? _ Ryan a olhou, o olho direito estava roxo e brevemente inchado pela briga do dia anterior.
- ... _ Ela sentou-se no sofá e bebericou o café, deslizando para ele uma das imagens que imprimiu há dois dias.
O moreno franziu o cenho e segurou a foto, ainda olhando a ruiva.
- Não deveria perguntar ao Apollo? _ Hiddley abriu um sorriso sarcástico.
- Ele está ocupado.
- Eu também estou.
- Então por que veio? _ Ana arqueou a sobrancelha.
- .... _ Ryan respirou fundo e encarou a imagem _ O que tem a foto?
- Retrata uma organização russa que resistiu aos bolcheviques, especula-se que eles tiveram um tempo com a grã-duquesa e o Czarevich _ Ela tamborilou as unhas na caneca, encarando o café que praticamente sumia no fundo preto.
- Não era bem assim _ Ryan analisou as pessoas na foto _ Nem todos eram russos, alguns eram deserdores dos exércitos americanos e outros eram voluntários estrangeiros, trabalhavam para melhorar a situação da Rússia e para salvar as pessoas que foram capturadas pelos bolcheviques, inclusive alguns se infiltravam entre eles pra que o sucesso fosse maior.
A ruiva se levantou e aproximou-se do moreno, apontando para um rapaz no canto da foto que segurava uma arma e mantinha uma expressão séria, era incrivelmente familiar.
- Esse aqui.. Quem é? _ Ela arqueou a sobrancelha.
- ... Ana, eu preciso ir _ Ele deixou a folha na mesinha e levantou-se.
- Você sabia que o Apollo nunca foi um intruso _ Ana bebericou o café e encostou-se na parede, encarando o chão _ É isso que te deixa tão frustrado.. Você sempre entra na defensiva quando ele chega, porque sabe que um passo em falso e ele descobre que fez parte da história tanto quanto você.. Ou até mais.
- O nome é Natanael Lamartine _ Ryan apertou levemente a maçaneta e a soltou _ É um francês que se voluntariou por causa dos pais russos que foram mortos durante a investida dos bolcheviques. Ele foi um dos homens que salvaram a grã-duquesa de Krigor..
- Alguma ligação direta com o Apollo?
- Não.. Ele não teve filhos.
Ana apertou levemente a caneca e ergueu o olhar, fitando Ryan com um sorriso breve.
- Obrigada.
Hiddley sentiu o coração se aquecer com aquele sorriso, no entanto, o sentiu apertar-se logo em seguida.
- Era só isso? _ Ele desviou o olhar.
- Era _ ela se aproximou e ficou na ponta dos pés, depositando um beijo na bochecha do moreno.
- Ok.. _ Ele virou-se e saiu, fechando a porta.
- X -
Apollo ajeitou as latas de conserva na prateleira e colocou mais algumas, virando os rótulos para frente como sempre.
- ... _ Por mais que dissesse a si mesmo o quanto era ridículo que a história da grã-duquesa interferisse no seu 'relacionamento' com Ana, ainda tinha medo de que fosse verdade, e se não fizesse parte? E se fosse apenas coincidência ter entrado na vida da ruiva antes de Ryan?
Ele balançou a cabeça, afastando os pensamentos, precisava se focar no trabalho.
- Williams.
- Hm? _ Ele ergueu o olhar, fitando o homem de baixa estatura e peso elevado _ Ah, Sr. Marques, eu acabei aqui.
- É, eu vi _ Ele abriu um sorriso _ ótimo trabalho, como sempre.
- Obrigado _ Apollo levantou-se e segurou a caixa vazia.
- Seu expediente acabou _ o Sr. Marques tirou do bolso um envelope e estendeu a ele _ Seu salário. Coloque a caixa no lixo e pode ir, deve estar ansioso.
- Pra falar a verdade.. Nem tanto.. _ Ele sorriu torto e segurou o envelope _ Bom, até amanhã.
- Até _ o velho sorriu e o viu sair da loja.
>>
Apollo amaldiçoou a 1918 por ser tão perto da loja e respirou fundo, encarando a maçaneta.
- Ok.. _ Ele a girou e entrou, a porta quase sempre estava aberta, uma mania terrível da ruiva _ Ana, to entrando.
Williams fechou a porta atrás de si e olhou ao redor, tudo estava exatamente como Anastasia deixava; ele encarou a imagem na mesinha e a pegou, analisando-a.
- .... _ O moreno arregalou os olhos e correu até o quarto da ruiva, abrindo a porta bruscamente.
Ana estava deitada em sua cama, mexia em seu computador e não conteve um sorrisinho ao ouvi-lo entrar.
- Eu to na história! _ Ele a encarou, sorrindo de orelha a orelha - Eu.. Eu to na história..!
Continua..
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.