- Fecha.. _ Ryan afastou-se brevemente _ Fecha esse livro, agora!
Apollo fechou o livro rapidamente e viu o colega desabar no sofá; a respiração de Hiddley estava acelerada.
- Tem algo a ver com aquele sonho? _ Ana o olhou, franzindo sutilmente o cenho.
- O que você acha? _ Ryan esboçou um sorriso irônico e bagunçou os cabelos.
Ana e Apollo se entreolharam, discutiam com olhares.
- Queimem esse maldito livro, se Krigor está nele.. Trouxe o inferno junto.
- a grã-duquesa disse que o livro é importante _ a ruiva cruzou os braços.
- não me importa o que ela disse, ele é perigoso e se não queimarem.. Eu mesmo vou.
- Ele é inofensivo aqui _ Williams deixou o livro na mesinha e revirou os olhos.
- Krigor nunca é inofensivo, em lugar nenhum; ele é um monstro _ Ryan os olhou, havia em seus olhos uma perturbação crescente, isso incomodava até mesmo Apollo.
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Hiddley jogou um pouco de água fria no rosto e olhou-se no espelho, as olheiras não estavam tão evidentes quanto deveriam, mas a pele estava mais pálida.
‘uma semana.. Faz uma semana que aquele maldito livro está sendo estudado..’ _ Ele secou o rosto e tirou a camisa, sentando-se na cama.
Encarou o livro na cômoda e esfregou os olhos, ele havia sumido; via aquele livro maldito em todo lugar, estava começando a ficar desesperado.
‘não..’ _ Ryan balançou a cabeça e deitou-se, puxando o cobertor até seu pescoço.
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“Hiddley se viu em uma floresta lindíssima, vagalumes iluminavam uma trilha de grama esmagada e ao fim do caminho havia uma linda luz azul perolada.
- ... Onde eu estou? _ Ryan olhou ao redor, admirado com a beleza do lugar e ao mesmo tempo assustado com tanto mistério.
- Ryan.. _ O moreno sentiu um arrepio subir pela espinha, a voz era baixa e muito familiar, a brisa o fazia tremer um pouco e ele sentia como se alguém sussurrasse ao pé de seu ouvido _ Estou esperando..
Hiddley sentiu o ar faltar e a garganta doer, estava terrivelmente seca.
- Quem está ai? _ A voz vacilou e ele conseguia ouvir o próprio coração bater forte contra o peito.
- Estou esperando.. _ A voz soou mais presente, isso fez o moreno prender quase por completo a respiração na tentativa de sufocar o medo.
Ryan seguiu a trilha, alcançando a luz sem pressa alguma, no fim, uma clareira bem iluminada era o término da trilha; no centro dela estava o livro de capa preta lisa.
- Eu estava te esperando.. _ O livro se abriu e as páginas foram folheadas pelo vento lentamente, parando em uma específica.
- Quem.. Quem disse isso?!? _ Ryan sentiu a árvore contra as costas e arregalou brevemente os olhos, fitando o livro.
Uma mão saiu da página e logo a outra, não demorou até que alguém estivesse totalmente fora do livro, esse alguém era terrivelmente familiar.
- Nos encontramos de novo.. _ Ele esboçou um sorrisinho.
- Krigor.. _ Ryan encontrava-se perplexo, amedrontado e desejando que aquilo sumisse de uma vez.
- dessa vez você não vai escapar.. _ Hiddley sentiu as mãos do bolchevique em seu pescoço, logo o soldado o apertou e o ar começou a ficar escasso.
A risada cruel de Krigor ecoou pela clareira e o corpo de Ryan estremeceu pelo medo, sentia a coragem sumir e via em si um garotinho de 12 anos, completamente sozinho e assustado; aquela era a sua realidade.”
- AHHH! _ ele sentou-se na cama, ofegando pesadamente, os pulmões queimavam como se tivesse corrido 100 km sem uma única gota de água.
O pescoço dele doía como se tivesse tentado suicídio e a roupa estava ensopada de suor.
Hiddley saltou da cama e correu até o banheiro, ligando a luz e olhando-se no espelho; marcas arroxeadas estendiam-se por sua pele pálida, cópias exatas dos dedos de Krigor.
- Isso não está acontecendo.. _ Ele jogou um pouco de água fria no rosto e voltou a olhar-se no espelho, estava ficando louco.
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Apollo descia o olhar pelo livro, lendo-o com uma empolgação quase inexistente.
- Não tem nada de interessante aqui _ Ele fechou o livro, deixando-o na mesinha e pegando o diário da grã-duquesa _ até o diário de uma garotinha é mais convidativo.
O ursinho remendado acertou a cabeça do moreno.
- Ow! _ Ele segurou o urso e o olhou por um momento, fazendo uma careta _ Pensei que tivesse desapegado dessa.. Coisa.
- Pensou errado _ Ana prendeu os cabelos em um coque e arquejou ao sentir o chão frio da sala sob seus pés descalços _ Adoro o inverno.
Ela abriu um sorrisinho irônico e foi até a cozinha.
- Sei.. _ Apollo observou a ruiva andar de um lado a outro com um minúsculo short rosa e uma regata branca, possível pijama _ Adorei o visual, vai na padaria assim?
- Não, vou sair com o Marcos, ele me convidou ontem _ Ela sorriu, cínica.
- ..... _ Williams não conteve um rosnado baixo _ Manda ele pastar.
- Sabe que nós dois não temos nada, né? _ Ela encheu sua caneca com chocolate quente e bebericou, enchendo a de Apollo.
- Claro que temos, somos.. Amigos que se beijam _ Ele deu de ombros, voltando a ler o diário.
- Amigos coloridos? _ Ela lhe estendeu a caneca.
- É, isso ai _ o moreno segurou a caneca e roubou dela um selinho _ Valeu.
- Amigos coloridos podem ter outros relacionamentos _ Ela sentou-se e cruzou as pernas, sentindo-se mais aquecida.
- Então somos amigos coloridos que não podem ter outros relacionamentos _ Ele bebericou o chocolate, estendendo a ela o diário.
- Nossa, que original _ Ana segurou o diário e deixou a caneca na mesinha.
‘Eu não sei como fiz.. Depois de ouvir os estrondos eu me escondi e consegui encontrar o livro que costumava ler quando pequena..
A porta do meu quarto se abriu rápido, não tive tempo de pensar, Krigor agarrou meu pulso, abrindo um de seus sorrisos assustadores; eu estremeci e fechei os olhos pelo medo, agarrei meu livro e o acertei, quando abri meus olhos.. Ele já não estava ali, desapareceu completamente..’
- Alguma chance do livro ser amaldiçoado? _ a ruiva devolveu o diário e segurou a asa da caneca, sentindo a fumaça aquecer seu nariz.
- Uma grande chance.. _ Ele fechou o diário, já que as páginas seguintes e as anteriores estavam em branco, quase como se eles pudessem ver somente o que a grã-duquesa queria que vissem.
A porta da frente se abriu violentamente e Ryan os olhou, mantinha uma expressão assustada e as mãos tremiam, fora a palidez incomum e as marcas no pescoço.
- Queimem.. Antes que ele saia..
- Ryan..? _ Ana se levantou e correu até o colega, tocando as marcas em seu pescoço _ Quem fez isso?
- Krigor..
- Mas ele está dentro do.. _ Apollo encarou o livro por um momento e o abriu na página onde haviam visto a silhueta do soldado _ Não está..
- É tarde demais.. _ Ryan encarou Ana, assustado _ Vamos todos morrer..
Continua..
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