- A-Ah, nada não! – Exclamei, chacoalhando as mãos negativamente.
- Ah, Yuki tem habilidades de Primeira Geração – Leo disse, apontando com o polegar para mim.
- VOCÊ ACABOU DE DIZER PARA NÃO CONTAR PARA NINGUÉM!
- Ah, mas Melanie é minha sobrinha.
- O-O quê?!? – Exclamei.
- Sério?! Mentira... – Melanie exclamou – Aparentemente, não deveriam pertencer a ela, já que é tão inexperiente.
- Eu te salvei daquele acampamento! Deveria ter te deixado ali mesmo, gemendo de dor – Resmunguei, irritada.
- Pff – Revirou os olhos – Enfim, que seja, me mostre um pouco disso aí.
- Tem certeza? – Abri um sorriso malicioso – Vai doer.
- Quero saber o quanto.
Concentrei-me, fechei os olhos, os abri novamente, olhei para o seu rosto.
- Ai! – Ela instintivamente colocou a mão esquerda no braço direito, que era o que estava enfaixado – Por que logo nesse braço?!
- Eu não controlo aonde. Não ainda.
- Pois melhore, eu quero um desafio melhor.
Quais seriam as habilidades de Melanie?
- Enfim, vou entregar as armas de Segunda Geração para os outros. A propósito, você não pegou nenhuma arma, Melanie. É de Segunda Geração? – Leonardo indagou.
Ela assentiu.
- Certo, junte-se aos outros.
- Ok – Acenou e jogou parte do cabelo para trás.
*
Joguei-me na cama, olhando para o teto da cabana.
- Arma especial, huh...? – Falei baixo comigo mesma – Onde estaria? Um cajado parece... – Virei para o lado, agora com os olhos para o guarda-roupa -.... Maneiro...
Coloquei os fones de ouvido, e coloquei alguma música calma. Respirei fundo, passando os momentos com meu pai em minha cabeça. Memórias de criança, e de agora. Pai, por que você fez isso? Você nunca foi violento, assim... Há quanto tempo estava planejando isso?
Não importa, eu vou te deter. Custe o que custar.
Tenho a leve impressão de a pedra de meu colar ter brilhado um pouco. Quando olhei, estava normal.
Coloco o despertador para meia hora mais tarde: iria cochilar.
Alguns minutos depois, meus olhos fecharam e adormeci.
*
Está tudo escuro. Tento andar alguns passos à frente, mas bato com uma parede de vidro. Logo me dei conta de que estava presa em uma caixa de vidro. Chutei-a com força, mas ela se manteve completamente estável. O vidro estava gelado e liso, e eu estava com muito frio.
Começo a avistar, bem distante, uma luz forte. Cada vez mais próxima, sentia calor. Esse calor arrepiou-me com a transição repentina de temperatura. Percebo que se tratava de um garoto, cerca de doze anos, cabelos castanho-avermelhados e olhos amarelos. Pus a mão no vidro, que agora estava quente, e ele colocou a sua mão, do lado de fora do vidro, da mesma posição que a minha. Senti mais calor.
- Me tire daqui... – Pedi, sentindo um pouco de falta de ar – Por favor.
Em seguida, ele simplesmente abriu o vidro com muita facilidade, e, após eu sair, abriu os braços, convidando-me a um abraço. O garoto permanecia completamente em silêncio, sem expressão.
O abracei, e senti muito calor. Muito mais calor. Minha pele... Estava derretendo! Afastei-me bruscamente. Comecei a sentir-me queimar, uma dor intensa e extremamente forte.
- AAH! – Acordo assustada, levantando-me bruscamente – O que foi isso?!
Olhei para o meu colar. Ele estava com uma luz forte, mas, aos poucos, foi voltando ao normal.
- O-O que está acontecendo...? – Exclamei, ainda assustada. Tudo no sonho, as sensações, pareciam tão... Reais.
*
-... Então, eu comecei a sentir o meu corpo inteiro queimar – Contei para Amanda e Will, na mesa do pátio, no lanche da tarde.
- Que assustador. Mas, como aquele garotinho parecia? Tipo, ele parecia com medo? - Amanda indagou.
- Não. Na verdade, ele nem parecia ter expressão – Respondi, terminando o meu hambúrguer.
- Ele tinha olhos amarelos, então? – Will perguntou retoricamente – Geralmente as pessoas tendem a ficar com os olhos amarelos quando usam uma habilidade. Já pensou que ele pode ser uma habilidade? Em forma humana?
- Bem pensado. Será que ele faz parte de mim? Ele que controla as minhas habilidades?
- Ai, gente. Eu não sei racionalizar, não. Estão estragando as batatinhas – Amanda bufou.
- Você nunca enjoa de batatas. Eu já estou aqui há um mês e você continua comendo a mesma coisa no café, no almoço, no lanche e no jantar. Até eu enjoei só de te ver comendo.
Amanda riu com mais um monte de batatas fritas na boca.
- Enfim, voltando ao assunto – Will retomou – Será que mais alguém já sonhou ou viu ele...?
- Boa pergunta. Talvez – Amanda disse.
- Ele queria um abraço, talvez estivesse carente, ou solitário – Palpitei.
- Talvez - Will disse.
- Esses “talvez” não vão levar a lugar algum – Falei, já estressada.
- Talvez – Brincou Will.
*
Na cabana novamente, já me preparando para as atividades da noite, meu celular vibra, e recebo uma mensagem da diretoria novamente:
“A partir de hoje não haverá mais treinos. Daqui a uma semana, nós entraremos em férias, e realizaremos uma viajem com todos os membros do acampamento. Vocês ficarão fora por duas semanas, e os treinos só voltarão a ter novamente após essa viagem. Nós traremos mais informações mais tarde.
Obrigada,
A Direção.”
Fiquei ansiosa com a ideia de uma viagem. Em toda a minha vida, eu nunca viajei para muito longe. Onde será que nós iremos?
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