1. Spirit Fanfics >
  2. Wonderland (Dramione) >
  3. Capítulo 10

História Wonderland (Dramione) - Capítulo 10


Escrita por: IaniD

Capítulo 10 - Capítulo 10


Fanfic / Fanfiction Wonderland (Dramione) - Capítulo 10

Hermione viu Draco se afastar dela, mas não conseguiu se mover. Sentia como se seus pés fossem feitos de chumbo.

O que eles fizeram?

Engraçado, ela nunca pensou que queria beijar Draco até fazê-lo. Mas agora teria que enfrentar o gênio arisco dele. Uma voz interior lhe dissera que devia dar espaço a ele, mas a leoa dentro de si queria correr até ele e enfiar um pouco de bom senso em sua cabeça dura.

Hermione escolheu ouvir a leoa.

Finalmente encontrou os próprios pés e correu. Chamou seu nome, e teve certeza que ele a ouviu pela rigidez de suas costas, mas Draco não parou. Ela o chamou de novo.

— Não, Granger! Me deixa. – ele respondeu sem se virar para ela.

— Draco, podemos conversar so...

— Não! – ele gritou. Dessa vez ele se virou para ela, e Hermione pode ver a tempestade se formando em seus olhos. – Esquece o que aconteceu. – ele falou com calma fingida. – Por favor, Granger. Conversar sobre isso só vai fazer a gente brigar, e eu não quero fazer isso, ok? Só... – seu autocontrole aparente se desfez afinal – Só me deixa em paz, porra!

Draco correu para longe dela mais uma vez e Hermione decidiu não insistir mais essa noite. Mas não iria desistir, sabia que todo o progresso dele iria por água abaixo se Draco não lidasse com o beijo da maneira certa.

Chegando em casa não pensou em fazer muita coisa além de se jogar no sofá. Nem se dera ao trabalho de acender a luz, e ficou apenas deitada mexendo no celular. Experimentou enviar uma mensagem a Draco, mas ele nem sequer a leu. Sem ser convidado, o beijo invadiu sua mente e Hermione passou os dedos pelos lábios. Quase dava pra sentir o gosto de Malfoy.  

Na manhã seguinte acordou com horríveis dores nas costas. Depois de um banho rápido preparou algumas panquecas com calda de chocolate. Ouviu o celular apitar, mas não era uma mensagem de Draco e sim de sua mãe. Hermione lhe contou sobre a noite passada, sem mencionar o beijo ou a tentativa de assalto.

Mais tarde ouviu batidas na porta, e quando se levantou para atender, Hermione imaginou que fosse o Sr. Carter recolhendo o aluguel, mas foi Draco, com olhar frio e calculista que a encarou de volta. Ele entrou sem ser convidado e Hermione teve que sair da frente para evitar que trombassem.

Que comecem os jogos.

— Draco...

— Não. – ele a interrompeu calmo demais. – Quem vai falar sou eu, Granger, então quero que preste muita atenção, ok? Ontem à noite não significou nada. Na-da! A gente fez o que fez porque estava fugindo daqueles caras e só. Você ouviu bem o que eu disse?

— Quem você está querendo convencer com esse discurso? Você ou eu? Se estava fingindo, desempenhou seu papel muito bem.  – ela desafiou e pode ver a centelha se acendendo dentro dele.

 Draco a controlou muito bem e continuou como se não a tivesse ouvido.

— O acordo acabou.

— O quê?

— Já aprendi tudo o que precisava e agradeço sua ajuda. – ele falava como se tivesse recitando um discurso que decorara com muito afinco. – E assim que recuperar meu dinheiro, você receberá o que nós combinamos. – Hermione não acreditava no que estava estudando. – Aqui está o seu livro.

— Eu não quero o livro, Malfoy, e nem a droga do seu dinheiro. – ela gritou para ele, mas Draco já caminhava em direção a porta.

Um rápido feitiço de Hermione fez com que a maçaneta desse choque em quem tentasse toca-la. Draco sacudiu a mão olhando pra ela com raiva.

— Muito maduro, Granger.

— Ah, eu estou sendo imatura?! Você é inacreditável.

— Estou tentando fazer a coisa certa aqui.

— Não, não tá! Você tá fugindo. Não quer enfrentar o que aconteceu.

— Não aconteceu NADA! – ele gritou de volta, pegando a maçaneta novamente, decidido a ir embora dali. Sentiu o choque de novo, mas sua teimosia o impedia de ter bom senso.

— Você vai se machucar, Draco. Para! – ele ainda não tinha soltado a maçaneta, e não ia soltar, Hermione percebeu, então lançou um feitiço de bloqueio entre ele e a porta.

— Hermione...

— Não! Agora é você quem vai me ouvir. Você não é mais uma criança controlada pelo seu pai, ou pelos estereótipos da Sonserina, ou por Voldemort. Você pode escolher por si mesmo o que quer, que se dane o status ou sangue. Vai ser fantoche deles até quando? A vida é sua, Malfoy, e você pode tomar o controle dela. E é isso que te assusta, estar sem sua máscara, porque quem me beijou ontem não foi o herdeiro Malfoy, nem o sonserino, nem o menino assustado, foi você. Simplesmente você, sem nenhuma armadura ou desculpa.

— Você não me conhece, Granger.

— Pelo contrário, acho que te conheço melhor do que qualquer um. Acho que fui a única pessoa que já te viu sem a sua máscara.

— O que você quer que eu faça?! - ele cuspiu para ela com raiva.

— Esse é exatamente o ponto! O que você quiser. O que você escolher. Quero que viva sua vida por você não pelas expectativas dos outros.

Draco balançava a cabeça sem parar, como se não soubesse lidar com uma verdade incontestável. Algo que lhe fora revelado diante dos olhos e não houvesse nenhuma possibilidade de negação.

— Eu não sei mais o que eu quero. Eu não sei mais quem eu sou... – ele admitiu num suspiro e Hermione sentiu o coração encolher de dó. – Tudo o que existia, sumiu.

— Draco, é uma página em branco que...

— Não venha com essas merdas de frases prontas pra cima de mim, Granger. São palavras vazias. – ele acusou.

Hermione se calou enquanto Draco se sentava no balcão, afundando a cabeça entre os braços.

— Essa mudança seria mais fácil se você parasse de se culpar por tudo o que faz. Olhe por esse lado, não tem ninguém além de mim que te conhecia de antes. Ninguém está te julgando, e se isso te fizer se sentir melhor, posso prometer que nunca contarei nada sobre sua estadia aqui.

Aquilo fez Draco erguer a cabeça.

— Não tem ninguém aqui... – ele repetiu como se apenas agora essa ideia tivesse lhe ocorrido. – Promete que não vai conta nada?

— Prometo. – ela disse com sinceridade. – Será que agora você pode, por favor, parar de me ver como sua inimiga?

A pausa de Draco fez o coração de Hermione parar por alguns segundos.

— Por que insiste tanto em me ajudar, Granger? – Hermione o encarou pensativa.

— Acho que todos merecem uma segunda chance. Você cometeu erros como qualquer um, Draco. Mas não posso te condenar por causa disso. – ela lhe ofereceu um pequeno sorriso. – E a gente ainda tem uma viagem pra fazer... certo?

Ela o encarou em expectativa, e esperou pelo que pareceu uma eternidade antes de Draco responder.

— Sim, Granger. Vamos fazer essa maldita viagem.

 

***

 

Draco preparava uma mochila ainda se perguntando onde estava com a cabeça quando deixou que Granger o convencesse a continuar com isso. Mas ele teria que ficar ali mais um ano, então... por que não fazer a estadia agradável? Ninguém saberia que ele estava se divertido e Granger prometeu não contar. Isso se se pudesse acreditar na palavra dela, o que, relutante em admitir, Draco confiava.

Eles não conversaram sobre beijo, o que deixou o sonserino grato. Não queria pensar sobre o assunto, pois não sabia como lidar com ele. As vozes em sua cabeça não podiam ser simplesmente desligadas, nem seu temperamento. Não fazia ideia de como ele e Granger poderiam ficar confinados em um carro por horas sem que o assunto fosse trazido à tona, e junto com ele uma discussão inevitável.

— Hunter, caso meu... tio... apareça enquanto eu estiver fora, pode entregar essa carta pra ele, por favor? – o amigo estava deitado em sua cama com um livro.

— Claro, cara. Quanto tempo vai ficar fora mesmo? – Hunter guardou a carta em uma gaveta.

— Uns dois ou três dias, por que? – Draco perguntara desconfiado.

— Só pra programar quanto tempo de sexo selvagem eu posso fazer aqui.

— Fique longe do meu quarto. – ele exigiu.

— Não prometo nada. E quando eu vou conhecer sua namorada?

— Eu não tenho namorada.

— Ok, a mina que você tá pegando. – Hunter perguntou com impaciência.

— Não tô pegando ninguém. – ele se defendera.

— Draco, se queria manter segredo, não devia tê-la beijado daquele jeito no meio de todo mundo. – “daquele jeito”? Foi tão intenso assim? – Pensei que fosse sério, já que estão indo viajar juntos.

— Só vamos resolver uns problemas, e ela não é minha namorada.

— Ok, emburradinho. Boa viagem com a sua não-namorada-que-você-beija-em-público.

Draco o ignorou e se dirigiu ao local de encontro combinado com Hermione. A bagagem da garota incluía apenas uma pequena bolsa de mão. Feitiço de extensão, Draco imaginou.

Decidiram que o bruxo seria o primeiro a dirigir e iniciaram sua pequena roadtrip depois de pedir lanches em uma drive-thru. A música do pen-drive que Hermione espetara no rádio, e a voz da mulher do GPS, eram os únicos sons no carro.

Um livro muito maior do que a bolsa de Hermione fora tirado de lá, e a garota começou a lê-lo com afinco. Draco conseguiu ver que era um livro de medicina, mais especificamente sobre o cérebro humano. Ela lia por mais de uma hora e de vez enquanto fazia anotações em um caderno preto. Estava claro que algo a irritava quando Hermione fechou o livro com força e o lançou no banco de trás.

Ele a encarou surpreso, mas ela virou o rosto.

— Nunca pensei que veria Hermione Granger maltratando um livro.

— Essa droga tá me deixando doente. Não quero falar sobre isso. – ela disse e Draco não insistiu no assunto. - O que você está estudando? Nunca me contou.

— Só escolhi fazer aulas de matérias que eu gosto. Isso é temporário, Granger. Não é como se eu fosse me formar.

— Ok, qual sua aula preferida então?

— Desenho.

— Sério? Não sabia que você desenhava.

— Tenho muitos talentos ocultos que você desconhece, Granger. – ele a encarou presunçoso e ela sorriu.

 

***

 

A viagem prosseguia no mesmo ritmo tedioso anterior. Pararam em um posto de gasolina e descobriram que o GPS os havia enviado por um caminho mais longo. Estavam mais a leste do que gostariam e o tempo marcava quase doze horas de viagem ao invés das nove previstas.

A razão disso era que, em uma das cidades da redondeza acontecia o Festival do Vinho, que atraia pessoas de todos os cantos. E se adicionassem isso ao período de férias, sim, a estrada estaria cheia. Decidiram jantar ali mesmo no bar antes de seguir viagem.

Hermione dirigiu pelas três horas seguintes, quando decidiram que já tinham percorrido o suficiente por um dia, mesmo não tendo chegado nem na metade do trajeto. Parariam no primeiro hotel que encontrassem. 

Esse plano acabou sendo mais difícil do que pensaram. Já haviam parado em três deles e nenhum tinha quartos disponíveis. Esse festival devia ser mesmo muito badalado se não encontravam nem quartos na beira da estrada.

— Tem uma barraca na minha bolsa. – Hermione sugeriu.

— Você quer acampar?

— Você quer dormir no carro?

Assim estacionaram e entraram num bosque até achar uma clareira que pudessem usar. Hermione entregou uma lanterna a Draco, e usou o Lumos de sua varinha para se guiar. Quando encontraram um lugar que ambos acharam adequado, o sonserino recolheu gravetos para uma fogueira enquanto a bruxa armava a barraca com magia.

— O que diabos é isso? – Draco encarava a pequena barraca de Hermione.

— É a nossa barraca.

Nossa? Nós dois vamos dormir aí? Não tenho certeza se uma pessoa cabe aí.

— Ora, não seja ridículo, é claro que cabe. É uma barraca de camping trouxa. – ela apontou a varinha para os gravetos e murmurou um Incendio, enquanto o conflito interno de Draco o percorria.

Ela sabia o que ele estava pensando. Os dois teriam que dormir inconvenientemente próximos naquela pequena barraca. A ideia também a assustava, mas havia um lado seu que ficava maravilhada com a possibilidade. Chamem-na de louca, mas queria dividir essa intimidade com ele. E achava que Draco precisava disso tanto quanto ela.

— Talvez eu devesse dormir no carro.

— No carro? Mas é perigoso.

— E aqui não é?

— Aqui temos minha magia, vou coloca-la ao redor da barraca. Não posso proteger aqui e lá ao mesmo tempo.

— Não me importo.

— Eu te assusto tanto assim?

— Acha sensato depois do beijo a gente dormir juntos?

— Ah, então houve um beijo? Desculpe, por um momento pensei que tivesse imaginando coisas, porque você insiste em dizer que não aconteceu nada. – Draco a encarava com raiva. - O que acha que vou fazer? Pular em cima de você? Você não é tão irresistível quanto pensa. Vamos apenas dormir. E se me lembro bem, ontem quem me agarrou foi você.

— Bem... você não estava exatamente me pedindo pra parar!

— Não... eu não pedi.

A réplica de Draco morreu em sua boca conforme Hermione lançava os feitiços de proteção ao redor deles, deixando o rapaz sozinho por um momento. Rezou para que ele lesse as entrelinhas. Ela não pediu para ele parar, porque não queria que ele tivesse parado.

Hermione estava dentro da barraca a mais de meia hora e Draco ainda não entrara. Imaginou que aquele teimoso estivesse dormindo no chão ao lado da fogueira e fechou os olhos.

Acordou algumas horas depois e percebeu que ainda estava sozinha. Uma rápida espiada lá fora revelou o sonserino dormindo, meio sentado, apoiado em uma arvore. Aquilo partiu seu coração mais do que podia admitir. Conjurou uma manta e um travesseiro pra ele e voltou a dormir se sentindo estupida.

Que se dane.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...