História Wonderwall - First Season. - Flying to My Second Home.

Deixar tudo para trás e ir para outro país, uma nova vida onde eu não conhecia ninguém não era fácil. Eu me despedi dos meus pais no aeroporto com um nó na garganta porque realmente não queria que tudo fosse daquela forma, poderia ser mais fácil se minha família toda fosse comigo, meus avós, meus pais e minha prima-irmã Alice. Mas não era assim, eu estava partindo para um novo desafio em minha vida, e esse seria sem o constante e presente apoio deles. Pra mim também não era fácil deixar tudo o que conhecia desde criança e simplesmente virar as costas e ir embora. Mas ver minha mãe chorando abraçada ao meu pai daquele jeito tão sentido e sem saber o que aconteceria com a filha dela naquela “nova fase” era ainda pior. Eu entendia a dor dela, entendia a preocupação e o desespero, a saudade, mas eu estava indo em busca de um dos meus maiores sonhos, virar uma jornalista de verdade. Respirei fundo e passei pelo portão de embarque dando um tchau e sorrindo, consegui não chorar e apenas algumas lágrimas caíram enquanto eu subia pela escada rolante. Estava com tempo porque fiz o check in com antecedência, ainda faltava uma hora para embarcar. Meu novo destino? A Inglaterra. Londres, Paddington pra ser mais precisa, tudo custeado inicialmente pelo Jornal que eu ia trabalhar – The Financial Times – pequeno, nada que fosse comparado ao Daily Mail ou ao The Sun, mas pra inicio de carreira fora do país estava ótimo. Era um jornal bem especifico bem voltado para a economia, apesar de não ser minha área eu estava muito feliz.

Se eu achava que não seria fácil me adaptar lá, eu estava enganada. Foi muito pior do que isso, as pessoas me acolheram bem no jornal, mas tudo era muito diferente do que eu estava acostumada. Eu tinha chegado lá no sábado, dia 13 de setembro, e passei o restante do dia dormindo, e depois o domingo arrumando tudo em casa. Gostei bastante do local que estava tanto do bairro quanto do apartamento em si. Era pequeno, tinha uma cozinha, uma sala e dois quartos. Um com certeza seria feito de escritório, e quem sabe eu não poderia ficar por ali depois dos seis meses que seriam custeados pelo jornal? Eu gostei dali, era acolhedor. Com certeza ficaria ali. Fui á um mercado próximo, Sainsbury, que um senhor chamado Robert, que morava no mesmo prédio que eu me indicou. Fui a pé mesmo, comprei algumas coisas que precisava para a “nova casa” e voltei. Consegui perceber que pelo menos o transporte lá era ótimo, tanto os ônibus quanto metrô. Tinha lido muito antes de vir pra cá, mas ver tudo aquilo não era a mesma coisa que simplesmente ler, e ver pelo Google Maps. Como o domingo foi curto pra tanta coisa que eu tinha que fazer, a segunda-feira chegou muito rápido sem dar tempo para que eu me acostumasse com o fuso horário, e com as 4 horas de diferença. Acordei um pouco atrasada, mas nada que não conseguisse chegar a tempo, tomei um banho e me arrumei, não estava frio, mas não tinha sol. A maioria dos dias em Londres eram cinzentos e frios, eu sabia disso porque minha avó já havia me alertado. Consegui chegar ao Jornal no horário certo, exatamente ás 09h00min da manhã. Entrei e me senti num outro mundo, trabalhava num jornal no Brasil que era completamente diferente dali.

Fui apresentada a todos do meu “setor”, eram em 5 – quatro homens eram eles: Matthew (Mat), Nathan, Carter e Joshua (Josh) e uma mulher, a Emma – e eu a mais nova integrante: Sophie. Íamos trabalhar todos juntos, e nossas mesas eram interligadas, me sentei ao lado da Emma e do Matthew, de frente para o Nathan. Bom, eles me receberam muito bem, o que facilitou tudo. Todos pareciam ser muito novos, e durante o dia em nossas conversas descobri que a Emma tinha a mesma idade que eu, 22 anos. O Josh e o Mat tinham 25, o Nathan tinha 27 e o Carter 30. Todos solteiros, e logo percebi que me daria muito bem ali com eles. Nosso chefe era o James, com 44 anos, casado e com duas filhas que foi com quem eu fiz a entrevista.

Fomos comer alguma coisa ali perto mesmo, todos juntos.

- Chegou quando? – Mat me perguntou quando já estávamos sentados na lanchonete.

- Sábado à noite. - respondi.

- nossa! Então você praticamente não conheceu nada ainda? - Emma perguntou animada.

- é claro que não. Como se ela soubesse onde fica ou tivesse tido tempo né Emma? - Carter respondeu rindo.

- como você é bobo né Carter? – ela riu e nós a acompanhamos.

- mas o Carter tem razão Emma, eu não conheço lugar nenhum. Quase não encontrei a sede do jornal. - disse sorrindo para ela.

- mas é tão... Fácil. Onde você está morando exatamente? - Josh perguntou interessado.

- Paddington. Na Sussex Garden St.

- é bem perto de onde o Mat mora. - Nathan me informou.

- verdade, eu moro na Spring St. – Mat sorriu.

-  sério? – eu sorri. Tinha me dado muito bem com o Mat, na verdade, ele estava sentado de frente pra mim.

- sim.

- nossa, que ótimo. Isso quer dizer que hoje já tenho companhia para ir embora?

- sim. Terá companhia pra vir também. - Mat sorriu animado.

- às vezes vamos nos encontrar no metro, moro um pouco mais pra trás. - Emma disse me olhando.

- que ótimo Emma! – sorri.

- e como está o artigo de vocês pra semana que vem? - Carter mudou de assunto, agora focando em nosso trabalho.

Começamos novamente a falar de trabalho. Gostava de ser tão bem recebida assim, tinha conhecido muita gente que trabalhava em outros setores lá, mas com certeza eles eram os melhores. O Mat era o mais bonito dos três, ele era loiro com o cabelo todo jogado e meio despenteado, olhos azuis, e um corpo bem definido pelo que pude perceber. O Carter era moreno, alguns cabelos brancos já lhe apareciam, mesmo assim ele se fazia presente, era bem charmoso. O Josh era o moreno com olhos claros, cabelos curtos. O Nathan era o menos bonito de todos, mas era muito simpático, ele era alto, muito alto, cabelos castanhos e era... Normal. A Emma era ruiva, natural pelo que pude perceber já que os pelos e cílios eram ruivinhos. Era bem branquinha e devia ter sardas que estavam escondidas pela maquiagem. Ela tinha 1,70 mais ou menos. Eu era eu, cabelo loiro médio acinzentado, 1,68 de altura, tipo físico médio, pele branca e olhos cor de mel.  Pela primeira vez na minha vida não me senti o patinho feio, todos eram branquelos como eu e não moremos jambo como no Brasil, ali eu não me sentia deslocada.

Depois do nosso lanche fomos para o trabalho novamente. Passei o resto da tarde trabalhando junto com o Mat, já que ele e a Emma iam me passar à maioria das coisas. E até que passou bem rápido, ás 18 nós saímos todos juntos, fomos para a estação eu e o Mat apenas, a Emma ficaria na cidade para resolver alguns assuntos particulares. Entramos na estação e fomos direto para a plataforma, depois de já dentro do metro e sentados um ao lado do outro começamos a conversar novamente.

- você precisa conhecer o Pride of Paddington, pra um happy hour. É praticamente na rua de casa e realmente muito bom, servem uns petiscos, cerveja e etc. Tem também o Bizarro, um restaurante italiano.

- Uau Mat! Sério? Eu adoro comida italiana. – sorri.

- sim. É ótimo, podemos ir lá um dia desses. Na verdade, tem bastante restaurante por aqui, tanto italiano quanto indiano, árabe, japonês.

- que ótimo Mat, vou precisar que você me ajude a encontrar esses lugares! – eu ri e ele sorriu.

- claro, com o maior prazer.

- e você mora sozinho?

- sim. Na verdade meus pais são de Dublin e ainda moram por lá. Eu estou aqui sozinho desde quando resolvi que seria jornalista.

- bem como eu então. – ri.

- sim, só que eu vim pra ser um paparazzi do que outra coisa. Então, viajei muito pela Europa. Só que não quer isso que eu gostava. Gosto de escrever Sophie.

- sim! Eu percebi. E você realmente escreve muito bem.

- obrigada, é gentileza sua.

- não é Mat. Você escreve de economia como eu nunca vi ninguém fazer, e olha que eu leio muito hein? – sorri e ele retribuiu.

- mesmo assim, obrigada.

- bom, mas se você era um paparazzi, você tirou foto de muitos artistas né?

- nossa infinitos. – ele riu. – Adele, Rihanna, Beyonce, as Kardashians, Kayne West, Luda Cris, Aguilera, Maroon 5, One Direction... Por ai vai.

- caramba! – ri. – minha prima, Alice é louca pelos garotos da One Direction.

- ah é? Sério? – ele riu. – uma hora ou outra você ainda tromba com algum deles por aqui. Eles estão sempre zanzando de um lugar pra outro, Pubs e etc.

- é sim. Ela é doida por eles! Foi nos shows e tudo, faixa e tal. – ri. – ela gosta do Zack, é isso?

- Zayn. É um moreno, magrinho. – ele riu.

- isso mesmo!

- sabe quem gosta deles também?

- quem?

- a Emma, mas ela não gosta de assumir. - ele riu.

- ah é?

- sim. Ela sempre diz que vai aos shows porque quer levar a irmã mais nova dela e tal, mas na verdade ela também gosta. – ele riu e eu o acompanhei.

Nós fomos conversando o caminho todo, gostei muito do Mat, ele era realmente um amor.