1. Spirit Fanfics >
  2. Workaholic >
  3. Capítulo 11 Vulnerável.

História Workaholic - Capítulo 11 Vulnerável.


Escrita por: OkayAutora

Notas do Autor


Beijos & Boa leitura! ♕

Capítulo 11 - Capítulo 11 Vulnerável.


Capítulo 11 — Vulnerável.

Francisco não conseguia tirar os olhos da tela do computador, aproveitava que os colegas trabalhavam no projeto da cervejaria para assim completar sua pesquisa. Era como unir o útil ao agradável, sabia que estagiar naquela empresa lhe ajudaria na faculdade, mas nunca tinha imaginado que chegaria ao ponto de mal precisar se esforçar para completar os trabalhos tão rapidamente.

Aquele já era o segundo trabalho importante que fazia com ajuda do estágio, sendo o primeiro, em grupo com o pessoal da sua turma da faculdade. Como gostava de garantir que o resultado sempre fosse o mais correto, acabava fazendo a maior parte, ainda mais quando o grupo já não se esforçava muito. Porém, gostava daquela paz, de conseguir completar o que precisava, estava bem e não precisava de mais nada para que esquecesse o que tinha lhe deixado mal mais cedo.

Gregório saiu de sua sala e caminhou até os funcionários, conferiu alguns computadores e ajudou quem precisava, simplesmente estava ali para conferir o andamento de todos. Alguns até mesmo estranharam o bom humor do gerente, não que fosse raro o momento onde ele ajudava seus colaboradores, mas sim que era difícil estar tão disposto a distribuir elogios e oferecer ajuda para os projetos.

O estagiário manteve sua postura no computador, minimizando as janelas de pesquisa e exibindo somente o que todos estavam trabalhando. Francisco não pôde evitar que seu coração palpitasse quando Gregório aproximou-se, por mais que estivesse disposto a não deixar-se levar pelo nervosismo quando ele chegava, somente o seu perfume já fazia-o tremer.

— Precisa de ajuda com algo? — O gerente indagou.

— Ah, não, eu estou tranquilo aqui. — O estagiário respondeu, sem olhar para ele, engolindo em seco.

— Tudo bem. Se duvidar é você que irá ajudar os outros, caso alguém precise de ajuda. — Gregório disse rindo, tocando em seu ombro.

Mesmo com o elogio vindo em forma de piada, Francisco nada conseguiu esboçar, continuando sério, focado em sua tela. Jamais imaginaria o quanto as suas palavras secas afetariam o gerente, que após averiguar os outros computadores, saiu dali ainda com a resposta dele fixa em seus pensamentos.

•••

Pegando sua mochila, o estagiário olhou mais uma vez se havia esquecido de algo em sua mesa e levantou-se, despedindo-se dos colegas que ainda ficariam mais uma hora no escritório. Caminhava para o elevador quando ouviu uma voz atrás de si chamando-o.

— Segura a porta, por favor! — Gregório andou até ele, pedindo.

Francisco xingou mentalmente quando ele se colocou ao seu lado, com agora ambos descendo até o térreo. Tentou-se manter calado, mas o gerente se pronunciou.

— Você já está indo?

— Ah, estou... — Respondeu-o, encarando o chão.

— Eu queria estar indo também, mas só vou pegar uma pasta que ficou no carro. — Gregório sorriu. — E aí, você conseguiu terminar aquele trabalho da semana passada? Seminário, não era?

— Deu tudo certo. — Falou, torcendo para que a porta do elevador se abrisse logo.

— Francisco, deixa eu te perguntar... — Encarou o jovem. — Você parece um pouco abatido, está tudo bem?

— Está sim. — Disse, sem dar nenhuma outra abertura.

— Certo. — O gerente percebeu que ele não olhava em seu rosto, ficando preocupado, mas não ao ponto de insistir em outra pergunta. — Então bom descanso, até amanhã.

— Até! — Correu para a saída quando a porta se abriu, jogando a mochila de qualquer maneira em suas costas.

Francisco arrependeu-se poucos minutos depois de sair do prédio, pensando em como tinha sido grosseira a maneira que respondeu Gregório. No entanto, se não fizesse aquilo, iria continuar deixando-se levar pelas emoções de ser notado por ele. Queria aos poucos, conseguir deixar tudo isso de lado, mas também não tinha certeza de que a maneira que estava agindo seria a correta.

Como não iria para a aula, aproveitou para visitar alguém que já estava com saudades e que também não deixava-o em paz enquanto não aparecesse, sua mãe. Alguns quilômetros dali, desceu no ponto de ônibus próximo a casa dela, precisando andar cerca de duas quadras para chegar.

Parou a caminhada quando chegou em seu destino, abrindo o portão que sempre ficava apenas encostado. A casa era simples e uma das mais conhecidas do bairro, pois dona Vanderléa, conhecida também como Vandinha, era a melhor costureira da vizinhança. Por mais que sempre estivesse atolada de trabalho, nunca deixava a simpatia de lado e sempre tinha tempo para um café e uma boa conversa.

— Mãe? — Entrou pela porta da sala, ouvindo o barulho da máquina de costura da mulher.

— Chico? — Ela saiu da salinha onde trabalhava, abrindo um enorme sorriso. — Não achei que viria hoje.

— O que a minha velha pede que eu não faço? — Brincou, dando um beijo em cada bochecha dela. — Brincadeira, na verdade eu vim porque quero café.

— Coloque a água para ferver. — Vanderléa pediu, dando um leve tapa no traseiro do filho. — A Beatriz deve chegar daqui a pouco.

Ele obedeceu, indo para a cozinha na frente, fazendo o que já era de seu costume, enchendo o bule e assim acendendo o fogão. Enquanto esperava, sentou-se à mesa e roubou um dos biscoitos caseiros que a mãe fazia, onde ela guardava em um pote de vidro para deixá-los ainda mais vistosos.

— E então, você anda comendo direito? — Vanderléa foi até o filho.

— Normal, mãe. — Riu. — Toda vez que eu venho você pergunta disso, até parece que nunca me viu cozinhar.

— Eu sei que você sabe cozinhar, mas a questão é que você sempre acaba com os meus biscoitos. Preciso saber se é por questão de gula ou por estar passando fome. — Ela brincou.

— Tudo bem, não como mais. — Francisco retirou a mão de dentro do pote, enfiando outro biscoito na boca. — Com exceção desse.

— Pode pegar quantos quiser, meu bem. — Ela apertou uma de suas bochechas, rindo com ele.

— Ah... Mãe. — Ele chamou, após engolir o que mastigava. — Por mais que eu sei que a senhora não gosta desse tipo de pergunta, eu tenho que saber...

— É sobre o seu pai de novo?

— É sim. — Confirmou, logo continuando. — Você acha que ele sente a nossa falta? Eu sei que ele frisou bem o ódio dele pela minha existência e nos amaldiçoou à uma vida eterna aguentando o enxofre do inferno... Mas sei lá, eu queria saber se ele, nem por um momento, se arrependeu disso.

— Meu bem, se ele tivesse se arrependido, já teria nos procurado. — Vanderléa opinou. — E não sei se ficou sabendo, mas parece que ele já está se encaixando com uma das fiéis lá daquela igrejinha.

— Sério?

— É, parece que ela é divorciada, se não me engano tem uma filha já adulta. — Falou.

— Você e suas informantes. — Francisco riu.

— São as fofocas que chegam até mim, eu não peço por isso. — Ela defendeu-se.

— E você sabe como o Fabrício está? — Quis saber sobre o irmão mais velho.

— Nada além do mesmo de sempre, que é ter esquecido que tem uma mãe.

— Relaxa, eu tenho certeza que ele só não te procura mais por causa das coisas que o pai fala pra ele. — Francisco observou. — O Senhor Humberto consegue inventar história até pra pescador.

— Olha, filho, agora voltando na sua pergunta sobre seu pai... — Ela levantou-se da cadeira onde estava quando ouviu o bule apitar. — Eu não sei ele, mas eu não sinto falta dele e nunca irei sentir, isso eu te garanto.

— Gosto de te ver confiante assim. — O filho sorriu.

— Sabe? A melhor coisa que eu já fiz na vida foi ter me separado desse homem. — Vanderléa pegou o coador, preparando a garrafa para fazer o café. — Mas pelo menos ele me serviu pra algo.

— Chico! — Beatriz disse ao longe, vendo o irmão, deixando sua mochila de lado para ir abraçá-lo.

— Como foi na aula? — Francisco perguntou à recém-chegada, em meio ao abraço.

— Hoje foi tranquilo. — Ela soltou-o de seus braços. — Mas então, o que vocês estavam conversando?

— A Dona Vanderléa estava se queixando do pai. — Riu, ouvindo sua mãe negar.

— Não, não é bem isso! — Ela contornou.

— Você acabou de dizer que não se arrepende de ter se separado dele. — Francisco provocou-a.

— Sim, eu disse isso mesmo, mas não faça parecer tão ruim. — Vanderléa reclamou. — É que por mais que eu guarde remorso, não me arrependo, porque ele me deu três filhos lindos de presente.

— Não força a barra, dois filhos lindos e um que é mais ou menos. — O estagiário riu, referindo-se ao irmão mais velho.

— Tudo bem, já deu desse assunto por hoje. — A mulher não cedeu à brincadeira do filho. — Se continuarem a falar disso, deixo o café de lado e vão ter que tomar chá verde sem açúcar.

— Eca. — Beatriz juntou-se à mesa, após lavar as mãos.

— Tudo bem, já não está mais aqui quem falou. — Francisco soltou uma risada brincalhona.

Depois de lancharem e a mesa já ter sido limpa pelos filhos, Vanderléa deixou-os conversarem à vontade para assim voltar aos seus afazeres, tinha que terminar o vestido da filha da vizinha, para a festa a fantasia que a garota teria na escola.

Francisco seguiu Beatriz até o quarto dela, pedindo para que a irmã encostasse a porta antes que revelasse o que tanto desejava dizer. Ela obedeceu e sentou-se na cama com ele, estava mais ansiosa para ouvir o que ele tinha para falar do que o irmão para confessar.

— Então, na verdade não sei nem porque estou te dizendo isso. — Ele iniciou. — Mas é que eu estou gostando de alguém lá de onde estou estagiando.

— Jura? — A adolescente demonstrou-se animada e ainda mais curiosa. — E como ele é?

— Ele é tudo de bom, só tem uma coisa que ele não é.

— O quê?

— Não é pra mim. — Riu.

— Como assim, Chico?

— Ele é o gerente, não é da minha laia. — Respondeu. — E sabe o que é mais triste?

— O quê?

— É que o mais difícil é encontrar um homem desse que não seja hétero, aí quando vou ver, ele também é gay, mas adivinha... Tem um namorado.

— Que morte horrível. — Ela riu com ele.

— Esses últimos dias eu mal falei com vocês e ao invés de estar focado nos meus trabalhos, eu só estava pensando nele, querendo fazer o meu melhor não para ter um bom rendimento, mas sim, pra receber elogios dele... — Desabafou, de uma só vez. — Eu estava pirando até o Guto me dar um chacoalhão, aí eu vi que tinha mesmo que desencanar dele

— Nossa, esse cara te desestabilizou mesmo. — Beatriz analisou.

— É, e ele mal sabe disso.

— Mas e como é o jeito dele? Como ele age com você?

— No começo ele era bem sério, agora ele está mais simpático, sei lá, ele só sabe me confundir...

— Como assim?

— É complicado, sei que ele não tem segundas intenções, eu é que sou sonhador demais.

— Bom, me mostra uma foto dele depois, deve ser um homem daqueles.

— Você nem imagina. — Concordou, rindo. — Mas pode deixar que eu mostro sim, só me lembra depois.

— Ah, Chico... — Ela interrompeu-o, parecendo lembrar de algo. — Eu também tava querendo te falar uma coisa, na verdade, é mais pedir do que falar.

— O quê? — Indagou, curioso.

— É que eu estava querendo sua ajuda... — Sussurrou. — Tem umas meninas da minha turma que já vão em baladas e elas ficam me pressionando pra ir junto, mas eu sempre invento alguma desculpa...

— Por quê? Você não quer ir?

— Não é isso, é que eu sei que a mãe não deixaria. — Afirmou. — Só que eu não quero que elas saibam que a minha mãe não deixa, sei que elas inventariam algum apelidinho como elas adoram fazer. Só que eu estou cansada disso, quero ir e esfregar na cara delas que eu não sou filhinha da mamãe.

— Olha, Bia, não há problema algum em ser filhinha da mamãe... — Francisco sorriu. — E caso esteja pensando em fazer isso só pra querer mostrar pra alguém, não acredito que realmente vai valer a pena, entende?

— Não é só pra jogar na cara delas, mas sim, porque eu também tenho vontade de saber como é. — Ela falou, animada. — E era isso que eu queria te pedir... Você me levaria?

— Sem contar pra mãe?

— Se fosse possível. — Beatriz mordeu o lábio, receosa.

— Podemos tentar, mas tem que ser um segredo nosso, pode ser? — O irmão sorriu com ela, onde ambos cruzaram seus mindinhos, selando a promessa de silêncio.

— Fechado!

•••

— Amor, o que aconteceu? — Gregório acordou com Otávio remexendo-se na cama, no meio da madrugada.

— Foi só um pesadelo... — O namorado respondeu, parecendo suar frio.

— Vem cá, me abraça. — O gerente envolveu-o com seus braços. — Quer me contar como foi?

— Nada demais, vou voltar a dormir. — Escondeu seu rosto na curva do pescoço dele.

— Não é o que parece. —— Gregório insistiu. — Vai, me diz.

— Foi só mais um daqueles sonhos com meu pai.

— E o que estava acontecendo? — Indagou mais uma vez, sentindo as costas suadas dele.

— Ele corria atrás de mim... — Sussurrou. — Com aquela tábua.

— Tábua?

— É, você sabe qual. — Otávio afirmou. — Aquela com os pregos, que ele usava pra me manter na linha... Dessa vez ele conseguiu me pegar e quando eu quis gritar por ajuda, minha voz não saiu.

— Eu sei como é ter esse tipo de sonho, é desesperador. — Continuou afagando suas costas. — Tenta esquecer.

— Vou tentar. — Murmurou, com a voz embargada.

Gregório sentiu seu coração apertar ao perceber que ele tentava disfarçar o choro, ainda agarrado ao seu corpo e com a cabeça em seu ombro, como uma criança carente. Passava a mão pelos cabelos dele, pensando no que poderia fazer para acalmá-lo.

•••

Na madrugada, Francisco deixava o notebook de lado, as horas jogando tinham passado voando e no dia seguinte, logo cedo teria que estar de pé e já sabia que seria difícil. Ao deitar, conferiu suas mensagens e viu um recado de sua irmã.

Beatriz estava lembrando-o de que ele tinha ficado devendo de mostrar a foto do homem que havia lhe falado mais cedo, onde ela referia-se a ele como "gerente pedaço de mal caminho”. Riu com a afobação da irmã, tratando de ir até as redes sociais de Gregório para roubar uma foto, tomando o maior cuidado para não clicar em nenhuma ação que denunciaria o seu ato stalker.

Mandou as fotos de perfil dele que mais gostava, aproveitando para olhá-las mais um pouco até entrar em um sono profundo, com o celular escorregando pelas suas mãos. Somente voltou a abrir os olhos com o despertador irritando-o.

Como imaginou, estava exausto naquela manhã de terça. Arrumou-se e entrou no prédio da empresa da forma mais apresentável possível, arrastando-se até o elevador, olhando mais uma vez para o chão, vendo seu tênis amarrado com desleixo. Para ajudar, percebeu que quem aproximava-se era simplesmente a pessoa que menos queria ver naquele estado deplorável que se encontrava.

— Bom dia. — Gregório falou ao estagiário, já dentro do elevador.

— Bom dia. — Francisco fingiu estar lendo mensagens no celular, para não ter que encará-lo, mas percebeu que suas mãos começaram a tremer e não conseguiria disfarçar.

— Tudo bem? — Continuou.

— Ah, com um pouco de sono, mas estou bem. — Disse a ele, tentando controlar o desespero de seu coração.

— Olha, eu sei que isso não é muito importante, mas deixa eu te perguntar uma coisa. — O gerente afirmou, onde então viu-o guardar o celular dentro do bolso, finalmente encarando-o.

— Pode falar. — O estagiário tentou manter-se calmo, sem saber o que ele perguntaria.

— Eu não ia comentar, mas é que eu percebi que você compartilhou uma foto minha ontem já de madrugada e eu achei isso um pouco estranho... Eu queria saber se foi sem querer ou... Sei lá.

Francisco notou que as bochechas de Gregório estavam rosadas, mas não imaginava o quanto seu rosto também se avermelhava, seu constrangimento em ouvir aquilo era grande ao ponto de preferir descer do elevador em qualquer andar do que ter que responder.

Mas o pior de tudo, era que lhe devia uma explicação e rápido.

 


Notas Finais


O que vocês fariam se fossem pegos pelo crush em uma situação dessas? (☞゚ヮ゚)☞


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...