História Wrong for you - O Pedido Errado

Eu não era mais um jovem bobo, apesar de aparentar ser quando estava perto da minha criança. Como adulto, aprendi que deveria resolver os problemas um tanto quanto antes. Não podia deixar que Minhyuk fizesse o que quisesse.

- Hey! – Eu tentei chamar sua atenção. Nesse ponto, o loiro já havia descido as escadas e se encontrava no caminho da trilha pela qual chegamos. Nem ao menos olhou para trás. – Minhyuk!

A trilha parecia estar mais difícil quando não tínhamos o sol forte iluminando a área. As rochas ainda estavam escorregadias por causa da breve chuva e ficava cada vez mais escuro, o sol não estava mais do nosso lado, contudo, Minhyuk não parava. Andava mais rapidamente a cada segundo, como se tentasse se esconder de mim. Isso doía.

Graças a velocidade imposta nos passos que eu acompanhava, chegamos em passo acelerado no final da trilha, tendo a visão da praia e alguns metros a pousada na qual estávamos hospedados.

Vendo que ele não pararia, não me contive em usar a única arma que eu tinha ao meu favor naquele momento. Eu não gostaria de usar tal tática suja em ninguém, muito menos em Minhyuk, mas eu estava sem escolhas. Tinha que usar minha autoridade de alfa.

- Minhyuk, pare. Agora. – O timbre que já era naturalmente grave ganhou um tom ainda mais grosso, assustando até a mim mesmo, mas não deixando que isso afetasse minha expressão de seriedade. Eu ansiava, necessitava, de explicações por parte de minha criança.

Ele acatou minha ordem, sem ter escolha de não o fazer.

- O que foi isso, Minhyuk? – Questionei sem rodeios. – Por que fez isso?

Minha criança desviou o olhar, suspirou e, por fim, disse o que eu jamais esperava. – Fiz isso porque eu te amo.

Quando se vê nos filmes e novelas alguém se confessando e a outra pessoa ficando sem reação, eu sempre pensei que essa tal pessoa era um tanto quanto idiota, pois se alguém lhe disse que tem um afeto por você, é claro que não se pode ficar parado e olhando como se fosse um idiota, isso dava a impressão de que você não nutria os mesmos sentimentos e que até mesmo ficou ofendido com a confissão, no entanto, quando os papeis se invertem e a cena acontece sob seus olhos, você nota que dessa vez é você quem é o idiota sem reação. E foi exatamente assim que eu reagi a tais palavras.

Aquele dia estava parecendo irreal demais. Cada atitude de minha criança parecia ter sido comandada pelo meu inconsciente que imaginava cenas românticas e melosas demais para alguém com a minha idade, quase que um adolescente no corpo de um homem de 30 anos. Inacreditável, assim poderia ser resumido este dia.

- O que disse? – Sussurrei como um retardado surdo, incapaz de raciocinar e compreender o sentindo das palavras na sentença. Talvez eu tivesse esquecido de como falar coreano, mesmo que seja a minha língua nativa.

- Eu disse que eu te amo, Jooheon. – Raras são as vezes em que minha criança mostra sua face séria, consequentemente, seu lado mais maduro que deixa claro que ele já era um adulto. Em momentos como esse, eu me perdia completamente. – Eu te beijei porque eu te amo. Te amo desde que eu era criança, mas esse amor era diferente naquela época. Hoje, eu sinto que estou mudando assim como esse sentimento. Não posso falar que te amo como meu pai ama meu outro pai, mas também não posso dizer que te amo como eu amo meu irmão Hongseob, eu só sei que eu te amo. Não se de que maneira, mas te amo. E, por alguns segundos, eu não pensei e te beijei. Eu não consigo esconder as coisas, você sabe, e acabei sendo impulsivo. Desculpe, hyung.

Eu deveria chamar aquilo de confissão? Creio que Minhyuk ainda não está certo do que ele mesmo sente, então isso não deveria me deixar feliz e criar devaneios sobre uma vida romântica ao lado de minha criança, ou deveria? Como um adolescente, eu senti meu coração bater rápido e a mente entrar em colapso mesmo com palavras tão incertas. Eu estava mais confuso do que antes.

- Mas é Hyuwoo?

Minhyuk fez o mesmo que ele fez no dia em que me convidou para essa viagem repentina. Abaixou a cabeça e ficou acanhado, talvez tivesse um resquício de magoa que ele não conseguiu esconder, uma tristeza súbita e uma clara preocupação sempre que eu citava o nome de quem deveria ser seu namorado. Eu não sabia o que havia acontecido entre os dois, mas suponho que a situação deve ser muito séria. Eu queria saber, mas não o prensaria se ele não quisesse falar.

- Hyung, eu posso te pedir uma coisa? Pode ser estranho, mas é o meu único pedido para você. Juro que jamais lhe pedirei outra coisa se você acatar esse meu pedido.

Por alguns segundos, o comparei a uma criança no shopping pedindo algo para seus pais, no entanto, afastei meus devaneios aleatórios e aquiescei diante a sua solicitação.  

Minhyuk suspirou e mordeu os lábios da maneira que sempre fazia quando se sentia envergonhado demais antes de falar, mania que tinha desde menor. – Eu quero que nessa viagem, sejamos como um casal. É a única coisa que lhe peço. Sei que pode ser muito para se pedir, mas é o que eu desejo. Quero entender qual é o tipo de amor que eu tenho por você. E depois que tudo isso acabar, prometo nunca mais te incomodar o tocar no assunto, eu só quero entender a mim mesmo. Você pode fazer isso por mim, hyung?

Aquele era o pedido mais insano que eu já escutara em toda a minha vida e não me surpreende que tenha sido proferido pelos lábios de Chae Minhyuk. Ele sempre me surpreende e isso nunca muda.

Eu tinha tantos motivos para negar seu pedido. Tantas justificativas rondavam minha mente sobre o quão errado era aceitar aquilo. A chance de aquilo dar errado para ambos lados, principalmente o meu, no final daquela viagem era mais do que grandes, eram um brilhante e florescente obvio. Mas eu era idiota, um idiota apaixonado igual a um adolescente.

- Vamos voltar para a pousada, já está ficando tarde. – Falei caminhando em direção ao local citado que estava a alguns metros de distância, não esquecendo de levar comigo a minha criança, passando o braço sobre os ombros magricelas e o fazendo caminhar junto a mim. Juntei mais nossos corpos e deixei um selar em sua bochecha gelada, deixando que meus pensamentos tão antigos se transformassem em ações melosas. – Eu não sei dizer não para você.

Minhyuk sorriu discreto, algo raro. Caminhando junto a mim ainda mais agarrado em meu corpo, abraçando e roubando o meu calor corporal. Mas ambos sabíamos que aquele afeto não era o típico trocado entre nós, era algo mais íntimo e romântico.

Eu sabia que no final, eu sofreria, mas se isso fizesse Minhyuk sorrir por nem que seja um dia, eu o faria.

 Minhyuk sabia que eu jamais negaria algo para ele. Nunca.