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História Xeque-Mate - Do passado ao presente.


Escrita por: ShewantsCamz

Notas do Autor


Olá galerinha, turo bom contigo??? kk
aqui é a Sindy, pra quem não me conhece, sinto muito! k brincadeira.
estou aqui pra atualizar Xeque-Mate pra vocês, e tortura-los até a próxima atualização hehehe.
Evelin está com o note quebrado (acho que é isso) se não for, me desculpa bb.. mas é isso ai, quaisquer eventuais erros, apontem na fic (por favor) que arrumaremos depois. ♥
beijos.

Capítulo 33 - Do passado ao presente.


Minha cabeça parecia fervilhar com tantos acontecimentos nas últimas horas. Como tudo saiu do controle assim? Eu me via perdida, sem saber o que fazer, mesmo quando minhas obrigações eram claras. Camila era uma criminosa, e eu uma oficial do departamento de polícia, isso nunca poderia dar certo.

- Droga! – exclamei irritada, batendo com a mão contra o volante do carro.

As imagens daquele vídeo se repetiam constantemente, frisando em minha cabeça uma desculpa para justificar os atos impróprios da latina. Nada, infelizmente, nada justificava fazer justiça com as próprias mãos, não para a policia. O grande problema era que meu coração não parecia compreender isso, pois tentava a todo custo fazer minha cabeça aceitar que eu poderia perdoá-la. Eu não poderia. Camila havia mentido, não só para Christopher durante os longos anos de casamento, mas para todos ao seu redor, incluindo eu, pessoa que ela disse estar apaixonada.

- Por que você tem que ser assim?

Meneei com a cabeça em um sinal negativo, enquanto continuava a dirigir pelas ruas de Nova Iorque, a caminho de casa. Depois do confronto no galpão abandonado, onde de fato eu pude descobrir tudo, incluindo os motivos para Camila exercer tais praticas, eu deixei que ela fosse embora. Eu sabia que era errado, que a morena poderia muito bem reunir todo o dinheiro roubado, e se perder no mundo em uma fuga repentina. No entanto, eu simplesmente não pude reagir de outra forma ao ver seu olhar perdido após o término do vídeo em que Christopher Collins assassinava Charlie Cooper. Apesar de seu ar imponente e forte, bem característicos de sua personalidade singular, eu pude notar a falta de brilho em seus olhos castanhos, agora tão opacos. Era nítida a maneira como aquilo a afetava brutalmente. Camila em certo momento de sua vida foi destroçada, e agora estava sentada por vingança.

- Eu não devia ter deixado você ir! O que você fez, Lauren? – disse a mim mesma, em uma briga interna entre o certo e o errado.

E se ela tivesse a coragem de matar Collins? E se realmente fugisse? Eu teria colocado tudo a perder por ser fraca o suficiente, por não dar a cabeça de Camila em uma bandeja de prata. Até em que ponto eu poderia deixar meus sentimentos de lado para cumprir meu dever como profissional?

Bufei em frustração, e pisei fundo no acelerador do carro. Eu precisava de um tempo pra mim, um tempo longe de tudo aquilo. Eu não poderia simplesmente agir por impulso, precisava pensar e analisar tudo que qualquer decisão minha poderia acarretar. A madrugada parecia mais fria do que o normal, a movimentação era fraca, apenas a presença de alguns carros pelas avenidas desertas. Faltava pouco para amanhecer, e quando todos estivessem ativos, eu queria estar bem longe daqui. Assim que cheguei a minha casa, tendo todo cuidado para não acordar Verônica, cuidei de arrumar uma pequena mala. Havia decidido que precisava ficar longe, mesmo que fosse por alguns dias. Eu poderia dar uma desculpa no trabalho, por uma viagem de uma ultima hora para complementar minha investigação, que agora estava completa. Mas meu verdadeiro destino estava em Miami, na nova casa de minha família. Eles poderiam me trazer calma.

[...]

 

Errado, não poderiam. Não quando sua cabeça estava cheia de pensamentos que envolviam Camila Collins. Ela era mais do que qualquer um poderia suportar. Se infiltrava em minha cabeça, e permanecia ali por um tempo indeterminado.

- Estou tão feliz que está aqui, filha. – Mike murmurou, enquanto fazia um carinho leve em meu braço.

- Eu também estou, pai. Senti sua falta.

- Eu também senti a sua. – disse ele ao me abraçar de lado. – mas me diga, por que não nos avisou que viria? Eu teria ido buscá-la no aeroporto.

- Ah, eu queria fazer uma surpresa! E acho que consegui.

- Uma surpresa maravilhosa!

Eu sorri para o homem que parecia tão animado em me ver. Mesmo com tamanha confusão em minha vida, era bom estar na presença de meu pai, ou melhor, de minha família.

- Oh, céus! Lauren! – ouvi a voz de Taylor ecoar ao fundo.

A garota abriu um largo sorriso e correu a meu encontro, envolvendo-me em um abraço apertado, carregado de saudade. Era bom revê-los, eu precisava disso. Fechei meus olhos, e abracei da mesma forma, retribuindo todo carinho que a menor sentia por mim.

- Não posso acreditar que finalmente veio nos visitar. Pensei que tinha esquecido de nós.

- Não seja exagerada, Tay. Eu jamais esqueceria da minha família.

- Eu sei que não.

Nós ficamos por algumas horas ali, conversando sobre tudo que andava acontecendo em nossas vidas. Quer dizer, quase tudo. Eu não poderia mencionar a minha família que estava apaixonada por uma criminosa, mas havia dito que estava a frente de um caso importante, que poderia ser a alavanca para minha carreira policial. Já eles, falavam sobre tudo que agora viviam. Depois de saírem de vez de Mount Vernon, meu pai conseguiu abrir um negocio em Miami, mas especificamente uma oficina mecânica, e pelo visto, estava se saindo muito bem. Com as economias de longos anos, pode construir seu próprio negocio, com direito a ter seu próprio grupo de funcionários. Taylor estava focada nos estudos, bem como havíamos programado durante tanto tempo. Ela sabia o caminho para se ter um futuro desejado, e estava o trilhando.

- É melhor ajudar sua irmã a colocar as coisas no quarto, ela parece cansada.

- Pode deixar, só me diga qual é o quarto, pai.

- Ah, que isso, Laur. Eu ajudo você com as coisas, vem. – Taylor afirmou, enquanto capturava minha mala.

A casa que meu pai havia escolhido era de muito bom gosto, grande, com cômodos extensos e bem arrumados. Muito melhor do que nossa antiga casa em Mount Vernon. Eu segui Taylor pelo corredor, enquanto caminhávamos em silencio até o quarto. Ela parecia tranquila, o silencio nunca era um incomodo entre nós, mas daquela vez pairava no ar uma nuvem de curiosidade. Sentia que minha irmã queria perguntar algo.

- Como estão as coisas em Nova Iorque?

- Bem. - murmurei ao adentrar no quarto de hospedes, enquanto a menor repousava minha bolsa sobre a cama.

- Bem mesmo?

- Sim, por quê? – indaguei com uma das sobrancelhas arqueadas.

Taylor se sentou sobre a cama, enquanto transparecia uma falsa tranquilidade. Ela me conhecia, e sabia que havia algo de errado.

- Você está estranha. Parece um tanto perdida, ou estressada. Está com algum problema?

Eu torci os lábios, e dei de ombros antes de caminhar em direção a cama, sentando-me ao lado dela. Recebi seu olhar reconfortante, como quem dissesse que eu poderia confiar nela. Mas sabendo do que se tratava, não era uma boa idéia envolver minha família. Quanto menos soubessem, melhor seria. Meu caso com Camila era muito mais complicado do que se imaginava, tratava-se não só de uma resolução de um caso milionário, mas de uma questão de ética profissional, no qual eu me encontrava em cheque.

- Só alguns problemas com o caso que estou investigando, nada demais.

- Certeza? Está abatida.

- Sim, o primeiro caso sempre rende uma dor de cabeça.

- Tudo bem, só quero que saiba que pode me contar qualquer coisa.

- Eu sei que sim, Tay. Obrigada por isso. – segurei em sua mão, lhe fazendo um carinho sutil.

- Bom, eu vou deixar você descansar. Acho que está precisando disso, suas olheiras estão como as de um panda. – exclamou me fazendo rir. – vou preparar algo que você goste para o jantar, acho que vai ser de bom proveito.

- Com certeza vai!

- Certo, então eu vou indo. Tem cobertores e toalhas no armário, qualquer coisa me chame.

Eu assenti, e lancei um sorriso antes da garota sair e me deixar sozinha naquele quarto. Silencio, era tudo que se tinha ao meu redor, diferente do interior de minha cabeça, onde o barulho ainda era infernal. Depois de alguns bons minutos no banho, optei por roupas leves, e o conforto daquela cama. Eu precisava de algumas horas de sono para me manter de pé, se eu conseguisse dormir, o que não aconteceu. Eu fiquei por horas presa aquele maldito notebook, a procura de arquivos ou provas que envolvessem o caso Collins-Cooper. Depois de tal descoberta, me encontrava obcecada com toda e qualquer informação a respeito, aquilo estava consumindo minhas energias até os últimos fluídos.

- Merda... – murmurei ao notar que estava vazia.

Antes mesmo de levantar para buscar mais café, ouvi algumas leves batidas na porta. Logo, Taylor adentrou o quarto, com uma expressão nada boa.

- Você vai deixar esse quarto em algum momento? – resmungou.

- Taylor, por favor.

- Não, Lauren! Eu que digo, por favor, você veio para nos ver, certo? Para esquecer um pouco essa loucura do seu trabalho.

- Eu estou cheia de coisas para fazer. Eu só preciso de um lugar tranqüilo.

- Deixo você em paz, mas antes venha jantar conosco. Papai sente sua falta.

Encarei seus olhos, que me encaravam quase que em um pedido silencioso. Deixei que uma forte lufada de ar deixasse meus lábios e assenti.

- Eu já vou descer.

Um largo sorriso nasceu em seus lábios, seguido por um gritinho em comemoração.

- Vou descer para terminar nosso jantar. Te espero lá embaixo.

Eu assenti novamente, e minha irmã mais nova seguiu em direção a saída. Assim que a porta se fechou, eu tratei de desligar meu notebook, e arrumar toda a papelada em cima da mesa. Foi quando senti meu aparelho celular vibrar sobre o criado mudo. Caminhei até o mesmo, quando por fim o peguei, vendo o nome de Verônica no visor.

“Alô?”

“Oi, Lauren...”

“Aconteceu alguma coisa?”

Vero parecia respirar lentamente do outro lado da linha. O que me deixava um tanto preocupada.

“É melhor você voltar para Nova Iorque”

“O que aconteceu?”

“Eu prefiro falar pessoalmente.”

“Verônica, fala de uma vez!”

“A Collins Enterprise. Dessa vez eles não vieram brincar, Lauren. Metade do patrimônio do Collins foi roubado.”

“Não...” – sussurrei.

“Isso aqui está um caos, pegue o próximo vôo.”

“Eu vou o mais rápido que puder” – murmurei antes de desligar o celular.

- Isso não vai ficar assim, não mesmo!

Camila estava brincando com o fogo. Mesmo depois de tudo, ela ainda tinha audácia de continuar com seu plano? Maldita! Não tinha medo do perigo? Não tinha medo de ser presa e acabar o resto da vida atrás das grades?

- Filha da puta! – exclamei nervosa, enquanto arrumava o restante dos papeis sobre a mesa.

Isso não iria ficar assim, dessa vez, ela tinha passado por cima das minhas ordens. E isso teria uma conseqüência grave, muito grave.

Eu fiquei pelo restante da noite com minha família, mesmo quando minha cabeça se encontrava em Nova Iorque. Eles perceberam minha ausência de atenção, mas compreenderam depois de saber o ocorrido. Meu pai como sempre me pediu que tivesse cuidado; e Taylor suplicou por noticias. Despedi-me de ambos, e segui de volta ao aeroporto mesmo durante a madrugada, para amanhecer em Nova Iorque, e confrontar aquele enorme problema.  

 

[...]

O clima na delegacia era de puro caos. O roubo havia sido o maior até o momento, um terço das industrias Collins havia sido tomado sem dó. O pior de tudo era que eu sabia a grande mentora do crime, mas não conseguia reagir a isso. Meus sentimentos por Camila estavam me inibindo de tomar qualquer decisão que viesse a prejudicá-la, mas eu não poderia continuar assim. Eu teria que pará-la.

- Lauren, você precisava ter feito alguma coisa! – Brandon exclamou irritado. – o que vamos dizer para Christopher?

Permaneci calada. Olhar para Brandon James agora me causava repulsa. As imagens do comissário no galpão abandonado, na noite da morte de Charlie Cooper se repetiam constantemente, lembrando-me a cada segundo o quão corrupto ele poderia ser. Estava marcado por Collins, e não poderia fazer nada para sair daquele ciclo vicioso de crimes.

- A verdade.

- A verdade? Acha que ele vai se conformar com a verdade?

- É o que temos para ele no momento, comissário. – retruquei séria.

Antes que o homem pudesse responder, ouvimos algumas batidas na porta. Era Normani. Eu senti seu olhar congelar sobre mim, e poderia jurar que ela engolia em seco.

- Com licença, o senhor Collins acabou de chegar.

- Eu estou indo. – Brando esbravejou irritado ao sair pela porta.

- Você ainda tem a ousadia de aparecer aqui? – sussurrei ao me aproximar da morena.

- Lauren, por favor, tente entender a situação.

Eu a encarei fixamente, sentindo meu sangue ferver por inteiro em minhas veias. Camila foi tão astuta, a ponto de infiltrar um dos seus em minha equipe, para sempre estar um passo a frente sobre todo e qualquer movimento em direção ao culpado. Normani era uma das melhores agentes daquele departamento, e denunciá-la, seria jogar todo sua carreira policial no lixo. 

- Entender que você é uma criminosa ao lado daquela vagabunda?! Tem idéia que tudo isso é culpa de vocês. Eu mandei que parassem com isso, mas fizeram pior.

- Há um motivo por trás disso, você sabe. – constatou ela, enquanto olhava para ambos os lados, certificando-se de que ninguém nos ouvia.

- Você é uma policial, Normani. Sabe que a justiça não se faz com as próprias mãos! -  vociferei, fuzilando-a com os olhos.

A mulher deu um passo à frente, mirando-me com um semblante sério, firme.

- Você é uma policial, Lauren. Sabe como a justiça pode ser falha quando se deixa nas mãos de terceiros. Você sabe como é perder alguém, e sabe como é se permitir fazer algo de ilícito por amor. Eu fiz isso, e você está fazendo agora.

Normani suspirou, enquanto eu permanecia em repleto silencio depois de suas palavras. Nós nos encaramos por mais alguns instantes, onde as palavras se perderam, eu não tinha o que dizer, porque no fundo sabia que ela estava certa, mas não daria o braço a torcer para admitir.

- É melhor ir até a sala do comissário, Collins está lá. – foram suas palavras antes de se retirar.

Nós estávamos dentro da sala, somente a espera da entrada do magnata do petróleo. E como previsto, Collins surtou. Camila por sua vez estava ao seu lado, em um teatro perfeito, onde interpretava a esposa surpresa e preocupada. Cínica.  Ela fingia tão bem, que mesmo sabendo de toda verdade, ainda me sentia tentada a acreditar.

- Eu quero que você dê a porra de um jeito para ter esse dinheiro de volta! – ele exclamou alto. – Você sabe muito bem que não fui eu quem retirou essa quantia absurda. Estive a noite inteira dormindo com minha esposa!

Um sorriso sarcástico nasceu em meus lábios por puro instinto. Assim como Camila usava de calmamente para dopá-lo, enquanto passava a noite comigo, usava para roubar todo seu dinheiro. Ela pensava em tudo, nos seus mais mínimos detalhes de forma tão precisa, que absolutamente nada poderia dar errado.

- Tem certeza disso, Sr. Collins? – meu tom de voz saiu carregado de acusação, mas não para ele, Camila sabia que era para ela.

- Está insinuando alguma coisa? – esbravejou ao avançar a minha frente.

Ao encarar seu par de olhos claros, senti meu estomago revirar em puro nojo. Eu estava em uma sala, onde todos, absolutamente todos tinham um grande motivo para serem presos. Seria uma vitoria triunfante sobre uma conjunto de criminosos, certo? Mas existia Camila, e existia meus sentimentos. Malditos sentimentos.

- Não, estou apenas tentando colher informações.

- Pode interrogar meus empregados. Eu estive em minha casa durante a noite inteira. Vocês sabem que eu não faria isso! – gritou.

Não, ele não faria. Mas porque não era tão inteligente aquele ponto.

- Amor, se acalme... – a voz de Camila saiu doce, preocupada.

Eu me afastei alguns passos, trocando vez ou outra alguns olhares com a mulher do outro lado da sala. Eu sentia a tensão que se instalara entre nós. Camila sabia que estava caminhando por uma linha, onde a qualquer momento, poderia ser derrubada.

- Tudo por culpa sua. Você é a culpada. – empresário exclamou nervoso.

- O que?

- Você!

Eu respirei fundo, procurei a maior quantidade ar possível para tentar acalmar meus nervos, que a qualquer instante entrariam em curto. Eu estava sobre uma pressão fodida, e aturar as acusações de Collins não estava em meus planos.

- Você foi incompetente! Não conseguiu absolutamente nada! Deixou que eu fosse massacrado! Uma oficial de quinta!

Ele cuspia as palavras com escárnio, enquanto mantinha o olhar fixado sobre mim. Eu sabia que Collins me odiava, sabia que nunca, desde o começo eu havia sido de seu agrado. Não que eu me importasse, desde o primeiro instante, eu também não havia o aceitado de bom grado. Collins era minha espinha em minha garganta, uma pedra no meu sapato. E me livrar dele no final de tudo isso, seria a solução perfeita para os meus problemas.

- É melhor você ficar calado. Eu posso prender você por desacato. – exclamei furiosa, sentindo meu corpo inteiro tremer. – e você não vai querer mais itens na sua ficha criminal.

- Acha mesmo que eu retirei esse dinheiro? Sua infeliz! – ele avançou mais uma vez, agora sendo impedido pelos braços de Camila. – Acha que eu me sabotaria?

O olhar da latina veio de encontro ao meu, e naquele instante eu pude perceber sua incerteza. Camila não se mantinha forte, ela temia o pior.

- Eu vou chamar John para vir até aqui. Mas Comissário, eu quero que entre com uma ação para retirar Lauren Jauregui deste caso.

A sala mergulhou em um silencio profundo, e meu olhar foi de encontro ao dele. Christopher esbanjava um ar prepotente que me rendia uma boa parcela de nojo.

- Isso já está sendo feito.

- O que? – exclamei surpresa.

- Christopher... – Camila contestou.

- Você não pode fazer isso! Não pode!

Brandon deu de ombros com um semblante receoso. Meu coração pareceu explodir em batimentos acelerados, enquanto minha cabeça tentava processar aquela informação. Ser retirada de um caso, era como atestar em meu currículo policial minha incompetência diante de uma investigação. Seria afunda minha carreira profissional pelo resto da vida.

- Não faça isso... por favor. – a voz de Camila agora foi temerosa, e preocupada.

- Você vai mesmo me tirar desse caso, por que ele está pedindo? – indaguei quase em desespero. Eu estava me humilhando para um grupo de corruptos.

- Não é por um pedido dele, Lauren. O tempo de inquérito está acabando, e não tivemos evolução. Você não será demitida, só será transferida de cargo.

- Você sabe o quanto isso é ruim para carreira policial, Brandon. Por favor.

- Eu sinto muito, Jauregui. Você está fora do caso Collins.

Aquelas palavras pesaram como uma tonelada sobre meus ombros. Como se todo meu esforço e força de vontade tivessem evaporado em questão de segundos. O chão pareceu sumir sobre meus pés, e aquele maldito enjôo preencheu meu estomago. Droga.

- Certo. – foi à única palavra que consegui pronunciar.

Eu me afastei da mesa do comissário, e voltei meus olhos para o homem do outro lado. Seus olhos denunciavam a satisfação por aquele momento, como se sentisse prazer em me derrubar. Collins usou de uma boa tática para me tirar de campo, mas eu mostraria que eu ainda não estava totalmente fora daquele jogo.

- Lauren...

Olhei para os olhos castanhos da morena, que me fitava totalmente perdida.  Camila era culpada por aquilo, e sabia disso.

- Deixe ela. – ordenou o marido.

- Isso não vai ficar assim.

- Está me ameaçando, Lauren? – ele perguntou ao dar um passo a frente.

- Quer levar como uma ameaça? – meu tom de voz foi desafiador, enquanto meu olhar se alternava entre o marido e a esposa.

- Saia do meu caminho. – esbravejou ele.

- Ainda não, Collins. Ainda não. – foram minhas palavras antes de deixar aquela sala.

Sai daquela sala totalmente transtornada. Sentia meu corpo inteiro vibrar em pura raiva. Raiva de Camila por ter me enganado, e ultrapassado os limites que impus; raiva de Collins por ter me tirado do caso e consequentemente afundado minha carreira policial; raiva de Brandon por ter permitido que isso acontecesse. Eu estava com raiva de tudo, e de todos. Naquele instante, eu poderia explodir, e espalhar para todos os lados o que sabia. No entanto, algo dentro de mim alertava insistentemente para que eu mantivesse calma. Eu sabia que Camila era responsável pelo roubo, sabia que Collins havia matado Charlie, e que Brandon era seu cúmplice, mas eu não tinha como provar, não tão precisamente a ponto de enfim condená-los, já que Camila havia ficado com o vídeo. Eu precisava ter calma. Estávamos em um jogo onde a estratégia, era a principal aliada, e era justamente ela que iria me ajudar.

- O que houve? – Vero perguntou ao se aproximar.

Eu respirei fundo, diversas vezes, enquanto andava de um lado para o outro sem parar. Meu peito subia e descia em uma respiração espessa, fazendo minhas narinas inflarem.

- Fui tirada do caso.

- O que? Não pode ser, Lauren! – exclamou a mulher com os olhos arregalados.

- Pois aconteceu. Collins pediu, e Brandon acatou como um cachorro. – esbravejei.

- Isso não pode, você precisa revogar! – minha melhor amiga exclamou nervosa. – porra.

- Eles acabaram com minha carreira, Iglesias.

A mulher me encarou visivelmente abalada com a noticia. A vi menear com a cabeça em um sinal negativo, enquanto pousava uma de suas mãos sobre a testa.

- Você precisa correr atrás de conseguir voltar a esse caso. Lauren, consiga uma prova importante, e esse caso será seu.

- Eu vou fazer isso, mas não agora. Eu só preciso ir embora daqui.

- Quanto mais cedo, melhor. – ela tocou meus ombros.

- Se eu fizer algo agora, será muito pior.

Ela engoliu em seco e assentiu.

- Vá para casa, esfrie a cabeça.

 

[...]

 

Foi exatamente o que procurei fazer, mesmo sabendo que qualquer esforço para aquilo seria invalido, nada acalmaria a revolta que se instalara em meu interior. Os acontecimentos pareciam se repetir em minha cabeça a cada gole de álcool ingerido. As imagens de Camila no jared drink’s, seguido pelo seu olhar sedutor na sala de Collins, suas provocações nos momentos mais inusitados, sua forma de me seduzir, nossos encontros ocultos, nossos beijos, toques, e olhares. Tudo se repetia em um flashback, mostrando nitidamente onde pequei, onde me entreguei ao mal. Fui consumida pelo fogo do desejo, que me arrastou para o fundo de um lamaçal de mentiras e rancor. Atravessei o caminho de uma mulher sedenta por vingança, que me usou a seu bel prazer para construir sua armadilha contra o homem que destruiu uma parte de sua vida.

- Maldita. Você não poderia ter me usado dessa forma. – fechei os olhos, e apertei os dedos ao redor do copo de vidro.

O gosto forte do whisky se alastrava por minha língua, descendo ardente por minha garganta, em uma tentativa de esquecer aquela mulher. Tantos anos mantendo um controle emocional, em uma tentativa de não me ver envolvida a qualquer mulher, para terminar rendida pela pior de todas. Camila se infiltrou nas brechas de minha fraqueza, e construiu seu território firme e inquebrável.

 - Você precisa fazer alguma coisa... – disse a mim mesma, ao largar o copo sobre a mesa a minha frente.

Inclinei meu corpo para frente, repousando a cabeça sobre meus braços que se encontravam debruçados sobre meus joelhos. Me sentia cheia, cheia de sentimentos, decepções, raiva e, sobretudo, revolta. Entregar Camila seria o fim de tudo? Seria como derrubar o pilar que mantinha o jogo vivo, arrastando todos os outros para o fim de seus planos ambiciosos e corruptos. Meneei com a cabeça em um sinal negativo, enquanto ouvia meu coração bater frenético em meu peito, o som invadia o ar como se tivesse próximo aos meus ouvidos. Aquilo estava me enlouquecendo.

“Entregue ela, Lauren.”

“Ela ama você.”

“Ela é uma criminosa.”

“Ela perdeu tudo.”

Suspirei pesado, e ergui meu corpo do sofá em um solavanco. Capturei a garrafa de bebida sobre a mesa, e a levei até a pia da cozinha. Encostei-me no balcão, sentindo minha cabeça girar, quando ao fundo ouvi o som estridente de minha campainha.  Seria Camila? Ela teria coragem de aparecer aqui depois de tudo? Impulsionei meu corpo para frente, e segui em passos lentos até a porta de entrada. Ao abrir, me deparei com os olhos curiosos de Keana Issartel.

- Vim saber como está. – foram suas palavras.

Durante algumas horas Keana foi minha companhia. A mulher cuidou de se mostrar extremamente atenciosa e cuidadosa para com meu estado deplorável. Eu não abri a boca para dizer sobre o que sabia de Camila, e muito menos de Christopher, apenas disse que havia sido tirada do caso Collins com a ordem do próprio empresário.

- Você pode reverter isso, entre com uma ação para ter o caso de volta. Apresente alguma prova. – seu tom de voz era manso.

- Você sabe como isso é difícil. Quando eles tiram, não tem mais jeito. – retruquei ao erguer o copo de bebida até os lábios.

- Tente, Lauren. Você é boa no que faz.

Sua mão repousou sobre minha coxa, enquanto seu olhar se fixou no meu de forma intensa. Talvez tenhamos perdido alguns instantes naquele contato; Keana engoliu em seco, e umedeceu os lábios lentamente. Eu fechei os olhos por alguns segundos, sentindo minha cabeça girar. Droga, eu havia bebido além da conta. Assim que abri os olhos novamente, encarei o rosto da mulher a minha frente. O que diabos estava acontecendo? Eu via Camila, via seu olhar castanho, e seu sorriso provocador.

Não! Não, Lauren.

 Fechei os olhos mais uma vez, mas ela ainda se encontrava ali. E em um impulso desmedido, inclinei meu corpo em direção ao dela, para tomar sua boca em um beijo, que tão logo foi retribuído com vontade. Eu sabia que não era Camila, mas ainda sim, sentia ela ali. Encontrava-me perdida no que poderia ter daquela mulher, por mínimo que fosse, eu não conseguia conter. Nós nos beijamos com vontade, enquanto caminhávamos de forma desajeitada até o quarto. Deitei o corpo da mesma sobre a cama, enquanto retirava minha roupa com pressa. Ao me posicionar sobre o corpo da mulher, encarei o olhar de Keana. Eram sedentos, flamejantes, carregados de um brilho puramente sexual. Talvez eu tenha parado os movimentos por alguns instantes com o choque de realidade, mas voltei assim que meu cérebro informou que Camila merecia aquilo. Ela merecia saber que não era a única que me tinha.

- Que saudade que eu estava de você, Lauren. – sussurrou Keana, enquanto eu me deliciava com seus seios.

Meus atos eram guiados pelo tesão e pelo o álcool que percorria meu corpo, acompanhado de minha raiva, e desejo de vingança contra a latina. Eu descontaria no corpo de Keana, toda minha fúria pelos enganos de Camila Collins.

- Porra...Isso... – gemeu arrastadamente, enquanto fazia de seu corpo meu objeto de desejo. 

Por vezes, eu vi Camila em meus braços. Eu sentia seus toques, suas investidas, eu ouvia sua voz arrastada entre os gemidos. Inferno. Estava sendo traída por meu subconsciente que a desejava de todas as formas, sem se importar com todo resto.

Eu só a queria.

Eu precisava de Camila.

Estava perdidamente louca por ela.

Sentei-me na cama, trazendo a mulher para meu colo. Ela estava completamente nua, seus cabelos eram revoltos, dando-lhe um ar sensual e atraente. Eu fechei os olhos mais uma vez, e Camila se apossou de meus pensamentos, tirando-me de orbita.

- Você é minha, Lauren. Não há como fugir, você está presa a mim. – disse ela antes de me beijar.

Eu era dela.

Eu era de Camila Collins.

 

[...]

 

A água fria escorria por meu corpo agora relaxado, enquanto eu tentava despejar todos aqueles pensamentos pelo ralo juntamente da mesma. Eu precisava tomar uma atitude, precisava me mostrar presente naquele jogo como uma das peças mais fortes, e assim eu faria. Camila não era inocente, mas Christopher Collins era menos ainda. Hoje eu estava à frente, eu tinha o comando das peças, e do futuro de cada uma delas.

- Acho que tem alguém tocando a campainha. – ouvi a voz de Keana exclamar ao fundo.

- É melhor ver quem é, pode ser Verônica. – respondi alto, para que a mulher pudesse me ouvir.

- Deixe comigo!

Desliguei o chuveiro, e capturei a toalha branca pendurada no box de vidro do banheiro. Me enrolei no roupão felpudo, e usei a toalha menor para retirar o excesso de água de meus cabelos, enquanto caminhava para o interior do quarto. Olhei para ambos os lados, vendo que Keana ainda não havia voltado. Franzi o cenho, estranhando tamanha demora, e segui em passos preguiçosos pelo corredor, até a sala. Ao adentrar o espaço mais aberto, ouvi a voz familiar inundar o cômodo, atingindo-me em cheio.

- Não pode ser... – sussurrei, antes de me virar em direção à porta.

Meus olhos foram de encontro aos dela, arrancando-me um arrepio por toda coluna. Camila Collins estava ali, parada na soleira da porta, encarando-me com seu olhar indecifrável.

 

Flashback off.

 

- Isso explica muita coisa. – ponderou o investigador, dando uma breve pausa. – então você me afirma que não tem nada a ver com as acusações de seu marido? Que tudo que ele está falando é mentira?

- Sim, senhor. Eu não faria algo do tipo, nem saberia como fazer tais coisas. Christopher está transtornado, e por mais que eu queira ajudá-lo, não posso assumir a culpa de um crime que não cometi. – disse ela tristemente.

- Você está certa, sra. Collins. Mas fique ciente de que precisa de um advogado, você como esposa de Christopher, vai precisar.

- Estou sendo colocada como suspeita?

- Todos são suspeitos. – afirmou.

Eu suspirei, e recebi o olhar de Camila. Ela se manteve tranquila, não transpareceu qualquer alteração em seu humor, ou estado. Mas eu sabia que ela temia, no fundo ela temia ser descoberta.

- Mas não se preocupe, se não tiver nada a ver com o caso, irá sair livre disso o quanto antes. – o investigador murmurou calmamente. – basta dizer a verdade.

- Eu estou dizendo, agente Travis. Só tenho receio que Christopher faça algo que me prejudique.

- Não há motivos para isso, sra. Collins. Você é inocente. – falei firmemente, atraindo novamente seu olhar, e o do investigador.

Camila me fitou, e curvou o canto dos lábios em um sorriso cúmplice. Eu não pude retribuir, tinha o olhar do investigador sobre mim, mas ela sabia que eu estava ao lado dela.

- Se ela for realmente inocente de qualquer acusação, com certeza não há motivos. – constatou o policial, voltando os olhos a Camila.

Ninguém era inocente, ninguém.

 

Flashback on.

 

- Por favor, não fique irritada comigo. Eu não poderia negar, é uma oportunidade enorme. Ele estava procurando alguém, e eu me ofereci!

- Se ofereceu para o meu cargo? Para o meu lugar naquela delegacia? – indaguei furiosa, enquanto ela me encara com um olhar apreensivo.

- Você foi retirada, e eu sabia que não poderia recorrer! – Keana exclamou nervosa. – Você sabe como essas coisas são...

- Você nem sequer me deu tempo disso, não é mesmo?- eu quase gritei, mas logo voltei a minha postura retraída. -  Me deixe sozinha.

- Lauren...

- Eu só quero ficar sozinha. – disse de forma séria, e fria.

- Mas...

Eu caminhei rapidamente em direção a porta, abrindo-a de uma só vez, em uma ordem clara para que ela fosse embora.

- Eu preciso ficar sozinha. Então, por favor, saia.

Ela assentiu com um semblante tristonho e caminhou devagar até mim. Talvez a espera de uma interrupção que não viria.

- Espero que isso não interfira em nada entre nós.

Permaneci estática ao lado da porta, enquanto ela se colocava para fora. Assim que a vi totalmente fora de meu apartamento, encarei seus olhos novamente.

- Eu posso te ligar mais tarde? – perguntou.

- Não, eu não quero falar com ninguém.

- Laur...me deixa ficar.

- Até outra hora. – murmurei antes de fechar a porta, impedindo-a de responder.

Eu me encontrava exausta, de todas as maneiras possíveis. Era como se eu estivesse nadando contra a correnteza, em um esforço contínuo para no fim me afogar. Em questão de dias, o que julguei estar perfeito, desmoronou. Meneei com a cabeça em um sinal negativo, enquanto caminhava em direção a cozinha novamente. Tirei meu coldre, juntamente de minha pistola e distintivo, deixando sobre o balcão. Recolhi toda a bagunça que Vero havia feito antes de sair, quando a campainha novamente voltou a tocar.

- Inferno! Eu falei pra ela que não quero ver ninguém! – exclamei, enquanto caminhava em direção a porta.

Parei diante da mesma, e puxei o Maximo de ar possível para só então abri-la. Encarei os olhos castanhos da latina a minha frente, e soltei o ar em um suspiro irritado e surpreso por vê-la ali.

          - Meu Deus, eu disse que quero ficar sozinha.

- Não vou te deixar sozinha agora. – Camila retrucou em um tom de voz firme, antes de invadir meu apartamento. 


Notas Finais


Primeiramente, temos mais um capitulo de Xeque-Mate PRONTO pra atualizar, só falta apertar o botãozinho e vocês tem outra atualização, mas ai, eu estava pensando aqui, nada na vida é de graça, né?! pois então, vocês vão ter que trabalhar, Existe Down e Crying in the Club pra fazer Stream, Request, Thumbs E SHAZAM! muito shazam pra ajudar os mores né?! mandem o print do incio do shazam de vocês, com a comparação do final. Eu quero MUITOS shazam's e varias playlist do spotify no meu twitter afraidcamila pra liberar o outro, e agora é a hora que vocês trabalham e veem o resultado depois, se não, infelizmente, daqui a 84 anos vamos atualizar novamente. vocês querem ser o Jack ou a Rose? kkkk até mais, baby's.


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