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História Yakuza Irresistível - Pequeno Pedaço


Escrita por: Aislyn-Scath

Capítulo 9 - Pequeno Pedaço



Lá estava eu na minha velha mesa, após uma semana de licença ao voltar do Hawaii, não me sentia mais em casa em Nova York. Uma pilha de casos esperava por mim e eu apenas os olhava sem vontade alguma de trabalhar, a tela do computador estava há horas no descanso e eu não conseguia fazer nada a não ser olhar para uma foto dentro da minha gaveta. Era estranho, mas a única foto que eu tinha dele havia sido tirada por um agente do FBI, pelo menos a melhor. Não conseguia ainda assimilar que Michael havia morrido e que eu não sentiria mais o gosto da boca dele ou suas carícias repletas de ardor. Era horrível a sensação, eu fechava os olhos e via ele estirando naquele tapete e em todos os lugares eu conseguia sentir o perfume dele. Estava começando a ficar louca, chorava pelos cantos, não era capaz de controlar minhas emoções.
Richard estava parado me olhando, novamente tentaria me perguntar o motivo de eu estar tão diferente e eu não queria mentir mais. O problema é que ele jamais entenderia, mas mesmo assim, fui até a sala dele. Estava disposta a contar tudo, até que quando fui me sentar, senti um mal estar horrível, meu corpo gelou por inteiro e eu não vi mais nada.

– Sam... Sam, acorde!

Abri os olhos, Richard estava ajoelhado e eu deitada no sofá da sala dele. Não conseguia mexer a cabeça sem me sentir tonta, era até difícil respirar.
Ele me trouxe um copo de água, sentei devagar e bebi. Nunca havia passado mal daquele jeito, deveria ser cansaço mental.

– Eu desmaiei?

– Sim. Fiquei preocupado, você está melhor?

– Acho que sim...

– Quer que eu leve você até o médico?

– Não, está tudo bem. Estou um pouco cansada, só isso... Ainda está de pé o jantar hoje?

– Sim, a Chris está esperando a gente. Só acho que você deveria descansar um pouco lá em casa... Vamos então?

Richard dirigiu tranquilo, ele me olhava curioso enquanto eu brincava com a corrente em meu pescoço que era de Michael. Durante o percurso fiquei pensando se abria ou não o jogo com ele, então, resolvi deixar para uma outra hora. Não era justo estragar o trabalho que a esposa dele deve ter tido para fazer o jantar e ela sempre fazia uma comida maravilhosa.
Quando chegamos no espaçoso apartamento deles, Chris me cumprimentou com um abraço apertado. Minha relação com ela era ótima, apesar de no começo ela ter sentido um pouco de ciúmes da gente quando não me conhecia. Creio eu que foi só ela me ver a primeira vez para ter certeza de que não existia a menor chance de Richard me olhar como mulher, porque naquela época eu nem me parecia com uma.
Ela perguntou sobre a viagem e tudo o que aconteceu no Hawaii e reparou na corrente que eu usava.

– Sam, isso parece até aquelas placas militares? O que havíamos combinado sobre acessórios femininos?

– Foi um presente de alguém especial – eu suspirei, inevitável não lembrar dele. – Não consigo tirar do pescoço.

– Você conheceu alguém por lá? Aposto que é um homem incrível!

– Uma hora eu conto, certo? – Eu fui me levantar para ir até o banheiro, mas precisei me segurar no sofá por causa de uma tontura repentina. – Que estranho...

– Sam, você está mais pálida do que já é... Senta aí, vou buscar um pouco de água – Christine saiu correndo até a cozinha, Richard se sentou no meu lado e me olhou desconcertado. Antes que ele pudesse dizer algo, sua esposa voltou. – Beba isso com calma e me diz, há algo de errado com a sua saúde?

– Não, eu me sentia bem até ontem. Não estou entendendo...

– Sam, eu não quero me meter na sua vida, mas, você? – Ela estava sem jeito e não finalizou, contudo, eu entendi a pergunta.

– Se está me perguntando se tive alguma relação, a resposta é sim – eu não podia considerar o que estava pensando. – Estou em dia com o anticoncepcional, não tem a menor chance.

– Eu tenho um teste sobrando, ainda da última leva – Christine falou com tristeza, há anos ambos tentavam ter um filho, mas ela tinha alguns problemas que dificultavam. – Por mais absurdo que pareça, vou lá pegar e você vai fazer.

Okay, não havia problema em fazer um teste, embora eu não soubesse como funcionava. Ela me explicou e mesmo assim eu olhei as instruções no panfleto quando fui ao banheiro. Só precisava fazer xixi no potinho, colocar uma fita estranha lá dentro e aguardar cinco minutos. Fácil até. Cinco minutos depois, eu tirei a fita e olhei sem nenhuma expectativa, pois sabia que era quase nula a chance do anticoncepcional falhar.
Minha expressão de pouco caso para o teste desapareceu quando vi duas faixas rosas, nítidas. Peguei o panfleto, achava que havia lido errado. "Uma faixa, não grávida... Duas faixas, grávida". Eu quase dei um grito, fiquei olhando para aquilo por um tempo perplexa. Senti dificuldade para respirar, joguei água no rosto e encarei meu reflexo no espelho. Quais eram as chances daquela droga de teste falhar? Pois bem, eu não confiaria no primeiro teste barato de farmácia.
Sai do banheiro mais pálida do que entrei e os dois haviam reparado.

– Nem precisa dizer nada, deu positivo! – Christine estava radiante, eu não entendia o porquê daquela felicidade dela. – Samantha Johnson grávida! Pelos céus, isso é maravilhoso!

– Meu amor, olha para a cara da Sam... Acha que ela parece feliz? – Richard me conhecia melhor do que ninguém. – Deixa ela respirar.

– Valeu, Richard ­­– andei no piloto automático até o sofá e me joguei nele. – Aquele teste é confiável, Chris?

– Bastante, mas amanhã se quiser eu levo você para um exame de sangue. Fica pronto no mesmo dia...

– Beleza, será que se incomodam se eu passar a noite aqui? Eu não me sinto nada bem.

– A gente jamais deixaria você voltar para casa desse jeito, querida – Christine sentou no meu lado e me abraçou, como ela sabia que eu precisava daquilo?

No dia seguinte, fomos até o laboratório e deixamos para ver o resultado na internet em casa. Ela atualizava toda hora a página desde que havíamos chegado, eu apenas segurava as placas que eram de Michael e apertava. Christine deu um grito quando atualizou a página uma última vez, lá estava o resultado. Ela anunciou solene, era positivo.
Senti o chão sumindo por debaixo dos meus pés, queria sair correndo dali. Como deu positivo? Era impossível, o laboratório trocou meu exame, comecei a discutir com a Chris e ela apenas explicava que era impossível trocarem algo lá e sorria. Eu queria mandar ela enfiar aquele sorriso em um lugar nada legal.
Richard chegou para colocar um pouco de sanidade na esposa, ele explicou que eu não deveria estar feliz porque simplesmente seja lá quem fosse o pai, havia ficado no Hawaii – e ele não estava e tão errado, infelizmente.

– Quem é o pai, Sam? Alguém do Five-O? – Ele sabia que podia ser direto comigo. – Sei que você está adiando essa conversa faz uns dias...

– Não faz diferença quem é o pai, eu nunca mais vou vê-lo, Richard – juro que tentei não chorar.

– Eu não estou gostando disso, seja lá quem for, vai ter que assumir, Sam! Mesmo que eu me envolva nisso e vá atrás dele – ele sempre me defendia como se fosse meu irmão mais velho, às vezes como um pai até. – Somos sua família aqui, confia na gente.

– O pai do meu filho morreu ­– balbuciei.

– Ele deve ter agido muito mal com você para que fale assim – Chris não havia entendido. – Foi algo de uma noite só e ele sumiu?

– Não, Chris... Ele morreu mesmo – respirei fundo e olhei para Richard, não tinha mais como esconder aquilo. ­– Você vai querer me matar, Richard...

– Sam... Você se envolveu com...

– Michael Noshimuri – como era difícil pronunciar o nome dele. – Você nem precisou pensar muito... Sinto tanto, as coisas saíram do meu controle e quando eu vi, já estava apaixonada.

– Não consigo acreditar, como você conseguiu? Sabia quem ele era, do que era capaz. O cara era um monstro, assassinava qualquer um que se metesse no caminho dele sem piedade e você, Samantha... Você sabia dessa merda toda! – Era a primeira vez em dez anos que Richard brigava comigo. – Como, Sam? Como?

– Eu não sei! – Gritei e deixei o choro tomar conta. – Senti algo estranho quando vi Michael pela primeira vez e depois tudo foi acontecendo naturalmente, até que eu não conseguia mais fugir. Eu tentei lutar contra os meus sentimentos, mas eram muito mais fortes... Não tive como escapar daquele homem, ele conseguia me deixar louca, completamente fora de mim quando se aproximava. E ele foi sincero ao menos quando se tratava do que sentia por mim... Ele me salvou quando dois caras da Yakuza me pegaram, matou eles no exato momento em que iam atirar em mim, Richard! Ele colocou a própria vida em risco por minha causa e eu não fiz nada para salvar o homem da minha vida!

– Sam... O que você teria feito? – Ele tentava se acalmar. Chris saiu dali e foi preparar um café. – Você ao menos foi fiel ao seu trabalho, é admirável. Se tivesse feito qualquer coisa para proteger Michael Noshimuri, estaria presa numa hora dessas... Imagina, grávida e presa!

– Você esta certo... Mas eu não queria que tivesse acabado daquele jeito. Se ele tivesse sido preso, ao menos, eu poderia lidar com isso. Testemunharia à favor dele sobre ter me salvado, tentaria alguma coisa.

– Sam... A Yakuza daria um jeito de apagar ele se tivesse sido preso de novo. Ele só permaneceu vivo em Pelican Bay por causa do pai, caso contrário...

– Não sei mais o que pensar, Richard. Acho que preciso ficar sozinha, tentar organizar meus pensamentos e minha vida. Tomar uma decisão quanto a este bebê.

– Hey, você não está considerando a hipótese de abortar, está? – Eu conhecia bem a opinião dele sobre aborto, ainda mais quando sonhava tanto em ser pai. – Olha, Sam... Estamos com você, vamos ajudá-la a criar este bebê. Fique tranquila quanto a isso, tenho certeza que a Chris vai ajudar muito enquanto nosso filho não chega. Imagine nossas crianças correndo por aqui...

– É difícil, Richard... Quando eu olhar pro bebê, vou lembrar do Michael, de tudo o que ele fez. Como vou falar do pai dele? É tanta coisa...

– Vem cá! – Richard me abraçou forte. – Você deve ter muitas boas lembranças desse cara, senão, jamais teria feito o que fez... Alguma coisa boa deve ter visto nele. Seu filho não precisará nunca saber quem exatamente era o pai, aliás, até lá inventamos algo. Por hora, você precisa se cuidar e relaxar. Vai ficar fazendo apenas trabalho interno, entendeu? Nada de colocar a vida do seu bebê em risco...

– Richard, você conseguiu me convencer. Agora eu vou indo, preciso do meu travesseiro... Eu só queria pedir um favor.

– Todos que você quiser!

– Me ajuda a descobrir onde a Yakuza enterrou o Michael... Não vou descansar até poder visitar o túmulo dele, se é que existe um.

– Tem certeza de que quer saber isso? – Ele me olhou seriamente. – Você pode se magoar ainda mais se souber de algo e não gostar.

– Eu quero sim, meu irmão... Preciso ficar em paz.

– Vou descobrir, Sam... Prometo.



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