História Yandere Book - I Vaguely Remember (Memory I)

Eu vagamente me lembro

❦邪❧

Minha infância…

Eu me lembro de tão pouco dela. Na verdade, eu não me lembro de quase nada.

Tudo é um borrão incoerente o qual buscar entendimento apenas traz dores de cabeça.

Não me lembro o nome do meu melhor amigo da infância, supondo que eu realmente tive um. Tampouco me lembro qual a raça do meu cachorro, ou seria um gato…?

Eu diria que tudo que ocorreu antes dos meus dez anos é uma lacuna completa em minha mente.

Mas eu realmente não me importo.

Provavelmente eu veria nada além das incansáveis brigas entre meus pais.

Gritos exasperados. Punhos desferidos contra os móveis em tentativas de descontar toda a raiva. 

Um eterno e imutável caos familiar. 

A única memória que realmente me importo em preservar é de quando eu tinha seis anos. Quando a pequena garota nasceu.

 Mas aquela felicidade, aquele alento num mar de tristezas foi tirada de mim.

Então foram quatro anoa ouvindo meu pai chorar e beber. Tentando sem nenhum sucesso encontrar a mulher que tinha roubado sua filha sem sequer dar satisfações. 

Até que finalmente minha mãe voltou e trouxe ela de volta. Minha irmãzinha enfim estava ao meu lado novamente.

Ela era um raio de sol naquela vida de trevas. E eu decidi que iria protegê-la de qualquer mal.

Não importava do que se tratasse.

~~~♡~~~

Meus pais nunca tiveram um relacionamento saudável.

Por mais que meu pai a amasse, minha mãe parecia nutrir um ódio incompreensível e incontrolável por ele e pelos filhos. 

Ela não podia mais descontar sua raiva em meu pai. Então nós éramos os alvos.

Ela dizia como éramos fardos. Uma lembrança de um erro que ela cometeu e não podia mais apagar. Dizia que não adiantava esforço, nós jamais lhe daríamos orgulho. Ela sempre deixou isso bem claro.

Não me afetava. Eu já tinha superado isso antes mesmo dela fugir. 

Mas para minha irmã, que passava horas junto àquela mulher... Era como ser golpeada todos os dias. Repetidamente.

Eu lhe dizia “Não se preocupe com isso.” Mas é claro que apenas algumas palavras não a fariam se machucar menos.

Perdi a conta de quantas vezes tive que mentir, dizendo que nada do que nossa mãe falava era intencional. “Ela apenas está tendo um dia ruim".

Os dias ruins pareciam sempre se repetir.

Quando meu pai finalmente decidiu que eu já era capaz de entender as coisas, ele contou o porquê.

Era algo na linhagem. 

Uma história perdida que ninguém se incomodava em lembrar podia explicar a necessidade dela e das outras mulheres de sua família de procurar sempre alguém que as fariam se sentir completas. 

Ela se enganou ao achar que nosso pai era tal pessoa. 

Era por isso que nossa mãe nos odiava tanto. Éramos a prova viva de que ela tinha errado. Nosso pai não era sua "alma gêmea", mas ela descobriu isso tarde demais.

Ao fugir de casa com minha irmã, talvez ela tivesse uma pequena esperança de que ela fosse filha de outro homem. Talvez o homem com quem ela deveria realmente ter se casado. 

Meu pai levou alguns anos para descobrir isso. E mesmo depois, ele fingiu não se importar.

Mas no fundo da sua alma, onde nem mesmo a bebida ou a tristeza poderiam atingir... Alguma coisa tinha mudado.

Eu testemunhei essa mudança anos depois.

~~~♡~~~

Na segunda vez que minha mãe fugiu, meu pai não se importou muito.

Embora minha irmã tenha ficado triste, ainda assim, foi mais fácil do que da primeira vez.

Um mês pacífico. 

Eu devia ter dezesseis ou dezessete anos. O futuro parecia tão… belo. Havia tanta esperança para nós. 

Então ela voltou.

Talvez estivesse bêbada.

Ou simplesmente os antigos inibidores que a impediam de fazer aquelas coisas tivessem sido removidos durante o decorrer do mês.

Eu queria ter agido mais rapidamente. Quem sabe se eu fosse mais rápido, não haveriam sequelas futuras.

Mas ela tentou ferir minha irmãzinha e meu pai agiu. 

As marcas que ele carrega em seu rosto e braços são a prova. 

Reagiu. 

Ninguém notou quando ela se foi... 

Quem notaria? 

São lembranças que eu queria esquecer... 

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