História Yandere Brothers - Capítulo 7

SEGUNDA-FEIRA, 24 DE SETEMBRO

06:30 AM

Era mais um início de manhã e você caminhava com Ichimatsu até a escola.

Hoje o rapaz parecia estranhamente animado. Você não conseguia não encarar o sorriso raro nos lábios do garoto que quase nunca demonstrava disposição para algo, e isto a deixava muito curiosa.

Ele chamou sua atenção ao perceber que você não ouvia o que ele dizia, o que também era raro. Na maioria das vezes era ele quem ouvia você falar.

— Desculpe, acabei me distraindo. — Você sorri sem jeito. Era raro você ouvir tanto a voz dele, por isso se sentiu culpada por não estar dando a atenção que merecia. — Do que estava falando mesmo?

— Não era nada de importante. — Ele falou isto, porém não parecia irritado com você por não tê-lo ouvido. Ele estava de muito bom humor. — Você irá descobrir mais cedo ou mais tarde, então não precisa se preocupar com isso.

Ele sorri para você, o que a deixa confusa. Você pensa em perguntá-lo, porém o mesmo a interrompe ao chamá-la, pedindo para que você andasse mais rápido, ou então não poderiam mais entrar na escola.

Vocês entram e você vai diretamente ao seu armário de sapatos. Distraída você abriu seu armário, e de lá cai um envelope que chamou sua atenção. Se abaixando você o pega para olhá-lo melhor. Não tinha nada escrito, apenas um adesivo em forma de coração que impedia que o envelope ficasse aberto. Aquilo parecia algo bem típico para uma garota apaixonada, porém o perfume masculino impregnado no papel não dizia ter sido uma menina a colocar aquilo ali. Você iria abri-lo, porém a voz de Ichimatsu próximo ao seu ouvido te assustou, fazendo por reflexo você esconder o envelope atrás de suas costas.

— O que era aquilo?

Pergunta o rapaz curioso, fazendo você ficar indecisa se deveria mostrar ou não a ele. Não teria porque esconder, afinal você nem mesmo sabia do que se tratava.

— Apenas algo que deixaram no meu armário de sapatos... — Tímida você mostra o envelope. — Acho que deve ter sido algum engano.

Ele pega o envelope de suas mãos o olhando melhor. Ele franze as sobrancelhas. Você nota o olhar frio que o rapaz direciona ao envelope, o que a assusta um pouco. Apertando o envelope ele o enfiou no bolso do blazer, sem se importar se amassaria ou não.

— Mais tarde nós vemos isto juntos. — Ele fala secamente. — Agora é melhor irmos logo para a sala.

Ele se vira e você pensa em chamá-lo, porém o sinal interrompe sua voz, o deixando ir embora.

Você ficou realmente confusa com a mudança repentina de humor do rapaz. O mais estranho era o fato dele ter levado o envelope. Você sentia que ele não planejava devolver aquilo.

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Você andava aos arredores da escola a procura de um bom lugar no gramado para almoçar. As aulas haviam passado rapidamente naquele dia. Você não sabia se era sua distração ou apenas as horas que estavam passando rápido demais.

Você não havia mais visto Ichimatsu desde o acontecimento estranho com o envelope deixado no seu armário, o que a deixava preocupada sobre o que havia acontecido com ele.

Passando por perto do campo você avista ao longe um Juushimatsu deprimido observando os garotos do clube jogarem no campo. Era raro ver o rapaz sem um grande sorriso nos lábios, e isto a preocupa ao extremo.

Você se aproxima chamando atenção dele, que sorriu alegremente ao vê-la. Parecia ter esquecido o que o deixava deprimido.

— Posso sentar com você? — Você pergunta.

Animado ele confirma freneticamente com a cabeça. Você se senta no gramado ao lado dele, perguntando se ele já havia almoçado. Ele diz que não, o que a faz oferecer um pouco da sua marmita para ele. Ele obviamente não recusa.

Ele parecia ter viciado em sua comida dês que você começou a dar alguns doces que você fazia no seu clube para ele.

Vocês ainda ficaram algum tempo jogando conversa fora enquanto comiam, até que você finalmente resolve perguntar o por quê que ele estava tão triste. Parecendo lembrar disso apenas naquele momento ele volta a ficar desanimado.

— Fiz algo que não devia, então como castigo vou ter que ficar sozinho depois das aulas para limpar o ginásio...

— Você deve ter feito algo muito ruim para estar tão triste.

Ele negou freneticamente com a cabeça, a fazendo perguntar então o porquê de sua tristeza.

— Não estou triste com isso! Mas porque eu tenho algo realmente importante para fazer depois das aulas!

— Então era isso?! — Você o olha surpresa. Não pensaria que ele poderia estar tão triste apenas porque ficaria na escola depois das aulas. — Deve ser realmente importante para estar tão triste.

Ele repentinamente corou desviando o olhar do seu. Você jogou sua cabeça para o lado, o olhando confusa,

— E realmente é... — Ele resmunga abaixando a cabeça. Você ficou com pena do rapaz. Doía o coração não ver a criança animada e energética que sempre vivia em Juushimatsu. — Tive uma ideia!

Ele exclamou repentinamente, a assustando. Ele a olha como uma criança ansiosa, o que a faz sorrir.

— No que você pensou?

— Você pode me ajudar depois das aulas!

— Eu?! — Você o olha espantada. Nunca pensaria que aquilo tudo sobraria para você. — Mas eu... — Você pensou em recusá-lo, porém ele fez grandes olhos de um cachorro pidão, o que a fez fraquejar. — E-Eu verei se poderei ir...

Você resmungou desviando o olhar, fazendo o máximo para que aqueles grandes olhos fofos não a convencessem em dizer "sim".

— Ei~ — Uma voz conhecida chamou a atenção de vocês dois, que olharam para o garoto que se aproximava. Pela camisa rosa por de baixo da camisa social e o blazer da escola você reconheceu ser Todomatsu, além da fofura na voz que denunciava o rapaz. — O que estão fazendo aqui?

Ele sorriu como sempre fazia, mas de alguma maneira aquele sorriso pareceu falso para você.

— Estávamos apenas almoçando.

Você o respondeu.

— E já terminaram?

Você confirma com a cabeça, parecendo animar o rapaz.

— Ótimo! — Ele bate a palma uma na outra, juntando as mãos em frente ao corpo. — Será que posso conversar com você a sós?

— Claro!

Você o responde, já guardando suas coisas. Você iria se levantar, porém é impedida por Juushimatsu.

— Ela está conversando comigo.

O rapaz olhou emburrado para Todomatsu, que pareceu não gostar da interrupção.

— Juushimatsu-nissan, por que não vai correr um pouco?

Ele sorriu fofamente para o irmão, porém você sentia uma aura sombria rodeá-lo.

— Eu quero ficar com ela, então vá embora.

Totty parecia perder a paciência com o irmão, por isso você os interrompeu antes que uma discussão começasse.

— Tudo bem, Juushimatsu. — Você sorri para o rapaz, tentando tranquiliza-lo. — Assim que eu terminar eu voltarei para ficar com você.

— Não!

Você sente o aperto em seu braço aumentar, fazendo uma fraca dor tomar o local.

— Juushimatsu-nissan, não fique no meu caminho. — O sorriso fofo de Totty some, deixando o rapaz sombrio. — Está sendo um estorvo para ela, não está vendo?

— Você é o único estorvo aqui! — Juushimatsu levanta irritado, o que assusta você. — Pare de incomodar ela. Sou seu irmão mais velho então deve me obedecer!

— Mais velho? Temos a mesma idade! Não vou me colocar abaixo de alguém como você apenas por causa de algumas horas e ligações de sangue! Se ficar no meu caminho eu—

— Parem com isso! — Você também levanta, ficando entre os dois que quase se atacavam. — Totty, apenas diga logo o que quer!

— Está defendendo ele?!

Perguntou indignado, apontando para Juushimatsu que estava atrás de você.

— Não! — Você o responde da mesma maneira. — Apenas não quero ver irmãos se matando na minha frente!

Ele se cala diante de sua raiva. Era a primeira vez que você gritava com os dois.

— Eu apenas... — Ele abaixou a cabeça parecendo perder a coragem, porém quando viu o sorriso debochado do irmão atrás de você, ele ganhou forças apenas com a raiva que sentiu. — Eu vim aqui pra te chamar para sair! — Ele falou em alto e bom som, com uma confiança na voz que a deixou sem palavras, principalmente para o garoto atrás de você. — Eu quero você como minha namorada e futura esposa. Eu te amo mais que qualquer um. — Você o olhava boquiaberta. Você tentou falar algo, porém as palavras não saiam. — Você não precisa responder agora. Te darei até os finais das aulas, então venha me encontrar perto da antiga cerejeira da escola.

Ele fala como uma ordem, e antes de ir embora deu mais uma olhada para o irmão atrás de você, que o olhava com um olhar de um completo maníaco. Estava furioso com o que ele tinha feito.

Você continuou encarando o lugar vazio que antes era ocupado por Totty, que já havia ido embora. Você não sabia o que pensar sobre aquilo.

— Você não vai. — Você voltou para a realidade apenas quando ouviu a voz rouca de Juushimatsu atrás de você. — Você disse que me ajudaria no ginásio, então assim que as aulas acabarem você virá me ver, entendeu?!

Ele avançou o corpo bruscamente até você, agarrando fortemente seu braço, o que a fez gemer pela dor. Você não lembrava de ter dito que iria, porém não conseguiu respondê-lo por causa do aperto forte que a machucava.

O sinal tocou e ele foi embora, sem esperar uma resposta sua.

Mesmo ele já tendo ido, você continuava perturbada com a maneira que Juushimatsu havia agido. Nunca imaginou que aquele garoto sorridente teria esse lado tão assustador e possessivo.

Você passou o resto das suas aulas perturbada com o acontecido, se perguntando o que faria quando o último sinal tocasse.

Eram as últimas aulas e você andava pelo corredor distraída quando foi surpreendida por uma mão que agarrou seu ombro. Assustada você olha para trás, tendo a visão do rosto que você já havia se cansado de ver naquele dia.

Pelas roupas bem comportadas você deduziu ser Choromatsu, que sempre usava o uniforme escolar de acordo com as normas da escola.

— Aconteceu algo, Choromatsu-kun?

— É que você...  — Envergonhado ele desvia o olhar diversas vezes do seu. — Não é nada. — Ele riu sem jeito, colocando algo no bolso que você não sabia o que era.

— Está bem... então… Eu vou indo...

Confusa com o comportamento esquisito do rapaz você iria continuar seu caminho, porém foi impedida mais uma vez pelo rapaz.

— Você está bem? Parecia perturbada com algo agora a pouco…

— Estava tão visível assim...?

— Então realmente aconteceu algo?!

Ele não escondeu a grande preocupação que tinha por você.

— Não é nada de tão importante, então não precisa ficar tão preocupado...

— Claro que preciso. — Ele avançou o corpo em sua direção, mostrando o interesse que tinha em ajudá-la. — Não quero vê-la tão mal como agora... — Ele aproximou a mão de sua face, como se fosse acariciá-la, porém se afastou rapidamente. Vermelho ele cobriu a própria boca, limpando a garganta para voltar a falar. — Se estiver acontecendo algo com você por favor me conte. Farei de tudo para se livrar do problema.

Ele parecia estar falando sério sobre isso, e isto lhe deu uma certa confiança para desabafar um pouco sobre o caso.

— É sobre o Todomatsu... eu... ele...

Você tentou, porém logo ficou tímida sobre o assunto. Não sabia se poderia contar isso para alguém, afinal não sabia como Todomatsu se sentiria com isto.

— Ele fez alguma coisa com você?!

Choromatsu ficou sério de repente, a deixando nervosa com tudo aquilo. Sentia que tinha feito uma grande besteira.

— Não é nada, então não se preocupe!

Vermelha você foi embora, ignorando o chamado do rapaz atrás de você.

Você tentava se acalmar quando vozes conhecidas lhe chamaram atenção. Elas vinham das escadarias, e ao se aproximar elas ficaram mais altas. Pareciam discutir algo que você não entendia muito bem.

A briga parecia estar feia por ali, por isso você pensou que seria bom não se meter, porém quando iria passar em frente a escadaria você se assustou com algo grande que caiu aos seus pés.

— Karamatsu!

Você o chamou assustada ao ver que era o rapaz inconsciente que havia caído escada a baixo.

Você se agachou para conferir se nada pior havia acontecido, foi quando Osomatsu surgiu nas escadas com cara de preocupado correndo até vocês. Ele ofereceu ajuda para levar o rapaz até a enfermaria. Chegando lá a enfermeira o examinou e avisou que nada de grave havia acontecido, que ele apenas havia perdido a consciência e que logo ficaria bem quando acordasse. Você pediu para a enfermeira para que você ficasse com ele até que acordasse, porém Osomatsu disse que não seria necessário. Mesmo você insistindo o rapaz a puxou para fora da enfermaria.

Você puxou sua mão para trás se livrando do aperto do rapaz que parou a olhando furioso.

— Por que fez isso?! Ele é seu irmão, não está preocupado?

— Por que está se preocupando tanto com aquele cara?!

— Porque ele é meu amigo! É normal se preocupar com os amigos, não?

— Tsc! Não me venha com essa história de novo...

Irritado ele desviou o olhar ao resmungar algo que você não havia entendido.

— Por que está tão estranho? Parece tão irritado com nada.

— Não é como se fosse "nada".

— Então o que é?!

Você perguntou já perdendo a paciência. Todos pareciam estar agindo de maneira diferente com você.

— Por que você tem que se preocupar com eles...? — Ele resmungou algo que você quase não entendeu o que era. O olhar sombrio do rapaz passava por todas as suas curvas, a deixando desconfortável. — Por que tenho que te dividir com eles? — Ele deslizou a mão por seu braço direito, e quando você iria se afastar ele agarrou sua mão, a fazendo grunhir pela força usada. — Você pertence apenas a mim...

Você se surpreendeu quando o rapaz colocou seu dedo do meio entre os dentes, o mordendo fortemente. Você implorou para que ele parasse, porém ele apenas a largou quando a marca dos dentes ficaram no seu dedo.

— Por que fez isso?!

Você puxou sua mão para si, se livrando do aperto dele. Seu dedo sangrava um pouco pela ferida que ele havia deixado. O sangue se misturava com o pouco de saliva que veio junto ao seu dedo.

— Assim eles saberão que você já me pertence.

— Do que está falando?!

Você olhou assustada para ele que a encarava com olhos turvos.

— Você quer saber? — Ele abriu um sorriso convencido para você. — Então me encontre depois das aulas na sua sala do clube. Lá esclarecerei tudo para você.

Sem esperar sua resposta ele lhe deu as costas, indo embora.

Você ficou onde estava, tomada pelo medo das consequências de suas próximas escolhas.