Depois de todos se equiparem, seguimos para nossos automóveis. Um Jeep preto, uma caminhonete, a moto de Kurt e a de Patch rumaram para a boate.
Um frio se instalou na minha barriga, mas eu não sabia se era de medo ou de ansiedade. O caminho até a boate pareceu uma eternidade.
Vee estava na moto com Kurt, mas fazia de tudo para não se segurar nele. “Preciso ter uma conversa mais que urgente com ela” – pensei.
Cerca de trinta minutos depois, paramos na frente de uma boate cujo o som da música reverberava do lado de fora.
Patch estacionou a moto e os demais carros. Todos desceram e se encostaram na lataria dos carros.
- Tudo conforme o combinado? – Mason perguntou.
Todos assentiram com a cabeça.
- Louise, a saída de emergência fica pela direita. Vão para o subterrâneo, mas não mexam em muita coisa, peguem o que vocês acharem necessário e metam o pé. Não apareçam lá dentro. – Mason falou.
Louise resmungou algo como um “eu sei” e começou a conferir as armas.
- Vamos. – Mason acenou com a cabeça em direção a porta.
Olhei para mim mesma e me arrependi de ter vestido uma roupa totalmente esporte. Era uma boate, não uma academia.
- Você está ótima, vamos. – Patch falou, me puxando pela cintura.
- Eu não acho que vocês devam entrar juntos. – Disse Mason.
- E por que não? – Patch respondeu visivelmente irritado.
- Porque vocês são muito conhecidos e vão praticamente nos entregar de bandeja. – Mason respondeu sério.
- E o que você sugere? – Eu perguntei cruzando os braços.
- Entra comigo. – Ele respondeu mantendo uma expressão neutra.
- Mas é lógico que sim. É claro. Vá em frente Mason, pegue minha garota e entre com ela numa boate. – Patch respondeu com expressão calma.
Mason olhou para Patch e como ele não se mexeu, estendeu a mão e segurou meu braço. Patch foi tão rápido que não consegui acompanhar seus movimentos. Ele prensou o corpo de Mason contra a lataria do Jeep.
- Patch! – Gritei com o susto.
- Escuta aqui seu filho da mãe, não ouse tocar na Nora. Estamos entendidos? Se você colocar um dedo nela, eu te mato. – Patch falou, praticamente rosnando.
Jett e Kurt correram até os dois, os separando.
- Já chega dessa porra. – Kurt falou irritado – Desculpe-me Patch, mas não descordo dele. Se você entrar lá com a Nora cara, vão ser como um sinalizador.
- Para que tanto drama? Eu entro com a princesa. – Jett falou, passando a mão pela minha cintura. – Vamos logo, nós não temos a porra da noite toda.
Caminhei até Patch e dei um beijo rápido em seus lábios.
- Vai dar tudo certo, Patch. Confie em mim. – Falei, acariciando seu queixo com o polegar.
Ele assentiu e caminhou até a porta de entrada.
Jett me abraçou pela cintura e Kurt segurou a mão de Vee, que continuava sem expressão.
Entramos na boate, o ar estava pesado. Uma mistura de cerveja e cigarro, suor. Patch observava tudo calmamente e de vez em quando olhava para trás, certificando se Jett não tinha me engolido.
Mason caminhava juntamente com Patch, que o ignorava. Kurt e Vee andavam lado a lado.
- Vamos para o bar gatinha, não podemos ficar perto deles. – Jett praticamente gritou no meu ouvido.
Caminhamos até o bar e me acomodei numa banqueta.
- Olá garotão, o que você vai querer hoje? – A atendente do bar que usava um top, mascando um chiclete perguntou para Jett. Seria mais fácil ela não usar um top se queria mostrar os peitos.
- Duas doses de tequila. – Jett respondeu praticamente para os peitos da mulher.
Ela piscou para ele e colocou dois copos sobre a bancada, entornando o líquido. Peguei uma dose e engoli, sentindo uma queimação na garganta.
- Ei, as duas doses eram minhas. – Jett falou dando risada.
- Então peça outra. – Respondi dando de ombros.
- Então docinho, deixe-me fazer uma pergunta. – Jett se dirigiu a moça do bar.
- Respondo todas que você quiser, meu amor. – Ela respondeu, se debruçando no balcão.
- Os clientes daqui são frequentes? – Jett perguntou, olhando para a borda do copo.
- A maioria deles, por que? – Ela respondeu arqueando uma sobrancelha.
- Anjos caídos? – Perguntei olhando dentro de seus olhos.
A moça hesitou e desviou o olhar do meu.
- Eu realmente não faço a mínima ideia do que esteja falando. – Ela fingiu se ocupar em organizar os copos.
- Não precisa mentir, docinho. Eu preciso saber se anjos caídos são frequentes aqui. – Jett disse tranquilamente.
- Por que o interesse? – Ela perguntou cruzando os braços.
- Não responda minha pergunta com outra. – Jett falou com voz séria.
- São frequentes, e daí? É crime? O que vocês são? Tiras? – Ela desatou em perguntar.
- Você gosta muito de fazer perguntas, não é? – Falei – Preciso saber o que esses anjos tanto fazem aqui.
- Eles bebem. Apenas isso. Agora com licença, preciso trabalhar. – Ela falou e virou as costas, se retirando.
- Não vamos tirar nada dela. – Falei para Jett, que terminou de virar a última dose.
- Vamos dançar, gatinha. – Ele levantou da banqueta me arrastando para a pista de dança.
Tentei protestar, mas ele e agarrou se movendo no ritmo da música. Minha mente girava e eu tentava me soltar, mas Jett ignorava meus esforços.
- Nunca te vi por aqui. – Ouvi uma voz feminina.
Jett parou e me soltou, olhando para a mulher dos pés à cabeça. Uma loira com uma espécie de maiô rosa e saltos altos pretos.
- Com licença gatinha. – Jett acenou com a cabeça em minha direção. – O dever me chama.
Observei Jett agarrar a mulher pela cintura e caminhar para o fundo da boate. Suspirei e tentei encontrar Kurt ou Patch.
No meio da multidão, empurrando todo mundo para ir à um lugar isolado me esbarrei em alguém. Olhando para cima, vi um par de olhos verdes.
- Desculpe, Mason. – Falei, tentando me desviar.
- Não foi nada, Nora. Quer dançar? – Ele me perguntou.
- Você não ouviu nada que o Patch te disse? – Perguntei, levantando as sobrancelhas.
- Eu não tenho medo dele, Nora. Além do mais até pouco tempo ele estava dançando ali com uma garota. – Ele me disse tentando ser casual.
- Mason, escute. Eu não sei qual o seu problema com o Patch, mas primeiro lugar, não invente mentiras a respeito de Patch, além disso, saiba que eu não banco a namorada ciumenta. E em segundo lugar, eu não me importo qual seja o seu problema com ele. – Avancei para frente, mas ele me bloqueou com seu corpo.
- Eu fico surpresa em como você é submissa ao Patch. Aposto que ele nunca tinha me mencionado antes. Ou a gangue. – Mason falou com uma expressão presunçosa, o que me deixou irritada.
- Mason, se ele não falou nada sobre você, é porque não vale a pena e não tem importância. Então por favor, saia da minha frente antes que eu te retire a força. – Falei, o enfrentando.
- Será um prazer ser retirado à força daqui por você. Além do mais, você tem cara que faz várias coisas com força.
Minha mão se chocou contra o rosto de Mason com tanta força que ele cambaleou.
- Escute aqui, eu não sou suas putas, está ouvindo? Você tenha pelo menos um pingo de respeito. Você não me conhece e se tiver pelo menos um pouco de amor à vida, não mexa comigo. – Espalmei as duas mãos no peito dele, o empurrando.
- Me desculpe, Nora. Eu só estou irritado. – Mason me segurou pelo braço.
- Eu não estou preocupada com sua irritação, Mason. Me solta. – Tentei puxar meu braço em vão.
- Se você fazer show, vai atrair plateia. – Mason falou no meu ouvido.
- Me. Solta. – Aumentei a voz e falei pausadamente.
Mason deu um sorrisinho torto e me puxou em sua direção, segurando meus dois pulsos.
- Você precisa saber o que há entre eu e Patch. – Ele falou.
Quando ia responder, o celular de Patch vibrou no sutiã e dei um pulo.
- Patch?! Cara, o David abriu alguma garrafa aqui e inalou. Ele está paralisado aqui. Não tem como a gente subir com ele desse jeito.
- É a Nora, quem está falando?
- O Chase. A Louise já pegou os livros e eu pedi para ela meter o pé, mas o idiota do David teve que mexer em alguma coisa. Procura o Patch, o Kurt e o resto do pessoal. Eu preciso de ajuda aqui.
- Aguenta aí! – Gritei e desliguei, guardando o celular no lugar.
- Bom lugar para se guardar um celular. – Mason falou, olhando para meus peitos.
- Sai da frente, Mason. Chase está com problemas.
- Mas nós não terminamos nossa conversa. – Mason falou, tocando meu queixo.
- EU FALEI PARA SAIR DA FRENTE! – Empurrei Mason e ele me agarrou.
Um punho se chocou contra o rosto de Mason e ele me soltou.
- Eu te avisei, seu desgraçado. – Patch empurrou Mason e deu mais um soco em sua cara.
Mason acertou um soco na mandíbula de Patch e eu dei um grito. Os dois se atracavam e a briga chamou a atenção de todos na boate. Vi Kurt correndo na direção dos dois e Jett com os olhos arregalados e com marcas de batom pelo pescoço.
- O que está acontecendo? – Jett perguntou alarmado.
- Chase está com problemas. David cheirou alguma coisa e está paralisado no subterrâneo. Nós temos que ir até lá! – Falei rápido gesticulando com as mãos.
Jett avançou e segurou Mason, enquanto Kurt tirava Patch de cima do Mason.
- Eu já mandei vocês pararem com essas merdas! – Kurt falou, agarrando Patch pela blusa.
- Ele que começou. – Mason falou como uma criança do primário.
- Foda-se quem começou isso! Chase está com problemas, seus filhos da puta. – Jett falou, com uma ira visível – Arrastem essas bundas briguentas até o subterrâneo agora.
- Cadê a Vee? – Perguntei olhando ao redor.
- Eu não sei, eu pensei que ela estava atrás de mim. – Kurt falou, com os olhos arregalados.
Senti uma fúria dentro de mim e empurrei Kurt com todas as minhas forças, ele perdeu o equilíbrio e me olhou como se eu tivesse chifres.
- VOCÊ PROMETEU, KURT! – Berrei, sentindo a frustração me consumir.
Kurt me olhou e encolheu os ombros.
- Eu vou lá ajudar o Chase. Se aquele maníaco filho da puta chegar, vai matar os dois. – Jett falou.
- Eu vou com você. – Kurt disse.
- AH, MAS NÃO VAI MESMO! – Agarrei ele pela blusa – Você vai procurar a Vee!
- Então eu vou. – Mason falou, passando por nós e se esbarrando no ombro de Patch.
Patch agarrou Mason pelo colarinho e chocou sua cabeça contra o balcão.
- PATCH, PARA! – Puxei Patch para longe de Mason, que estava com um corte na testa.
Mason caminhou na direção de Patch e colocou um dedo na frente de seu rosto, com uma expressão de puro ódio.
- Só me ouça essa vez, seu desgraçado. Se você continuar com essa merda, eu vou matar você e garanto que ela morra primeiro. – Mason falou com um rosnado, olhando de Patch para mim.
Patch ficou tenso do meu lado, mas eu segurei com mais força.
- Sai daqui, Mason. – Eu falei.
Mason e Jett saíram e de repente a música da boate parou. Todas as luzes se apagaram e somente as luzes do palco de pole-dance ficaram completamente acesas, exceto as do canto direito, onde haviam duas sombras.
- Alguém perdeu essa boneca? – Um homem gritou e ao ouvir aquela voz, senti os pelos do meu corpo se arrepiarem, senti meu coração parar no peito, senti minha boca secar e minhas pernas virarem gelatina.
- Patch... – Sussurrei, colocando as mãos trêmulas na boca.
- EU VOU PERGUNTAR NOVAMENTE, ALGUÉM PERDEU ESSA BONECA?! – O homem avançou e foi em direção à luz, segurando Vee contra o corpo.
- VEE! – Gritei e saí correndo em sua direção. Patch tentou me segurar, mas disparei em direção ao palco. Sem fôlego.
- Ora, ora, ora! Que coisa agradável. – Ele soltou uma gargalhada – O show nunca acaba! Nora Grey, Patch Cipriano e Kurt Hernandez. É uma surpresa muito agradável.
- Seu desgraçado, solte a Vee! – Gritei.
- Não é assim que eu faço negócios. Meus homens pegaram quatro de vocês bisbilhotando lá embaixo.
- O que você quer? – Patch perguntou, tenso.
- Vocês, vem comigo. – Ele respondeu.
- Para onde? – Kurt perguntou cruzando os braços.
- QUEM FAZ AS PERGUNTAS SOU EU! – Ele berrou e os pelos da minha nuca se arrepiaram novamente.
Ele desceu o palco de pole-dance, segurando Vee que estava pálida e se aproximou de nós três.
- Qualquer movimento, qualquer plano, eu mato ela. Entendido? – Ele falou em voz baixa e controlada.
Acenei repetidamente com a cabeça. Ele olhou para Patch.
- Da próxima vez, eu garanto que você fique no inferno. E quanto a você, não me faltará oportunidade de te matar como fiz com Harrison Grey. Você me entendeu, Nora?
Inspirei de forma trêmula e assenti.
- Entendi, Rixon.
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