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História Dark Side - Controverso


Escrita por: tangerinaaaa

Notas do Autor


Veio aii!

Capítulo 19 - Controverso


Pov Alicia

 

Tive que me virar nos trinta pra conseguir as joelheiras, o capacete, luvas, cotoveleiras e o skate, não queria dar brechas para a loira reclamar de nada. Acordei às 6h da manhã em um domingo, fui para a minha aula de defesa pessoal e em seguida comprei tudo o que precisava. Não gostava de usar os equipamentos de proteção, mas comprei também  uns maiores caso Raquel resolvesse se aventurar, apesar de ser uma possibilidade extremamente remota.

O skate que comprei para Paula era bem colorido com uma estética pop. Resolvi usar o meu velho, mas ainda em boas condições, tem um arco-íris no meio, desenhado por mim, um mestre Yoda baby super esquisito, e também tá escrito girl power. Representa completamente minha eu adolescente: gay, nerd e confusa.

Resolvi vestir uma blusa social branca oversized, calça jeans wide rasgada e um tênis all star. Não costumo usar tênis, só quando sou obrigada pelo CNP, e muito menos all star, mas estava amando voltar aos velhos hábitos. Minha adolescência foi um tanto traumática, mas ainda lembro-me de alguns bons momentos.

Passei pra buscar Raquel e Paula por volta das nove da manhã. O caminho até o skatepark foi super animado, pelo menos eu e Paula não paramos de conversar e cantar as entradas de todos os desenhos animados possíveis o caminho inteiro. Já Raquel estava calada e pensativa, decidi não pensar muito sobre o que ela estava pensando.

- A primeira coisa é que você deve ser paciente Paulinha._ lhe explico enquanto coloco seu capacete de proteção. - Não vai querer sair fazendo manobras que nem o Kick Buttowski de primeira, talvez daqui há umas semanas.

- Nada de manobras!_ interrompe a loira com preocupação.

- Ok, nada de manobras!_ dou uma piscadinha pra pequena e ela ri, o que é o skate sem manobras?! – Como estão as cotoveleiras e joelheiras?

- ¡Todo bien!_ me responde um pouco nervosa, acho que Raquel lhe encheu de inseguranças sobre o esporte antes de sair de casa. É perigoso? Sim, um pouco. Tudo depende do quão cauteloso você é. No final das contas é como a vida, você não pode evitar as quedas. Péssima comparação, não sou boa com filosofia.

A vejo mais animada quando pego o skate que comprei.

- Já pode subir!

- Como que já pode subir? Não é rápido demais?_ pergunta uma mãe gaguejante e preocupada, resolvo ser só um pouco compreensiva.

- Não dá pra aprender a andar de skate sem o skate, meu bem._ a loira ruboriza. Talvez tenha sido compreensiva demais. – Agora já pode nos deixar um pouco mais a vontade né supervisora?

 - É que...

- É que nada... se você ficar assim vai deixar a Paula com medo._ sussurro.

A pequena põe os pezinhos e lhe dou as duas mãos para que se apoie e se equilibre, queria eu que tivessem sido tão pacientes comigo, da primeira vez quase me obrigaram a subir e me empurraram, depois de muitas quedas perdi o medo. Claro que preferia ensinar Paula de outro jeito. – Precisa ficar calma, você controla o skate, ok? Não ao contrario, você diz pra onde ele vai._ ela assente ainda um pouco insegura.

- Precisa escolher um pé pra empurrar e outro pra comandar. O que comanda na frente e o que empurra atrás. É canhota ou destra?

- Destra.

- Então tenta usar o pé direito pra comandar e empurra com o outro. O pé direito vai na frente e o esquerdo atrás. Empurra sempre com o pé de trás. Não esquece!_ ela assente.

Ajudo-a se equilibrar durante um tempo, até que confie que pode comandar o skate. Resolvo mostrar como se faz com meu skate, se ela visse provavelmente aprenderia mais rápido, dou o primeiro impulso e já escuto as advertências de Raquel.

- Mas não é pra ir rápido assim tá Paula._ a olho com reprovação.

Fico durante alguns minutos ajudando-a ter equilíbrio e até fazer com que se sentasse no shape pra que eu empurrasse coisa reprovada por Raquel, mas aquilo era muito divertido, além de fazê-la ficar mais segura. Paulinha gargalhava. Estava se divertindo, pra mim já valia esforço.

Quando vejo que ela se sente mais segura incentivo-a a dar o primeiro impulso. Não consigo conter a emoção, ela fez direitinho, ainda que lentinho. Ensino mais coisas básicas como a interferência do peso na hora das viradas e também a parar o skate, ajusto os trucks de uma forma que ela se sinta mais confortável.  Deixo-a mais à vontade pra que também descubra o equipamento pelo feeling, aquilo era mais prática do que qualquer outra coisa.

- Você não acha que ela tá indo muito rápido?

- Deixa a garota, ela já tem seis anos.

- Você ouviu o que acabou de dizer?

- Claro! Você não pode deixar ela em uma bolhinha Raquel, não é negligenciar. É dar autonomia aos poucos. E a menina tá praticamente enrolada num plástico bolha com a quantidade de protetor que eu comprei.

 

Pov Raquel

 

Eu estava bastante nervosa com essa ideia, a ponto de surtar cada vez que Paula girava aquela coisa, mas o cuidado de Alicia me tranquilizou bastante. Tenho que confessar que era muito fofo vê-la ensinando a Paula, tentando conter a alegria dando pulinhos esquisitos.

A imagem de Alicia em cima de uma daquelas coisas era um tanto peculiar. Apesar de hoje estar mais despojada do que nunca, sua essência era inegavelmente elegante e feminina o oposto desse esporte esquisito. Pelo menos assim eu pensava, até entrar em metamorfose pela observação.

Ela prende o cabelo de forma desajeitada, e começa a dar voltinhas assim como Paula, fazendo uma ou outra coisa mais “diferente”, é difícil pra mim explicar o que estou vendo porque não faço ideia do que é aquilo exatamente. Por um momento eu acreditei que Alicia fosse uma charlatã que estava colocando minha filha em perigo. Até ela começar com aqueles “saltinhos”, com as subidas nas rampas, o skate fazia um giro, umas coisas inexplicáveis. O fato é que sua feminilidade estava irretocável, tão especifica e tão sua, desprovida de regras, apenas livre.

Mas se um dia Paula faz um negocio desses eu sou capaz de sofrer um infarto...

As horas passavam voando, enquanto Paula se aperfeiçoava nos movimentos básicos Alicia tentava fazer coisas casa vez mais difíceis, já nem sabia com quem estava mais preocupada. Minhas pernas não paravam quietas.

 

...

 

Percebo que ela está tentando fazer alguma dessas manobras já há algum tempo, mas não consegue. Constato pela repetição dos mesmos movimentos. Vejo que ela pega um impulso muito grande e quando está prestar a tirar o aparato assassino do chão para completar o movimento choca com um moleque desatento e cai de barriga pra baixo sobre o próprio skate.

Minha reação imediata é correr pra onde ela está.

- Meu deus, Alicia você tá bem. O que se passa na sua cabeça? Como você faz uma coisa assim? Nunca mais...

- Calma Raquel! Fica calma! Eu tô bem e você tá me fazendo passar vergonha._ Sério que ela estava preocupada com a opinião de um bando de moleques? - Eu não sou de porcelana. Só me ajuda a levantar._ Estendo a mão e a puxo, ela imediatamente se queixa.

- O que foi? Onde tá doendo?_ pergunto preocupada.

- Você tá mais nervosa que eu! Respira!_ ela inspira e expira me incentivando a fazer o mesmo. – Só minha barriga que tá doendo um pouco, acho que me arranhei.

- AI ALICIA!! Será que você fraturou o baço?

- Raquel, pelo amor de Deus é só um arranhão.

- Onde tá doendo? É do lado esquerdo ou direito? O baço é do lado esquerdo se for do lado esquerdo você fraturou o baço com certeza.

- O que aconteceu?_ Paulinha pergunta calma.

- Alicia fraturou o baço precisamos ir ao hospital.

- Tia Alicia você tá bem? Você vai morrer?_ fica aturdida.

- Claro que não! RAQUEL EU NÃO FRATUREI O BAÇO!­ Você tá deixando a Paula assustada e nós não vamos ao hospital, vou deixar vocês em casa e depois faço um curativo no meu ARRANHÃO.

- Tá bom! Mas você tem certeza que...

- Claro que eu tenho certeza. Agora vamos!

- Tá, mas eu dirijo._ pego as chaves antes que ela ouse recusar.

 

...

 

- Alicia deixa eu ver logo isso._ tinha passado o caminho inteiro insistindo e ela se negava, aquilo só me deixava mais aflita.

- Não é pra tanto, Raquel. Faço um curativo em casa em dois minutos e tudo ok.

- Nem nos seus sonhos, quando chegar em casa vou ver isso ai direitinho.

- Você tá viajando foi só uma queda.

- Então por que não deixa eu ver?

- Porque não tem pra que!

 

...

 

Praticamente arrasto Alicia pra dentro de casa.

- O que aconteceu? Por que esse alvoroço?_ pergunta mamãe quando entramos.

- Tia Alicia quebrou o baço.

- Eu não quebrei o baço, Paulinha.

- Vocês precisam ir ao médico._ sentencia Mariví e eu estou plenamente de acordo.

- Mariví eu só arranhei a barriga, elas são muito dramáticas. Eu tô bem. O dia foi maravilhoso e já tô indo pra casa.

- Ah não senhorita Sierra, você só sai depois que eu ver isso ai.

- Mami, você vai cuidar da tia Alicia?

- Sim, eu vou._ Paula bate palminhas. ??? - Sobe Alicia!

- Mass...

- Agora!

- ¡Vale!

 

...

 

- Deita, digo quando entramos no quarto.

- Raquel, de verdade, não é necessário.

- Deita logo._ assim o faz, eu não ia deixar a ela morrer com uma hemorragia interna ou algo do tipo. – Deixa eu ver!_ ela sobe um pouco a blusa, deixando a mostra a mancha roxa logo no final no abdômen e alguns arranhões – MEU DEUS ALICIA!!

- Só precisa colocar um pouco de álcool pra esterilizar, nada mais.

 

...

 

Depois de muito discutir desço pra pegar gelo e o kit de primeiros socorros. Passo álcool na ferida e ela nem reclama, parecia já estar acostumada. Em seguida pressiono com uma compressa de gelo.

- Ainda bem que foi do lado direito._ passo a pomada e termino de fazer o curativo. Minha preocupação é tão grande naquele momento que nem percebo de cara a situação em que estamos me dou conta quando sinto levemente seus pelos eriçados.

- Acho que já deu minha hora.

- E-eu levo você.

 

...

 

Novamente o caminho foi silencioso, eu não sabia o que dizer. Mas eu sabia muito bem o que estava incomodando Alicia, porque eu também estava incomodada e já não podia afirmar com toda certeza se suportaria aquilo durante muito tempo.

- ¡Gracias!_ diz seca e se prontifica a sair do carro.

- Ei!_ eu seguro sua mão.

- Me solta!_ diz irritada.

- Espera eu só quero conversar...

- NÃO! PARA COM ISSO!_ ela grita me assustando. – Já chega Raquel eu não aguento mais suas atitudes tão controversas, o que foi tudo isso hoje? Toda a sua preocupação comigo? Insistir em fazer meu curativo, você quer me deixar maluca???

- Mas não foi exatamente isso que você fez comigo? Naquele dia no estacionamento com Alberto._ digo inocente, mas logo percebo... - O que é que está te incomodando hein? O feitiço virou contra o feiticeiro?_ Alicia gostava do jogo, mas detestava que jogassem com ela, e sem querer querendo eu acabei fazendo isso.

- Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

- Anda me responde o que é que te incomoda tanto? Que eu tenha sobre você o mesmo poder que você sabe que tem sobre mim?_ a encaro, era incontrolável essa vontade que tinha de provoca-la. Só queria jogar aquele nosso jogo viciante e já não precisava da bebida pra ter coragem. Estava completamente rendida à Alicia Sierra.

 

...



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