História You are my Soul - Love Ballad

Devo estar com uma expressão horrível pelo modo como as pessoas procuram se afastar de min. Ainda bem, pois assim posso pegar logo a minhas malas e finalmente encontrar Clark na lanchonete que tem aqui. Espero que ele não esteja com uma daquelas plaquinhas com meu nome, isso é bem típico dele.

Pego as malas sem demora e em quase cinco minutos já estou no local combinado. Peço um café e fico observando as pessoas enquanto o bebo. É tão estranho estar naquele ponto. Quero disser, ficar ali parada observando pequenas belezas que dificilmente alguém pararia para contemplar enquanto os outros não tiram os olhos da tela do celular, buscando... algo, não, algo não, alguém, o toque de alguém.

Sinto como se estivesse sendo observada e me viro repentinamente. Dou de cara com Clark, que está parado, com um sorriso idiota na cara e um lindo buquê de margaridas na sua mão direita.

-Estava imaginando que você viria com uma daquelas plaquinhas. Ainda bem que trouxe isso. Falei apontando para as flores. Ele me abraça forte quando levanto e deposita um beijinho no topo da minha testa.

-Sei o quanto ama esse tipo de flor, e trazer um buquê foi apenas um modo simples de demonstrar que você é bem-vinda.

-Hm... isso também é em relação a Lois?

-Claro. Por que ela não aceitaria?

-Porque quem viveria em paz sabendo que uma pessoa como eu vivi sob o mesmo teto... eu não quero te causar problemas Clark.

-Ei! Lize não faz isso com você mesma. Última tentativa, lembra disso?

Balanço a cabeça em resposta. –Desculpe. Força do hábito.

-Pois crie novos agora. Pegou as malas e andou em direção até a saída, mas não antes de tentar, disfarçadamente, jogar fora uma plaquinha com meu nome. Ri em silêncio, como meu primo pode ser tão previsível?

Clark logo conseguiu um taxi e quando entramos ele disse um endereço totalmente diferente do nosso.

-Não vamos para o seu apartamento?

-Só depois da festa. Achei que ia dar tempo, mas você terá que ficar comigo durante todo o evento que terei que cobrir. Lois não está em casa e o porteiro como não te conhece, provavelmente não permitirá que suba.

Ah, e eu achando que você estava com medo que eu me matasse logo no primeiro dia, já vi que a privacidade vai ser zero morando com Clark, pensei. –Primo, não é nada muito fora do meu padrão não, não é?

-Se tiver um vestido formal, ou de gala...

-Tenho um preto básico...

-Deve servir. Assim que chegarmos você poderá trocar de roupa.

-Não vejo a hora, uhuuu.... Comento baixinho.

Assim que chegamos, fui logo dar uma melhorada na imagem. Peguei meu vestido curto, mas com mangas até os pulsos e entrei no primeiro banheiro que vi. Joguei uma maquiagem pesada no rosto e em cerca de vinte minutos, já estava pronta, só não do jeito que meu primo provavelmente gostaria.

-Lize, está linda e...

-Totalmente deslocada daqui. Já recebi uns três olhares tortos desde que sai do banheiro.

-Deve ter sido impressão sua. Você não está acostumada a passar tanto tempo assim com outras pessoas. Fique calma Lize. Se serve de consolo, também não gosto daqui, mas assim que eu conseguir material suficiente para escrever a matéria, iremos para casa, ok?

-Ok... mas se eu ajudasse não poderíamos sair mais cedo?

-Claro. Quer pegar alguns depoimentos do que as pessoas estão achando a festa, do evento em si?

-Não vejo problema. Você teria outro bloquinho de papel?

-Aqui está. Disse me passando um bloco já com uma caneta.

-Obrigada. Falei e já fui saindo dali, mas parei no terceiro passo quando ele falou.

-Ah... e Lize, evita...

-Encher a cara. Não se preocupe Clark, não beberei nada alcoólico essa noite.

Aquilo ia levar a noite toda. Das poucas pessoas que haviam aceitado falar comigo, elas sempre expressavam a mesma opinião robótica sobre tudo, e ainda tinha a bajulação ao dono do evento. “Lex Luthor está sendo um homem muito generoso”, “Ohhh, como ele faz um bem para essa cidade”. Fiquei relendo aquilo em um canto, enquanto resmungava. Até que ouvi um riso próximo a min.

-Suponho que não está tendo uma boa noite, não é senhorita... Diz um jovem ruivo.

-Kent, Elizabeth Kent. Falo estendo minha mão para um cumprimento. –Realmente. Tenho que anotar depoimentos dos convidados, mas até agora só tenho visto o mesmo tipo coisa. Bajuladores, atrás de bajuladores. Nem pelo menos uma pessoa parcial, ou que pelo menos com um pingo de sinceridade.

-Prazer, senhorita Kent. Teria algum problema se eu desse uma olhada no que você escreveu até agora?

-Não. Tem uma mesa logo ali. Vamos? Falei apontando com a cabeça. Eu não costumava fazer isso, mas já estava de saco cheio daquelas pessoas da festa, e aquele homem, bem, parecia estar tão deslocado quando eu. Sentamos e em pouco tempo um garçom passou oferecendo um lindo e tentador drink, mas consegui recursar sem fazer drama é claro, porém fiquei desconfortável o suficiente para que aquele desconhecido notasse.

Ele disfarça e pega o bloco para ler, mas antes que passe da primeira folha, me devolve. –Acho que... como você fez as entrevistas, e como é um excelente imitadora, não gostaria de ler eles para min?

-Porque não? Só não conta para ninguém. Sou recém-chegada em Metrópolis e eu devo ser algum tipo de inseto para essas pessoas, fácil de esmagar. Ele assente e eu começo.

-Essa aqui acho que dormiria com esse tal de Lex na primeira oportunidade. “Acho que..., não eu tenho certeza que Luthor é o futuro para esta cidade, seus recentes atos heroicos, demonstra isso claramente, e eu acredito que... ele tem chances reais de ser o próximo prefeito de Metrópolis” Falei com uma vozinha nasal. –Alguém aqui deve estar querendo ser a primeira dama.

-Está daqui é a senhorita orgasmos múltiplos.

-Por que este nome? Perguntou curioso e divertido, com uma sobrancelha arqueada.

-Logo verá. Tive que imitar a voz de uma atriz pornô, praticamente. “ Estudei com Xandinho. Parei rapidamente para conter meu riso. –“Estudei com Xandinho desde que éramos crianças, e ele, oh, oh, meu deus, sempre foi essa pessoa generosa e amável. Ahhh, como sou grata do fundo do meu, oh, oh, coração por conhece-lo. Ele, ahhhh...” Desculpe, não irei conseguir ir até o fim, falei com uma pequena lágrima escorrendo do canto do meu olho e começamos a rir sem parar.

-Você está completamente certa em identifica-la como a senhorita orgasmos múltiplos. Como conseguiu se conter perto dela?

-Não faço a mínima ideia. Só lembro que assim que acabei, sai correndo como uma louca para o primeiro local vazio que achei e fiquei lá rindo até passar mal. Minha barriga até agora está doendo na verdade.

-Então a noite não foi tão ruim assim...

-É pensando bem, acho que não. E a sua...quero disser, sinto que você é tão deslocado aqui quanto eu, se me permite a ousadia.

-Tudo bem e... está certa sobre isso. Também acho que a noite não foi tão ruim agora.

-Então gostaria de dar seu depoimento agora para que ela não seja uma total perda, senhor...

-LEX! Uma mulher com traços orientais fala.- Está na hora do seu discurso.

Ele lança um sorriso malicioso enquanto devo estar sem nenhuma reação e totalmente pálida. Coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e beija a minha bochecha.

-Foi um grande prazer conhece-la, senhorita Kent, mas agora o dever me chama. Sussurra no meu ouvido, de modo que sinto sua respiração em minha pele e um arrepio passa por todo o meu corpo.