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História You are the cause of my euphoria - Perfeito juntos


Escrita por: LolitaLoka26

Notas do Autor


Eu amo essa história demais, espero que gostem também.

Capítulo 1 - Perfeito juntos


Sábado, 10:35

O baixinho saltou do ônibus assim que o automóvel parou. Caminhou calmamente pelas ruas até que chegasse na faixada do prédio que costumava frequentar nos finais de semana. O porteiro, já conhecendo o garoto de cabelos loiros, baixo, de bochechas fartas e sorriso sempre simpático, logo permitiu sua entrada.

O loiro passou por cerca de duas pessoas e as cumprimentou com um sorriso enorme no rosto, depois rumou até o elevador. Encarou a câmera e acenou para ela, encarou o espelho e fez algumas caretas. Logo as portas metálicas se abriram e ele saiu.

Parou em frente à porta de número 1902. Procurou a chave em seu bolso e sorriu satisfeito quando a encontrou. 

O apartamento estava uma tremenda bagunça. E Jimin ainda desconfiou do Lee quando este lhe disse que a casa estava uma zona. 

Jimin deu de ombros e entrou. Começou a coletar o lixo espalhado pelo apartamento. Caixas de pizzas, latinhas de refrigerante e alguns enlatados. 

Lee geralmente não gostava quando mexiam em suas coisas e Jimin sabia muito bem disso, mas era apenas lixo, Jimin estava fazendo um favor para ele ao jogar todos aqueles restos de comida fora.

Quando finalmente recolheu tudo, ouviu a porta ser aberta. Jimin, com um sorriso no rosto, observou o namorado entrar. Mas, ao contrário do que esperava, Lee não parecia feliz. 

— O que isso significa, Jimin? — perguntou em tom grosso. Bateu a porta e encarou o menor parado no meio da sala. — O que você está fazendo aqui?

Jimin piscou os olhos em desentendimento.

— Eu vim te ver, hyung. Senti muito sua falta. Faz um tempo que não responde minhas mensagens e nem atende minhas ligações. Como eu tenho a cópia da chave da sua casa, pensei em te fazer uma surpresa. — explicou em tom baixinho. O loirinho encarava os próprios pés se esfregando um no outro e os dedinhos das mãos se tocando. Uma mistura de medo, nervosismo e vergonha.

— E cadê a surpresa? — Jimin levantou o olhar para o namorando e franziu o cenho.

— Sou eu! — falou como se fosse óbvio, e de certa forma era mesmo.

Ah... Pensei que surpresas fossem boas... — deu de ombros.

O mais velho jogou as chaves de casa em cima da bancada da cozinha, passou por Jimin e se sentou no sofá. Jimin estava pronto para beijar o mais velho assim que este passou por ele, mas tudo que recebeu foi um pisão no pé e um "foi mau", pelo menos um quase pedido de desculpas. 

Lee pegou o controle da televisão e a ligou. Jimin, emburrado com a atitude do namorado, virou-se para ele com um bico nos lábios.

— Ei, você não vai me dar pelo menos um beijinho? — Lee riu.

— Beijinho, Jimin? Quantos anos você tem? 

— Vinte e dois.

— Exatamente. Aja conforme sua idade. 

Jimin ficou ainda mais emburrado. Ele sempre foi assim, sempre agiu assim e Lee nunca reclamou. Qual era o problema agora? 

Caminhou em passos pesados até parar em frente a televisão. Cruzou os braços e bufou.

— Que porra, Jimin. Qual o seu problema hoje? — Lee revirou os olhos.

— O meu? Qual o seu problema? Eu venho aqui te ver, depois de quase um mês inteiro afastado por sua culpa e você me trata como nada? — colocou para fora tudo que estava preso em seu peito.

Lee riu, e isso fez com que Jimin ficasse ainda mais chateado.

— Você queria o quê? Flores? Chocolate? Um cartão? Me poupe. Agora saia da frente da televisão, quero ver algo de bom.

— Eu estou aqui, olhe pra mim! — bateu o pé no chão.

— Qual a parte do "quero ver algo de bom" você não entendeu? 

— Você está me insultando? — arqueou a sobrancelha. Lee bufou e desligou a televisão. Respirou fundo e chamou Jimin para se sentar ao seu lado.

O loirinho se aproximou devagar, sentou ao lado do namorado. Lee pegou as mãozinhas pequenas e gordas do loirinho e sorriu de forma desajeitada.

— Se eu te der um pouco de atenção você vai me deixar em paz? — o loirinho balançou a cabeça em afirmação, abrindo um grande sorriso. — Certo, eu tenho algo para te falar. — acariciou as mãos do menino. Os olhinhos de Jimin duplicaram de tamanho, se encheram de esperança. — Eu não quero mais você.

Não podia ser. Jimin de repente caiu do céu e foi ao chão. Ele não imaginava que Lee lhe diria uma coisa dessas, quer dizer, o relacionamento deles não estava perfeito, nunca fora, mas Jimin sempre se esforçou para manter os dois felizes. Lee não podia simplesmente terminar com ele. Eles se amavam. Mesmo que não quisesse acreditar, Jimin já tinha lágrimas pesadas querendo cair dos seus olhinhos. Ele sempre foi assim, sentia demais e Lee nunca entendeu com ele podia ser tão frágil, sempre se irritava quando Jimin fazia alguma manha.

— Lee, eu não go-gosto desse ti-tipo de brincadeira.

— Eu não estou brincando. Quero terminar com você. Acabou, Jimin. — soltou as mãos de Jimin e voltou a olhar para TV. 

Jimin não sabia o que fazer. Estava perdido. Ele sabia que as coisas entre ele e Lee não estava indo tão bem, mas não pensou que tudo estivesse tão mal a ponto dele querer terminar consigo.

— Por quê? — perguntou baixinho. — Eu fiz alguma coisa? 

— Você quer a lista em ordem alfabética ou ordem cronológica? — riu de forma sarcástica. — Olha aqui, só pega suas coisas e vai embora. 

— M-mas eu... 

— Não me faz perder a paciência! E vê se para de chorar, não aguento mais ouvir essa sua voz fina. 

Jimin se levantou do sofá. Nunca alguém havia sido tão grosseiro consigo e, mesmo depois de tudo, nunca pensou que ouviria coisas desse tipo vindas da boca do seu amado (talvez agora nem tanto) 

— Você é ridículo! — gritou. Lee riu.

— Você acha que eu sou o ridículo? Você por acaso andou se olhando no espelho? Você se pesou esses dias? Você tem sorte de eu ter ficado tanto tempo com você. Vai ser difícil alguém querer você assim... — levantou-se do sofá e passou a encarar Jimin. Foi se aproximando lentamente enquanto proferia palavras de ódio. A cada passou dado por Lee, Jimin dava dois passos para trás. — Você é ridículo, um filhinho de mamãe, um bebê mimado que só sabe chorar e fazer birra para conseguir o que quer. Você sabe que eu só fiquei com você esse tempo todo porque eu tinha pena de você, não é? Mas já deu pra mim. Quero você fora. Agora. — apontou o dedo indicador na cara do loirinho e ele tremeu. Tremeu porque sabia o que viria a seguir.

Ele estava estático. Não conseguia se mover, não tinha forças para isso. Lee agarrou seu pulso e apertou. 

— P-para... — pediu sôfrego, tentando se soltar.

— Você parece um cachorrinho, Jimin. Eu gostava de você por isso. Eu podia fazer você de gato e sapato e, no final de tudo, você ainda dava pra mim. — riu. 

— Eu te odeio. 

— Não faz diferença. — deu de ombros. — Quero que vá embora, garoto chiclete. 

Jimin não se aguentou. Ser esculachado daquela forma por alguém, que até então jurava amar, era demais para ele. Deu um pisão forte no pé do Lee, que rapidamente soltou seu braço e gritou de dor. Mas Jimin não tinha o que fazer agora, ele não podia correr, a porta estava trancada. 

E ele temeu. Temeu quando viu a mão do maior se erguer em sua direção. E temeu ainda mais quanto um tapa fora atingido no lado esquerdo do seu rosto. Sentiu o queimar na sua pele, sentiu seu olho lacrimejar. Sentiu as lágrimas escorrendo mais rápido que antes. Sentiu-se desmoronar. 

Ele não esperou mais tempo, alcançou a chave da casa no balcão e abriu a porta. Saiu correndo tão rápido que esqueceu de pegar seu lindo sorriso que costumava carregar por aí.

[...]

Jimin tentava a todo custo esconder a marca do tapa que levou no rosto usando o capuz do casaco, mas o chorinho baixo não deixava passar despercebido sua tristeza. As pessoas no ponto de ônibus o encaravam, tentavam entender o que acontecia. A menininha, que estava junto de sua mãe, tentou se aproximar, mas levou um puxão na orelha.

"Não mexa com ele, filha. Deve ter se metido em uma briga por causa de drogas"

Jimin riu, riu porque não chegava nem perto daquilo. Mas ele também quis chorar, porque percebeu o quanto as pessoas podem ser cruéis.

Assim que seu ônibus chegou, ele se apressou em subir. O motorista estranhou. Estava pronto para cumprimentar seu passageiro querido e sempre sorridente, mas Jimin nem olhou para ele. Pagou pela passagem ao cobrador, passou pela catraca e sentou-se no fundo do ônibus. Jimin não gostava de ignorar as pessoas, mas ele se sentia tão mal, tão mal que decidiu que seria melhor não contagiar os outros com a sua tristeza.

Encarou o céu cinza. Logo começaria a chover. Riu fraco, aquilo poderia ficar ainda mais dramático. As gotas de chuva logo começaram a cair. E ele riu. Riu porque mesmo aquele dia estando um caos, as plantas receberiam água e ficariam mais bonitas. Mesmo nessa situação ruim, Jimin não conseguia parar de tentar ser positivo.

Até que olhou para um casal sentando um pouco mais a sua frente. Dois homens. Pareciam se divertir juntos. 

Jimin queria que o relacionamento dele tivesse sido dessa forma. Sempre esbanjando amor e carinho, mesmo dentro do ônibus. Mas Lee não andava de ônibus. Lee não o tratava da mesma forma que o ruivinho tratava o moreno. 

Começou a pensar que talvez tudo fosse culpa sua. Talvez ele não fosse bom o suficiente, talvez ele não fosse bonito o suficiente, magro o suficiente. Talvez Lee merecesse alguém melhor que ele. E talvez as coisas fossem melhor assim. 

Desabou a chorar quando o casal se beijou. Ele queria que as coisas fossem assim para ele também. Queria um amor recíproco, coisa que ele parecia que nunca teria. 

Ele percebeu que alguém o encarava, um menino de cabelos cor de rosa, que sentava bem ao lado do casal. Ele provavelmente ouviu os soluços e fungados que Jimin soltava ou o percebeu encarando o casal. Ele tentava olhar o rosto de Jimin a qualquer custo e não tinha vergonha nenhuma de o encarar fixamente. Jimin virou o olhar para janela, rezando para chegar em casa logo e poder chorar em paz no seu travesseiro. 

Sentiu a figura do rapaz de cabelos castanhos se aproximar. Ele sentou ao seu lado, porém não disse nada. Apenas respirou bem fundo.

Depois de uns minutos, Jimin chegou a pensar que o rapaz tivesse ido embora, mas não teve a mínima vontade de virar pra ver, apenas deduziu isso porque estava tudo tão calado lá dentro que o único barulho que podia ser ouvido era o da chuva lá fora. O casal já havia partido. O ônibus estava praticamente vazio.

— Eu não queria parecer intrometido, mas... está tudo bem com você? — foi então que ele teve certeza que o rapaz não havia ido embora. Jimin não respondeu. — Sabe, não quero parecer um maníaco, mas eu sempre reparo em você. — Jimin franziu o cenho, ainda virado para a janela. — Todas as manhãs, quando eu estou indo para o trabalho, você sempre entra sorrindo. Dá bom dia para todo mundo e faz questão de sentar próximo ao cobrador e perguntar sobre sua família. Você sorri tanto que é impossível não reparar. Parece sempre contente. Mas hoje... hoje você não sorriu. Eu sei porque estive te encarando durante todo esse tempo, na cara dura mesmo. É estranho não te ver sorrindo, eu já estava acostumado. Eu quis vir falar com você, mas pensei que seria melhor te deixar sozinho. Então você começou a fungar e tudo que eu pensei era como eu queria que sua dor, seja ela qual for, acabasse. 

Jimin estava sem reação. Virou-se para o rapaz com delicadeza e olhou bem fundo em seus olhos.

— Você por acaso não quer se aproveitar de mim, ou quer? — se fosse em qualquer outro momento, Jimin já estaria rindo e conversando gentilmente com o rapaz, mas naquele momento, sorrir verdadeiramente era a última coisa que ele pensava em fazer. O rapaz riu.

— Posso jurar de dedinho para você que nunca faria isso. — estendeu o dedo mindinho para Jimin, que mesmo receoso, juntou com o seu. — Viu só? Eu sou do bem. 

Jimin soltou um riso fraco.

 — Tudo mundo parece ser. Quando você descobre a verdade sobre alguém, é como um tapa na sua cara, literalmente. — falou baixo, mas de modo audível, rindo debochado e sem humor.

— Parece que você brigou feio...

— Para alguém que não queria se intrometer, até que você é bem intrometido. 

— Desculpa. É que não teve como não perceber. Tá doendo? A briga foi feia?

Não é uma briga quando só um apanha, garoto. 

— Sinto muito. 

— Tudo bem. — sorriu, dessa vez verdadeiramente. Ele sentiu sentimento na fala do garoto, sentiu compaixão. — Vai passar. O roxo vai sair, mas as palavras que me foram ditas dificilmente serão esquecidas. — encarou os próprios pés.

— Sei como é. Quer dizer, não ao certo. Ninguém sabe a dor do outro, então é difícil. Mas lá em casa eu passo por algo parecido. Meu pai vive dizendo que não vou conseguir me manter como fotógrafo e isso me dói. Ele não me apoia em momento algum e vive me destruindo. — parou para pensar um pouco. — Talvez isso não tenha nada a ver com seu problema, eu só não queria dizer uma coisa simples, tipo "tenso". Eu gostaria de conseguir te confortar de alguma forma. — sorriu.

— Obrigado por tentar. — sorriu de volta.

O rapaz encarou a janela e percebeu que seu ponto já estava próximo. 

— Eu preciso ir agora. Espero que fique bem. — se levantou.

— Espera! Qual o seu nome? — o rapaz sorriu. 

— Jeongguk. Eu já sei o seu, Jimin. É difícil alguém que pega esse ônibus com frequência não saber. Fique bem e até a próxima. — sorriu enquanto deixava o ônibus.

— Obrigado, Jeongguk. — se encolheu na cadeira e relaxou até que chegasse em sua casa.

[...]

Assim que chegou em casa, Jimin correu para seu quarto. Ignorou seus pais e seu irmão mais novo, Jisan. Todos acharam estranho, afinal, Jimin costumava sempre sorrir e abraçar um por um quando chegava da rua. 

Como medo de preocupar seus pais, Jimin fechou a porta com delicadeza, mesmo que quisesse correr logo para cama e chorar até que seu travesseiro ficasse encharcado. 

Caminhou até a cama e deitou de barriga para baixo. Respirou fundo e repassou as cenas com Lee em sua cabeça. Começou a fungar, mas parou ao ouvir batidas na porta. Sua mãe entrou de fininho, sabia que era ela porque conseguiu ouvir o barulho que o salto fino fazia no piso de madeira.

— Oi, querido. Tudo bem? — sua mãe se aproximou com cautela e acariciou seus ombros. Jimin apenas confirmou com a cabeça. — Não parece, Chim. Quer contar para mamãe o que houve? — negou.

"[...] um filhinho de mamãe, um bebê mimado que só sabe chorar e fazer birra para conseguir o que quer [...]" — as palavras de Lee ecoaram pela sua cabeça.

— Pode me deixar sozinho? — pediu com a voz abafada por causa do travesseiro. 

Sua mãe suspirou.

— Tudo bem. Desça para comer alguma coisa depois, meu doce. — fez um último carinho nas costas do loiro e beijou o topo de sua cabeça antes de sair.

Soltou um suspiro alto. Tentou pensar em coisas boas. Pensou em gatinhos, cachorrinhos, sorvete, as crianças de creche onde trabalhava e que sempre lhe enchiam de amor, pensou em suco de laranja... Ah, Lee gostava de suco de laranja. E não importava o que pensasse, os pensamentos sempre acabavam voltando para a mesma pessoa. 

— Alguém machucou você, Chim? — escutou a voz do irmão mais novo soar pelo quarto.

— Como você adivinhou? — Jimin tirou o rosto do travesseiro e encarou o irmão.

Jisan abriu a boca com tamanho o susto ao reparar no olho rosto do irmão.

— E-ele fez isso com você? — se aproximou cautelosamente. Jimin assentiu, direcionando seu olhar para os próprios pés, já que agora estava sentado na beira da cama. Jisan sabia que Jimin havia ido visitar Lee, e Jisan também sabia que não seria boa ideia.

— Não conta para o papai, por favor. Você sabe que...

— "Eu não confio no Lee, não me parece um bom rapaz. Ele ao menos se esforça para te fazer sorrir." — imitou o Park mais velho. — Não acho que deva esconder isso aí, nem vai conseguir fazer isso por muito tempo. Mas tudo bem, conte quando se sentir confortável. — sentou-se na cama, ao lado do irmão mais velho.

Jimin apoiou sua cabeça no ombro de Jisan e suspirou. Jisan envolveu Jimin em um abraço.

— Meu rosto dói, mas não se compara a dor que sinto no coração. 

— Ei, eu também não gostava dele. Ele me chamava de pirralho, eu sou só dois anos mais novo que você! — Jimin riu.

— Ele nunca foi muito maduro, Ji. Perto de você ele é só um embrião. — Jisan abraçou o irmão com mais força.

— Quer dançar loucamente até esquecer a dor? Ou prefere ver os desenhos dos seus alunos? 

Ah, os alunos de Jimin.

Jimin sempre teve jeito para crianças e não é atoa que cursou pedagogia. Terminou a faculdade aos vinte e um anos e começou a trabalhar em uma creche logo em seguida, Essa que não fica tão próxima a sua casa e por isso precisa ir de ônibus até lá. Mas Jimin sempre gostou de observar as paisagens, chegar cedinho e receber um abraço e beijo de cada aluno que passa pela porta. 

— Eu gosto das crianças e dos seus desenhos, mas hoje eu quero dançar até não sentir as pernas. — sorriu.

[...]

Domingo, 7:56

Jimin não podia mais esconder. Mentir que estava bem quando na verdade não estava, era péssimo. Principalmente quando a mentira era contada para os seus pais. 

Acordou, passou um pouco de maquiagem ao redor do olho roxo e desceu as escadas em direção a cozinha. A essa altura, todos já deviam estar reunidos tomando café da manhã.

— Bom dia, Chim. Dormiu bem, querido? — sua mãe perguntou enquanto comia um pedaço de torta. Jimin deu um pequeno sorriso.

— Sim, e a senhora? 

— Também... Filho, o que é essa mancha no seu rosto? Essa maquiagem não e engana... Jisan já tentou esconder uma mancha assim quando brigou na escola e voltou com o olho roxo — Park Minji circulou o próprio olho com o dedo para indicar o local ao filho. O marido e o filho mais novo encararam Jimin, este que suspirou.

— Eu e o Lee terminamos. — ditou, com a cabeça baixa.

— GLÓRIA! — seu pai gritou. Os presentes na mesa encararam o patriarca. Park Minji chutou a perna do marido por debaixo da mesa. — Quer dizer... Sinto muito, sempre torci pelo casal... para ele acabar. — falou a última parte com a voz baixa, mas Minji ainda chegou a ouvir e deu outro chute no marido. 

Minji segurou a mão de Jimin e sorriu de forma acolhedora. 

— Essas coisas acontecem, meu amor. Mas vai ficar tudo bem. 

— É, e você vai achar alguém melhor que aquele tribufu. — completou seu pai. Minji revirou os olhos. 

— Mas, querido, o que isso tem a ver com a mancha ao redor do seu olho? Minha preocupação é essa. Parece que machucou bem feio. — encarou o filho, preocupada.

Por debaixo da mesa, Jisan segurou sua mão. Jimin fechou os olhos e respirou fundo.

— Não me diga que aquele... — Dongyoul começou, ao ver que Jimin nada respondeu, se levantou com fúria e bateu as mãos na mesa. — Eu vou... 

— Senta esse bunda aí, Park Dongyoul. Deixa o Chim falar! — Minji gritou. — Amor, por favor... 

— A gente brigou. — as lágrimas já escorriam pelo seu rosto. — Eu fui visitá-lo ontem de manhã, como já sabem, mas ele não pareceu muito feliz em me receber. Começou me tratando mal, depois começou a me colocar pra baixo, então disse que queria terminar. E eu tentei, tentei fazer com que as coisas ficassem bem. Mas ele não quis, ele bateu em mim. Só lembro de correr. Nem doeu tanto assim na hora, acho que foi a adrenalina, o medo me cercou. Mas tudo que ele disse, ainda passa várias vezes na minha cabeça. Eu mal consegui dormir. Sinto muito por não ter dito antes. — Jisan o abraçou. 

Sua mãe correu para se juntar aos dois e seu pai fez o mesmo logo em seguida. 

— Eu vou deixar para dizer que te avisei depois que tudo isso passar. Agora eu preciso tomar providências! — seu pai ditou.

— Não quero que vá atrás dele, pai. Mesmo depois de tudo que ele fez... Eu só quero prestar queixa para que isso que ele fez comigo, ele não possa fazer com mais ninguém. Só preciso que ele aprenda. 

— Por que eu criei você tão bem, meu amor? — sua mãe o abraçou com mais força. — Nunca se esqueça...

"Quando algo de ruim acontece, algo bom vem para compensar" — a família repetiu junta.

Minji não podia ficar mais orgulha dos seus meninos. 

[...]

Segunda-feira, 5:35 

Jimin já estava na parada de ônibus. Trajava um macacão jeans com uma blusa amarela por baixo e tênis da mesma cor da blusa. Usava também sua costumeira blusa preta, onde carregava o material que usava com as crianças de sua turma. 

O ônibus parou bem em sua frente. Ajudou uma senhorinha, que sempre estava no ponto junto consigo, a subir e subiu logo em seguida. 

— Bom dia, Jimin. 

— Bom dia, Hyuk. — cumprimentou o motorista.

Agora sim as coisas pareciam normais. 

Jimin sentou-se logo na frente, perto do cobrador. Logo puxou assunto. Perguntou como seus filhos estavam indo na escola e como andava sua esposa. 

Só parou de falar quando viu o rapaz do sábado passar pela catraca. 

Acenou para o rapaz e ele logo sorriu. 

— Hey, como você está? — sentou-se no banco ao lado do seu, na fileira oposta.

— Bem melhor, e você? 

— Bem, porém depende. — Jimin franziu o cenho com a resposta de Jeongguk. Este riu da sua carinha de confuso. — É que hoje eu vou tirar fotos de algumas crianças para o outdoor de um colégio. 

— Mas isso é ótimo! Crianças são incríveis! — bateu palminhas. Jeongguk riu da sua animação.

— Não sou muito bom com crianças. 

— Tá de sacanagem? Eu adoro elas! — Jimin gritou. 

— Percebi. — riu.

— Qual é o colégio que você vai? 

— Primeira infância. 

— Mentira!? — Jimin falou, chocado. Jeongguk riu, sem entender aquela reação exagerada.

— É super sério!

— Eu trabalho lá!

— Mentira!? — foi a vez de Jeongguk arregalar os olhos com a informação.

— É super sério! 

Os dois riram. 

[...]

Desceram do ônibus juntos. Caminhando lado a lado. Jimin todo alegre por saber que Jeongguk que tiraria as fotos de sua turma. 

— Eles são bem fofos no geral, mas tem uns que me dão tanto trabalho... 

— Você parece ser bom com eles. Sabe, a maneira que falou sobre "suas crianças" — termo que Jimin usou para se referir a sua classe — Foi tão doce e sincera. Deve ser ótimo para elas. 

— É... Acho que eu sou sim... — disse, encabulado, enquanto chutava pedrinhas que apareciam pela calçada. 

— Na verdade, você parece ser bom com todos, sério. Eu olho para você e vejo uma áurea pura, brilhante.

— Você está me deixando envergonhado... — apertou as alças da mochila nas mãos. Jeongguk riu.

— Me desculpe, eu só precisava falar. 

— TIO CHIM!!! — Ouviram um gritou alto. Olharam para frente e avistaram Kyung, um dos alunos de Jimin, o mais apegado a ele. 

O garotinho correu em direção aos braços do professor e soltou uma risada gostosa ao ser abraçado por ele.

— Kyunginnie, como foi o feriado? Brincou muito?

— Sim, andei até de bicicleta. E você, tio? Se divertiu? 

As cenas do final de semana passaram pela sua mente. Jimin engoliu a seco. 

— S-sim, me diverti muito. Que tal irmos para sala, hm? 

Jeongguk observou tudo calado. É notável que Jimin é uma boa pessoa. Ele é do tipo que pode estar no seu pior dia, pode estar desmoronando, mas se você estiver feliz, ele vai estar feliz por você. Vai deixar a própria dor de lado e vai focar na sua felicidade. 

[...]

Jeongguk já tinha montado todo o equipamento no pátio da escola. Já tinha tirado fotos do nível um ao três. Faltavam as turmas do nível quatro e cinco, essas que eram de Jimin.

Jeongguk viu Jimin passar pela entrada do pátio acompanhado de uma fila de crianças. Todas cantando. Jimin na frente, rindo e se divertindo com elas. Jeon, que já estava com a câmera em mãos, tirou uma foto.

— Chegamos no destino, crianças. Quero todos sentadinhos esperando o tio Ggukie chamar para as fotos. — as crianças sentaram todas no chão, uma atrás da outra. 

— Oh, você é realmente bom. — falou para Jimin, este sorriu.

— Já está tudo pronto? Ah, desculpa te apelidar, é que seu nome é meio complicado para eles. Kyung tentou falar quanto perguntou o porquê de você estar comigo, não deu muito certo. — riu.

— Sem problemas. — sorriu. — Com que turma quer começar? Só precisar posicionar as crianças e tudo certo. 

— Tudo bem. — assentiu.

Juntou as crianças do nível quatro no centro do pátio e posicionou cada uma em seu devido lugar. Os mais altos atrás e os mais baixos na frente. 

— Perfeito. — Jeongguk arrumou bem o tripé e começou a tirar as fotos.

Jimim sorria vendo suas crianças tão espontâneas em frente a câmera. 

Minutos depois, vez da outra turma. 

Jimin quis fazer diferente e posicionou eles fazendo com que formassem um coração. 

Jeongguk achou incrível e se divertiu muito tirando as fotos. Às vezes as crianças soltavam as mãos umas das outras e começavam a correm pelo pátio. Jimin tinha que conversar com uma por uma para que ficassem em forma.

— Acho que deveria se juntar a eles, professor. — Jeon sugeriu. — Bem no centro do coração.

Jimin, mesmo com vergonha, fez o que lhe foi pedido. As primeiras três fotos saíram lindas, até Kyung soltar da mão dos dois colegas e correr em direção ao centro para abraçar o professor. As outras crianças fizeram o mesmo, e tudo se tornou uma bagunça.

As fotos em que eles derrubaram Jimin no chão foram as melhores. Transmitiam paz, de certa forma e, a cima de tudo, transmitiam amor.

A bagunça acabou quando a coordenadora mandou todos para sala. Jimin ficou para agradecer.

— Obrigado pelas fotos e pela paciência. No final, você não é tão ruim com as crianças.

— Pode até ser, mas nunca serei bom como você. — sorriu.

Jimin achava o sorriso de Jeongguk lindo, que só de vê-lo se sentia contente.

— Eu tenho aula para dar... Vai ficar aqui por muito tempo? 

— Preciso tirar fotos de mais umas cinco turmas. Acha que até lá suas aulas acabam? 

— Acho que sim. 

— Ótimo. Vou esperar por você então, tudo bem? — Jimin assentiu, contente. 

[...]

 — Eu não acredito que você fez isso! — Jimin dizia entre risadas.

— Sim. Eu tinha treze anos, cara. O menino disse que eu era gay e eu nem sabia o que significava. Foi a única coisa que passou pela minha cabeça. — Jeon respondeu da mesma maneira. 

— "Quem fala é quem é" e ainda estirou a língua? — Jimin repetiu o que Jeon havia lhe contado.

— Bom, ele estava certo de qualquer forma... — Jeon murmurou.

— Eu queria ter te conhecido antes. — sorriu.

— Por quê?

— Você conseguiu me fazer rir em duas horas, o que meu ex namorado não conseguiu em dois anos. — falou. Logo arregalando os olhos e tampando a boca com as mãozinhas. — Não que eu esteja pensando em você como namorado... Quer dizer, até que... Olha, eu só estou dizendo que você é muito legal. 

— E ele não? Por isso que você voltou chorando aquele dia? — Jeongguk perguntou, sorria para tentar deixar o clima agradável.

Jimin passou a brincar com o canudo do seu suco de laranja.

— Não... ele era legal sim... no começo. — segredou. — Era o jeito dele, sempre foi.

— Como assim?

— Fechado. Ele dizia que gostava de mim, mas não demonstrava. E quando eu ficava chateado, ele comprava flores e pedia desculpas. Eu ficava feliz e achava que ele começaria a me tratar melhor, mas depois de um tempo, tudo voltava ao normal. Ele me ignorava, me botava pra baixo, não queria sair comigo...

— Isso não parece um bom relacionamento. Olha, Jimin, eu conheço você a pouco tempo e já sei que você merece muito mais que alguém como ele. — Jeon falou e Jimin riu de forma irônica.

— Obrigado por dizer isso, mas eu ainda não consigo acreditar. Passei muito tempo pensando que eu era o problema do relacionamento e o Lee adorava jogar isso na minha cara. — encarou o copo de suco, já vazio, e riu sem ânimo.

— Eu não concordo com o termo "muita areia pro meu caminhãozinho", mas eu tenho certeza que de fato, esse tal de Lee era uma carroça cheia de remenda que não soube valorizar o pó de ouro que tinha. — Jeon colocou uma das mãos em cima da de Jimin e sorriu. 

[...]

Jimin chegou em casa às dez da noite. Sua família estava reunida na sala e todos pareciam preocupados. Passou por eles completamente aéreo, saltitante, visivelmente contente. 

Seus pais e seu irmão o observaram entrar na cozinha e seguiram o loiro. O observaram beber água completamente disperso. O Park mais velho tossiu para chamar a atenção. Jimin acabou se engasgando com a água que bebia. 

— Credo, o que vocês estão olhando? — disse quando se recuperou. Sua blusa estava completamente encharcada.

— Onde você estava, mocinho? — sua mãe perguntou. — Estávamos quase ligando para polícia. Sabia que amanhã você tem que acordar cedo? Céus, o que aconteceu com você, meu filho? Não estava se drogando, estava? — se aproximou do menino e começou a examinar seu rosto, apertando todas suas gordurinhas e abrindo seus olhos para verificar a cor. 

— O quê? Não, mãe. Óbvio que não. — empurrou as mãos da sua mãe para longe de si. 

— Então onde estava a essa hora da noite? — seu pai perguntou.

— Com um amigo. — respondeu enquanto colocava o copo na pia. 

— Que amigo? 

— Jeongguk. 

— Nunca te ouvi falando dele... — sua mãe murmurou. 

— Isso porque nós somos amigos desde hoje. — sorriu. — Ele é muito legal. 

— Ihhh — seu irmão finalmente se pronunciou. — Olha, da última vez que você veio com essa história aí não deu muito bom. 

E de fato. Quando Jimin conheceu Lee, chegou em casa apaixonado, espalhando aos quatro ventos que ele era perfeito e o tratava como um príncipe, mas foi só entrarem na segunda semana de namoro que o comportamento do Lee mudou completamente.

Jimin encarou o irmão com fúria. 

— O Jeongguk é meu amigo, só isso. Nós passamos quase o dia todo juntos e foi bem divertido. Agora se me dão licença, preciso acordar cedo amanhã. — saiu da cozinha.

Minji encarou o marido, o marido a encarou e os dois encararam o filho mais novo.

— Eu tenho medo que aconteça de novo... Ele se apega tão fácil as pessoas. — a senhora Park falou.

[...]

Ao chegar no seu quarto, Jimin logo enviou uma mensagem para Jeongguk.

Jimin:

Oi, Ggukie. Chegou bem? [22:23]

Eu gostei muito da nossa tarde juntos. Obrigado por isso. [22:23]

Estanho... Está recebendo minhas mensagens, mas não me responde... [22:24]

Eu fiz algo de errado? :( [22:24]

Acho que estou te incomodando, certo? [22:25]

Tudo bem, eu vou parar. Não se preocupe. [22:25]

Jeon:

O quê? [23:36]

Desculpa, meu celular estava sem carga, cheguei em casa e o coloquei para carregar enquanto tomava banho, por isso não pude responder. [23:36]

Você não me incomoda, Jimin. [23:37]

Gostei muito de passar a tarde com você também. Espero que possamos fazer isso mais vezes. [23:37]

Boa noite, anjo. [23:38]

[...]

Duas semanas passaram rápido. Jimin e Jeongguk estavam cada vez mas próximo. Jimin estava se sentindo melhor consigo mesmo a cada novo dia.

A família Park estava preocupada com o bem estar do seu doce garotinho, por esse motivo, sua mãe pediu que Jimin convidasse Jeongguk para um jantar em sua casa.

Minji ficou tão feliz depois que finalmente conheceu o Jeon. Ela viu nele algo que faltava em Lee, ele viu amor pelo seu menino. Cada olhar, cada risada, cada toque discreto. Ela observou tudo e ficou deverás feliz. Com o Park mais velho não foi diferente, ele nunca gostou dos garotos que Jimin namorava, mas do Jeon ele gostou e, mesmo que não chegassem a namorar, ele tinha sua bênção. Jisan adorou o Jeon. Os dois têm a mesma idade e tem muito em comum. As coisas pareciam estar se encaminhado agora.

Jeon passou a frequentar a casa da família Park quase todos os dias durante um mês. Um mês que para ele e Jimin parecia um ano. Estavam tão próximos e sentiam tanto carinho um pelo outro que quem os via andando na rua, os jugaria com uma casal feliz. Felizes eram, casal ainda não.

Era noite da pizza, e mesmo que Jimin não gostasse muito de pizza, adorava observar Jeon comendo e se divertindo com sua família. Era incrível para ele que seus pais gostassem se Jeongguk tanto quando ele. Ele se sentia em paz, feliz.

— Então eu dei o meu lugar, que era ao lado de Jimin, para a senhorinha e ela simplesmente dormiu nos ombros de Jimin. — Jeongguk contava o acontecimento desta manhã. — Ele até fez carinho nela. 

— Own. Meu menino é de ouro. — sua mãe acariciou seus cabelos. Jimin abaixou a cabeça e encarou o chão, tamanha vergonha que sentia. 

Jeongguk e ele trocaram olhares significativos. 

— É sim, Minji. Ele é. — Jeon concordou.

A campainha tocou. Jisan já se levantava para atender, mas Jimin viu aí uma oportunidade para fugir da vergonha que sentia. Se levantou do chão depressa e deixou os outros quatro no chão da sala, comendo a pizza.

Ao abrir a porta, seu corpo travou. O vento frio que entrou não foi nada comparado aos calafrios que percorreram seu corpo. Seus olhos encheram de lágrimas instantaneamente. E tudo só piorou quando ele sorriu.

Sabe aquela sensação de que tudo está dando certo demais e você sabe que algo de ruim vai acontecer? Jimin sentia, mas sentiu tarde demais. 

— Querido? Quem é? — sua mãe perguntou. Jimin não conseguiu abrir a boca. 

— Não vai responder a mamãe, querido? — debochou. 

— O q-que você qu-quer? — finalmente conseguiu falar algo. 

— Você. Não é óbvio? Trouxe flores, amor. Me desculpa por aquele dia, eu estava estressado por causa do trabalho.

— Você acha que pode me comprar assim? 

— Sempre funcionou, bebê. Vai, anda. Senti falta dessa sua boquinha. — foi se aproximando cada vez mais de Jimin. Até que ele soltasse a porta e ela batesse com força. Lee o encurralou na parede. Jimin tentava se soltar, mas seu corpo não reagia aos seus comandos.

— M-me solta.

— Ah, Jimin. Você quer tanto quanto eu. Nem consegue se mexer... É como uma cadelinha no cio. — pressionou sua pélvis nas coxas de Jimin. Aproximou o rosto do pescoço do mais baixo e foi deixando beijos.

— Jimin, por que você tá demorando tant... O que tá acontecendo? — Jeongguk apareceu. 

Socorro, por favor... ti-tira ele da-daqui. — Jimin balbuciou.

Jeongguk logo entendeu a situação.

— Solta ele. — falou, autoritário. Jeon apertava seus próprios dedos com força, tentando conter a raiva que sentia para evitar socar a cara de Lee.

— Ahh, então tá explicado. — Lee riu, debochado. — Já arranjou outro, hm? Sempre soube que você era desses. — foi se afastando.

— De-desses? — perguntou.

— Uma putinha. 

E bastou isso para Jeon deferir um soco na cara do moreno. Não só um, três. Até que os dois estivessem rolando no chão e Jimin gritando desesperado pelo seu pai.

Senhor Park apartou a briga. Minji abraçou Jimin e fez cafuné em seus cabelos para tentar acalmar o menino. Jisan queria se juntar a Jeongguk e encher o Lee de socos. Ele não podia machucar seu irmão e simplesmente sair impune.

— O que você está fazendo aqui? — senhor Park perguntou para Lee, este que riu.

— Só sabe rir? Não tem argumentos não? — Jeon já estava prestes a partir para cima do Lee de novo, isso se não fosse o Park mais velho o impedindo.

— Quero você fora. E é melhor que não volte nunca mais. Não ouse chegar perto do Jimin ou eu vou te denunciar, coisa que já deveria ter feito e só não fiz porque meu filho é bom demais. Bom demais pra você.

— E quem é melhor que eu? Esse aí? — apontou para Jeongguk. — Boa sorte. Eu já usei mesmo. Não sou muito afim de restos. Esse aí já deu o que tinha que dar, se é que me entende... — riu de novo.

— Você é podre! — Jisan rosnou. — Vou te quebrar na porrada! Vem pra cima, mané! Se “não é afim de restos”, por que veio até aqui? Percebeu agora que jogou fora a melhor coisa que já teve na sua vida? A pessoa que te amou mesmo você sendo um merda que não merecia? Eu vou te meter o pau! — ameaçou, mas Jeon o impediu. Caminhou lentamente até o Lee e parou em sua frente. 

— Eu não sou de me gabar, mas sinceramente... Se quer mesmo saber, eu com toda certeza sou melhor que você. E não é questão de beleza ou bom de cama, que é o que parece te importar, é questão de carácter mesmo. Não abra sua boca para falar mal do doce Jiminnie nunca mais, ouviu? Você tem noção do quanto você já o machucou? Não olhe para ele, não encoste nele e sequer pense em vir atrás dele. Não estou dizendo que ele está melhor comigo, estou dizendo que ele está melhor sem você para acabar com ele. 

E não foi preciso mais nada para que Lee saísse da casa dos Park bufando. 

— Se eu usasse chapéu, eu tiraria ele pra você, garoto. — senhor Park sorriu e apertou as mãos de Jeongguk. Que gemeu de dor. Suas mãos ficaram cortadas por causa dos socos que deferiu no rosto do Lee.

— Obrigado... — Jimin disse enquanto se aproximava. — Ele acabou com a sexta da pizza. — disse, tristonho. 

— Você tá bem? — segurou Jimin pelos ombros e o encarou de cima a baixo. — Céus, Jimin. Eu fiquei tão fora de mim quando vi ele te agarrando. 

— Eu estou bem, mas você não. Suas mãos estão sangrando. Vamos cuidar disso, tudo bem? 

[...]

Nas sextas da pizza, Jeon costumava dormir na casa dos Park, e hoje não seria diferente. 

— Tudo bem se você não dormir no colchão hoje e sim na cama comigo? — Jimin perguntou, meio encabulado, enquanto colocava um curativo mas mãos do mais novo.

— Por mim tá ótimo. — sorriu. 

— Obrigado. 

— Obrigado você. 

— Eu? Mas o que eu fiz? É pelo curativo? Olha, não precisa agradecer nã...

— Obrigado por, mesmo estando machucado, você ter permitido minha aproximação. Obrigado por me deixar entrar na sua vida e me mostrar a pessoa maravilhosa que você é. 

Jeon estava apoiado na escrivaninha de Jimin, e este estava a sua frente. Jeon passou a mão que não estava machucada pelos fios loiros do mais velho. 

— Eu que preciso agradecer. Obrigado por estar comigo e por me fazer entender que eu não sou o problema.

— É cedo demais pra eu te beijar? — Jimin riu.

— Já está ficando é tarde, vamos logo com isso. — respondeu.

Não demorou para que Jeongguk se aproximasse mais. Beijou a boca dele de forma leve, um pequeno selar. Jimin estava extasiado com aquele contato mais íntimo. Ele sentia através dos lábios fininhos do Jeon o carinho que o mais novo tinha, o cuidado, a admiração, que era exatamente o que o mais novo queria transmitir. Jeon levou as mãos até a nuca de Jimin. Os selinhos se tornaram um beijinho com direito a um puxão leve no lábio, mas que fazia um estalo enorme. Jeon queria ir com calma. A mão que estava com o curativo foi até a cintura do mais baixo e o trouxe mais para perto. Foi um beijo lento, cheio de sentimento e necessidade um do outro.

[...]

Três anos depois 

— Jeongguk, pelo amor de Deus, para de me puxar. O bebê tá pesando. — Jimin resmungava enquanto Jeon puxava pelo braço até o jardim da casa. 

Os dois estavam juntos há dois anos, mas sem um pedido de namoro oficial ainda. Jimin havia engravidado e, apesar de não planejado, Jianyun já era o mais novo xodó da família.

— Fecha os olhos. — pediu. Jimin fez. Andaram mais um pouco e chegaram em frente a casa. — Pode abrir. 

— Um carro? Você comprou um carro? — Jimin perguntou, incrédulo. — Seu idiota, a gente precisa de tanta coisa mais importante e você compra um carro? — começou a bater de levinho em Jeon.

— Ai! Para com isso! Tá ensinado violência pro bebê! Não, eu não comprei o carro!

— Ufa!

— Aluguei!

— Jeon! A gente ainda mora com os meus pais. Por que você não alugou um apartamento? 

— Quer parar de reclamar e por favor abrir o carro? — entregou as chaves para Jimin e este as pegou, bufando. 

Abriu a porta do carro e encontrou apenas uma caixa no banco do passageiro. Abriu a caixa de madeira e tirou de lá uma caixinha vermelha.  

— O que isso significa? 

— Significa que ele finalmente tomou vergonha na cara e vai pedir você em namoro! — sua mãe gritou. Ela, seu pai e seu irmão observavam tudo da janela do andar de cima. — Podem continuar, esquece que estamos aqui.

Jeon se ajoelhou e pegou a mão de Jimin.

— Você sabe que eu te amo muito, certo? Eu não quis te enrolar e muito menos te fazer acreditar que não queria você como namorado, como você já pensou por vezes, eu só queria ter dinheiro o suficiente para comprar uma aliança que seja tão bonita e valiosa quanto você. Bens materiais não valem nada comparados ao tamanho do amor que eu sinto, mas eu queria te dar o melhor porque você merece. Eu me apaixonei pelo que você é, pelo seu jeitinho e não pelo que eu vejo de você, claro que isso ajuda muito, já que você é lindo, mas eu mão me prendi apenas pelo seu rosto, pelo seu cabelo ou pelo seu corpo. Me prendi no seu sorriso, no seu olhar, na felicidade que transmite. Eu quis você porque consegue me prender com uma boa conversa, cada palavrinha que sai da sua boca me encanta, e eu amo tudo, até mesmo os seus defeitos. Lembra da história do camiãozinho? Aprendi com você que não tenho que procurar alguém que seja areia o suficiente para o meu "caminhão", e sim procurar alguém que faça meu caminhão acelerar, alguém que seja gasolina o suficiente para me fazer andar. Você é minha gasolina, Jimin. Você é minha euforia, tudo em você me transmite amor, me transmite energia. — Concluiu. Jimin estava chorando tanto que até tinha catarro escorrendo do nariz. — Quer namorar comigo?

— Óbvio que sim! — abraçou Jeongguk e depois trocaram os anéis. — Qual é a do carro? 

— Eu não podia alugar um ônibus... Então peguei um carro amarelo, da cor do ônibus que nos conhecemos. É uma coisa mais simbólica mesmo, mas a gente pode dar uma volta depois.

Jimin sorriu e distribuiu beijinhos por todo o rosto de Jeon.

— Eu amo você.

— Eu também amo você, mochi.

[...]

Cerca de dois anos após o nascimento de Jianyun, Jeon e Park conseguiriam comprar uma casa própria. Ao longo dos anos, o relacionamento do casal foi ficando ainda mais forte e não demorou para que se casassem.

— Minha vó me dizia: coma o que te faz bem. — Jeon falou, logo após voltar do quarto de Jianyun, havia ido verificar se a criança estava mesmo dormido.

— E o que você quer dizer com isso? — Park riu ao que sentiu Jeon o agarrar por trás e cheirar seu pescoço. 

— Que você me faz bem. 

— Jeon! — repreendeu o marido. 

— Temos trinta minutos até o Jianyun acordar para tomar mamadeira. 

— Você fecha porta e eu vou marcar o tempo. 

— Eu amo tanto você. — Jeon sorriu e beijou os lábios do Park.

— Fala isso enquanto a gente faz amor. Não temos muito tempo.

Amar alguém não é fácil, mas é maravilhoso quanto existe reciprocidade. Estar com alguém que te ama e te valoriza é uma das melhores sensações que Jimin poderia sentir. Ele se ama a cima de tudo e é por isso que os dois são perfeitos juntos. 

Bônus:

De: Jeongguk

Para: Jimin

Eu te fiz um poema


Eu queria te fazer um poema

Para falar dos seus lindos olhos

E a bela maneira que eles se fecham quando você sorri

Eu queria te fazer um poema

Para falar do seu maravilhoso sorriso

E sobre a capacidade dele de iluminar o meu dia

Eu queria te fazer um poema

Para te falar o quão bem eu me sinto do seu lado

E que amo o jeito que você fala de algo que gosta muito

Eu queria te fazer um poema

Para falar que toda vez que lembro de você

Um sorriso bobo brota no meu rosto

Só de me lembrar que te verei no final de semana

Eu queria te fazer um poema

Para você lê-lo nos dias chuvosos e te deixar feliz

Pois sei que você adora o sol e que a falta dele te deixa pra baixo

E te lembrar que não tem problema se o dia estiver cinza

Afinal, cinza também é cor

Eu queria te fazer um poema

Para falar o quanto eu amo tudo em você

E que queria te dar meus olhos para você ver como você fica lindo quando me olha

Eu queria te fazer um poema

Mas você é o verso mais lindo que a terra já fez.


Feliz um ano de quase-namoro (eu juro que vou pedir)

te amo, chim.

 


Notas Finais


chorei

Poema lindo da minha amiga rainha maravilhosa Melissa Barbosa. Obg, tiriça linda 😍

Ela me mandou esse poema do nada, sem nenhum motivo e se encaixou tão lindo que eu tive que pedir pra usar.

O Jk "escreveu" o poema para o Jimin quando eles ainda "namoravam"

Wattpad: https://my.w.tt/tpPyL0Rlh3


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