História You belong with me - Capítulo 1- o garoto dos sonhos

   O dia continuou normalmente. Quando as aulas acabaram, eu saí da escola e fui andando para a minha casa. Quando entrei, a minha irmã estava no quarto dela, e imediatamente, um som de música muito alto chegou aos meus ouvidos. Caminhei até a porta do quarto dela e gritei:

   -SERÁ QUE DÁ PARA VOCÊ ABAIXAR O VOLUME DO SOM?? - perguntei batendo na porta, que estava trancada.

   -SERÁ QUE DÁ PARA VOCÊ PARAR DE RECLAMAR DE TUDO? - ela gritou mais alto ainda e arremessou algo na parede.

   -Olha, se você está chateada com alguma coisa, podemos conversar - disse calmamente, sentando de costas na porta do quarto dela.

   -Não é da sua conta... - percebi um tom de choro em sua voz.

   -Vou estar no meu quarto, caso precise.  

   Tomei caminho para meu quarto, e assim que entrei, memórias daquele garoto da escola vieram a minha cabeça. 

   Lembrei do sorriso dele, de como mantém a calma, mesmo eu sendo grosso, dos seus cabelos...ah, seus cabelos. Eles eram...rosa, com azul e roxo. 

   Passei um bom tempo pensando no garoto, e então resolvi ir dormir. Deitei na minha cama, me cobri e fechei os olhos. 

   Esse foi um dos poucos sonhos que consegui me lembrar, ou no mínimo lembrar quem estava nele. Sonhei com aquele garoto, seus cabelos que pareciam nuvens de algodão doce, seu sorriso, que trazia a sensação de paz e felicidade, sua bondade, transmitida através do olhar, a delicadeza...

  Na manhã seguinte, quando meu despertador tocou já eram 08:30, minha aula começava as 09:00.

   -Droga, vou chegar atrasado! Não posso levar falta!

   Me arrumei o mais rápido que pude e corri para a escola. Eu estava tão concentrado em chegar a tempo na aula, que nem prestei atenção no que estava acontecendo ao meu redor. De repente, esbarrei em alguém - era o "valentão" da escola. Ele estava brigando com outro cara, mas se virou pra mim e apenas falou:

   -Não se meta na briga dos outros garoto excluído! - 

   Ele serrou o punho, e o levantou  na minha direção. O garoto era bem maior que eu, então eu apenas tapei meus olhos com as duas mãos.

   Ouvi o som bem alto, e quando retirei as mãos do meu rosto para que pudesse ver, o garoto do dia anterior tinha entrado na minha frente, se arriscado por mim e agora ele estava sangrando. Não pude fazer nada, eu me sentia um idiota! Meus olhos estavam arregalados e eu suava frio. Meu coração acelerado e eu não consegui pronunciar uma palavra.

   -ENTREM NA SALA AGORA OU IRÃO RECEBER FALTA! - A professora abriu a porta da sala de aula e gritou.

   O menino, cujo nome eu ainda não sabia, se virou para mim e falou:

   -Por favor, fala pra professora que eu vou na enfermaria - ele disse, dando um sorriso de leve e tocando no meu ombro.

   Eu apenas assenti com a cabeça, pois estava muito assustado com a situação, e foi o máximo que consegui fazer, me sentindo um completo inútil.

   A aula parecia passar bem mais lenta que o normal, eu não aguentava mais esperar. Para minha sorte, o sinal tocou, avisando que era hora do intervalo.

  Não pensei duas vezes, e saí correndo da sala em direção a enfermaria. Quando cheguei lá, uma mulher tentou me impedir de passar, e disse que os jovens não são mais obedientes ou algo assim, e desistiu de tentar me parar.

   A enfermaria estava vazia, a mulher havia saído, e só tinha uma cama/maca no final do corredor.

   Caminhei até lá com o coração a mil e quando cheguei, vi que o garoto que me salvou estava lá. Seu rosto ainda sangrava e estava muito vermelho, acho que a agressão do "valentão" foi realmente violenta e causou muito dano.

   Antes que eu pudesse pensar, o abracei. Eu não ligava mais se eu tinha vergonha ou se  era muito calado, só queria abraçar-lo naquele momento, e dizer que eu estou com ele. Não aguentei, e comecei a chorar. De início foi um choro bem baixo, mas depois, percebi que estava chorando muito.

   -Não precisa chorar... - ele disse, correspondendo o abraço e derrubando algumas lágrimas, mas sorrindo. (Aliás, que sorriso lindo é aquele, só comentando mesmo hehe.)

   -Por que você fez isso? - eu perguntei confuso no meio do choro.

   -Olha...eu estudo com você desde o ano passado e você era um garoto bem social. Acho que nunca me notou porque, pode não parecer, mas eu era isolado como você e não tinha amigos. Então eu observava você se divertindo com as pessoas. Mas não sei o que aconteceu, você começou a ficar triste e solitário...a verdade é que sempre tentei me aproximar de você, mas nunca tive coragem.

   -Aconteceu muita coisa ano passado...mas isso não explica o motivo de ter se   machucado por mim. Você não precisava ter feito aquilo - eu falei enxugando uma lágrima que ainda caía.

   -É que eu sempre gostei de você - disse corando um pouco e abaixando a cabeça.

   Eu não tive reação, de verdade, não tive reação alguma,e então fiz uma coisa que me arrependo até hoje, e foi a pior coisa que eu poderia ter feito naquele momento. Eu corri.

Saí da enfermaria, saí da escola, e fui para minha casa. Entrei no meu quarto, tranquei a porta e sentei encostado nela. 

   Resolvi que não iria voltar para a escola naquele dia, então dentei na minha cama e peguei no sono. 

   Quando eu acordei, olhei no relógio e era exatamente a hora que todo mundo saia da escola para ir para casa. Resolvi que a coisa mais madura a fazer era mandar mensagem desesperadamente para minha irmã, e ver se ela tem o número do menino que eu abandonei na enfermaria:

[Wpp on]

   Nicolas: VOCÊ TEM O NÚMERO DE UM MENINO POPULAR DA MINHA TURMA, COM PELE BEM CLARA E CABELO AZUL?

   Alice: Ei calma ae, acho que é o Erick de quem você está falando. Tenho sim, é esse aqui número dele: *********

[Wpp off]

   Nem respondi, estava muito ansioso. Mandei uma mensagem para o Erick:

[Wpp on]

Nicolas: Qual seu endereço? Aqui é o Nicolas, o garoto da escola. 

Erick: Ah, oi...esse aqui ó: ************

[Wpp off]

   Queria me desculpar pessoalmente, e também conversar melhor com ele. Então saí apressado para o endereço indicado, para chegar logo em sua casa, que, por sinal, não era muito longe da minha. Então bati na porta da entrada. 

   Ele veio atender, e pelo que aparentava, já estava indo dormir. Ele estava usando pantufas, bermuda e blusa de pijama e um roupão por cima.

   -Não sabia que você viria hoje - disse ele, tentando disfarçar a tristeza com um pequeno sorriso, mas sem sucesso, pois uma lágrima caiu em seu rosto. Ele estava bem "cinza", digamos.

   -Me desculpa... - imediatamente o abracei, mas com tanta força, que podia ter matado o coitado. E ele correspondeu o abraço. Não aguentei, e chorei também.

   Os vizinhos dele já deviam estar dormindo, pois estávamos do lado de fora da casa dele e estava bem escuro. Pra piorar começou a chover - que ótimo!

   -Eu não queria ter feito aquilo...eu realmente, não sei por que fiz... - falei com sinceridade.

   -Não tem problema não, você não tem culpa. Eu que tenho que aceitar que você é hetero, e mesmo que seja gay, não gosta de mim. Está tudo bem, eu não posso obrigar ninguém a isso, afinal, acho que sou muito dramático - deu uma risadinha no final e terminou sorrindo. (Que sorriso lindo Brasil!)

Eu não ia conseguir aguentar.

   -Olha, para falar a verdade, acho que também gosto de você... - pronunciei essas palavras olhando nos olhos dele.

   Puxei o corpo dele contra o meu, passei minha mão em seus cabelos, e encostei meus lábios nos dele. O beijo começou com um selinho demorado, mas foi evoluindo para um beijo demorado, então ele botou a língua na minha boca e eu fiz o mesmo. Estava ficando quente, meus dedos dançavam pelos seus cabelos macios, que agora, estavam completamente molhados. Ele passava a mão por baixo da minha camisa, me puxando cada vez mais perto.

   Aquele beijo maravilhoso só acabou quando nenhum de nós tinha mais fôlego.

   -Para falar a verdade, não gosto de você - falei, vendo a  surpresa estampada em seu rosto -Eu te amo!

   -Nicolas...eu também te amo!

   E então ele me beijou novamente. 

   Ficamos um tempo do lado de fora se beijando e se abraçando, e eu finalmente falei.

   -Preciso ir, já está tarde e amanhã temos aula. - virei de costas preparado para sair, mesmo que não quisesse.

   -Mas esta chovendo e está muito tarde, é perigoso você ir sozinho andando essa hora - argumentou Erick. Esse garoto é fofo demais!

   -Mas eu preciso ir, amanhã vou ter que acordar cedo para a aula - insisti.

   -Dorme aqui comigo - OLÁ TUDO BOM? EU OUVI DIREITO? ELE DISSE PARA DORMIR COM ELE?! - Q-quero dizer, tem dois quartos! -Disse se apressando para corrigir o que falou.

   -Ok, acho que tudo bem - sorri.

   Nós entramos na casa dele que sinceramente, é bem mais organizada que a minha. Não tinha papéis espalhados por todo canto, nem roupas jogadas no chão. Era tudo tão limpo e organizado.

   -Aqui. 

   Ele me mostrou o quarto em que eu passaria a noite. Era tão grande, e como estava limpo dava a impressão de ser maior ainda.

   -Obrigado - eu falei entrando no quarto.

   Ele se despediu de mim com um selinho e fechou a porta.

   Ouvi a porta do quarto ao lado se fechar mas me sentia...solitário? Eu queria dormir junto a ele, mas não sei se ele queria isso, eu não sei se tinha coragem para arriscar.

   Eu fiquei tanto pensando, que ele entrou no meu quarto, e eu ainda não havia dormido.

   -Ainda acordado? - perguntou.

   -S-sim...- falei meio envergonhado.

   -Nicolas...Você não precisa ficar assim- Ele falou rindo e sorrindo com os olhos.

   -E por que você está acordado? - perguntei sorrindo e rindo também.

   -É... - ele parou de rir e ficou meio sem graça.

   -Tá tudo bem?

   -E-eu queria saber se podia dormir com você... - ele perguntou ficando vermelho, e visivelmente envergonhado.

   CLARO QUE PODE DEUSO MARAVILHOSO QUE TAMBÉM SABE LER MENTES!

   -Claro! Q-quero dizer...pode sim - falei rindo.

   Ele fechou a porta do quarto e entrou, estava escuro, ele se deitou na cama comigo era de casal e bem grande por sinal. Ele fechou os olhos e dormiu bem mais rápido que eu. Estava pensando em coisas aleatorias, como faço toda noite. Quando percebi, Erick estava abraçado a mim, não só abraçado, os braços dele estavam em volta de mim, e sua perna estava em cima da minha, bem no meio... - não pensem coisas feias crianças- resolvi abraçar ele também, e então dormimos agarrados um no outro. Foi tão fofo!