Eram por volta de onze horas da noite. A maior parte de nós estava no lago conforme o sr. Collins havia dito. Alguns ainda comiam umas fatias de pizza.
Annabeth estava sentada ao meu lado, com o rosto apoiado nos meus ombros, e ela ainda estava um tanto tensa, respirando pesado.
– Não precisa ficar assim. – falei baixo. – Não aconteceu nada.
– Mas... você me deixou assustada. Parecia que você seria mesmo capaz de matar o Luke. Eu nunca senti nada como aquilo na vida.
– Eu não vou mentir para você, vontade de matar ele não me falta, mas felizmente não vi nada comprometedor.
– O Percy não faria nada para te machucar.
Suspirei.
– Esse não é o problema. Eu confio no Percy, só não confio no Luke. Ele parecia muito determinado a conseguir o que quer.
– Assim como o Will? – ela me encarou.
– Não, as coisas com o Will estão esclarecidas, Annabeth.
– Ah tá. Vou fingir que acredito nisso. Você já sabe o que vai fazer a respeito daquele beijo? Vai contar ao Percy?
– Ficou louca? Isso não vai acontecer.
– Se ele descobrir de outra forma vai ser pior para você.
– Eu não posso contar. Isso só vai aumentar as chances do Luke. Na primeira oportunidade o Percy vai ficar com ele.
– Eu conheço o Percy, e é de muito tempo, por isso eu te digo que ele não é assim. Talvez ele fosse, mas ele realmente mudou, e mudou por você.
– Mais um motivo. Se ele souber o que aconteceu vai voltar a ser o galinha que sempre foi.
Annabeth deu os ombros.
– Você é quem sabe. – ela disse. – Só posso te desejar boa sorte.
Passou-se mais algum tempo enquanto ainda estava ali, em certo momento Annabeth foi embora, seguida por mais alguns que faziam o mesmo aos poucos.
Percy sentou-se ao meu lado, e abraçou meu pescoço com o braço esquerdo.
– Tudo bem? – ele perguntou e eu assenti.
– Só estou cansado.
– Eu também estou. Quer ir?
– Quero sim.
– Então vamos. – ele levantou-se e esticou a mão para mim.
– Nossa. – agarrei sua mão e me ergui. – Obrigado.
– Não há de que. – ele me disse com um sorriso.
. . .
Eu terminava de escovar os dentes no banheiro enquanto Percy trocava de roupa. Depois que terminei, abri a porta e o vi olhando no armário, logo em seguida olhou para mim, foi com certeza o momento mais vergonhoso da minha vida.
Eu estava usando apenas uma cueca preta e minha blusa verde água da Chanel #3. Ele me encarou por muitos segundos antes de eu conseguir andar novamente até a cama.
– Uau! Eu acho que isso é realmente muita intimidade. – ele falou.
– Não fala, eu estou morrendo de vergonha aqui. – falei.
– Não devia, com essas pernas ai... Você já deveria estar acostumado.
Eu fiquei ainda mais ruborizado. Percy riu.
– Ok, eu não vou mais te deixar envergonhado. – ele pegou a escova de dente e se dirigiu ao banheiro. – Mas isso não te deixa menos gostoso. – disse e fechou a porta.
Apesar da vergonha, eu dei risada da situação.
Alguns minutos depois, escutei o barulho da porta do banheiro se abrindo, logo em seguida as luzes se apagaram, e então sem qualquer suspeita Percy pulou ao meu lado na cama.
– Perseu! Que palhaçada é essa?
– Palhaçada nenhuma, eu disse que a gente ia dividir a cama.
– Mas eu não concordei com isso!
– Ah é? Jura que não? Tem marcas da sua mão em partes do meu corpo que dizem o contrario.
– Cala a boca. – respondi rindo. – Tudo bem, você pode ficar desde que prometa que você não vai roncar.
– Nico meu amor, eu sou tão gato que meus roncos são miados.
– Ah tá, eu acredito nisso. Anda, prometa.
– Nico, eu não ronco... juro.
– Sendo assim, você pode ficar.
– Obrigado. – ele beijou o canto da minha boca.
Virei para o canto da cama, e Percy abraçou minha cintura por baixo do cobertor, sua respiração atingia minha nuca.
– Boa noite. – ele sussurrou em meu ouvido. – Eu te amo.
. . .
Abri os meus olhos devagar, a claridade atingia meu rosto. Olhei para o lado e Percy não estava ao meu lado, peguei meu celular e conferi as horas: Onze da manhã. Levantei e fui ao banheiro, troquei de roupa e desci.
Enquanto descia as escadas encontrei Will. Ele ao me ver sorriu e esperou que eu me aproximasse.
– Como você está? – ele abraçou meu pescoço com um dos braços.
– Estou muito bem, e você?
– Ótimo! – ele sorriu.
O jeito como ele parecia feliz me pareceu um tanto suspeito.
– Tá bom, pode me contar com quem você transou. Foi com a Silena não é?
Ele gargalhou.
– Claro que não. Não transei com ninguém.
– Então por que toda essa alegria de viver?
– Para ser sincero não faço a menor ideia, só acordei assim... feliz.
– Eu não acredito, quem está dividindo o quarto com você?
– O Luke, por que?
– Ahn, o Luke né. E vocês não transaram?
– Nico, por favor, pare de sugerir que eu estou transando com todo mundo. – ele falou rindo.
– Então realmente não aconteceu nada?
– Não vou mentir para você. Eu bem que tentei... mas o Luke estava tão esquisito que nem percebeu.
- Ah, jura? – disse eu. – Bom saber disso.
– Bom por qual motivo? – perguntou Will.
– Nada, não é nada. Espero que o seu dia continue muito feliz, a gente se vê mais tarde.
– Até. – Will acenou e seguimos direções opostas
Segui em direção a área das piscinas, no caminho encontrei Annabeth muito entretida comendo um donut.
– Bom dia, Bela adormecida. – ela me cumprimentou.
– Bom dia pra quem? – respondi.
– Quanto desanimo. Morde um pedaço aqui do meu donut gorduroso para alegrar o seu dia. – ela esticou o braço e eu mordi um pedaço da rosquinha. – Mais feliz?
– Hmm. – terminei de engolir. – Um pouquinho.
– Bom, já é melhor que nada.
– Onde os meninos estão? – perguntei.
– Honestamente... não faço a menor ideia.
– Eu estou começando a desconfiar dessas desaparecidas dos dois desocupados.
– Desocupados é? – a voz de Percy soou atrás de mim.
Annabeth e eu nos viramos.
– Desocupados sim. – falei.
– Como eu amo esse seu bom humor matinal. – ele me beijou rapidamente.
– Olha não reclama porque hoje eu estou até mais bem humorad... – eu percebi Luke logo atrás de Percy. – Luke?
– Ah, sim. – Percy falou. – Ele estava comigo e com o Jason.
Luke me olhou fixamente, seria um momento ótimo para ele cantar vitória, mas não parecia muito feliz. Mesmo assim, com toda certeza o meu “bom dia” já era passado.
– É mesmo? Que bom. – falei.
– Nico, você tá bem?
– Mantenha a calma, por favor. – Annabeth sussurrou entre nós dois.
– Claro! Nunca estive melhor. – exclamei. – Eu quero ir para a piscina. Annabeth, vamos?
– Vamos! – ela me deu o braço.
– Você só convida a Annabeth? – Percy perguntou.
– Não, você também vai. – segurei sua mão.
– Já que você pediu com tanta delicadeza. – ele murmurou.
– Luke, apareça por lá também se achar que deve. – falei em tom irônico.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.