História You Could Be Mine - Prólogo

Eu estava sentada naquela cadeira dura e completamente desconfortável, odiando com todas as minhas forças estar ali. Na verdade, eu odeio tudo. Odeio a minha vida. 

Estava fumando. Pois é, eu peguei esse vicio de Alice. Não era ruim, muito pelo contrário, mas nunca imaginei que ia começar a ter algum vício. Papai me mataria se visse aquilo. 

Que pena, porque ele está morto. 

— Vira, vira, vira! — Alice e Duff gritavam, enquanto Slash bebia sem parar uma garrafa de vodca. Ao lado do cabeludo, ele estava sentado. Seus olhos verdes me fitavam de uma forma intensa, sem desviar um segundo sequer. Eu começava a ficar incomodada, mas retribui o olhar. Desejando profundamente não ter feito aquilo. 

Axl era aquele tipo de pessoa que, apenas de olhar em seus olhos você já se sentia meio zonza. Dava para perceber tudo que ele sentia através daquele verde esmeralda tão chamativo. Minha respiração começou a acelerar, e eu desviei o olhar imediatamente, percebendo que se não fizesse isso, ia acabar fazendo coisas que me arrependeria mais tarde. 

Sai imediatamente daquela sala, subindo as escadas e indo até meu quarto. Fechei a porta com certa força, jogando meu cigarro no chão e pisando em cima dele. Minha cabeça estava confusa. Eu estava sentindo coisas pelas quais nunca havia sequer imaginado sentir. Quando fiquei sabendo que viria para esse inferno, pensei que ia apenas sentir ódio, nojo e repugnância. Mas não era bem assim. Estava descobrindo novos sentimentos, e sinceramente até agora eu não sei quais são. 

A minha porta foi aberta lentamente, e eu não precisei me virar para ver quem era. O cheiro daquele perfume amadeirado que emanava no ar já denunciava quem havia entrado. 

— O que está fazendo aqui? — Perguntei baixo, com os olhos cerrados. Ouvi apenas passos lentos. 

— Eu percebi que você está mais triste que o normal, Deb. Nos últimos dias. 

— E o que você tem a ver com isso? — Rebati e ele riu baixo. 

— Qual o seu problema, afinal? Eu apenas estou sendo simpático. 

— Eu não quero a sua simpatia. — Virei-me para ele, engolindo em seco. Axl estava sério. — Na verdade, eu não quero nada que venha de você. 

— Tem certeza? — O ruivo abriu um sorriso debochado, se aproximando cada vez mais de mim. Fui dando passos para trás, involuntariamente. O espaço foi ficando cada vez menor entre nós dois, e ele me agarrou pela cintura colando nossos corpos. Sua mão esquerda começou a pegar algumas mechas do meu cabelo, enrolando-as, enquanto seus olhos nunca se desviavam dos meus. — Você está se envolvendo comigo, Débora... 

— Você é só mais um drogado doentio, Axl. Pessoas como eu não se envolvem com pessoas como você. — Disse, com um sorriso implicante. Mas ele apenas gargalhou, se distanciando de mim. A minha intenção ao dizer aquilo era feri-lo, ofendê-lo. Mas o ruivo parecia apenas se divertir. 

— Você é só uma garotinha mimada, Débora. Tem que aprender muito antes de ficar falando tanta merda. — Ele não tirava aquele sorriso irônico do rosto, e isso me irritava. — Cresce. Agora que você não tem mais aquela vida de luxo e pais que encobre todas as desgraças que você faz, talvez finalmente perceba que a vida não é um conto de fadas. Aliás, você não sabia disso, né? — Ele fingiu uma cara de espanto e desapontamento. — Awn, Deb... Deixa eu te contar uma coisa. Não existe príncipes encantados. E muito menos finais felizes.