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História You Found Me - O Reencontro


Escrita por: barryupsidedown

Capítulo 4 - O Reencontro


Era mais um dia normal para Mike Wheeler.

Acordou com o som do despertador ao lado da cama, insistente e incansável, apitando e apitando como se não houvesse amanhã.

Como odiava acordar cedo.

Levantou-se, preguiçoso, levando muito mais tempo que o necessário e esticou os braços acima da cabeça, imitando os filmes de televisão que gostava de assistir. Achava engraçado fingir que nada daquilo era real, que era tudo um programa de tv em um canal de ficção. Um grande programa de mal gosto.

Não nos leve a mal, mas, se Mike Wheeler tinha direito a algo, era ser ranzinza. Nos últimos meses teve que conviver diariamente com a dor de perder uma amiga querida em um nobre ato de sacrifício, teve que se ajoelhar e fechar os olhos enquanto um maldito monstro sem rosto tirava dele alguém importante, sem poder fazer qualquer coisa para impedi-lo. Então, se o garoto dizia que a vida dele era um programa de mal gosto, você terá que aceitar e seguir em frente.

Desceu as escadas com a mesma pressa que tivera ao acordar. Os dentes foram escovados em um estado quase inconsciente e não saberia dizer qual critério teria usado para escolher a roupa que estava vestindo. Talvez a que menos combinasse com o tênis.

"Mike, você devia pelo menos comer antes de ir pra escola."

Nancy havia se tornado bem mais compreensiva depois de tudo. O episódio do sumiço de Will Byers servira de proporcionar muito sofrimento, sim, mas também servira para que os irmãos Wheeler se tornassem muito mais próximos.

"Eu não tenho fome pela manhã."

"Mesmo assim. Pelo menos um copo de leite. Por mim?"

Ela pediu, com aqueles grandes olhos azuis e a expressão semelhante a um filhote de cão abandonado na rua. Ele a encarou, entendendo o motivo da preocupação da irmã. Havia perdido peso nas últimas semanas, o que não ajudava na sua aparência já relaxada, com os cabelos alcançando os ombros de tão longos. Agarrou o copo que ela lhe entregava e tomou o líquido com pressa, como se dissesse "tudo bem, mas só porque você pediu" sem precisar vocalizar uma palavra.

"Estou com um bom pressentimento pra hoje."

Mike não entendeu o súbito otimismo de Nancy. Como ele, a garota também tinha sofrido cicatrizes terríveis depois daquela semana, passado dias sem conseguir dormir por causa dos pesadelos. Aquele sopro de esperança era completamente inesperado, mas, por outro lado, positivo.

Talvez fosse hora de seguir em frente.

O que Mike não sabia, porém, era que em um outro canto de Hawkins uma pequena garota tinha uma conversa completamente diferente com o delegado Jim Hopper enquanto se vestia. Podia dizer, até, que estava ansiosa para o seu primeiro dia de aula, ainda que não soubesse o que aquilo significava.

"E Mike estará lá?"

Jim sorriu com a pergunta da menina. De todas as preocupações que pudesse ter, de encarar o mundo pela primeira vez, de conhecer um ambiente totalmente desconhecido, de ter que viver uma nova vida, Eleven só queria saber se seus amigos estariam lá por ela.

"Sim. Lucas, Dustin e Will também estarão."

Eleven quase mostrou os dentes ao sorrir, o que deixou Hopper ainda mais contente. Aquela garotinha já tinha tido sofrido o suficiente, agora era hora de deixar o passado para trás, era hora de esquecer todos os horríveis anos que fora prisioneira contra sua vontade, cobaia de experimentos inimagináveis, privada dos anos de infância.

Pra ela, sim, era hora de seguir em frente.

Você deve estar nervoso, não é? Nós entendemos. Um encontro como esse é de tirar o fôlego de qualquer um, quem dirá de alguém tão ávido pela continuação dessa história como é o seu caso. E sabemos, ainda, que nada que for descrito aqui terá a magnitude da importância deste reencontro. Precisaríamos de dez, vinte, mil páginas para descrever exatamente o que Mike Wheeler e sua turma sentiriam ao rever Eleven sã e salva, e mais mil (talvez menos, já que ela é mais fechada) para explicar o que passaria na cabeça dela.

Por isso, partiremos do ponto exato que Mike, Lucas, Dustin e Will se encontram nos corredores da escola antes do início da primeira aula. Os pré-adolescentes do ensino fundamental caminhavam de um lado para o outro, cuidando de suas próprias vidas, e o pequeno grupo de amigos se reunia na frente do armário de Dustin, que demorava mais que o resto para agarrar os livros que precisaria.

Do outro lado da passagem, o tempo parecia correr mais devagar. Os segundos pareciam minutos, os minutos pareciam horas, e os passos lentos de Eleven lhe davam a impressão de que estava ficando cada vez mais distante dos quatro meninos. Ela já podia vê-los no horizonte, mas eles não a perceberam. Imaginem uma cena de filme antigo, daqueles preto e branco, em que o ângulo da câmera se alterna com rapidez, e uma música melancólica toca ao fundo, ao passo que uma garota se aproxima de seus amigos, atravessando um corredor abarrotado de alunos e alunas.

"Mike... Olha ali!"

Dustin fora o primeiro a observar que algo de diferente estava acontecendo aquele dia. Ao fechar o armário, conseguiu enxergar a alguns metros uma velha conhecida que caminhava tímida até eles. Os olhos se arregalaram e a boca quase caiu até o chão, não fosse a vontade que tivera em segurá-la tempo o suficiente para avisar o amigo o que estava vendo. Cutucou Mike enquanto falava e, segundos depois, a reação do restante do grupo (menos a de Will, que não reconheceu a garota) foi a mesma.

Vamos fazer uma pequena pausa para apreciar esse momento, tudo bem?

Pronto.

Mike, Dustin e Lucas correram como nunca até a amiga, que se surpreendeu com a reação deles, dando um passo para trás. Os três a alcançaram em questão de segundos, fazendo o trajeto com uma velocidade digna de olimpíada, ao mesmo tempo que gritavam a plenos pulmões:

"ELEVEN!"

Antes que pudesse reagir, Eleven estava cercada por três meninos extremamente felizes e sorridentes, sendo abraçada por todos os lados. Não fosse a constituição sólida de Dustin para segurá-los em pé, os amigos estariam no chão. Ela não sabia realmente como reagir a tal demonstração de afeto, por isso permaneceu calada, os dentes, no entanto, viam finalmente a luz do dia, em um belíssimo sorriso que não mostrava nem a si mesma.

Aquele sorriso era única e exclusivamente de seus amigos.

Este seria o momento em que a música cessaria gradualmente, a tela ficaria escura aos poucos e a cena encontraria seu fim. Aqui, por outro lado, nós temos a vantagem de poder explorar cada milésimo de segundo, explorar cada pensamento e sentimento profundo de cada um dos personagens.

Podemos ver nos olhos marejados de Mike a alegria, a felicidade de reencontrar alguém tão querido. Podemos perceber no sorriso de Dustin a leveza e a tranquilidade de estar na presença de uma amiga novamente. Podemos ouvir no choro copioso de Lucas (choro que ele jamais admitiria que aconteceu) o alívio de saber que Eleven estava viva e bem.

E podemos sentir exatamente o que Eleven sentia naquele instante.

Seguiremos em frente.



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