História You give me problems - I just want to catch up on all the lost times

Recapitulando...

Pouco tempo depois. 

-É aqui. -Van falou. 

Não conseguia enxergar direito, mas não se parecia nada com um hotel. Era uma casa, típica de uma família.

Ele pegou minhas coisas e corremos até a entrada.  

Apertou a campainha. 

-Quem mora aqui? -perguntei, pensando que deveria ser de algum amigo. 

Quando ele abriu a boca para responder, uma mulher abriu a porta. 

-Oi mãe. -ele disse sorridente.

Boy, I've never loved one like you...

“Mãe?!” gritei mentalmente, no mesmo instante que senti todo o meu sangue gelar de surpresa.

- Querido! Entre, vamos! – ela respondeu enquanto abanava as mãos para que entrássemos. – Vocês devem estar congelando!

Van colocou a mão na minha cintura, para que entrasse primeiro.

Entrei e fiquei parada ainda ao lado da porta, sem reação e fala, apenas abaixei para tirar o tênis encharcado.

- Onde estava com a cabeça de andar por aí nesse temporal? – ela repreendeu Van enquanto passava as mãos em seus cabelos molhados e ele só torceu o nariz. – Olha só para você querida, vá tomar um banho quente!

- Me desculpe, eu não queria causar incômodo... -comecei a balbuciar sem jeito.

- Não é incômodo... – Van respondeu enquanto puxou sua mãe para um abraço.

- Não, não! Você vai me molhar toda! – ela respondeu rindo e se soltando. – Vão se trocar já!

Van segurou minha mão enquanto ria da bronca e me puxou correndo por um lance de escadas.

A casa parecia bem aconchegante, andamos por um corredor com vários detalhes em madeira escura e alguns quadros, até que ele parou em uma porta e abriu, dando espaço para que eu entrasse no quarto.

Tentei reparar no ambiente, mas estava muito agitada por causa da situação embaraçosa e desconfortável com a roupa grudando. Apenas dei um olhar ansioso para ele e me olhei no espelho ao lado, estava horrível. Passei a mão no nariz rapidamente, assim que percebi que começa a escorrer sangue.

- Droga. – disse enquanto ia até a porta, que imaginava ser o banheiro e era mesmo, enrolei um pouco de papel e coloquei no nariz, enquanto inclinava a cabeça para trás.

- Você está bem? – Van perguntou enquanto me observava atento.

- Estou... Por que não me disse que viríamos aqui? Isso é sequestro sabia? – respondi um pouco nervosa.

- Porque se eu contasse, deixaria de ser sequestro. – ele provocou e revirei os olhos. – Puts, esqueci suas coisas lá embaixo... Um minuto, que eu já volto!

Ele saiu antes que eu pudesse me manifestar. Apenas comecei a tirar aquela roupa encharcada, estava me sentindo uma pedra de gelo, liguei a água na forma mais quente possível e entrei.

Deixei todo o vapor levar minha tensão e respirei fundo, essa era a proposta de fuga dele? Era pegar a estrada, ir para uma praia ou vir na casa da mãe dele? Foi tudo premeditado?

“Um minuto...” ironizei a demora para voltar, enquanto desligava a água e me enrolava na toalha. Ao ver meu reflexo no espelho, notei como os hematomas do acidente ficavam mais escuros a cada dia e senti vergonha por ter aparecido daquele jeito, que impressão passei? Mas quem liga? Eu não deveria ligar, e.... Ah chega de pensar nisso...

Escutei a porta do banheiro ser aberta de mansinho e pulei para trás dela rapidamente.

- Sou eu... – Van me respondeu tentando entrar.

- Pode ficar aí... – disse esticando o braço para que me entregasse a bolsa e ele franziu o cenho.

- O que aconteceu? -ele perguntou enquanto me entregava.

- Uma dama precisa de privacidade. – disse ao trancar a porta e pude ouvi-lo bufando.

- Ok, não precisa se apressar, vou tomar banho no outro banheiro. – ele disse calmamente e ouvi o barulho dele saindo.

Enquanto vestia minhas roupas intimas, senti como meu corpo estava fadigado, parecia que todas as dores tinham juntado numa só e meus joelhos ardiam por ter ralado na praia, na hora em que caímos no mar.

Coloquei uma camiseta e fucei nos armários, atrás de moletom, já que o quarto parecia ser do Van, tinha um violão esquecido num canto e alguns cd’s empilhados na cabeceira da cama.

Vesti o que encontrei e me sentei um pouco tonta, olhei no celular para checar o horário e já era 8:00 da noite, me estiquei para pegar os remédios que a médica havia receitado, tomei e me esparramei na cama de olhos fechados.

Depois de alguns minutos senti como se tudo dentro de mim se revirasse, levantei correndo para vomitar no banheiro.

Parecia que minha alma iria sair a qualquer momento, não havia mais nada para colocar para fora, me senti completamente exausta.

- Ei, ei o que foi? -Van disse rápido enquanto se agachava ao meu lado, tirou o cabelo do meu rosto com uma cara de espanto. – Você tá super pálida!

- Acho que os remédios caíram igual pedra... – respondi me levantando e ele me ajudou. Dei descarga, lavei as mãos e o rosto. – Eu só preciso de alguns minutos...

- Não, você precisa descansar e comer... – ele começou a falar, mas eu interrompi.

- Eu não quero comer agora... Eu só estou um pouco cansada, não quero que sua mãe fique com uma má impressão... Eu nem me apresentei... – disse lembrando da minha falta de modos.

- Não esquenta com isso, ela já estava esperando a gente... Eu prometo que respondo o que você quiser, se você deitar um pouco. – ele disse acariciando meu rosto e eu suspirei concordando.

Quando ia me virar para voltar ao quarto, Van me pegou no colo.

- Ryan, eu não te suporto sabia? -disse rindo e passando o braço para me segurar.

- Eu te trouxe para relaxar, não pra te causar mais problemas. – ele respondeu convencido, me levando de volta ao quarto e me colocando na cama.

Aproveitei para puxá-lo para mais perto e ele se afundou beijando meu pescoço e ficando daquele jeito mesmo.

- O que foi? -perguntei baixinho.

- Nada, eu só quero recuperar o tempo perdido. -ele respondeu de forma abafada e acariciei seus cabelos.

- Shampoo de menta. – cochichei e ele deu um risinho, me apertando um pouco mais.

- Ryan? – escutamos sua mãe chamando no andar de baixo e ele se levantou, comecei a me levantar, mas fui interrompida.

- Pode ficar, eu já volto... – ele disse beijando minha testa. -Vou dizer que não está bem, ela sabe que você sofreu um acidente e voltou pra casa recentemente...

Balancei a cabeça um pouco aliviada e voltei a deitar, enquanto ele saía do quarto, deixando a porta encostada.

Ao mesmo tempo que me sentia aliviada por estar no quentinho e confortável, a exaustão e a vergonha que me deixavam vulnerável persistiam em me cutucar.

Acabei adormecendo.

Acordei suando um pouco e percebi que estava sozinha, estava tudo escuro e em silêncio. Tirei a blusa de moletom e fui até a janela, a chuva estava bem forte, com muitos trovões e relâmpagos. Resolvi sair andando na casa, tentando não fazer nenhum barulho.

Andei pelo corredor e desci as escadas, tentando prestar mais atenção em tudo, quem sabe assim eu não descobria mais sobre quem era esse garoto afinal?

Ouvi vozes e risadas vindas da sala, andei devagarinho para ver, mas o piso de madeira fez barulho me denunciando, Van e sua mãe estavam sentados no sofá e olharam.

- Kaya, está melhor querida? -ela perguntou com um olhar sereno e Van aguardou pela resposta.

- Sim, eu acordei com o barulho da chuva... -sorri sem jeito e me aproximei.

- Desculpa, nem me apresentei! Eu sou Mary, mãe do Ryan... – ela disse ao se levantar e me abraçar e notei que Van soltou um sorrisinho pelo meu embaraço.

Ela voltou a se sentar e eu me sentei ao lado do Van, que passou o braço para que eu me aninhasse.

Jogamos um pouco de conversa fora e me senti um pouco mais a vontade, ela era bem simpática e engraçada, fisicamente era mais baixa que eu, tinha os cabelos curtos e um pouco mais claros que os dele, mas os mesmos olhos.

- Espero que fique a vontade, quando pedi para que Ryan trouxesse você, não esperava que fosse ser no rapto, nem que faria você tomar esse banho... Espero que não fiquem doentes... Acredite, não foi a educação que eu dei... – ela cochichou rindo. -Mas eu precisava saber quem mexeu com a cabeça desse menino, ele não consegue disfarçar... E mães sempre sabem...

-Mãe?! -Van interrompeu.

- Então você anda apaixonado por aí? -perguntei provocando.

Ele revirou os olhos, e percebi que estava ficando vermelho, isso era novo pra mim e deixei escapar uns risinhos, Mary percebeu e também riu, escondendo com a mão.

Cause all I really ever want is you...