História You Lost Me - Suffering

3 dias depois 

Kéfera's POV 

Já haviam se passado três dias e nada, absolutamente nada. Nenhuma pista, nenhum vestígio, nenhuma informação, nada que me levasse a ele. Revirei a cidade de cabeça pra baixo, visitei todas as delegacias mas não encontrei nada. O silêncio tenebroso estava me enlouquecendo. 

O vento balançava meus cabelos enquanto, observava os pássaros da sacada, tentava inutilmente afastar o nervosismo, o medo e o vazio que me dominava, mas tudo conspirava contra mim.

- O que eu faço? - Me deito na cama e acabo adormecendo, estava exausta.

“ Que lugar é esse? Como vim parar aqui?

Perguntava pra mim mesma em silêncio. Parecia o esgoto de Londres, pra onde quer que eu olhasse havia sujeira,  podia sentir o cheiro horrendo daquele lugar.

 – ME AJUDE, POR FAVOR.

A voz dele, era a voz dele.

- GUSTAVO!! AMOR CADÊ VOCÊ? – Comecei a correr de um lado pro outro mas não o encontrava.

- AMOR, EU ESTOU AQUI ME AJUDA. – Olho pro fim do esgoto e o vejo amarrado, corro o mais rápido que posso até alcança-lo.

- Meu Deus, o que fizeram com você. – Beijei seus lábios rapidamente e comeco a desamarrar a corda que parecia ser de aço.

- Rápido, eles estão voltando. – Ele expressava medo.

- Eles quem? – Pergunto perplexa.

- Os capangas da família da Júlia e do Scott. – Arregalo os olhos espantada.

- Tudo bem, tô quase conseguindo... pronto, vamos. – Corremos juntos em direção a escada até que Júlia e Scott surgem rodeados de seguranças.

- Vocês não vão embora agora que a festa vai começar – Gustavo se vira pondo suas mãos em meu rosto, antes de nosso lábios se tocarem um tiro atravessa sua cabeça e ele cai morto no chão. ”

- NÃÃÃÃOOO. – Grito antes de acordar, olho pra janela e vejo o brilho da Lua. Levanto pegando um dos meus trajes de disfarce e saio de casa. – Como não pensei nisso antes.

Gustavo’s POV

Abro os olhos e de imediato sinto uma dor insuportável na cabeça, me vejo acorrentado em uma cama velha com Scott dormindo numa cadeira perto da cama. Tento me soltar das correntes, acabo por ferir mais ainda meus pulsos.

- Droga. – Suspiro.

- Já acordou bela adormecida.. – O encaro com ódio.

- Que lugar é esse? – Ele vai ate um armário e pega uma garrafa de vinho e se senta novamente.

- Não faz diferença, o que importa é que você está preso aqui. – Cinicamente ele começa a beber o vinho ignorando minha dor.

- A quanto tempo estou aqui? O que aconteceu com a Kéfera? Por que meu corpo está todo furado?

-Quantas perguntas... – Revira os olhos. – Não sabemos o que aconteceu com a puta da sua namoradinha, você está aqui a três dias e essas são as falhas tentativas de tentar apagar a sua memória. – Não pode ser.

- Como assim apagar minha memória?

- Júlia me pediu pra tirar aquela cadela da sua vida, então essa foi a forma que arranjei. Sinceramente não sei o que ela viu em você. – Ele se  levanta com a taça e um pé de cabra nas mãos. – Olhe pra você! Não passa de um verme brasileiro. Sorte sua de que as drogas que injetei em você não fizeram efeito. – Eu já não conseguia mais manter a falsa imagem de confiança e coragem. Ele gargalha vitorioso. – Está com medo? É bom ter mesmo, mais alguns testes e você não lembrar mais nem do seu próprio nome.

- Vai pro inferno seu desgraçado, essas porcarias suas nunca farão efeito algum em mim, e sabe por que? – O encaro sorrindo. – Porque você é um incompetente, você e toda essa sua família, não tem capacidade de produzir nada naquele maldito hosp... – Antes que pudesse terminar de falar Scott acerta minha boca em cheio.

- CALA SUA BOCA SEU MERDINHA, EU VOU ACABAR COM VOCÊ SE VOCÊ ABRIR ESSA BOCA DE NOVO, AGORA SINTA O GOSTO DO SEU PRÓPRIO SANGUE. – Ele fecha a porta e vai embora, começo a rezar ela é minha única esperança.

Kéfera’s POV

A noite era fria, as ruas desertas, mas isso não me impediria. Escondida atrás do muro da casa de Scott eu esperava por ele, o único modo de encontra-lo seria através de alguém daquela casa. Vejo um táxi se aproximar e Scott sai dele adentrando sua casa, eu preciso entrar, mas como?

......

- Eai gata, tá perdida? – O segurança vem até mim.

- Sim, essa cidade é cheia de perigos. – Pego disfarçadamente meu canivete e o escondo nas mãos.

- É mesmo, mas então o que a mocinha fez até essa hora? – Me aproximo dele e sussurro em seus ouvidos.

- Não importa, o que importa é que você vai fazer o que eu mandar. – Me viro rapidamente ficando por traz do corpo dele com o canivete em seu pescoço. – Shhh, não se atreva a gritar, agora me leve pro porão dessa casa e nada vai acontecer.

- Tudo bem, tudo bem. – Ele caminha lentamente até a porta do porão. – Venha por aqui antes que nos vejam.

- Seja rápido. – Depois de passarmos por alguns arbustos entramos no porão.

- Pronto eu fiz o que você queria.

- Já fez mesmo, agora me dê seu celular e sua arma. – Ele me obedece, sabia que eu seria mais rápida. – Entre ai.

- Mas esse depósito é apertado e escuro.

- Pouco me importa. – O empurro pra dentro e tranco a porta. – Quando eu sair seu celular estará debaixo da porta.

- Como vou saber que não está mentindo?

- Você não vai saber, porque não tem escolha. Saio em passos grandes até a escada, dali já era possível ouvir a conversa dos desgraçados daquela maldita família.

Scott’s POV

- Então filho, como está o marginal?

- Ele está ensanguentado mãe. – Todos rimos.

- Espero que ele apodreça naquele esgoto. – Rimos

- Ele vai.

- E sua prima Scott, ela vai odiar saber disso.

- Eu não me importo nem um pouco com ela. – Meu celular toca insistentemente. – Alô.

- Senhor Scott, eu fui sequestrado por um mulher que acabou de sair do porão. – Jogo o celular contra parede irritado. – Kéfera! Peguem essa desgraçada.

Kéfera’s POV

- PEGUEM AQUELA VADIA. – Foi tudo que ouvi antes de fugir daquele lugar. Eu precisava chegar naquele esgoto antes dele.

- Sai da moto, AGORA! – Ameaço um homem com o canivete.

- Tudo bem leve o que quiser. – Subo na moto e acelero o mais rápido possível até a entrada da estação de tratamento.

-GUSTAVO, GUSTAVO, SOU EU. – Começo a procura-lo no meio daquela bagunça.

- AQUI, AQUI ME AJUDE. – Ouço seus gritos vindos de uma pequena e imunda sala e corro até lá.

- Meu Deus, aconteceu tudo da mesma maneira. Olha o que fizeram com você. – Ele me olha perplexo, e eu arregalo os olhos lembrando do final do sonho. Pego um machado e tento desesperadamente cortar as correntes.

- Amor se acalma você tá pálida, o que aconteceu? – Eu já tinha cortado 3 correntes só restava uma.

- Eu tive um sonho, mas isso não importa agora. – A última corrente se parte e eu o ajudo a andar para fora daquela sala. – Vamos você tem que ir mais rápido.

- Não consigo. – Apoio seus braços em meus ombros e o ajudo a andar.

- PEGUEM ELA AGORA. – Dava pra ouvir os gritos dele vindos de longe.   

- Presta atenção. – Viro seu rosto forçando-o  a me encarar. – Eu vou distrai-los e você vai em frente.

- Não, não eu não vou deixar você aqui, eles vão te matar.

- Eles não vão conseguir, se você não for, nós dois seremos pegos. Se eu for eles irão atrás de mim, mas eu posso distrai-los até você fugir.

- Não, não eu não vou sem você. – Eu já estava prestes a chorar.

- Para, vai logo, foge. Se ficarmos aqui vamos morrer os dois, como você quer que eu lute com você aqui perto? Vai logo. – Ele assente e continua andando lentamente até a saída do esgoto, pego um ferro próximo a mim e ando em direção a Scott e seus capangas, está na hora de testar meu treinamento.

Gustavo’s POV

Eu não acredito que a deixei lá, a dor era um milhão de vezes maior do que todos os ferimentos no meu corpo. Depois de muito caminhar encontro uma escada que me levaria a saída e subo deixando o esgoto. Felizmente eu sabia a direção da nossa casa, então começo a caminhar em direção a mesma.

Cada segundo me deixava mais apreensivo, e se ela não voltar? Eu não suportaria. Nossas vidas se transformaram num verdadeiro inferno, tudo acontecia muito rápido e do pior jeito possível. Eu já estava cansado de tudo, o risco que corríamos era muito alto, não sei se valeu a pena. Podíamos ter morrido diversas vezes, perdido um ao outro, mas escapamos todas as vezes. Só que agora, agora ela está lá sozinha com a vida por um fio, esse sofrimento já tinha me consumido por inteiro. Eu não sei mais o que fazer, talvez devêssemos ir embora desse lugar.

Chego próximo da nossa casa e encontro cinzas e escombros.

- Por que meu Deus? Por que?....