~Keith~
Falta pouco para o sinal do fim das aulas tocar. Mas isso não faz diferença para mim. Nem mesmo na sala de aula eu estou.
É como eu disse antes, eu não sou um "bom aluno" e na maioria das vezes não fico na sala. Simplesmente porque não gosto de ficar parado, sem contar que minha depressão e ansiedade não me permitem ficar em lugares fechados e com muita gente, caso isso ocorra, eu tenho uma crise e desmaio, simples assim.
Para controlar minha ansiedade eu me corto, fumo e uso drogas. Bem, na verdade as últimas duas coisas eu não faço - não mais - graças ao Shiro, que me ajudou a superar o vicio.
Mas os cortes eu simplesmente não consigo deixar de fazer. É algo que eu faço automaticamente, posso estar na maior paz, porém quando noto meus pulsos, braços e peito ja estão todos marcados de sangue pelos cortes recentes.
Faço isso desde a morte dos meus pais e nunca consegui parar.
2 minutos para o fim da aula... me desencosto da parede e me levanto indo para a sala logo em seguida.
O professor me olha de cara feia assim que me ve entrando no local. Apenas mostro meu dedo do meio para ele e vou para o meu lugar; não to afim de discutir com nenhum velho rabugento.
Assim que o sinal toca anunciando o fim da tortura eu pego minhas coisas e vou diretamente para o estacionamento pegar minha moto.
Pidge ja está me esperando encostada no meu bebê, eu realmente espero que ela não tenha arranhado minha moto.
- Hey Keith. Até que enfim. - Ela diz quando me ve.
- Espero que você não tenha arranhado meu bebê Pidge.
Ela revira os olhos e me encara.
- Anda logo Keith, eu quero ir testar meu vídeo game.
Subimos na moto e fomos diretamente para a casa dela que não era tão longe da escola. Mal chegamos e Pidge ja pulou da moto e entrou correndo na casa enquanto eu apenas caminhava calmamente.
Bem, não sou bom em descrever os lugares e tal. Então o máximo que eu posso fazer é dizer: a casa de Pidge é grande. Dois andares.
- Pidge, antes de jogarmos esse seu tal vídeo game, que tal nós comermos? Eu to com fome.
- Folgado nem um pouco né Kogane?
Apenas dou de ombros seguindo ela para dentro da cozinha.
- Minha mãe deixou uma lasanha pra gente antes de sair hoje de manhã. É só esquentar. - Ela diz enquanto liga o forno. Eu ja estou acostumado a vir aqui então me dou a liberdade de arrumar a mesa.
- Pidge, uma pergunta: Como sua mãe sabia que eu viria aqui?
- Ela quem disse para chamar você. Sabe, pra mim não ficar sozinha e tal...
Murmuro um "Ah" e me sento em uma das cadeiras. Não demora mais de 15 minutos e a lasanha fica pronta. Meu estomago agradece.
Comemos em silêncio e subimos para o quarto dela (Não pensem besteira seus mentes poluídas).
Passamos a tarde jogando vídeo game e vez ou outra Pidge ia para a cozinha pegar algo para nós comermos.
Depois das 18 o céu já está escuro e Matt chega. Me despeço deles e ando até minha moto, giro a chave e... Filha duma puta. Sem gasolina. Droga.
Voltei para a casa de Pidge e toquei a campainha.
- Keith? Algum problema? - É o Matt.
- Na verdade sim. Minha moto ta sem gasolina, você poderia cuidar dela pra mim? Venho busca-la amanhã.
- Tem certeza? Não quer que eu va buscar um pouco de gasolina no posto pra você?
- Não quero te incomodar com isso. E... to com um pressentimento... acho que eu preciso ir devagar para casa hoje. Agredite, desde pequeno eu aprendi a confiar nos meus instintos.
- Tudo bem. Pode deixar, vou cuidar do seu "bebê". - Diz fazendo aspas com os dedos, lhe dei um sorriso mínimo e o sigo em direção a moto na intenção de colocá-la na garagem.
- Obrigado cara. - Digo. Matt é um cara legal, mas não somos tão próximos quanto Pidge e eu.
- Por nada... mas fala ai, tem certeza de que não quer uma carona para casa? São o que? 4 quilômetros daqui pra lá?
- Não. To de boa. Como disse antes, eu sigo meus instintos. Mas obrigado. A gente se ve Matt. - Dito isso viro as costas e saio andando. Todos (pelo menos a maioria) ja estão acostumados com esse meu jeito, então não me importo mais.
~ Quebra de tempo ~
Ja estou chegando em casa. Faltam só duas quadras. Estou numa rua escura, ela está quieta. Quieta até de mais...Vou andando mais devagar ao perceber que estou perto de um beco. Tento prestar atenção nos sons ao meu redor...
Estou com um pressentimento ruim. Como se alguma coisa grande fosse acontecer.
Os dois maiores estão segurando um garoto semi-acordado. Enquanto o outro lhe da socos e mais socos no rosto. Não estou vendo direito o rosto do garoto por causa da falta de luz, mas com certeza esta sangrando.
- Mickel, ja chega. O chefe mandou apenas sequestra-lo. Vai render uma bela grana.- Um dos que seguravam o garoto disse. Ele tem a voz grave.
- Ora, cale a boca Dmitri. Não vou mata-lo. Só quero me divertir um pouco. Que mal tem?
- O chefe não vai gostar disso. Ele disse apenas para sequestrar...
- Que seja. - Ele revira os olhos e da um último soco no garoto que pende a cabeça para frente como se estivesse desmaiado.
Peguei a minha faca no bolso interno da minha jaqueta e me misturando com as sombras (o que, como eu ja disse antes é muito fácil para mim) me aproximei devagar dos homens que estavam ocupados discutindo.
Com o cabo da faca eu acertei a cabeça do Galra mais baixo (Mickel, eu acho) que caiu inconsciente aos meus pés. Os outros dois Galras avançaram contra mim deixando o garoto jogado no chão.
O primeiro Galra veio para cima de mim na intenção de em dar um soco, que desviei com facilidade. Peguei sua mão no ar e torci seu braço para trás até ouvir um estralo. Ele caiu no chão gemendo de dor. Dei um chute em seu rosto e ele apagou.
O último Galra foi mais esperto. Pegou a faca e veio com tudo. Uma vantagem das facas é que os detalhes em roxo brilham no escuro, facilitando ve-las em lugares escuros. Exatamente como aquele.
Ele sacou a faca dele e eu a minha. Começamos uma "batalha de espadas" que na verdade eram facas.
A questão é: Desde pequeno eu faço boxe e esgrima. Não é como se ele tivesse alguma chance de me vencer. Sou o melhor em tudo que eu faço.
Depois de um tempo percebi um padrão em como o Galra lutava. Ele atacava duas vezes, defendia, atacava de novo e ficava nisso. Usei isso a meu favor. Quando ele atacou de novo eu desviei o golpe com a parte chata da lâmina fazendo com que ele derrubasse a arma. Dei-lhe dois socos seguidos no rosto, uma ajoelhada na barriga, e com o cabo da faca eu acertei a cabeça dele, igual o que eu fiz com o primeiro Galra.
Bem, se Zarkon quer um "Império" próspero ele deveria procurar soldados melhores. Esses foram fáceis de mais.
Corri até o garoto que eles estavam tentando sequestrar e o ajudei a levantar. Ele esta quase inconsciente, com hematomas e sangue pelo rosto, dificultando minha visão sobre ele.
- Você está bem? - Uma pergunta bem idiota da minha parte. Mas bem... o que eu poderia fazer?
- Obrigado... - Ele tinha a voz meio rouca pelo fato de estar quase desmaiado, porém ela me era familiar. Eu ja tinha ouvido essa voz em algum lugar... mas onde?
O garoto começou a tremer e seu corpo ficou mole. Ele desmaiou. Pego ele no colo e vou para casa. Precio ajudá-lo. Não sei direito o por quê. Mas sinto isso. É como... um sexto sentido me dizendo que tudo fará sentido mais tarde, e bem, eu sempre sigo meus instintos.
~ Quebra de tempo ~
- Shiro! - Grito assim que chego em casa. Silêncio. A única luz acesa é a da sala. Ando até lá e coloco o "estranho" deitado no sofá.
Vou até a cozinha para pegar o quit de primeiros socorros da minha "mãe". Volto para a sala e o garoto está do jeito que eu o deixei.
Me ajoelho do seu lado e passo um pano em seu rosto para tirar o sangue. Assim que termino eu posso ver o rosto do "desconhecido". É o Lance.
"E, a propósito. Meus pais vão ficar mais uns dias na casa dos meus avós e o Matt vai sair amanhã a tarde de novo... Vem em casa? Por favor? Pela sua melhor (e única) amiga? Se bem que... você precisa pegar sua moto né? Se você não vier ficar comigo eu vou torturar seu bebê."
Emo_Sad - Online
Emo_Sad: Não ouse fazer nada com meu bebê Pidge. Isso é chantagem emocional sabia? Eu posso te processar.
Baixinha_Nerd - Online
Baixinha_Nerd: Ou vem em casa ou seu bebê vai sofrer as consequências.
Emo_Sad: Sua psicopata.
Baixinha_Nerd: Psicopata? Eu? Claro que não.
Emo_Sad: Te vejo amanhã na escola?
Baixinha_Nerd: Obviamente.
Emo_Sad: Me lembre que eu tenho algo para te contar ok?
Baixinha_Nerd: Não pode contar agora?
Emo_Sad: Não. É complexo de mais para dizer por mensagem.
Baixinha_Nerd: Tuuuuudo bem. Até amanhã Mullet.
Emo_Sad: Até baixinha.
Baixinha_Nerd - Off line
Emo_Sad - Off line
Desligo o celular e vou fazer alguma coisa pra mim comer.
~ Quebra de tempo ~
Ja jantei, lavei a louça e agora estou deitado num colchão ao lado da minha cama onde o Lance continua desmaiado. Por mais que eu tente não consigo dormir. Olho no relógio: 23:16. Fico encarando o relógio por alguns minutos até sentir os olhos pesarem e eu cair na inconsciência.
~Lance~
Graças a Deus falta pouco pra sairmos desse inferno.
Essas aulas são muito chatas! Mas eu tenho que prestar atenção caso queira manter minha pose de "garoto perfeito".
Dando uma olhada por cima consigo ver que o emo esquisito não está na sala, se bem que, acho que ele nem entrou. Deve estar lá fora fumando, usando drogas ou fazendo alguma outra coisa que caras como ele fazem.
Só de pensar no fim das aulas me faz ter um enjoo. Quero dizer... eu odeio essas aulas chatas, mas assim que terminam eu tenho que ir me encontrar com a Courtney para irmos ao clube de música. Ela não vai desgrudar de mim por um segundo. Além de ficar pedindo pra tocar algumas (várias) músicas que ela gosta.
Pouco antes do sinal bater vejo o esquisito entrar na sala. O professor o olha de cara feia e ele como o cara educado que é (só que não) lhe manda o dedo do meio. Como de costume eu apenas o ignoro e ele vai para o fundo da sala sem falar com ninguém.
O sinal finalmente toca nos libertando do inferno.
Saio da sala me espremendo no meio das pessoas desesperadas por liberdade (olha só meu lado poeta se revelando). Percebo meu braço ser agarrado e adivinha quem era? Courtney para o meu desânimo. Mas, minha popularidade depende disso e minha vida também, caso minha popularidade baixe meu pai me come vivo.
- Oooi meu amor. - Sua voz melosa me da enjoo. Ela joga seus braços em volta do meu pescoço. - Como foram as aulas longe da sua princesa?
Forço um sorriso e respondo tentando não deixar transparecer meu desgosto:
- O mesmo de sempre bebê. Completamente entediantes. - Minhas mãos vão automaticamente para sua cintura, acredite ou não, eu sou um ótimo ator. - Você sabe que não consigo ficar muito tempo longe da minha princesa. - Dou um beijo na sua testa.
- Owwn você é muito fofo Lance! Vamos. O pessoal esta nos esperando. - Diz me arrastando para o clube que nós participamos.
~ Quebra de tempo ~
O clube é a mesma coisa de sempre: ensaiamos algumas músicas que iremos tocar em algum evento, caso não há apresentações aprendemos tocar novos instrumentos, além de alguns ensinamentos de qual é a melhor forma de compor e etc...
Travis Cooper, nosso diretor é um cara carismático como eu. Tem cabelos louros sempre muito bem arrumados para trás, olhos azuis claros, um físico de dar inveja e sempre usa roupas casuais como: calça jeans, camiseta e tênis.
Amélia Grace, nossa vice-diretora é uma pessoa fechada (as vezes me pego comparando ela com o Keith) que curte muito rock e metal. Tem cabelos negros e repicados na altura dos ombros, olhos igualmente negros, um corpo (admito) muito bonito e normalmente usa roupas como: saia rendada preta, meia-calça rastão, coturnos, blusa preta com caveiras, luvas sem dedos, jaqueta de couro e maquiagem pesada.
É realmente um inferno quando Travis não esta presente para dar aulas "normais" sem ser aquele rock.
~ Quebra de tempo ~
Olho para o relógio e agradeço por ser hora de sair desse clube. Porém tenho que passar no clube de literatura para devolver um livro que havia pegado emprestado.
Entro as pressas no clube e deixo o livro sobre a mesa da sala com um postit dizendo quem o havia devolvido (vulgo, eu).
Saio correndo para chegar em casa a tempo para o jantar. Mamá fica muito brava quando me atraso, e fica mais brava ainda quando ja está escuro. O que, é o meu caso.
Corro por mais ou menos um quarteirão até meu celular começar a tocar, é o Jack, um garoto do clube de basquete. Mesmo inseguro por estar na frente de um beco com pouca iluminação eu paro e atendo.
- Ah, oi Jack. Sim, temos treino amanhã... - Sinto que alguém esta me observando mas não ligo e continuo conversando com o Jack.
Assim que ele desliga e eu guardo o celular no bolso sinto alguém me puxar para dentro do beco e me jogar contra a parede fazendo com que eu bata a cabeça.
Com a visão embaçada vejo tres vultos. Mesmo estando escuro e eu com a visão nada boa percebo que o cabelo de ambos os três homens são roxos. Eu estremeço, não agredito que fui pego pelos Galras.
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