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História Your only One - Imagine Bakugou Katsuki - Quatro - Amargor;


Escrita por: Strawgr

Notas do Autor


Tw: agressão física, chantagem e manipulação.

Boa leitura!

Capítulo 5 - Quatro - Amargor;


Fanfic / Fanfiction Your only One - Imagine Bakugou Katsuki - Quatro - Amargor;


Quando dormiu de novo, não acordou no quarto com Katsuki. E ficou meio decepcionado, já que queria saber o que ele fazia na internet para ter tanta fama.

Conhecendo-o bem, já tinha uma vaga ideia… 

Yo dormiu outra vez logo depois de te acordar, com aquele ronco baixo e insistente. Você tentou, mas não conseguiu dormir igual ao namorado. Apenas deu um suspiro e saiu silenciosamente do quarto. 

Eram três e meia da manhã. Estava sem um pingo de sono. 

Mesmo que tivesse que sair cedo para a faculdade e ainda ir ao estúdio onde trabalhava, você resolveu fazer um chá doce para tentar criar um sono já que não queria continuar tomando remédios para dormir. 

Não queria acordar Shindo, então apenas colocou a xícara quente sobre a pequena mesa redonda da cozinha e puxou uma cadeira sem fazer barulho no lugar de ir assistir televisão. 

Não acendeu nenhuma luz, então a casa estava extremamente escura mesmo que conseguisse enxergar o básico sem chutar algo sem querer. Uma vez ou outra escutava o som de um carro passando pela rua ou risadas escandalosas de pessoas provavelmente bêbadas voltando de festas. 

Você ficou encarando a fumaça quente saindo da xícara enquanto a segurava na mão pela asa de esmalte, balançando levemente para tentar esfriar o chá antes de tomar. A chuva forte havia passado, deixando um clima frio e melancólico. 

Você não gostava muito de ficar acordado de madrugada. Porque sempre acabava trazendo lembranças indesejadas à tona contra a própria vontade. 

Depois de quase um minuto balançando a xícara e a soprando com cuidado, encostou os lábios nela e deu um gole lento no chá doce. Depois deu um suspiro fundo. 

Quando estavam no segundo semestre no primeiro ano da faculdade, Shindo havia cismado que queria ir numa boate que havia inaugurado recentemente.

Você decidiu não ir, já que teria uma prova no dia seguinte e preferiu ficar estudando até ir dormir. Como os dois não tinham problemas de desconfiança ele foi sem gerar uma discussão, com a condição que ele voltasse para casa e te ligasse até às duas da manhã, acompanhado de alguns amigos da própria faculdade. 

E assim foi. Yo saiu desejando um "boa noite" enquanto você ficou enfiado nos livros de química para o dia seguinte. 

As horas foram passando, e você continuou estudando tranquilamente conferindo o perfil dele vez ou outra, para ver se publicava algo na festa. Quando eram três horas da manhã e você já estava prestes a ir até a tal boate buscar o rapaz, recebeu uma ligação anônima.

 Ei, cara. quase fez uma cara feia pela voz estranha do outro lado da linha. Quem quer que fosse, estava num lugar onde tocava uma música alta. Você é o [Nome], né? 

Sim. balbuciou preocupado. Com quem eu falo? 

Não importa. a pessoa respondeu como quem não quer nada. Você é o namorado do Shindo, né? 

Aconteceu alguma coisa com ele? foi direto, pressionando o celular contra a orelha com força. 

Não, ele tá bem. conseguiu identificar que a voz era de um homem, mas definitivamente não sabia de quem. Mas eu recomendo que você venha até aqui. Ele está na boate Cherryls, você acha rapidinho no Google Maps. 

E-eu sei. responde com a voz meio trêmula. Aconteceu alguma coisa? Como você pegou meu número? 

Só vem aqui, cara. O seu namorado está vivo e com a integridade física intacta. Mas venha. 

E a chamada acabou. 

Você ficou em pé no meio da sala com os olhos arregalados enquanto encarava um ponto fixo no chão, ainda com o celular na orelha. 

Mas que diabos… 

Tentou ligar para Shindo, mas todas as chamadas caíram na caixa postal. Com isso, se arrumou e foi caminhando até á Cherryls com milhares de teorias dançando desesperadamente pela sua cabeça.

Estava frio. Se xingou por não ter lembrado de pegar um casaco enquanto andava apressado pelas ruas escuras e silenciosas. 

Ele havia se metido numa briga? Matado alguém? 

A opção mais provável estava fazendo a sua garganta trancar com força enquanto conferia o mapa traçado no celular para conferir se estava seguindo o caminho correto, meio perturbado em andar pelas ruas a aquela hora da madrugada. 

Estava mais nervoso do que queria admitir quando chegou no lugar badalado e barulhento. Pela hora, não precisou de muita dificuldade nem enfrentar uma fila para entrar, amaldiçoando pela quantidade de gente lá dentro. 

Seria quase impossível achar Shindo ali e totalmente impossível achar a pessoa que te ligou. 

Percebeu logo que a maioria ali estava bêbada e leiga, dançando de qualquer jeito e hora ou outra alguém caia no chão. As pessoas em volta no máximo riam ou nem percebiam. Você ficou uns quinze minutos se espremendo no meio daquela gente, mas não encontrou Yo e nem nenhum dos amigos da faculdade dele. 

Apenas xingou um palavrão e foi para o balcão praticamente vazio, já que todo mundo preferia ficar na pista de dança e se divertir. 

É um caralho mesmo. resmungou de mau humor quando se sentou num lugar vago, passando a mão pela testa de forma cansada. Precisava levantar de manhã cedo e estar totalmente bem para a maldita prova. Eu vou matar o Shindo. 

Negou educadamente quando o barman perguntou se queria alguma coisa, ficando alí com os próprios pensamentos e tentou ligar para Yo outra vez. Deu desligado nas seis vezes que tentou. 

Inferno. 

Passou a mão pelo rosto frustrado, os olhos pesando de sono e a cabeça quase doendo pela altura exagerada do som irritante. Talvez nem bêbado conseguisse gostar daquela música. Não deu importância quando uma pessoa se sentou tranquilamente no banquinho do seu lado. 

 No estacionamento. a voz murmurou distraída. 

Você fechou os olhos, estressado. 

Ele está no estacionamento. sentiu um arrepio na espinha quando a pessoa insistiu. Se virou para ela desconfiado e arregalou minimamente os olhos. Logo no começo, perto dos primeiros carros. 

Ele era moreno. O cabelo curto num tom de mel, os olhos castanhos brilhantes e uma pele meio pálida. Tinha uma tatuagem de dragão verde desenhada pelo pescoço e estava vestido de forma adequada para uma boate. 

Foi você quem me ligou? perguntou alto para ele escutar. O rapaz fez que sim. Quem é você? É amigo do Shindo? 

Não importa. ele respondeu com um sorriso de canto. Vá logo antes que ele faça alguma besteira por estar bêbado demais. 

Você queria perguntar mais, mas estava com sono pra caralho e só queria sair dali. Então se levantou e foi perambulando pelos cantos da boate até achar uma porta que dava ao estacionamento. Pouco depois de você se levantar para sair dali, o barman foi silenciosamente até o garoto moreno oferecer alguma bebida, mas se surpreendeu quando ele não estava mais ali, e sim um rapaz loiro muito belo. 

Opa, não te vi chegar. ele disse a Katsuki em tom divertido. Esses olhos são lentes? 

Sim. Estavam na promoção. o demônio ronronou simpático. 

O seu humor estava cada vez pior enquanto caminhava pelo estacionamento enorme daquele lugar, aparentemente vazio. E ali estava mais frio ainda. As paredes vibração levemente pelo som abafado da música lá dentro. 

Você estava meio trêmulo enquanto andava pelos cantos daquele lugar grande e meio escuro, olhando atentamente entre os carros e motos enquanto tentava não se sentir um grande imbecil que provavelmente estava sendo vítima de uma pegadinha ou de um assassinato. 

Você tem certeza que quer fazer isso?  Você parece bêbado demais. escutou uma voz feminina perto de uma das pilastras que ficavam mais aos cantos do lugar. 

Mesmo se eu estivesse a pessoa mais sóbria do mundo, eu ainda ia querer. uma ânsia de vômito subiu pela sua garganta quando escutou outra voz, parando de andar até aquele local. Você é gostosa demais. 

Estava a um meio metro da pilastra grossa o suficiente para esconder os dois atrás dele, mas podia escutar perfeitamente o que eles estavam falando. 

Hm… a sua boca não está com um gosto forte de bebida. a garota respondeu rindo, e você achou que fosse desmaiar quando escutou estalos molhados de beijos. Mas você também é gato. Você não namora, não é? 

Não. Shindo respondeu com confiança. 

Então está tudo certo. quase podia ver o sorriso que a garota estava dando pelo tom de voz satisfeito. 

Depois disso, os dois ficaram em silêncio, muito provavelmente começaram a se pegar. Você deu um passo para trás, depois outro, lentamente. Depois outro. E outro. E enquanto tentava não chorar, foi andando aos poucos de volta a porta que dava a balada. 

Voltou a se espremer desesperadamente nos meio das pessoas e passou rapidamente pelo balcão com apenas uma única pessoa bebendo ali, mas não era mais aquele garoto moreno misterioso. Não sabia qual era a cor do cabelo, já que passou rápido demais. Pela visão periférica, viu apenas que era uma coloração clara. 

Mas não viu quando ele se inclinou levemente para te observar sair às pressas da boate, Katsuki deu um leve sorriso maldoso e virou um copo de tequila na boca. 

Você não tinha vontade e nem forças para voltar para casa a pé, então chamou um Uber agradecendo a deus pelas notas de dinheiro que estavam escondidas no bolso da calça. Levou uns cinco minutos para o carro chegar, quinze para te levar até o seu prédio onde morava e três segundos para você se debulhar em lágrimas assim que fechou a porta da frente. 

Apenas se encostou contra a porta e chorou em silêncio, abraçando os joelhos com força. 

Não soube quanto tempo ficou alí. Dois minutos ou duas horas.

Não ligou para ninguém. Eram quase quatro da manhã quando conseguiu se levantar e ir tomar outro banho onde chorou mais ainda. 

Vestiu as roupas que estava usando antes para dormir e se arrastou até a cama. Você dormiu, mas não sonhou com nada. Shindo não retornou nenhuma das suas ligações. 

Mas não importava mais. 

Se levantou no dia seguinte com uma cara horrível e olheiras fundas no rosto, mas se arrumou para a faculdade e tentou revisar alguns assuntos que sabia cairia na prova, já que mesmo que tenha estudado praticamente o dia todo, a sua mente estava completamente perturbada. 

Foi um saco tentar disfarçar o que estava acontecendo. 

De manhã, Shindo te ligou. 

Me perdoe por não ter te ligado. Meu celular descarregou e eu estava muito bêbado quando cheguei em casa. um enjôo percorreu o seu estômago quando escutou a voz dele, meio carregada pela ressaca. Mas eu e os meninos ficamos bem. Você está bem para fazer a prova? 

Sim. respondeu de forma mais seca do que queria. Eu falo com você depois, preciso ir. 

Pode sentir que ele estranhou o seu tom brusco pela demora por uma resposta, mas não deu a mínima. 

Ah, certo. o moreno pigarreou. Você vai almoçar comigo hoje? 

Não sei. Mas eu preciso ter uma conversa com você. foi o que resmungou antes de desligar ao passar pelos portões da faculdade. 

Queria ter conseguido esconder melhor o seu mau humor, mas só escutar a voz dele, estava ficando com dor de cabeça. 

Mas difícil mesmo foi esconder dos seus amigos.

Você foi atropelado por um caminhão? Kaminari perguntou de olhos arregalados assim que te viu entrar na sala. Alguém te bateu?

Eu estou gripado. respondeu seco antes de se sentar do lado dele com uma cara terrível. 

Você conseguiu estudar? Kyouka perguntou a uns metros de você, notou a preocupação no tom de voz. 

Sim. disse com um leve aceno. 

Tem certeza que está bem, [Nome]? Denki insistiu, também um pouco preocupado, se inclinando na sua direção para falar mais baixo. Você está com uma cara triste. Aconteceu alguma coisa? 

Se virou para ele, forçando um sorriso fraco. 

Eu estou bem, Denki. Só não dormi direito porque fiquei tossindo. Mas está tudo bem. 

Deu pra perceber que isso não o convenceu, mas o loiro apenas acenou quando o professor de química entrou na sala com uma pasta vermelha onde as provas estavam. Você tentou ao máximo não ter uma crise no meio daquele monte de gente concentrada e esconder ao máximo seu estado deprimido. 

Ele não está bem coisa nenhuma. Jirou murmurou no refeitório, dando uma garfada raivosa no bolo de laranja. Mal abriu a boca o dia inteiro, super avoado e toda hora passando a mão pelo rosto. Você viu ele dar um espirro alguma única vez? 

Não. Kaminari murmurou de volta. Mas acho que se fosse algo, ele iria contar, não? 

A garota mastigou rapidamente seu bolo, encarando um ponto fixo no chão. Mina parecia igualmente encucada. 

Eu tenho certeza que aconteceu alguma coisa. a rosada concordou de braços cruzados. Mas não vamos insistir nisso. Se o [Nome] quiser, ele vai contar. 

Acho que você está certa. Hanta concordou meio hesitante. O [Nome] é o mais responsável de nós. Se foi algo sério que ele precisa de ajuda, vai contar quando se sentir melhor. 

Melhorem essas caras. Ele está voltando. Jirou resmungou dando outra garfada rápida em seu bolo. 

Todos fingiram estarem distraídos quando você voltou do banheiro e se sentou junto com eles. Você fingiu que não sabia que eles estavam preocupados, e eles fingiam não estar. 

Só foi se encontrar com Shindo no final do dia, quando ele foi na sua casa e também já havia voltado da própria faculdade. Você estava sentado na mesa da cozinha com uma cara inexpressiva enquanto encarava fixamente um copo de chá amargo. Passou o dia inteiro com ânsia de vômito. 

Não olhou Shindo quando ele abriu a porta, nem quando te cumprimentou como se nada tivesse acontecido. 

Que cara horrível é essa? ele perguntou com uma risada quando se sentou na mesa com você, meio surpreso. Você dormiu? 

Não. resmungou pegando o copo de chá lentamente, dando um gole pequeno para ver como era o gosto. 

Por que? o moreno ficou preocupado imediatamente. Você ficou preocupado comigo? [Nome], eu… 

Eu fui buscar você na boate ontem, quando eram três e meia da manhã.  interrompe com a voz gélida. Já que não havia atendido nenhuma das minhas ligações. 

O moreno ficou quieto, te encarando os olhos levemente arregalados de surpresa. 

Quando cheguei lá, não te achei. continuou, erguendo a mão em sinal quando ele tentou falar. Nem os seus amigos. 

Lá estava lotado, você não deve ter visto porque nós… 

Eu vi você se agarrando com uma garota no estacionamento. rosnou, pondo o copo quente de chá na mesa de forma quase agressiva. 

E-eu não sei do que você… 

Não minta para mim. diz baixo, o vendo se calar. Use os argumentos que quiser, mas não minta. 

Eu não estou. o moreno balbucia. Você deve ter confundido. 

Eu não iria confundir a sua voz. Estava a apenas meio metro da pilastra onde você estava com a garota. rebate em tom cansado. Escutei o suficiente para ter certeza absoluta que era você. 

Não. ele balançou a cabeça. Não era eu. Alguém com voz parecida…

Uma pessoa me ligou para ir na boate. diz cruzando os braços, analisando cada pedacinho da expressão assustada dele. Um garoto moreno, com olhos castanhos e tatuagem de dragão verde no pescoço. Eu fui, encontrei com ele no balcão. O garoto me disse para ir no estacionamento. E lá estava você se agarrando a uma garota. Ela até perguntou se você namorava. Você disse com toda a certeza do mundo que não. 

Aquilo parecer ter o deixado pálido como um fantasma. Você continuou o encarando com uma expressão gelada no rosto esperando por alguma reação. 

Filho da puta. Shindo murmurou baixinho consigo mesmo. 

Ele havia ficado com aquele garoto também. E o dedurou para você. Fez essa constatação com o brilho de remorso nos olhos escuros a sua frente e deu um sorriso sem humor. 

Eu não consigo acreditar como pude ser tão burro. resmungou depois que viu que o rapaz não conseguia responder. Meu Deus, onde eu estava com a cabeça… 

Eu estava bêbado! o moreno se exaltou dando um tapa fraco na mesa de vidro. Eu estava muito bêbado, [Nome], eu não estava pensando direito… 

"Mesmo se estivesse a pessoa mais sóbria do mundo, eu ainda iria querer." diz baixo, o fuzilando com os olhos. Essa frase vem atormentando a minha cabeça o dia inteiro. 

Shindo começou a chorar. Você revirou os olhos com a palestrinha que sabia que ele iria dar. 

Por favor, me escute! ele implora se levantando para ir na sua direção. E-eu não estava pensando direito, tinha bebido vodkas misturadas com os meninos e aquela garota me arrastou para o estacionamento. Eu não queria… 

Você estava falando com lucidez. argumenta com calma, contendo a raiva na voz. Ela perguntou se você estava solteiro, e você respondeu que sim com muita calma. Disse que iria querer ficar com ela mesmo sóbrio. Não estava rindo e nem falando embolado como quando você realmente está bêbado demais. dá um suspiro de desgosto. Não adianta tentar se fazer de vítima. 

Estava tentando. Estava tentando mesmo não surtar e sair arremessando tudo de pesado que via pela frente em Yo ou tentar matá-lo. Mas uma angústia cada vez maior se formava no seu peito conforme os segundos iam passando, o olhando com uma mágoa e tristeza profunda nos olhos. 

Aquela calmaria toda sua estava o assustando. 

Me perdoa, por favor. ele choramingou se ajoelhando na sua frente, pondo a mão trêmula sobre uma das suas coxas. Eu sei que estou errado. Mas me perdoa, [Nome], por favor. Por favor. 

Você deu um suspiro quando ele encostou a testa na sua perna, fungando de forma chorosa como uma criança. Deu um gole fundo no chá amargo que já estava esfriando pela vontade súbita de vomitar que sentiu com aquilo. 

Eu tô implorando. Shindo murmura contra a sua perna. Me perdoa. Eu nunca mais vou fazer isso. Nunca mais saio sozinho. Você pode controlar os lugares onde eu vou, decidir se eu vou sair ou não… 

Não vou virar um namorado abusivo porque você não consegue guardar a língua na boca quando está bêbado. resmunga em resposta, apoiando a mão na cabeça. Saia daqui. 

[Nome]... 

Sai. 

Shindo soluçou tirando a testa na sua perna, te olhando com lágrimas descendo pelos olhos. O seu enjôo aumentou. 

Por favor. Me desculpa. Por favor. o moreno chia desesperado. Eu faço tudo o que você quiser. 

Saia daqui, Shindo. murmura em tom contido, olhando fixamente para um ponto específico da mesa transparente com os olhos nublados de raiva. Eu não vou tomar absolutamente nenhuma decisão agora, que estou querendo espancar você. Então sai

Ele suspirou, e tremendo, se levantou lentamente com o rosto todo vermelho. Ele tentou falar mais alguma coisa, mas a coragem morreu logo em seguida pelo olhar fulminante que você o lançou. 

O rapaz fechou as mãos em punho e saiu a passos lentos até a porta. 

Nós não vamos terminar. ele disse com uma convicção quase assustadora. 

Vá embora.você rosnou puxando alguns fios de cabelo mais forte do que deveria. 

O rapaz tremeu, passando pela porta com o corpo meio mole. Depois a fechou com um baque alto. Você virou o copo de chá inteiro na boca com os olhos lacrimejando e tentou não vomitar tudo de novo para fora. 

Uma dor de cabeça dolorosa se instalou no seu corpo. Ficou uns dez minutos chorando sentado na mesa com o copo de chá na mão. Depois, você se levantou sem limpar o rosto e foi para a sala, tentar terminar de fazer um trabalho que precisava entrar um dia depois de amanhã para tentar ocupar a cabeça. 

Também não ligou para ninguém, por mais que quisesse muito algum consolo. Mas a vergonha falava muito mais alto.

Então ficou sozinho, tentando não ter uma crise de choro a cada meia hora. Agradeceu por naquele dia nenhum dos seus amigos terem aparecido de surpresa ou algo assim, já que com certeza sairia contando tudo aos prantos para qualquer um que perguntasse se estava tudo bem. 

Não sabia e nem queria saber, sinceramente o que Shindo foi fazer. Se ele foi para casa, se foi procurar alguém para falar sobre isso ou até pedir ajuda aos seus amigos para tentar te convencer a não terminar com ele. 

Com certeza o mataria caso tentasse a última. Isso se eles não o matassem antes. 

Não queria ver a cara dele nem pintado de ouro. 

Então apenas ficou sentado no seu sofá comendo todas as besteiras que achou pelos armários, esperando o calmante que tomou fazer efeito. Já era quase meia noite e você simplesmente não conseguia dormir. 

Quando estava na parte mais chata de um filme de terror antigo, escutou umas batidas fortes na sua porta. Fez uma cara feia por saber exatamente quem era e ignorou. 

Mas aí as batidas voltaram, mais fortes e agressivas que o normal. Shindo ficou batendo com força na porta, e você se levantou com raiva antes que os vizinhos começassem a reclamar. 

Destrancou a porta com a feição desgostosa, que apenas piorou ao ver o rosto determinado do seu provável futuro ex. 

O que você quer? rosnou com cara de poucos amigos. É de madrugada. Vai embora. 

Nós não vamos terminar. Shindo respondeu com a voz embargada. 

Se eu quiser terminar com você, eu vou. rebate praticamente furioso. Agora vê se some daqui. 

O moreno fervilhou com a sua resposta, fechando as mãos em punho com tanta força que quase as feriu. Você estava para fechar a porta na cara dele quando Yo praticamente te atropelou para dentro do apartamento. 

Nós não vamos terminar! ele gritou alterado e ofegante, cambaleando levemente. Eu não quero! 

Você fechou a porta atrás de si com os olhos arregalados de surpresa e raiva, analisando Shindo com cuidado antes de surtar e sair no soco com ele a aquela hora da noite. 

Você bebeu, Shindo? perguntou contido, dando alguns passos cautelosos até ele. Por isso veio aqui assim? 

Não interessa, porra. o moreno rosna de volta. Eu não vou terminar com você. 

Tinha um cheiro estranho vindo dele. Um cheiro forte, que não era de bebida. Os olhos dele estavam vermelhos, e por um momento concluiu que não era de choro. 

Você está drogado? perguntou com cautela, formando careta enjoada no rosto. 

, caralho, e daí?! ele berra te fazendo se encolher de susto. Usei cocaína nas últimas três horas, sim! e daí?! 

Para de gritar! Para de gritar! repreende desesperado, dando um empurrão fraco nele. Quer que os vizinhos chamem a polícia?! 

Foda-se os vizinhos. o rapaz passa as costas da mão embaixo das narinas e funga baixo, te olhando. Vim aqui por sua causa. 

Com quem você estava usando drogas? Onde arrumou isso? 

Ele estava fedendo. 

Não interessa. Shindo dá de ombros com pouco caso. Eu não quero terminar. 

Eu não vou continuar com você. murmura, o olhando com cautela. Mas eu preciso te levar num hospital. 

Você vai sim. Yo arfa de ódio, se virando para você bruscamente. Nós não vamos terminar, caralho! Eu não vou pra porra de hospital! 

Shindo, você está alterado, para de escândalo! diz assustado. Os vizinhos vão chamar a polícia! 

Foda-se a os vizinhos! A polícia! Eu não vou terminar com você. Yo sibila dando passos bruscos para frente, ofegante de raiva. Nem fudendo. 

Ou o que você vai fazer? pergunta baixo, o olhando quase tão ofegante quanto o rapaz, mas de ansiedade. Vai me matar? Vai se tornar um ex maluco… 

O soco dele te silenciou, te fazendo cambalear para trás e quase bater o corpo na parede, com um filete de sangue escorrendo do nariz. 

Vou postar as suas fotos na internet. ele ameaça com a voz trêmula. Vou mandá-las para o grupo da faculdade, pros seus pais. Todo mundo vai ver. 

Você arfou pela dor no rosto, pondo a mão no nariz dolorido. Não havia quebrado, mas fez os seus olhos encherem d'água. Passou a mão embaixo do nariz, piscando de forma atordoada algumas vezes. Arfou antes o olhar de novo. 

Você não teria coragem. rebate com a respiração falha, o olhando quase abismado. 

Você vai mesmo duvidar de mim? Shindo ri sem humor, aprovando a sua hesitação. Vou mandar aquela porra para a sua mãe. Ela vai saber que é você pela sua cicatriz na perna. Todo mundo vai. 

Você só diz isso…  

Não. o moreno balançou a cabeça, com gotas de suor escorrendo pela testa. Termina comigo, [Nome], e amanhã o seu pau vai ser o maior assunto daquela faculdade. 

Você piscou, dando um suspiro silencioso quando desviou o olhar. 

Você é podre. sussurrou depois de uns segundos de reflexão. Nojento em tantos níveis que eu nem sei dizer. 

Shindo não se abalou com aquilo, porque ele tomou como uma desistência. Você estava tremendo de tanta raiva. 

Isso não vai ficar assim. gemeu passando as mãos pelo rosto, se desesperando internamente. Eu vou denunciar você- 

Denuncie. ele rebate com raiva. Mas a polícia vai demorar para te levar a sério ou pegar o meu celular. Um clique, e a sua vida vai acabar. 

Você é um filho da puta. murmura com descrença. Como eu nunca pude perceber essa sua falta de caráter? 

Se você tivesse dado um soco nele, Shindo teria se sentido melhor. 

É só você ficar comigo. Eu não vou fazer nada. ele choraminga deixando os ombros caírem. Mas eu não posso perder você. 

Você é nojento. Asqueroso. resmungou sentindo a garganta trancar. Eu não quero mais ficar com você. Eu não quero! Não vou ficar preso num relacionamento com alguém desprezível como você! 

Não fique. Shindo diz simplesmente. E amanhã todos vão saber porque eu te amo tanto. 

O seu rosto empalideceu quando achou que você fosse vomitar ali mesmo. 

Não. gemeu abraçando o próprio corpo, se amaldiçoando pela situação em que se meteu. Eu não vou aguentar. Não vou ficar com você. 

 Vai sim. — Shindo rebate. Nós só vamos terminar quando eu quiser. 

O seu estômago se embrulhou mais, prendendo o ar para não pôr tudo o que comeu no dia para fora bruscamente. As suas pernas perderam a força, caindo sentado no chão frio.  

Ele suspirou, agoniado em te ver naquele estado. Mas apenas começou a andar e saiu do seu apartamento fechando a porta. Você começou a chorar descontroladamente no chão da sala.  

Não se lembrava muito bem do que fez após isso, mas havia acordado na sua cama com um cobertor. Não tinha nenhuma memória de ter ido até lá para dormir, mas nunca se importou com isso. 

Deixou de se importar com muita coisa desde aquela noite. 

O seu amor por Shindo morreu naquele momento. 

Mas simplesmente não tinha para onde correr. Então nunca contou essa história para absolutamente ninguém. Denki, Mina, Sero, Jirou… nenhum deles sequer imaginava que o relacionamento de vocês não passa de uma farça. 

Shindo não "se tornou" um namorado agressivo ou abusivo, apesar daquele episódio. Ele te deu paz durante três dias, mas voltou a agir como se nada tivesse acontecido depois disso.  

Você se acostumou a fazer o mesmo. Não o amava mais, mas simplesmente não via uma forma de fujir daquilo. 

Se terminasse, ele postaria as suas fotos na internet. Se tentasse fazer uma denuncia, ele postaria antes da polícia conseguir fazer alguma coisa.  

Se não fosse pela sua cicatriz bastante característica na parte interna da coxa, que fez quando tinha quinze anos ao tentar pular uma cerca na fazenda dos seus avós, ele não teria como provar que era você, já que não mostrava o rosto em nenhuma das fotos. Eram apenas três. 

Três malditas fotos que te mantinham preso a ele. 

No início, olhar para Shindo te deixava totalmente doente de ódio e rancor, e ameaçava dizer que praticamente entrou em depressão. 

Sabia que ele continuava te traindo. Agora livremente e com muito mais frequência que antes, já que você não podia fazer nada. 

É óbvio que os seus amigos perceberam. Levou quase um mês para convencê-los que a sua constante expressão cansada e falta de vontade para fazer qualquer coisa não era nada demais. 

Mas se acostumou. Passou. 

Agora não sentia mais rancor nem raiva dele. Mas também não sentia absolutamente nada. Apenas o aturava e fingia que gostava dele. 

Nunca o perdoaria, mas sabia que não havia muito o que pudesse fazer pela situação. 

Você nunca traiu Shindo. Nenhuma única vez. 

Para quando conseguir dar um jeito de se livrar dele, não ter absolutamente nenhuma culpa no cartório. 

Disso, fazia absoluta questão. Não importava o quanto gostasse de Katsuki, não iria ter nada com ele até conseguir dar um jeito naquele encosto e poder se vitimizar o quanto quisesse.  

Não sabia a senha do celular dele, e nem conhecia ninguém que conseguiria hackear para apagar as fotos. Então apenas ia levando. Arrastando aquele namoro fodido até Shindo se cansar de você ou algo assim, por mais que o incubus insista tanto em dar um jeito de se livrar dele. 

Bakugou odeia Shindo, sabia disso. Se lembrava do surto que o demônio teve quando aquilo aconteceu, a forma como ele implorou de joelhos por permissão para matá-lo.

Naquela época, fazia quase um mês que recebia vistas dele. 

Era humilhante ficar naquela situação por ser um irresponsável. Se nunca tivesse mandado aquele tipo de fotos, isso não estaria acontecendo. 

Deu um suspiro fundo, dando outro gole lento na xícara de chá enquanto escutava o barulho do relógio na parede, aquele som constante parecia estar perturbando ainda mais a sua cabeça. 

Tic-tac. 

Tic-tac. 

Tic-tac. 

Tic-tac. 

Tic… 

Você deu um pulo assustado quando escutou um berro vindo do quarto, cambaleando até lá de forma quase desesperada pelo apartamento escuro. Quando abriu bruscamente a porta e acendeu a luz, arregalou os olhos ao ver o estado de Shindo. 

Ele estava completamente pálido, a blusa suada colada no corpo e vários fios do cabelo preto colados na testa enxarcada, os olhos lacrimejando e ofegante, como se tivesse tido uma visita do próprio diabo. 

— O que foi? — você perguntou na porta, ajeitando a postura. 

— Eu tive um sonho. — o moreno te olhou com o peito subindo e descendo pesadamente.

— Que sonho? — perguntou. 

Shindo continuou te olhando, passou a mão pelo rosto atordoado e olhou em volta do quarto atentamente, para confimar que aquilo havia sido apenas um pesadelo. O rapaz ficou em silêncio por quase um minuto. 

— E-eu… eu sonhei que uma pessoa estava me torturando. 

— Torturando? — você engoliu em seco. — Como assim? 

 — Sonhei que ela tinha arrancado os meus olhos com as mãos. — ele respondeu fazendo a sua respiração trancar. — Depois os jogou no chão. E eu fiquei vendo pelos meus olhos fora do corpo… — o rapaz engoliu em seco. — Ela começar a me comer. 

— Comer? 

— É. L-litealmente. — Shindo abraça o próprio corpo. — Arrancou a minha mandíbula com os dentes. Eu podia sentir dor, [Nome]... Eu… 

— Tá tudo bem. Foi só um pesadelo. — você murmurou andando até ele. — Tá tudo bem, Shindo. 

— Foi real demais. — ele se encolheu quando você se sentou na beirada da cama, os olhos estavam assombrados. — Eu podia sentir dor, agonia, como na vida real. Ele estava rindo enquanto arrancava pedaços do meu corpo com a boca, a minha pele tá formigando onde ele mordeu. 

— Foi só um pesadelo. — diz de novo, quase começando a suar frio junto a ele. — Você está bem. O seu corpo está bem. Vem, eu vou deitar com você. 

— Eu não vou dormir agora. — Shindo chia balançando a cabeça. — Ele disse que vai estar me esperando quando eu voltar. Que tem mais. 

— Como era essa pessoa? 

— Era um garoto. — ele responde pensativo e temeroso. — O cabelo loiro espetado e os olhos num vermelho vivo. Os olhos dele me deram muito medo. Ele tinha uma risada macabra. 

Você comprimiu os lábios com força quando desviou o olhar para conter um palavrão. 

— Está tudo bem. — diz tentando conter um tremor na voz. — Eu vou ficar com você. 

— Eu não vou dormir. 

— Tudo bem. Vamos para a sala assistir alguma coisa. 

O puxou com cuidado pelo braço, ajudando Shindo a ficar em pé, já que estava tremendo da cabeça aos pés. Foi andando com ele até a sala silenciosamente, ligando a televisão. 

— Foi só um sonho. — disse outra vez quando ele se sentou no sofá como um gato assustado. — Tá tudo bem, já passou. 

Yo não respondeu, encarando a televisão ligada sem esboçar nada. Ele continuava extremamente pálido. 

Você se sentou ao lado dele com um suspiro fundo, e não percebeu o quanto as suas mãos estavam tremendo. 

Apenas o gosto amargo na sua boca. 



Notas Finais


Esse foi o capítulo mais tenso que escrevi, por mais que tenha gostado. Ia ficar grande demais colocar mais coisas — é um verdadeiro saco ajeitar os capítulos pelo celular aqui. Enfim, eu espero sinceramente que tenham gostado, porque eu estou amei escrever essa fanfic para por um diferencial no perfil.

Até a próxima!


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