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História You're bruning up, I'm cooling down. - More than every living thing.


Escrita por: thai_stark

Notas do Autor


Esse foi um dos capítulos mais difíceis que tive que escrever nessa minha jornada enquanto escritora. Acredito que será também uma leitura difícil, mas peço para que leiam as notas finais antes de surtar hahaha

Capítulo 27 - More than every living thing.


Para Jon aquela viagem até a Muralha tinha tanto lados bons quanto ruins. A parte ruim era o fato de a neve cair sem cessar, a comida ser escassa e as dormidas inquietas. A parte boa era que a agitação era incapaz de mantê-lo entediado, o que o ajudava a pensar com menos frequência na guerra que se aproximava. Sansa não partilhava de sua opinião, no entanto. Havia falhado em sua tentativa de convencê-la a permanecer em Winterfell, então ela estava quase sempre com uma áurea de tristeza a rodeando. Era forte o suficiente para suportar, porém. Mesmo assim Jon não deixava de se preocupar.  

— Como se sente? — ele havia perguntado na manhã antes da partida. Observou-a morder um pedaço da pequena torta que era sua favorita. Sua esposa...

— Não me sinto tão bem assim em anos — ela afirmou. — Eu apenas não sei como agradecer o suficiente por tudo o que tem sido por mim, Jon. Nunca pensei que conseguiria sorrir novamente de forma sincera até o dia em que o revi... — Sansa colocou a comida de lado e se aproximou dele, tocando sua face com delicadeza. — É tão injusto que tenhamos que partir para uma guerra... — lamentou, baixando os olhos.

— Sobre isso... — ele começara. Tocou o queixo de sua esposa e ergueu a face dela para que pudesse mirar os dois lagos congelados que eram seus olhos. — Gostaria que ficasse aqui. — Jon estava sério. A face severa dos Stark e o olhar de superproteção que Sansa costumava receber de seu pai.

— Não. — sua esposa havia negado com veemência. — Não há nada que possa dizer que me fará ficar aqui. Não me peça isso. 

— Pode ser tão teimosa quanto Arya — reclamou. — É para sua proteção, Sansa. Não posso lutar uma guerra estando preocupado com você. Prometi que iria protegê-la. Apenas...

— Não. — ela insistiu, inflexível. — Posso me proteger sozinha. — não era uma verdade completa e ele sabia daquilo. — Eu irei. Não há discussão.

Jon se deu por vencido. Era difícil convencer um Stark do contrário caso ele já tivesse feito sua cabeça sobre algum assunto. Ele sabia daquilo porque também era tão teimoso quanto.

— Não posso perdê-la, Sansa. Não agora.

— Não posso perdê-lo também. — ela então havia se inclinado para beijá-lo nos lábios, um toque delicado e Jon não encontrou forças para continuar insistindo.

Uma parte dele havia se iluminado quando ela se negou a deixá-lo ir sozinho. Embora milhares de sinais tivessem soado em sua mente o alertando de que era uma ideia ruim, Jon também partilhava do lamento de Sansa. Haviam acabado de se casar e não poderiam desfrutar de uma vida tranquila de marido e mulher. Ao invés disso, marchavam para cada vez mais perto do desconhecido. A incerteza sobre os acontecimentos do futuro era algo que o perturbava profundamente.

A maior parte dos seus dias era preenchida por reuniões a respeito de estratégias de batalha. Foi em um desses dias que Daenerys Targaryen chegou até ele junto de Tyrion Lannister. Eles eram acompanhados por homens dothraki de peles bronzeadas e cabelos compridos, Jon notou o quanto eles lutavam contra o frio quando percebeu o excesso de roupas que vestiam. Carregavam consigo vários baús largos e de aparência pesada, muito parecidos com o que Dany havia lhe dado como presente de casamento. Ali encontrou não apenas obsidiana, mas inúmeros vidros de fogovivo. Jon estremeceu quando o duende lhe contou sobre o conteúdo dos frascos. O líquido brilhava verde e vibrante quase sendo capaz de hipnotizá-lo. Jon se questionava como algo tão bonito poderia ser tão devastador. As coisas mais belas são também as mais perigosas.

— Não há controle sobre o fogovivo, Tyrion. — Jon falou alarmado. — Eu não acho que devemos usá-lo.

— É uma medida desesperada, sim. Mas fui capaz de proteger Porto Real de Stannis usando o fogo e Cersei... Bem, você deve ter ouvido sobre o Septo de Baelor.

— É isso o que me preocupa — a imagem que Jon havia formado da explosão do septo era quase desoladora. Podia quase ouvir os gritos mesmo que nunca estivesse estado lá de fato.

— É apenas em caso de o fogo de meus dragões não ser o suficiente. Não acredito precisaremos recorrer a isso... — Daenerys havia falado. Jon notou que ela também não estava confortável com a ideia. Preferia o fogo que podia controlar. E, de certa forma, ele também. A falta de controle era uma das coisas que ele mais temia.

Por isso, quando seus dragões estavam caçando e Daenerys não precisava vigiá-los, ela havia lhe ensinado palavras chave como dracarys, que era “fogo de dragão” em alto valiriano. Segundo ela, os dragões encaravam a palavra como um comando e só então cuspiam seu fogo. Não se atreveu a usá-la quando ficou de frente para Rhaegal, no entanto. A besta era deslumbrante, praticamente arrebatadora. Não era capaz de descrever toda a adrenalina que seu corpo sentiu quando o tocou pela primeira vez. Era como se estivesse enfim se conectando às suas raízes Targaryen. Como se finalmente o fato de ser filho de Rhaegar tivesse se tornado evidente e sentido que o sangue de dragão corria nas suas veias. Até então, sua origem era apenas uma história que não o tinha afetado por completo. Porém, quando passou os dedos sobre as escamas sólidas e cálidas, diferente do temor que sentiu quando tocou Drogon, Jon conseguiu reconhecer o quão abrasador seu sangue era, podia quase senti-lo queimar por dentro. Conseguia até ver Dany como sua tia e havia passado a admirá-la com o tempo. Assim como Sansa teve que aprender a ser uma mulher antes que pudesse se acostumar com a ideia de ser uma garota. Ambas com inocência roubada tão cedo.

De todos esses dias, poucos eram os conflitos que tinha que intervir. Na maioria das vezes apenas algum tipo de choque cultural, principalmente quando se tratava dos dothraki e do povo do sul que tinham costumes tão distintos. Exceto por isso, no máximo tinha que decidir sobre alguma provisão a ser racionada. Porém, naquele dia, quando acabara de sair de uma reunião enfadonha onde mais uma vez Manderly e Glover discordavam sobre um assunto banal apenas pelo prazer de discordar, e foi procurar sua esposa, sentiu ódio como poucas vezes lembrava-se de ter sentido em sua vida. Encontrou Sansa gritando enquanto a sacerdotisa de R’hllor que havia vindo das cidades livres com Daenerys lhe sussurrava algo aos ouvidos. Só havia visto Sansa tão transtornada uma vez. O dia em que ele havia voltado do Gargalo e a encontrou após ter sido assediada por Mindinho. Jon desejara nunca mais vê-la daquela forma. Porém sua esposa parecia não estar ali de verdade. Jon sentiu medo porque quando olhou seus olhos azuis sentiu a mesma sensação de quando havia mirado os olhos vibrantes de um Caminhante Branco pela primeira vez. Sua única reação foi empurrar Kinvara para longe com um golpe que mais tarde julgou ser excessivo e abraçou Sansa com tanta força que quase a sentiu se quebrar em seus braços.

Ela o havia abraçado quase que com a mesma intensidade, um vigor que Jon sentiu ser um ato desesperado em busca de proteção, conforto. Lembrou-se do dia em que haviam se reencontrado. Naquela ocasião, quando se viram, correram para os braços um do outro como se fossem as únicas pessoas vivas em Westeros. Era algo semelhante. Eram os últimos membros da família que tinham certeza estar vivos. Naquela época Sansa tinha os olhos inexpressivos e vazios. E foi com aquele mesmo vazio que ela lhe disse algo que o perturbou como nada antes.

— Todos nós vamos morrer. — sua voz parecia uma marcha fúnebre. Quase como um cântico, um presságio de finamento.

Ele a levou para a sua tenda a fim de fica sozinho com ela. As pessoas se acumulavam curiosas e o instinto principal que vibrou por seu corpo foi a necessidade de mantê-la segura. Mas cada fibra sua e cada pensamento que pulsava em sua mente o faziam sentir que não seria capaz de salvá-la. Sentia a impotência correr dentro de si de forma que se sentiu quase se afundando nela. Sansa parecia uma carcaça sem vida. Jon percebeu que todas as suas ações eram pura inércia. E quando começou a falar ele simplesmente permaneceu imóvel ouvindo. Não encontrou dentro de si qualquer resquício de força que o fizesse protestar. Queria gritar, mas todas as palavras estavam presas em sua garganta e se sentia tão abarrotado que por um instante pensou que pudesse explodir.

— Ela me disse que tenho que morrer. Você tem que me matar, Jon. — aquilo foi como o golpe final que precede ao óbito. Como o último suspiro desesperado que se dá antes de a vida se esvair completamente. Ele conhecia a sensação.

— O que... — Jon murmurou, desolado. — Não... — formar sentenças se tornou uma atividade tão difícil que simplesmente não conseguiu dar sentido a frase alguma que tentou dizer. Tudo o que sabia era que um sentimento de negação crescia cada vez mais dentro de si, criando raízes tão profundas que se ouviu dizer não tantas vezes que não conseguiu contar. — Não.

— Jon, me escute, me escute. — ela tomou a face dele nas mãos e o encarou. Jon sentiu-se tão perturbado que a s lágrimas não demoraram a jorrar. Quando percebeu que aquela situação não era apenas uma brincadeira sem humor, quando tomou consciência de que Sansa falava sério, sua única vontade era a de chorar.

— Pare de dizer isso! — havia gritado, mas, de novo, não conseguiu tomar controle dos próprios sentidos.  

— Você precisa fazer, Jon. Precisa. — naquele momento Sansa também chorava.

Não.

E então a memória de Jon se tornou flashes disformes. Lembrava-se de tê-la deixado sozinha na tenda. Prometera a si mesmo que nunca mais fugiria de nada, mas ali estava ele fugindo das palavras de Sansa. Estava exausto. Para ele era completamente inaceitável o que ela estava propondo. Matá-la? Como? Com que coragem? Havia sido obrigado pela vida a se tornar um homem forte, mas para aquilo se via sem forças. Complemente fraco. Jamais a mataria, jamais seria bravo o suficiente. Mesmo que aquilo custasse todas as vidas existentes.

E como se tivessem se passado anos, ele já estava na Muralha e recordava de ter uma discussão calorosa com Sansa mais uma vez. E logo depois a face de Arya lhe surgiu como um borrão prometendo que tudo ficaria bem.

E depois viu sangue. Um vestido de sangue escarlate e vibrante dançando como seda no vento quando ele acertou Melisandre com um soco. Jamais se imaginara batendo em uma mulher. Mas lembrava-se de sentir tava raiva que o único modo de canalizar aquele sentimento de compulsão seria descontando em quem ele julgava responsável por aquela situação.  

Então foi a vez de Daenerys intervir lhe dizendo que ele não tinha escolha. Que a profecia deveria ser cumprida, ele e ela, juntos. Marcados por fogo e sangue oferecendo um sacrifício ao Deus da Luz para que R’hllor os desse o poder de acabar com a grande noite. Mas para ele o sacrifício seria apenas seu. O que Daenerys tinha a perder com aquela situação?

Se ela cede o fogo, você cederá o sangue.

E então já era noite e uma grande fogueira queimava. Jon segurava garralonga na altura do fogo e sua espada parecia reluzir em chamas enquanto bebia a luz. Rhaegal estava ao seu lado e respirava tão profundamente que sentia o chão sob seus pés vibrar. Quando olhou para frente viu Sansa lhe encarando com seus dois olhos de inverno, tão frios que Jon duvidou que algum dia seu corpo havia sentido calor, .

— Está tudo bem — ela falava, as lágrimas que corriam por sua face desenhavam o contorno de sua bochecha, mas ela continuava a repetir que tudo estava bem. — Tudo ficará bem.

Como se não tivesse controle algum sobre suas ações, Jon se viu fincando a espada no peito dela. Tão fundo que a atravessou. Quando ela caiu em seus braços, sorrindo um sorriso vermelho e assustador, só conseguiu ouvi-la dizer:

— Mais do que todas as vidas no universo.

Como que despertando de um transe, ouviu um uivo ecoar tão melancólico que quando procurou de onde vinha o som, sentiu-se desolado. Fantasma..., sussurrou. Mas seu lobo não estava em lugar nenhum.  

— Não! — o uivo passou a ter uma companhia sonora. Um grito tão agudo e sofrido que Jon cedeu e caiu de joelhos no chão, fraco. — Não! Não! — e então viu vultos correndo em sua direção.

Um cinza e um cobre.

O que?... foi a última coisa que pensou antes de tudo apagar.


Notas Finais


Primeiro queria pedir perdão por qualquer erro que tenha deixado passar, eu leio e releio meus capítulos várias vezes antes de postar, mas nesse caso eu não consegui ler mais de duas vezes haha
Eu sei que vocês devem estar querendo me matar, que devem estar triste e bravos, consigo entender a dor e a revolta!
Quero acalmar vocês e dizer que esse acontecimento não será tratado de maneira tão fria quanto foi nesse capítulo, acho que com a visão que escolhi pro momento, ele só poderia ter saído dessa forma, mas o próximo será bem mais sensível e irei aprofundar melhor tudo isso.
E, mais importante, CONFIEM EM MIM. Por favor haha
E não me abandonem! Irei postar o próximo capítulo amanhã sem falta, quero deixar vocês digerirem a informação um pouco.
Beijos e muito obrigada por estar me acompanhando, peço que continuem! <333


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