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História You're My Home - Confusão


Escrita por: anagranger

Notas do Autor


Boa tarde, galera!!!
Desculpa de novo pela demora, mas eu tava meio atolada de trabalhos da faculdade para fazer!!! (Sim, nas férias meus professores passaram trabalho, deu até raiva!!)
Mas enfim, estou de volta, e com um capítulo que deu mta dó da Camz, eu espero que vocês gostem, de coração!!!

Capítulo 11 - Confusão


Fanfic / Fanfiction You're My Home - Confusão

Camila’s POV

 

Eu confesso que ver minha professora deixando a sala após o nosso beijo me deixou ainda mais sem chão do que o beijo propriamente dito.

Ok. Foi o meu primeiro beijo. E sim, você pode pensar: “Nossa, ela tem 17 anos e nunca beijou ninguém?”. Mas é que eu simplesmente nunca tinha encontrado ninguém especial o suficiente para dividir esse momento.

Enquanto dançava com Shawn, no baile, e ele se aproximou com o intuito de me beijar, eu estava um pouco confusa com tudo o que ele falara, mas pensei em me entregar no momento, e ter com ele o meu primeiro beijo. Ele é meu melhor amigo, e sem dúvida seria especial viver esse momento com ele.

Mas, de repente, em questão de minutos, o meu mundo virou de cabeça para baixo, quando subitamente Lauren praticamente me arrancou dos braços de Shawn, me levou para dentro do vestiário e, sem muitas palavras, me beijou.

Quando eu senti os lábios dela nos meus eu fiquei assustada. Minha cabeça e o meu coração entraram em uma espécie de transe e eu, sem conseguir pensar, e sendo guiada pelo desejo que sentia, correspondi ao beijo.

Rápido demais ela me soltou e eu lentamente saí do meu transe com a minha cabeça já trabalhando à mil:

O que foi isso? Por que ela me beijou? O que vai acontecer agora?

Mas o meu coração parou e minha cabeça girou ainda mais rápido, quando ela, após um pedido apressado de desculpas, se virou e saiu da sala, me deixando ali sem saber o que fazer ou o que pensar.

Depois de alguns minutos eu resolvi que deveria sair daquela sala, afinal, não poderia me esconder ali para sempre.

Quando voltei ao salão inconscientemente varri o local com os olhos, à procura de Lauren, mas não a encontrei em lugar nenhum. Ao invés disso, vi Shawn vir sorrindo ao meu encontro. Me forcei a sorrir para ele.

- Eu te procurei em toda parte. – Ele falou quando se aproximou: - Conseguiu resolver o problema?

Eu apenas concordei com a cabeça.

- Então... é... bem... – ele parecia envergonhado, e eu sabia porque, mas eu não queria continuar com o assunto, não com a minha cabeça do jeito que estava, então eu o interrompi.

- Shawn, eu estou com um pouco de dor de cabeça. Deve ser por conta da música alta. Se importa se formos embora?

O sorriso dele murchou por alguns instantes, mas logo voltou ao seu rosto:

- Claro, Mila, podemos ir. Só vamos avisar a Ally e o Troy. Sabe como a baixinha é. Se sumirmos sem avisar ela surta.

Eu concordei, sorrindo fraco e o acompanhei para dentro da pista de dança, onde Troy e Ally ainda se divertiam. Nós nos aproximamos.

- Ei, casal, nós estamos indo, a Mila não está se sentindo bem. – Shawn esclareceu, falando um pouco alto, devido à música alta e agitada que tocava.

Ally me olhou preocupada, e eu tratei de esclarecer:

- É só uma dor de cabeça, amanhã já estarei melhor.

- Acho bom mesmo, amanhã temos que vir cedo limpar o ginásio, lembram?

Shawn assentiu e eu soltei um gemido de frustração que ninguém ouviu devido ao barulho.

É claro que eu sabia que teria que encontrar com a Lauren em algum momento, afinal, ela ainda é minha professora, mas porque teria que ser tão rápido? Eu ainda nem sabia direito o que pensar sobre o beijo. E não sabia nem como seria a nossa relação a partir de agora. Mas eu não poderia adiar o nosso encontro.

Eu e Shawn confirmamos com Ally que estaríamos ali na manhã seguinte e nos despedimos dos nossos amigos.

Durante o trajeto até em casa nós ficamos em silêncio. Shawn se concentrava no caminho e parecia preocupado em não me incomodar. Eu, no banco do passageiro, deitei minha cabeça na janela e, inconscientemente, deixei meus pensamentos voltarei ao beijo, e na sensação de ter os lábios de Lauren sobre os meus.

- Mila! Mila! Nós chegamos! – Shawn sussurrou ao meu lado. Ele me tocava ainda preocupado comigo. Percebi que estávamos em frente à casa e voltei a encará-lo, de repente, tomada pela culpa de ter estragado a noite dele.

- Shawn, me desculpa, por ter estragado sua noite. – Me desculpei e ele me olhou confuso: - Ter feito você voltar mais cedo e... bom... por todo o resto.

Eu me senti ficar vermelha e ele não estava muito melhor que eu, mas ainda tentou me tranquilizar.

- Calma, Mila, você não estragou minha noite, de forma alguma. Eu ainda não consigo imaginar ninguém melhor para ser minha companhia. – Ele tocou meu rosto. – Com relação a todo o resto, nós ainda teremos tempo para conversar. Não se preocupe.

Ao ouvir as palavras dele meu estômago se contorceu, incomodado. Ele se aproximou e beijou minha bochecha.

- Até amanhã. – Falou.

- Até amanhã. – Respondi, descendo do carro.

Caminhei até a porta de casa e só quando entrei Shawn arrancou com o carro.

Quando entrei percebi que apesar das luzes apagadas, havia iluminação na sala e percebi o som da TV.

Droga! Meus pais ainda estavam acordados, aparentemente assistindo um filme.

Não deu outra. Quando entrei na sala, percebi os dois sentados no sofá, abraçados, com uma manta os cobrindo. Por um momento eu esqueci de todos os eventos da noite e apenas os observei. Eu sempre desejei ter um relacionamento como o deles. Não era perfeito, claro, eles tinham os momentos deles, discutiam e implicavam um com o outro, mas estavam sempre juntos e apoiavam um ao outro. Era possível enxergar o amor entre os dois. Eu só queria encontrar uma pessoa com quem pudesse viver algo semelhante.

Meu pensamento foi interrompido pela voz da minha mãe:

- Chegou cedo, filha. Aconteceu alguma coisa?

Os dois me encaravam.

- Nada de mais, mama. Apenas uma dor de cabeça, por conta da música alta, então resolvi vir embora.

- E o Shawn? – Papa perguntou.

- Ele não se incomodou, papa. Sabe como ele é. – Respondi.

- Vocês deviam namorar. – Mama falou vagamente. – Ele é um bom rapaz.

Ela sempre falava isso, mas, mais do que nunca, essa frase me incomodou.

- Eu sei que sim, mama, mas somos apenas amigos. – Dei minha resposta de sempre. – Eu vou subir. Vou deixar vocês terminarem o filme de vocês.

Me aproximei, deixei um beijo nas bochechas deles, e subi.

Tomei um banho, com meus pensamentos indo de Shawn à Lauren. Pensava no meu amigo, e na conversa eminente que teríamos sobre os sentimentos dele por mim. Eu amo o Shawn como a um irmão, e não sei se é certo tentar algo com ele, sem saber se consigo mudar isso que sinto. Mas ao mesmo tempo não quero magoá-lo, e sei que o rejeitar resultaria nisso. E além de tudo, agora tem Lauren.

Quer dizer, o que exatamente tem a Lauren, eu não sei. Ela me beijou daquele jeito e depois saiu correndo, e eu não sei exatamente o que concluir sobre isso. Não sei como será a nossa relação a partir de agora. Ela sempre se mostrou aberta comigo, inclusive para conversarmos fora da sala de aula, e ser uma espécie de amiga, mas agora tudo estava confuso para mim.

Eu nunca havia imaginado passar por algo do tipo. Eu confesso que em alguns momentos senti algo estranho perto dela, coisas que eu não tinha sentido antes por ninguém, mas intimamente atribuía essas sensações a beleza que ela exala. Não imaginava que ela poderia agir da maneira como agiu.

Coloquei um pijama folgado, e me deitei. Me forcei a fechar os olhos, mas quando o fiz a primeira coisa de que lembrei foram os verdes intensos de Lauren. Abri os meus novamente, encarando a escuridão do meu quarto, me perguntando o que seria de nós agora.

Depois de revirar na cama por horas eu decidi que não importava o que viria a seguir eu agiria com Lauren da mesma forma com que ajo desde que a conheci. Até porque, e forcei minha mente a lembrar disso várias vezes durante a madrugada, ela continua sendo minha professora.

No outro dia acordei cedo, mesmo sendo domingo, já que deveria ir ajudar na limpeza do ginásio.

Logo Ally passou em casa para irmos juntas.

- Está tudo bem? – Ela perguntou assim que entrei no carro. – Você ainda parece um pouco cansada, e olha que você e o Shawn foram embora cedo.

- Eu não consegui dormir direito. – Falei breve e me sentindo um pouco mal.

Caramba, a Ally é minha melhor amiga desde que eu nasci, está comigo em todos os momentos, e eu acabei de dar o meu primeiro beijo e não vou contar para ela, por que este bendito beijo foi na nossa professora de Literatura. Eu sei que posso confiar na Ally, mas sei também que ela surtaria, primeiro com o fato de eu ter beijado uma mulher, não que ela seja preconceituosa, mas nós nunca conversamos sobre o assunto; e segundo, por ser nossa professora, uma mulher mais velha, que havia me beijado no local de trabalho dela. Por isso, achei melhor manter o acontecimento fora do conhecimento da minha amiga.

Nós seguimos para a escola com Ally me contando o que havia acontecido depois que eu e Shawn deixamos a festa. Eu não prestei muita atenção, porque a medida que nos aproximávamos da escola, eu ficava ainda mais nervosa com o encontro eminente com Lauren.

Não importa quantas vezes eu repetisse que manteria nossa relação da mesma forma que sempre fora, eu ainda assim estava nervosa com o que poderia acontecer.

Entramos no ginásio que já estava um pouco cheio, e eu olhei imediatamente para o local onde a senhorita Kordei e Lauren estavam trabalhando. O olhar de Lauren estava em mim, e percebi que ela tampouco parecia ter dormido. Esbocei um sorriso para ela, mas senti meu coração pesar quando ela me olhou séria e simplesmente se virou, sem me dar a mínima atenção. Eu entendi o recado. Havia sido ingênua ao pensar que as coisas se manteriam iguais. Ela queria distância de mim. Talvez achasse que havia cometido um erro, ou tivesse medo de que eu contasse para alguém e a colocasse em problemas. É claro que eu nunca faria isso, eu sei bem o que uma acusação como essa causaria na vida dela.

No decorrer da manhã e no início da tarde nós trabalhamos duro para arrumar tudo no ginásio. Eu procurei me distrair com o trabalho, mas de tempos em tempos eu sentia o olhar de Lauren sobre o meu.

Enquanto eu limpava as arquibancadas, Shawn se aproximou de mim:

- Ei, Mila, está melhor?

- Estou sim. – Respondi.

- Eu fico feliz que tenha melhorado. – Ele sorriu sincero. – Bom.. ahm, eu estava pensando, como nós não terminamos a nossa conversa ontem, eu pensei se você não queria sair comigo essa semana, para podermos conversar.

Ah não! Ele não pode fazer isso comigo. Eu adoro ele. E ele está me chamando para sair. Eu não posso falar não para ele, mas também estou nessa confusão comigo mesma, pensando a toda hora no beijo da Lauren, que aparentemente não quer nem olhar na minha cara. Shawn está me metendo numa bela encrenca.

- Tipo um encontro? – Perguntei sem pensar.

Ele ficou um pouco vermelho.

- É... é... tipo um encontro. – Ele respondeu inseguro.

Ok, eu não posso dizer não para ele sem ao menos dar uma chance de tentar mudar o que eu sinto. Mas eu sei que também devo ser sincera com ele, e não dar falsas esperanças.

- Eu aceito. – Falei sorrindo fraco.

Ele me olhou um pouco espantado, mas também feliz. Eu conseguia ver isso nos olhos dele.

- Pode ser na sexta? Nós podemos ir naquela lanchonete que você gosta. É um bom lugar para conversarmos.

- É sim. – Eu concordei.

- Eu passo na sua casa te pegar, as oito.

Eu concordei de novo com a cabeça pensando no quanto meus pais ficariam felizes. Shawn se afastou sorrindo e eu olhei por cima do ombro dele, apenas para ver os olhos verdes nos observando. Desviei rapidamente o olhar e continuei com o meu trabalho.

Quando terminamos o trabalho, já a tarde, eu voltei para casa e procurei passar o máximo de tempo possível brincando com Sofia. Minha irmã me distraía dos meus pensamentos, e eu, durante um período esqueci de tudo o que havia acontecido no fim de semana.

Como nem tudo são flores, na segunda eu tive que voltar para a escola, e consequentemente para a minha aula de Literatura Inglesa.

Quando entrei na sala, passei reto pela mesa da professora e me dirigi ao meu lugar no fundo da sala. Ela logo começou a aula, explicando o conteúdo do dia, falava normalmente com toda a classe e eu procurava prestar atenção. Notei, no entanto, que ela evitava olhar para o meu lado da sala, e procurei ficar em silêncio, copiando as anotações do quadro, ao contrário das outras aulas, onde sempre dava procurava debater com ela as leituras feitas. Até Ally percebeu minha mudança de atitude. Mais ou menos no meio da aula ela perguntou baixinho:

- Mila, está tudo bem?

Eu concordei com a cabeça.

- Você está calada. Normalmente adora debater com a senhorita Jauregui.

- Eu só não tenho nada para falar hoje, só isso. – Respondi.

Ally não pareceu convencida, mas voltou a prestar atenção na aula.

No final da aula alguns alunos sugeriram a leitura de O Morro dos Ventos Uivantes e a professora concordou, recomendando que começássemos a leitura no livro.

Ótimo! Um romance! Vou ser obrigada a ler um romance para discutir com a professora que me beijou e que aparentemente não fala mais comigo, mas continua me olhando. Obrigada universo!

Descontei minha raiva no universo em pensamento, e quando o sinal bateu saí rapidamente da sala, enquanto a professora apagava o quadro.

Nos dias que se seguiram o universo continuou mostrando que me odiava definitivamente. Não existe outra explicação para o fato de que onde quer que eu fosse dentro da escola encontrasse com Lauren, e ela, é claro, fazia questão de continuar me ignorando.

Eu não nego que doeu todas as vezes que ela me viu no corredor e fez questão de fingir nem me ver ali. Poxa, ela foi o meu primeiro beijo, é óbvio que vou lembrar dela para sempre. E me parece irônico que, depois de esperar tanto tempo por alguém especial, meu primeiro beijo tenha acontecido justamente com aquela babaca, insensível.

E o pior ainda estava por vir.

Na quinta-feira depois do intervalo eu e Ally estávamos esperando pela nossa aula de Biologia que fazíamos juntas, quando o senhor Jensen apareceu para avisar que o senhor Morrison nosso professor não iria dar aula, pois havia ido para um congresso de Biologia em outra cidade. Ele falou também que os alunos que teriam Geografia com a senhora Gonzáles estavam dispensados, já que ela também não daria aula hoje. Era o meu caso e de mais uns dez alunos daquela turma, mas não era o caso de Ally, então eu me despedi da minha amiga que ainda teria que esperar pela próxima aula.

Estava caminhando tranquilamente para a saída da escola, havia ficado para trás dos meus colegas, já que ainda havia ficado conversando com Ally e depois parado para beber água. Havia acabado de passar pela porta da biblioteca quando ouvi aquela voz rouca me chamando:

- Senhorita Cabello!

Eu me virei assustada por ela de repente vir falar comigo e gaguejei um cumprimento qualquer.

- Onde está indo? – Ela perguntou.

Expliquei rapidamente minha falta de aulas, me perguntando o porquê de isso interessar a ela.

- Nós podemos conversar? – Ela me pegou de surpresa e eu apenas assenti, sendo guiada depois para a sala dela.

Assim que chegamos na sala e ela fechou a porta. E não esperou muito para começar a falar.

Ali, sentada na mesa, como costuma fazer durante as aulas, ela me pediu desculpas pelas atitudes impensadas dela e por fim usando aquele tom frio, de quem não se importava nem um pouco com o que eu sentia, ela disse:

-Eu não deveria ter agido daquela maneira. Nem eu sei o que me levou a tomar aquela atitude. Eu só espero que isso não afete nossa relação profissional, aqui na sala. Aquilo foi um erro, que deve ser esquecido, e nunca mais ser repetido. Espero que isso tenha ficado claro.

Então é isso. Não que eu já não desconfiasse que para ela não passava de um erro, mas ela precisava usar aquele tom para falar, de que para ela tanto faz como tanto fez ter me beijado? Porra, foi o meu primeiro beijo, tá certo que ela não deveria saber disso, afinal, hoje em dia, é muito difícil encontrar uma garota de 17 anos que nunca tenha beijado. Mas poxa, eu era assim, porque achava que isso devia acontecer com alguém especial. E, por fim, aconteceu com alguém que nem se importa.

Eu seguirei minhas lágrimas, para manter ao menos o mínimo da dignidade. Pedi para sair e ela concordou, mas não sem antes dar o golpe final:

- Senhorita Cabello! – Eu me virei para olhá-la. - Eu também devo pedir que a senhorita não comente sobre isso com ninguém. Eu não perderia apenas o meu emprego, mas também a minha profissão e a minha credibilidade.

Era isso! Tudo o que importava para ela era o emprego, e a reputação que ela possuía, e que com certeza perderia se eu desse com a língua nos dentes. Foi por isso que ela decidiu ter essa conversa comigo. Por medo. Se não fosse o medo de que eu falasse para alguém ela com certeza continuaria me ignorando e nem aquela conversa ridícula nós teríamos tido.

Doeu ouvir aquilo, mas eu também senti raiva, por ela ter me usado de uma maneira inconsequente, sem pensar nos atos dela.

Reunindo as forças que eu tinha falei de um modo firme:

- Pode ficar tranquila, senhorita Jauregui. Eu não comentei nada com ninguém, e nem pretendo comentar. Não quero te causar problemas.

Eu saí da sala, e foi quando saí que percebi que a dor era maior do que a raiva, pois não consegui dar nem um passo antes de começar a chorar, e foi pensando que ela poderia sair da sala e me ver ali que eu saí correndo, e me enfiei no banheiro mais próximo que eu consegui, sem nem ao menos ver se tinha alguém ali.

Foi quando eu comecei a soluçar que eu percebi uma das cabines se abrindo e para minha total surpresa foi Ally quem saiu dali.

- Mila! – Ela me olhou preocupada e veio me abraçar.

Eu nem esperei ela chegar perto de mim, corri pro seu abraço colocando minha cabeça no seu peito. Ela se contentou em afagar os meus cabelos e sussurrar no meu ouvido: “Vai ficar tudo bem! Vai ficar tudo bem!”.

Ficamos assim por uns cinco minutos até que meu choro se acalmou e ela falou:

- Vamos embora, no caminho você me conta o que aconteceu.

- Ally, v-você ainda t-tem aula. – Falei soluçando.

- Não importa. Você precisa de mim, e não senhor Jensen nenhum que me faça assistir aula com você nesse estado. – Ela falou decidida e eu agradeci mentalmente por ela ser incrível. Ela pegou nossas mochilas do chão e falou. – Lava o rosto que a gente vai ter que dar uma desculpa para a Moralez.

Eu lavei o rosto e nós saímos do banheiro, Ally levando as nossas mochilas, paramos em frente a sala da direção e Ally bateu na porta.

- Pode entrar – ouvimos a voz da diretora.

Ally colocou a cabeça para dentro:

- Olá diretora, desculpa incomodar, mas a Camila não está passando bem, e eu queria uma autorização para levar ela embora.

Ouvi a diretora se levantar e abrir o restante da porta, e nos olhar:

- O que ela tem? E porque eu deixaria a senhorita faltar aula para levá-la embora, senhorita Brooke?

- Ela vomitou no banheiro, umas duas vezes, deve ser algo que comeu. E bom, não é bom deixar uma pessoa doente andando por aí sozinha. Como fui eu estou de carro, é mais fácil para eu levá-la embora.

A senhora Moralez me analisou e deve ter concluído que eu pareço mesmo doente, porque falou:

- Vou assinar a autorização de vocês.

Ela entrou na sala e trouxe a autorização, para que o senhor Jensen nos liberasse. Claro que o homem checou a folha umas dez vezes antes de concluir que a assinatura era verdadeira. Mas por fim, eu e Ally conseguimos sair para o estacionamento.

Nós entramos no carro e ela logo deu partida seguindo o caminho da minha casa.

- Eu não quero ir para casa, Ally. – E era verdade. Minha mãe não tinha um horário fixo no trabalho, dependia dos seus clientes para trabalhar, então eu nunca sabia quando ela estaria em casa ou não. Era melhor não arriscar.

- Tudo bem. – Minha amiga falou. – Eu já sei onde a gente pode ir para conversar.

Algum tempo depois ela parou o carro próximo a um parque. O parque que eu costumo vir com Sofia. O mesmo parque onde eu havia encontrado com Lauren.

A vontade de chorar me veio de novo com a lembrança, mas eu me recompus e segui minha amiga até uma árvore. Ela se sentou no gramado, na sombra da árvore e eu me sentei ao seu lado.

- O que aconteceu? – Ela perguntou.

Eu suspirei, sem saber por onde começar. E eu sei que havia prometido à Lauren que não diria nada a ninguém, mas quer saber, a Ally é minha melhor amiga e eu nunca escondi nada dela, e não é agora que vou começar a esconder.

- Eu não sei por onde começar Ally. – Confessei.

- Eu vou te ajudar. – Ally falou. – Por que não começa pelo Shawn?

Eu olhei para ela espantada.

- Como você...? – Minha voz morreu no meio da pergunta.

- Ele contou para o Troy, que acabou comentando comigo. Vocês têm um encontro na sexta. Confesso que me incomodou o fato de você não ter me contado e eu ter ficado sabendo pelos outros, mas enfim, eu entendo que você deve ter seus motivos.

Eu a olhei que vi que ela estava sendo sincera. Apesar da magoa ela respeitou o meu espaço.

- É verdade. Ele se declarou para mim no baile, e eu simplesmente não soube como reagir. Ele é meu melhor amigo, Ally, o irmão que eu nunca tive. Eu não quero magoá-lo. Mas eu não sei se consigo vê-lo como outra coisa além disso.

- Eu sei o que você está falando. O Shawn é meu melhor amigo também, Camila, meu irmão. E eu não quero ver ele machucado, e nem você. Mas, sabe, minha opinião de amiga, ele é um bom garoto, compreensivo, educado, dedicado, inteligente, com um futuro brilhante pela frente, e acima de tudo, ele gosta muito de você, e sempre esteve do seu lado. Nenhum outro garoto teria aguentado a friendzone por tanto tempo, e ele aguentou. Esperou o momento que achou certo para tentar te conquistar. A pergunta é: você está disposta a enxergá-lo de outra forma?

Eu pensei por alguns momentos. Eu pensei que sim, eu poderia tentar. Mas então, os olhos verdes vieram à minha mente e eu fraquejei na minha resposta.

Mas, por quê? Por que eu lembrei dela justo agora. Ah sim, porque ela é a razão do meu choro. Ela foi a razão pela qual eu desmoronei nos braços de Ally.

- Não é só isso. – Falei para Ally. – Tem outra coisa que aconteceu sábado.

Minha amiga me olhou esperando que eu continuasse.

- Eu dei meu primeiro beijo no sábado.

Ela abriu a boca, espantada.

- Você e o Shawn já se...

- NÃO! – Eu a interrompi. – Ele queria ter me beijado, mas nós fomos interrompidos. Eu beijei a Lauren. Ou melhor ela me beijou.

- O QUÊ? – Ally gritou espantada, e algumas pessoas a nossa volta nos olharam curiosas. Eu a repreendi e minha amiga baixou o tom antes de continuar: - Desculpa. Como assim? Você beijou a senhorita Jauregui? Na escola?

- Como eu disse, foi ela quem me beijou. No meio da minha dança com o Shawn ela me arrastou para fora da pista com a desculpa de que precisava da minha ajuda com a decoração. Quando chegamos no vestiário ela disse que não tinha acontecido nenhum problema com a decoração e me beijou.

- E você? – Ally perguntou curiosa.

- Fiquei assustada, mas depois retribuí o beijo.

- Olha, eu me espantei quando você contou porque não pensei que vocês chegariam a esse ponto, mas acredite em mim, não foi à toa que eu te falei aquele dia no estacionamento para você tomar cuidado. A relação de vocês não é uma simples relação professora-aluna, Camila. Eu percebi pelo modo como vocês se olhavam naquele dia, vocês não despregavam os olhos uma da outra, esqueceram até que eu estava ali. E eu mantenho o que eu disse naquele dia, Mila, relações assim são complicadas, então eu só peço que você não se machuque.

- É meio tarde para isso, Allycat. – Falei abaixando a cabeça.

- O seu choro no banheiro. – Ally refletiu. – Foi ela, não foi? – Eu concordei com a cabeça. – Era o banheiro perto da sala dela. Eu devia ter percebido. O que ela falou?

- Depois do beijo ela saiu correndo da sala me pedindo desculpas. No outro dia, eu pensei que as coisas continuariam normais. Mas não, ela começou a me ignorar, e tem sido assim desde aquele dia. – Expliquei. – Então hoje, quando eu estava indo embora, ela saiu da biblioteca e pediu para falar comigo. Nós subimos para a sala dela e ela foi horrível, Ally. Estava com uma voz fria, falou que tudo foi um erro, e que não devia ser cometido. Ainda pediu para que eu não comentasse nada com ninguém para que ela não perdesse o emprego.  – As lágrimas voltaram quando eu lembrei da conversa que tive mais cedo. – Não bastou ela me beijar e me deixar daquele jeito, toda confusa Ally, ela teve que jogar na minha cara que não significou nada para ela. Não que ainda tivesse esperando que significasse, mas poxa, ela jogou isso na minha cara, sem margem para erros.

Minha amiga me abraçou de novo quando as lágrimas voltaram.

- Eu sei o quanto ouvir essas coisas deve ter sido horrível para você, e sei que não adianta eu falar que você deve passar uma borracha em tudo. Foi seu primeiro beijo e infelizmente ela sempre vai fazer parte da sua vida, Mila. Mas você precisa se reerguer, ver que porque ela é uma babaca não significa que todo mundo é assim.

Eu concordei e enxuguei as lágrimas.

- Quer saber, amanhã eu vou sair com o Shawn e conversar com ele. Eu vou tentar dar uma chance para ele, Allycat, mas vou deixar claro que será uma tentativa. Eu não quero mesmo magoá-lo. Porque agora eu sei o quanto isso dói.

- É assim que se fala! – Ally sorriu. – Mas, Mila se importa se eu fizer uma pergunta?

- Claro que não. – Respondi.

- O que você sente de verdade pela senhorita Jauregui?

Eu suspirei novamente:

- Eu não sei, Ally. Ela é bonita, eu me encantei com ela quando a conheci, e logo nós estávamos daquele jeito que você sabe, nos encontrando fora da escola, seja de propósito ou por acaso, e ela era sempre tão simpática e encantadora. Isso me causa uma sensação estranha Ally, quando ela está perto de mim. Mas eu não sei direito o que é. Deve ser só um encantamento mesmo.

- Eu espero que seja apenas isso mesmo, Mila, eu espero. – Ally falou, mas eu senti uma insegurança na sua voz. Preferi deixar quieto, então ela continuou: - Só toma cuidado para ninguém sair mais machucado de tudo isso, ok?

Eu concordei com a cabeça e ela me abraçou de lado. Nós ficamos ali por mais algum tempo e depois seguimos para casa.


Notas Finais


É isso por hoje pessoal, espero que tenham gostado!!!
Foi um capítulo dificil para a Camz, mas espero que as coisas melhorem para ela!!
Bjão


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