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História You're My Home - Um Encontro de Verdade


Escrita por: anagranger

Notas do Autor


Boa tarde pessoal!!!
Dessa vez eu nem demorei para aparecer hahaha
Bom, espero que vocês gostem do capítulo
Antes do capítulo eu tenho uma observação: durante o capítulo vocês vão ver a expressão esconde-esconde, eu sei que em algumas regiões a brincadeira é chamada de pique-esconde, mas é a mesma coisa galera, aquela brincadeira que você se esconde e a outra pessoa deve te procurar hahahahaha

Capítulo 16 - Um Encontro de Verdade


Fanfic / Fanfiction You're My Home - Um Encontro de Verdade

Lauren’s POV

 

Eu fui completamente sincera com Camila. Expus tudo o que estava sentindo:

- Então, Camila Cabello, eu não estou disposta a desistir de nós duas tão cedo. A pergunta é: você está disposta a embarcar comigo nessa?

Ela permaneceu por alguns minutos em silêncio me olhando espantada. Por fim ela falou:

- Eu também me apaixonei por você. – Meu peito inflou de alegria ao ouvir essas palavras. – Me desculpe por duvidar de você. E por ter agido precipitadamente.

Eu podia ver a culpa e o arrependimento nos olhos dela.

- Sou eu quem devo me desculpar por não ter deixado isso claro desde o início. Se eu tivesse sido clara com você nós não teríamos esse mal-entendido. Me desculpe.

Eu queria abraçá-la, mas quando fiz menção de fazer isso, ela lançou um olhar sugestivo às pessoas ao nosso redor, e eu recuei, entendendo o que ela queria dizer com aquilo.

- Eu não deveria ter ficado com o Shawn ontem. Não sabendo que era a você que eu estava tentando atingir. Eu acabei envolvendo ele na minha confusão. Ele é meu amigo, e eu não quero machucá-lo.

Eu suspirei. Não queria ficar pensando nela com ele, mas também precisava ajudá-la a resolver isso.

- Se você não quiser machucá-lo, ou não o machucar ainda mais, você precisa ser sincera com ele. É doloroso, mas mesmo assim é o melhor caminho.

- Eu sei que devo fazer isso. Mas é difícil.

Eu peguei na mão dela e dei um leve aperto.

- Eu vou estar do seu lado. – Falei e ela me olhou sorrindo fraco.

- Obrigada.

- Sabe o que eu estava pensando? – Perguntei pós um tempo observando as crianças brincando e identificando Sofia entre elas.

- O quê? – Camila perguntou.

- Nós nunca tivemos um encontro de verdade. – Eu queria que ela desviasse a cabeça da conversa que teria com o amigo e parece ter funcionado porque ela me encarou assustada.

- Como assim? – Perguntou.

- Tudo aconteceu de forma tão intensa e rápida entre nós que nem tivemos a chance de ter um encontro.

- Você estava mesmo pensando nisso?

- Estava sim. – Eu respondi. – E estava pensando também que está na hora de mudarmos isso.

- Você quer sair comigo? – Ela perguntou.

- Bom... Se você aceitar sair comigo. – Eu disse rindo.

- Eu quero sim. – Ela falou me lançando um dos seus sorrisos mais iluminados. – Quando?

- Seus pais não vão desconfiar se sairmos hoje? – Eu perguntei.

Sim. Eu estava ansiosa e não queria esperar mais para sair com ela.

- Na verdade seria perfeito. Eles têm um casamento para ir hoje. Do funcionário que trabalha na loja com o meu pai. Eu iria com eles, mas eles não vão se importar se eu não for. Eu falo que estou a fim de ficar em casa e para eles irem sem mim.

- Se você está falando eu acredito. Depois você me manda uma mensagem confirmando o horário que eles vão sair e eu te busco em casa.

- Onde nós vamos? – Ela perguntou curiosa.

- Vamos jantar e depois eu quero te levar em um lugar que eu conheço.

- Que lugar?

- Você vai ver.

Ela ia protestar, mas ouvimos uma voz gritando por ela:

- Kaki! Kaki!

Sofia se aproximou de nós correndo e Camila soltou rapidamente nossas mãos. A pequena parou ofegante à nossa frente e me olhou.

- Tia Lauren! Achei que não vinha mais me ver.

- Desculpa, princesinha. Eu andei meio ocupada.

- Está perdoada. Mas... – Ela fez uma pausa em suspense. – Apenas se você brincar comigo.

- Sofia! – Camila repreendeu. – Nós estamos conversando.

- Você já conversou com ela. Estão a um tempão aí conversando. – Eu fiquei surpresa com a percepção da mais nova. – Agora é minha vez de brincar com ela.

- A Sofia tem razão, Camila. Nós já conversamos. Agora é minha vez de brincar com ela. – Eu a olhei, sorrindo de um jeito brincalhão, e ela me encarou incrédula. – Mas você pode vir brincar com a gente, não pode, Sofi?

- Claro que pode. – A mais nova respondeu animada e começou a nos puxar pela mão. – Nós vamos brincar do quê?

Só deu tempo de Camila pegar seu livro que tinha ficado de lado no banco e Sofia nos levou para o meio do parquinho.

Nós ficamos ali com ela por cerca de uma hora. A empurramos no balanço, brincamos de pega-pega com ela e com as outras crianças, entre outras brincadeiras que Sofia e as crianças inventavam. Até que alguém sugeriu que brincássemos de esconde-esconde. E isso me deu uma ideia:

- É meio injusto que eu e a Camila deixemos vocês nos procurarem. Então uma de nós vai procurar. – Antes que ela pudesse começar a pedir para eu procurar, eu continuei: - Camila, você procura.

Ela armou um bico muito fofo.

- Por que eu?

- Porque sim. Vai ser divertido. Vai lá contar.

Sem muita escolha ela foi para um local distante contar e eu e as crianças começamos a nos esconder.

Eu me escondi em um ajuntamento de árvores um pouco distante, mas de onde eu poderia observar o que acontecia.

Como esperado Camila encontrou primeiro as crianças que haviam se escondido em lugares próximos e fáceis, e depois ela saiu a minha procura.

Quando ela se aproximou das árvores onde eu me escondia eu a puxei rapidamente pela mão, a arrastando para o esconderijo junto comigo. Ela ameaçou gritar, mas eu a tranquilizei:

- Calma. Sou eu.

- Ficou doida, Jauregui?

- Eu estou com saudade. Queria ficar com você longe dos outros.

Eu me encostei na árvore atrás de mim e a trouxe junto comigo, a segurando pela cintura. Então encostei nossos lábios de forma intensa, tentando demonstrar naquele toque toda a saudade que eu sentira em apenas um dia. Ela colocou seus braços em volta do meu pescoço me trazendo para mais perto dela.

Quando nos afastamos ela falou:

- Nós precisamos voltar.

- Estraga prazeres.

- As crianças estão nos esperando.

Eu a beijei novamente. Um beijo mais rápido dessa vez.

Nós saímos de perto das árvores e voltamos ao parquinho, com Camila reclamando que eu havia me escondido em um lugar muito difícil.

Depois que nós voltamos para junto das crianças Sofia reclamou que estava ficando com fome, e Camila decidiu que era hora de ir embora.

- Tia! – Sofia se aproximou e eu me abaixei para ficar da altura dela. – Você vai voltar aqui para brincar comigo, não vai?

- Claro que vou. É só a Camila me avisar o dia que vocês vêm.

- Está ouvindo, Kaki?

Camila sorriu para nós duas e concordou com a cabeça. Sofia me abraçou e depois se afastou correndo para se despedir dos amiguinhos. Eu aproveitei e me despedi de Camila.

- Me manda a mensagem, ok?

- Mando sim.

Eu me aproximei e dei um beijo do rosto dela, me demorando um pouco mais do que o necessário para poder sentir seu perfume.

- Até mais tarde! – Me afastei sorrindo.

- Até mais tarde! – Ela repetiu com um sorriso capaz de iluminar o mundo inteiro.

Sofia retornou e depois de me abraçar de novo as duas foram para casa e eu segui para o meu apartamento.

 

 

Eu cheguei em casa e comecei os preparativos para a noite. Desmarquei, sob protestos dela, é claro, o jantar que havia marcado com a minha mãe e liguei para um restaurante que eu gosto bastante para fazer uma reserva. Felizmente eles ainda tinham mesas disponíveis e meus planos foram mantidos.

Já estávamos no meio da tarde quando Camila me mandou a mensagem:

 

Deu tudo certo. Meus pais vão sair às sete. Depois disso eu vou estar livre.

 

Eu respondi:

 

Passo te buscar as 19:30. Nossa mesa no restaurante está reservada para as 20, com uma margem de atraso de meia hora.

 

Como o restaurante era longe e ela ainda não tinha confirmado o horário eu havia dado uma margem de atraso para a recepção do estabelecimento.

Restaurante? Devo vestir algo em especial?

 

Eu achei fofa a preocupação dela, e logo tratei de tranquilizá-la.

 

Não precisa se preocupar com isto. Vista algo confortável. Não é um restaurante chique.

 

Nós trocamos mais algumas mensagens e nos despedimos.

Eu confesso que não sou o tipo de mulher que demora para se arrumar. Normalmente eu visto uma roupa confortável e uma maquiagem leve. Mas hoje, pela ansiedade que eu estava, terminei de me arrumar muito tempo antes.

Eu tomei um banho demorado e me vesti. Jeans claro e camiseta preta. Troquei os tradicionais coturnos por uma bota preta que tinha um salto não muito alto e estava procurando uma blusa para vestir quando meu celular anunciou uma mensagem. Era Normani respondendo a mensagem que eu havia mandado para ela mais cedo:

 

Finalmente tomou uma atitude, branquela. Estou gostando de ver. Boa sorte no encontro. E, POR FAVOR, me promete que não vai usar aquela jaqueta preta. É o primeiro encontro de vocês, não uma balada com os seus amigos. Me deixe orgulhosa.

 

Eu ri com a mensagem e respondi:

 

Pode deixar, Mani. Eu não vou usar a jaqueta, e nem meus coturnos. Você já pode ficar orgulhosa.

 

Eu então peguei um casaco claro e vesti. Olhei no relógio e ainda eram 19 horas. Os pais de Camila ainda nem deviam ter saído de casa.

Eu procurei matar o tempo lendo um livro, mas estava ansiosa demais. Estava quase ficando louca, quando o relógio finalmente marcou 19:25.

Eu saí de casa e dirigi tranquilamente até a casa de Camila. Fiz o percurso em 10 minutos. Um recorde até para mim, que costumo dirigir rápido.

Eu estacionei o carro em frente à casa dela e percebi a porta se abrindo e ela saindo. Desci e dei a volta no carro para poder abrir a porta para ela. E aproveitei para reparar na roupa dela.

A latina usava uma calça jeans escura extremamente colada ao seu corpo, uma sandália preta de salto baixo, uma camiseta branca de mangas longas e um casaco preto. Seu cabelo estava preso, com alguns fios soltos na frente formando uma franja e ela trazia uma bolsa preta pequena na mão.

- Boa noite, Lauren. – Ela disse sorrindo.

Foi quando eu percebi que ela já estava na minha frente e eu devia estar parecendo uma retardada olhando para ela de boca aberta.

- B-b-boa noite, Camila. – Eu gaguejei.

Deus, o que tinham feito com a garota inocente que eu conhecia?

Eu me aproximei, ainda meio atordoada, e deixei um beijo na bochecha dela. Depois disso eu abri a porta do passageiro para ela e quando ela estava acomodada eu dei a volta e tomei o lugar no banco do motorista. Antes de ligar o carro eu perguntei, sorrindo:

- Posso ganhar um beijo de verdade agora?

Ela sorriu e se aproximou de mim tocando nossos lábios de forma suave.

Quando nós nos separamos e enquanto eu colocava o carro em movimento ela perguntou:

- Posso saber onde estamos indo?

- Tem um restaurante que eu gosto bastante, e eu acho que você vai gostar também. Mas ele é meio afastado, quase na saída da cidade. O bom é que quase não corremos o risco de alguém nos ver. Só se formos muito azaradas. – Eu coloquei a mão na perna dela. – E nós não vamos ser.

- Ele é longe mesmo? – Ela perguntou.

- Uma meia hora sem trânsito. – Eu expliquei. – É um restaurante italiano. Eu acho que você gosta.

Ela me olhou:

- Está brincando? Eu amo comida italiana.

Eu ri da sua expressão:

- Isso é bom. Eu fiquei com medo de te levar, sei lá, para um restaurante japonês e você não gostar.

- Tem razão. – Ela fez uma careta. – Eu não iria gostar. Mas italiano não tem erro. Eu como de tudo.

Eu gostava dessa sinceridade natural dela, e do seu jeito descontraído.

- Seus pais aceitaram bem você não ir ao casamento? – Perguntei.

- Claro. – Ela disse. – O bom de ser uma filha exemplar é que seus pais realmente acreditam quando você diz que está cansada e só quer ficar em casa.

- Ainda bem que você é uma boa filha. Minha mãe não está muito feliz comigo no momento. – Eu comentei.

- Por que não?

- Disse que eu sumi de casa. Que não ligo mais para ela. Amanhã eu vou ter que dar uma passada lá.

- Você é realmente ligada a eles. Eu não te vejo os abandonando ou algo assim.

- Minha mãe é exagerada. Faz uma tempestade em um copo d’água. Eu vivo lá. Sou mesmo muito ligada a eles. Como você também é ligada à sua família.

Ela sorriu.

- E a Sofia? Ela também foi no casamento? – Eu perguntei.

- Ei, daqui a pouco eu vou ficar com ciúme dela. – Camila me repreendeu.

- Eu só perguntei. – Falei rindo da expressão dela.

- Ela foi sim. – Ela respondeu por fim, rindo também. – Quando eu disse que iria ficar ela quis ficar junto, mas minha mãe não deixou, disse que era para ela me dar sossego e que eu queria descansar. Ainda bem que ela não ficou.

- Ainda bem. – Eu reconheci.

Como o trânsito estava tranquilo nós chegamos ao restaurante em pouco mais de meia hora.

- Ele é realmente afastado. – Camila comentou enquanto descíamos do carro.

- Eu te falei.

Eu peguei na mão dela enquanto caminhávamos pelo estacionamento e entramos juntas, parando na recepção:

- Reserva no nome de Lauren Jauregui. – Disse para a mulher que estava no balcão.

- Por favor, me sigam senhoritas. – A moça falou e saindo detrás do balcão nos acompanhou até uma mesa afastada. Quando nos sentamos ela nos alcançou dois cardápios: - Fiquem à vontade.

Ela se afastou e eu e Camila analisamos os papeis à nossa frente. Eu comentei:

- Será que eles vão pedir sua identidade se eu pedir um vinho? – Eu sorri para ela de forma travessa, mas ela me encarou nervosa.

- E-eu não sei. – Ela gaguejou.

- Camila, eu estou brincando. – Eu ri abertamente e ela me acompanhou. – Mas não estou descartando a ideia do vinho. Já sabe o que vai pedir?

- Acho que... Uhm... Espaguete ao Pesto. – Ela falou.

- Você me acompanha no vinho? – Eu perguntei em dúvida.

- Você está dirigindo. – Ela repreendeu.

- Uma taça apenas. – Eu esclareci.

- Tudo bem então.

Eu chamei o garçom e ela fez o pedido dela.

- E eu... – Chamei a atenção do rapaz que parecia bem interessado na latina. – Vou querer um Fetuccini com Frango e Legumes. – Eu olhei para a carta de vinhos. – E duas taças de um Poggio di Sotto tinto, por favor.

O rapaz de afastou e nós duas recomeçamos a nossa conversa. A conversa estava amena até que eu falei:

- Camila, eu posso perguntar uma coisa?

- Claro. – Ela respondeu.

- Ontem à tarde, de onde você tirou a história de que eu supostamente iria sair com a Keana?

Ela ficou nervosa de repente.

- E-eu... e-eu...

Eu coloquei minha mão sobre a sua na mesa.

- Não precisa ficar nervosa. – Eu esclareci. – Eu apenas perguntei.

- É que... É que eu... vi uma mensagem dela no seu celular.

Eu franzi o cenho, confusa.

- Como assim?

- Não fica brava, Lauren, por favor. É que não tinha nenhum relógio na sala, e eu queria saber o horário quando eu acordei, então eu pensei que não teria problema olhar no seu celular, que estava em cima da mesa. Eu só olhei a hora, eu juro. Mas quando eu ia colocar ele de novo na mesa, eu vi a notificação e a mensagem dela estava embaixo. Ela falando que ia passar te buscar. E eu entendi tudo errado. Me desculpa.

Então tudo fez sentido para mim, porque eu realmente não estava entendendo como ela tinha chego à conclusão de que eu sairia com Keana.

- Ei, ei, relaxa. Eu entendo que você não fez por mal. Mas você deveria ter me acordado, e nós teríamos conversado.

Eu vi uma lágrima correr pelo olho dela e a limpei rapidamente.

- Eu não quero você chorando. Desculpa puxar esse assunto agora. É o nosso primeiro encontro, e eu não quero que você fique triste. O que importa nisso tudo é que nós conversamos e nos resolvemos.

Eu sabia que não era esse o motivo da tristeza dela, mas sim o amigo que ela havia magoado, mas eu realmente não queria falar sobre ele agora, então voltei nosso assunto para algo mais agradável até que a comida chegou.

Nós comemos conversando sobre a nossa infância e sobre as histórias que tínhamos com os nossos melhores amigos e os nossos irmãos.

Quando deixamos o restaurante cerca de uma hora depois, ela voltou a me perguntar, enquanto caminhávamos para o carro:

- Onde nós vamos agora?

- Relaxa. Nós não vamos demorar, é perto daqui.

Logo nós estávamos na estrada de novo. Eu me afastei ainda mais da cidade, rodando por cerca de 10 minutos até entrar em uma estrada secundária.

Essa estrada nos levou até um morro, não muito alto, mas de onde podíamos ver toda Miami. Havia também algumas árvores ali.

- Uau, Lauren! – Camila exclamou olhando a imensidão que nossa cidade era aos nossos pés.

- Faz tempo que eu não vou a um encontro, então me desculpe se isso parecer meio clichê. – Eu falei.

- Claro que não. Esse lugar é incrível. – Ela devolveu. – Eu nunca tinha vindo aqui.

- Poucas pessoas vêm. É por isso que eu gosto daqui. É calmo. E lindo.

- Como você descobriu esse lugar?

- Eu estava andando sem rumo e acabei parando aqui. Eu estava precisando pensar e ficar aqui me ajudou. A única pessoa que sabe desse lugar é a Lucy, bom... e agora você.

- Obrigada por ter me mostrado.

- Quer sentar comigo?

Ela concordou e eu me acomodei encostada em uma árvore perto da encosta e a trazendo para perto de mim, fazendo com que se sentasse em meio as minhas pernas.

- Sabe. – Eu falei, enquanto acariciava os cabelos dela. – Quando eu estou aqui eu costumo pensar no quanto nós somos centrados nos nossos próprios mundos. Nós achamos que os nossos problemas são os maiores do universo, mas quando eu olho para Miami assim, de longe, eu fico pensando quantas pessoas não estão piores do que eu, que tem problemas maiores, e que nem sempre conseguem resolver. Então eu paro de reclamar dos meus problemas.

- Você tem razão. – Ela suspirou. – Eu posso te fazer uma pergunta?

- Claro. – Eu respondi.

- Você disse que vem aqui para pensar, e me disse na sua casa que durante muito tempo você criou muros em torno de você mesma. – Antes dela terminar eu já sabia o que ela iria perguntar, e comecei a pensar se deveria responder. – O que aconteceu para você construir esses muros?

Ela perguntou provando que eu estava certa na minha dedução. Eu não sabia o que falar. Por um lado, eu queria evitar o assunto, mas por outro eu sabia que para começar uma história com ela, ela deveria saber do porque eu ter lutado tanto contra qualquer coisa que eu estava sentindo por ela. Por fim eu decidi contar.

- Eu não sei se essa é uma boa história para um primeiro encontro, mas eu acho que você precisa saber. Quando eu estava na faculdade eu conheci uma garota, a Alexa. Ela fazia Francês e nós acabávamos nos esbarrando sempre pelos corredores. Nós acabamos nos conhecendo em alguns eventos e também nos encontrávamos nos barzinhos perto da faculdade. Com o tempo nós nos envolvemos e começamos a namorar. – Enquanto eu contava Camila se virou para mim, para me olhar enquanto eu falava. – Nós namoramos por dois anos. Nos formamos juntas na faculdade e depois disso eu decidi que era hora de pedi-la em casamento. – Eu percebi o espanto nos olhos de Camila quando eu disse isso. – Só que, no dia em que eu ia fazer o pedido, ela me contou que havia aceitado uma proposta para trabalhar na França. Nós nos desentendemos e ela foi embora dois dias depois, sem nem ao menos falar comigo. Tudo o que ela me deixou foi uma mensagem no celular, avisando que estava indo embora de Miami.

Acho que pela primeira vez na vida eu consegui contar essa história sem que nenhuma lágrima escorresse pelos meus olhos. Eu agradeci mentalmente por isso, já que seria completamente errado chorar na frente de Camila por causa da minha ex-namorada.

- Nossa, Lauren. – Ela falou. – Isso é pesado.

- Depois disso eu me tranquei no meu próprio mundo. Eu não acreditei mais no amor. Ou que eu poderia encontrar alguém e me envolver sentimentalmente com essa pessoa. Eu saí com várias garotas, mas foi apenas uma noite. E eu saía com Keana, mas nós duas sabíamos que não havia sentimento nenhum ali, além do nosso carinho de amigas, e claro, dos nossos desejos sexuais envolvidos. Mas me envolver, eu nunca mais me envolvi. E por isso foi tão difícil me abrir para você, Camila. Não é fácil abrir um coração fechado a tanto tempo, ainda mais levando em conta a nossa situação. Eu precisei levar alguns tapas para acordar. E para perceber que eu não podia mais viver do passado, sendo que o presente está bem aqui, na minha frente, e que ele merece ser vivido. Me desculpe por tudo o que eu fiz você passar até que eu entendesse isso.

- Eu entendo, Lauren. Agora eu entendo. E é claro que eu te desculpo. Não foi fácil para mim, mas eu vejo que também não foi para você. – Ela falou, acariciando meu rosto. – Hoje cedo você me fez uma pergunta, e acho que eu ainda não te respondi. – Eu a olhei confusa. – Você perguntou se eu queria entrar nessa junto com você. E a resposta é sim. Eu não sei onde isso vai dar. E creio que você também não saiba. Mas como você eu não estou disposta a desistir. Eu estou embarcando com você, Lauren Jauregui.

Eu sorri para ela refletindo toda a felicidade que eu sentia dentro do meu peito, e ela sorriu de volta, para que eu também pudesse ver o que ela estava sentindo. Então eu tomei seu rosto e o trouxe para perto de mim, juntando nossos lábios em um beijo suave e carinhoso.

Nós ficamos ali, sentadas, curtindo o nosso momento. Ela descansando seu corpo contra o meu, e nossas bocas se encontrando a todo momento como se quisessem comprovar que aquele momento era mesmo real.

Foi com muito custo que nós nos levantamos dali e seguimos para a casa dela, já perto das onze da noite. Nossa vontade era de ficar, mas o medo de que os pais dela chegassem e não a vissem em casa era maior.

O caminho foi feito praticamente em silencio, com uma música calma tocando no rádio e a cabeça de Camila descansando sobre o meu ombro enquanto eu dirigia.

Quando nós viramos na esquina da rua dela, nossa bolha de felicidade simplesmente estourou.

Havia um carro parado em frente à casa dela.

- É o carro da Ally. – Ela me avisou, com a postura já tensa.

Eu estacionei atrás do carro dela e logo vimos uma figura baixinha, com um vestido roxo, se levantar da porta da casa, e seguir em direção ao meu carro. Ela parou em frente à janela do passageiro e eu a baixei para que pudéssemos conversar. A janela mal tinha baixado por completo quando ela falou:

- Eu estava esperando por isso.

- Ally, por favor. – Camila suspirou.

- Por favor o quê, Camila? Não discuta? Não tente me defender de alguém que está brincando com a minha cara?

- Por favor, se você quer conversar, vamos conversar lá dentro, antes que meus pais cheguem, ou que os vizinhos acordem.

Ela desceu do carro e eu desci também a acompanhando até a entrada da casa. Allyson me olhou de cima a baixo, antes de perguntar:

- Você vai também?

- É claro que vou. – Eu respondi e ela revirou os olhos.

Camila abriu a porta e nós entramos, enquanto ela acendia as luzes. A sala era grande, com móveis em tons claros, assim como as paredes. Uma escada levava ao segundo andar, e do lado oposto eu conseguia ver a mesa de jantar e uma parte da cozinha.

- O que você está fazendo aqui, Ally? – Camila perguntou.

- Uau!! Esse é o jeito que você me trata agora? – Allyson respondeu.

- Eu só fiz uma pergunta. – Camila esclareceu.

- Eu vim para cá porque estava preocupada por você não querer ter ido ao casamento. Eu assisti a cerimônia na igreja e depois de cumprimentar os noivos eu falei para a sua mãe que viria aqui te fazer companhia. Eu estava pensando o que poderia ter acontecido para que você tivesse desistido de última hora. – Ela me lançou um olhar fulminante. – Quando eu cheguei aqui e ninguém atendeu eu suspeitei que você tivesse saído. Eu pensei que pudesse ter sido com o Shawn, mas se fosse com ele você não teria razões para mentir para a sua mãe. É óbvio que havia outra pessoa envolvida.

- Ally, eu e a Lauren nos resolvemos, você não tem razões para falar assim sobre ela.

- Não tenho? Essa mulher te machucou, Camila. Se aproveitou de você. Eu estou te defendendo.

- Eu não preciso ser defendida. Eu sei, melhor do que ninguém o que ela fez, mas eu sei também os motivos que a levaram a fazer isso. Como eu disse, nós nos resolvemos.

- Eu não acredito nisso. Camila, você não vê que ela está te usando?

- Eu não vou permitir que você fale assim comigo. Quem você pensa que eu sou? – Eu dei um passo à frente, encarando a mais baixa. – Eu cometi erros com a Camila, sim, mas isso não significa que eu não goste dela e queira reparar todos eles. No entanto, isso cabe a apenas nós duas.

- Jura? – Allyson falou. – Eu não acho que a Diretora Moralez ou os pais da Camila vão concordar com isso.

Ela estava mesmo me ameaçando?

- Ally? – Camila tomou a frente da discussão. – Eu não acredito que você esteja nos ameaçando. Isso não é algo que a minha melhor amiga faria.

- Eu não faço isso por crueldade, Camila. Eu faço isso porque me preocupo com você. E me preocupo com o que ela pode fazer com você.

Eu via nos olhos dela que ela estava sendo sincera, ela apenas queria defender Camila. E não estava nem um pouco disposta a acreditar em mim.

- Eu entendo isso, Ally, mas está na hora de eu começar a fazer minhas próprias escolhas, e arcar com as consequências disso.

- Você está mesmo a defendendo? – Ally perguntou parecendo magoada.

- Eu estou disposta a viver minha história com ela, Ally, e isso não vai mudar, não importa o que você me fale.

- Eu sempre te defendi, Camila, de tudo e todos. Mas se é essa a sua escolha, eu vou respeitar. Só não conte comigo. Não para mentir para os seus pais, ou para encontros as escondidas, ou para esconder coisas dos nossos amigos. – Ela se encaminhou para a porta, mas chegando perto da saída se virou e falou: - Aliás, converse com o Shawn, uma conversa de verdade. Ele merece isso. Pelo menos isso.

Ela saiu fechando a porta e eu apenas tive tempo de amparar Camila, e sentar com ela no sofá, quando as lágrimas a tomaram. Por alguns minutos ela apenas chorou nos meus braços, soluçando. Eu apenas acariciava os cabelos dela e repetia como um mantra:

- Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui.

Quando ela enfim se recuperou ela falou:

- Obrigada por ficar.

- Eu sempre vou estar aqui. Enquanto você me permitir. – Eu respondi tomando suas mãos e as levando aos lábios.

Ela soltou suas mãos das minhas e secou o restante das lágrimas.

- Acho melhor você ir. – Ela falou. – Meus pais podem chegar a qualquer momento.

- Você vai ficar bem? – Perguntei.

Ela apenas concordou com a cabeça. Eu sabia que ela provavelmente ainda choraria mais depois que eu saísse, mas não valeria a pena eu insistir em ficar, até porque, realmente, seus pais poderiam chegar a qualquer momento.

- Eu vou indo, então. – Eu levantei do sofá onde nós estávamos sentadas e deixei um beijo casto nos seus lábios. – Qualquer coisa não hesite em me ligar.

Ela concordou novamente, se levantando para me levar até a porta. Antes de abri-la, ela falou:

- Boa noite, Lauren. Obrigada pela noite, e... Por tudo.

- Boa noite, Camz. – Eu falei e por alguns instantes ela sorriu com o apelido.

Eu segui para o meu carro e a observei fechar a porta. Depois disso eu segui para o meu apartamento, pensando no estado em que ela havia ficado em casa.


Notas Finais


É isso por hoje pessoal!!!
O que acharam do encontro delas? E da atitude da Ally?
Espero que tenham gostado!!
Bjão


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