História You're not in my plans - Greetings from Califournia - The neighbourhood

Ouvi a música do despertador mas o sono era maior do que a minha irritação com o som, então virei para o lado deixando tocar voltando a dormir. A música do despertador que invadia os meus sonhos, foi substituída pelo toque do meu celular, abri os olhos olhando a tela, que indicava Vitoria, então tudo que me ansiava a dias veio à tona, e antes que eu pudesse atender o toque cessou. Mil mensagens da mesma apareceram na minha tela.
"Você esqueceu?"
"Você ainda vem pra cá?" 
"Você já está no aeroporto?"
"Você não vai responder?"
Levantei num pulo e sai correndo pra comer qualquer coisa, minha irmã e eu dividíamos um apartamento e ela me levaria pro aeroporto daqui a poucos minutos, então fui tropeçando em todas as malas já prontas deixadas no chão do meu quarto.
-Vitoria? -gritei quando não vi ninguém na cozinha, e deduzi que ela ainda dormia, quis matá-la, assim eu iria me atrasar. Corri pro quarto dela batendo freneticamente na porta até ouvir um palavrão do outro lado.
-Acorda cacete, você tem que me levar pro aeroporto em menos de uma hora. 
-Tá, tá Vanessa, que saco.- ela disse saindo do quarto bocejando.- Você já vê ela uma vez por ano quando ela volta pra cá, não precisa se empolgar tanto.
-Não, é diferente, agora eu que vou pra lá.
-E daí? 
-Você não entende né? É outro país, é outra casa, é tudo novo pra mim conhecer. 
-Não, eu não entendo. -ela disse colocando qualquer roupa com uma cara mal humorada. - Vamos logo então Vanessa.
Minha irmã não parecia comigo em quase nada, seus cabelos eram mais escuros, seu jeito de falar e vestir também eram diferentes, quem não nos conhece, talvez nem imaginaria que somos gêmeas. Ela não se deu ao trabalho nem de descer do carro e me ajudar com as malas, só me deixou no estacionamento do aeroporto, e eu corri pra dentro pra não perder o vôo. 
Fui o vôo inteiro revendo a lista de coisas que eu tinha que fazer em Los Angeles, Vitoria tinha prometido me levar pra todos os lugares que eu pedisse, agora que ela já estava trabalhando, andava com muita gente famosa, e eu amava isso, estava com a adrenalina a mil pra conhecer todo esse mundo novo em que ela vivia em outro país. 
O avião pousou e eu estava quase tendo um troço. Desci do avião e fui caminhando até o lugar onde pegamos as malas. No caminho vi uma placa escrita "Welcome To Los Angeles" e senti um frio na barriga.
Peguei minhas malas e fui até o portão pegando meu celular pra ligar para Vitoria e avisar que tinha chego, mas antes que eu pudesse fazer isso ouvi alguém gritar meu nome, olhei ao redor e pude vê-la correr para me abraçar.
-Eu senti tanto sua falta porra! - ela disse me soltando.- Caralho, você ficou mais bonita que dá última vez que te vi, dá uma volta. - ela disse indicando com o dedo para que eu girasse e assim eu fiz, fazendo ela dar um assobio.
Ela me ajudou a levar as malas até o carro e foi dirigindo.
O carro era preto e grande, talvez a coisa que ela mais prezava além de suas roupas.
-E então, tem alguma novidade? - ela perguntou aumentando o rádio.
-Nada demais, minha vida está normal, comprei o apartamento com Vitoria como eu disse que faria, fico com um menino bonito as vezes, ainda estou trabalhando na editora e acho que vou ser promovida, dou umas viajadas e é isso. 
-Sua vida pra mim tá parecendo ótima se você quer saber.- eu ri.- Vai ficar aqui por quanto tempo? 
-Nem cheguei e você já quer que eu vá embora? - ela riu.
-Não, só quero saber o que vai dar pra gente fazer até lá.
-Vai dar pra fazer tudo da minha lista, eu já planejei.
-Que horror, você é tão você sempre.
-Você prometeu. 
-Tá, tá, tanto faz. - ela disse revirando os olhos eu te dei um tapinha e ela me mostrou o dedo do meio, e então nós duas começamos a rir de como as coisas nunca mudavam.
-Vamos almoçar em algum restaurante e depois vamos pra casa ok? - ela perguntou e eu confirmei com a cabeça, e foi isso o que fizemos, almoçamos juntas, depois compramos uns sucos e sorvetes dando uma volta nas calçadas de LA, só depois, finalmente fomos para o apartamento dela. 
-Chegamos!- ela disse abrindo a porta animada, ela tinha trabalhado bastante, decorou e comprou tudo sozinha, com muito do esforço dela, o lugar era lindo, e ela parecia orgulhosa.
O melhor de tudo, era que era só dela e podíamos ouvir as músicas no último volume pulando como se não houvesse amanhã, sem ninguém pra reclamar, não até as dez da noite pelo menos. 
Tinha mais de um quarto mas nós iríamos dormir na mesma cama de qualquer jeito, pois fazíamos isso desde os 14 anos de idade, ela estava deitada na ponta da cama de casal de cobertores branco mexendo no celular e eu estava falando sobre a nova história que eu estava estendo deitada nos travesseiros, até ela levantar de uma vez e sentar do meu lado.
-Posso ver sua lista do que fazer aqui? 
-Pode.- eu disse dando meu celular pra ela.
Ela passou os itens falando.
-Chato, já fiz. Sem graça, porque esse lugar? Que desnecessário! O central Park? Sério? Vamos ter que ir até NY pra você ver uma praça? Parece qualquer outra, mas tudo bem. Por que nós vamos fazer algo que eu programei amanhã e depois a gente faz tudo isso ok? - revirei os olhos pra ela que sorria pra mim animada. - ah, qual é?! 
-Só amanhã.
-Ok, combinado. - ela disse deitando ao meu lado direito para dormir.
•••
Ela se levantou para ir até o banheiro fazendo eu acordar também, sentei na cama e peguei meu celular olhando o Twitter e Vitoria voltou para a cama, virando para o outro lado e fechando os olhos, alguns momentos depois desistiu de voltar a dormir e deu um salto da cama bufando.
-Vou tomar um banho, ok amor? - disse pra mim que só concordei com a cabeça. 
Já estávamos quase prontas, só faltava a Vitoria terminar de secar o cabelo roxo, ou rosa, ou algum tom entre os dois, que já estava em um tom pastel, e assim que terminou olhou pra mim sorrindo.
-Vamos? 
Ela escutava a música no carro estupidamente alta, e eu morria de medo de estar no carro com ela porque já sabia de todas as multas de direção perigosa, mas era, em partes, emocionante e divertido. 
Sinceramente não havia me arrependido de ter aceito seguir o programa que ela queria, o dia foi extremamente divertido, mas a noite foi outra coisa totalmente diferente. Sendo Vitoria, ela me levou para alguma festa obviamente. A festa era repleta de gente famosa, e na empolgação da noite em algum momento eu já tinha ido demais na onda dela e bebido mais do que devia, estava pulando com ela e gritando a música alto, não me lembro mais de nada, só de acordar em uma cama grande e branca sozinha, infelizmente não era a cama dela, e eu não fazia ideia de onde eu estava. 
Me desesperei quando me dei conta disso, decidi procurar meu celular que estava caído no chão com um milhão de ligações perdidas da Vih, e mais um monte de mensagens, tentava retornar quando comecei a ouvir passos subindo a escada e gelei, olhei pro meu corpo pra ter certeza de que estava de roupas, e estava, com as mesmas da noite passada, mas por incrível que pareça, quem apareceu na porta foi Harry fucking Styles!  Minha cabeça deu mil voltas "O QUE CARALHOS ACONTECEU ONTEM?". Ele sorriu com aquele sorriso que por muitos anos fui totalmente apaixonada e pronunciou as palavras com aquela voz que também era minha vida uma época.
-Sua amiga está lá embaixo.
-Ah. Obrigada.- disse indo em sua direção segurando a respiração para poder passar por ele ainda encostado na porta, mas parei antes disso para perguntar.
-Uhn.... nós... transamos? Eu realmente não me lembro. - eu não sabia nem como se pronunciava as palavras e muito menos como parar de gesticular, EU ESTAVA MORRENDO.
Ele riu de uma maneira agradável de ouvir.
-Não.
-Você se importa se eu perguntar o que aconteceu? 
-Você estava bem... já não estava tão sóbria quando veio falar comigo, você acabou dormindo agarrada a mim, e não queria me soltar, dizia que precisava do meu perfume pra viver, aí eu acabei te trazendo pra cá.
-Eu sinto muito. - eu disse vermelha como um tomate de tanta vergonha.
-Não tem problema. - ele disse me confortando com um sorriso.
Ele me seguiu até a sala onde Vitoria conversava com algum amigo de Harry que eu não conhecia, ela olhou pra mim e pareceu brava.
-Obrigada Harry, desculpa qualquer coisa. - ela disse e pegou na minha mão como se eu fosse uma criança.
-Foi um prazer rever você. - ele olhou pra mim com um sorriso que me fez abaixar o rosto, eu não tinha nem mais coragem de olhar pra cara dele.- e te conhecer, claro.
Ela me arrastou para fora da casa e me jogou no carro.
-Eu vou te matar! - disse gritando.
-Me desculpa, não foi culpa minha, eu nem lembro de nada.
-Você sabe o quanto eu me desesperei quando você sumiu da festa sua louca? 
-Me desculpa de novo. 
O caminho da casa do Harry até p apartamento dela foi silencioso, eu tentava recuperar pelo menos um pouco da minha memória mas isso só fazia com que minha cabeça doesse mais.
Ela estacionou o carro na garagem do apartamento e subiu na minha frente, abrindo a porta e entrando na cozinha para pegar um copo de água, depois olhou pra mim sorrindo e eu soube que havia me perdoado.
-Oh meu deus, você finalmente conheceu Harry Styles! -disse agora animada.
-Eu sei! - eu disse dando saltinhos com ela.
-Ele gostou de você, ele mesmo me disse.
-Sério?!
-Sério amiga!
-Não acredito em você.
-Problema é seu. Se você não pegar ele, eu pego. 
-Nem vem Talarico!- Ela riu. - posso perguntar uma coisa? 
-Pode, claro.
-Porque ele parecia te conhecer? - Ela quase engasgou com a água.
-Eu ia te contar, eu na verdade ia apresentar vocês dois, mas parece que você foi mais rápida. - ela riu.
-Da onde Vitoria? - apressei uma resposta.
-Eu meio que estou com um cara ai, e eles são amigos. - falou tudo de uma vez.
-Você está com alguém? Eu deveria ter reparado, como assim? Você nem ficou com ninguém na festa! Quem é ele? 
-É o Ed.- ergui as sobrancelhas esperando mais informação.- O ruivo.
-Vitoria, não acho que isso seja  informação suficiente.
-Você sabe quem é.- ela deu de ombros.
-Aaaaaah, Oh meu Deus, você está falando sério? O Ed, Ed? Ed Sheeran?
Ela confirmou com a cabeça e eu dei um gritinho, ela riu parecendo mais feliz e menos sem jeito de dar a informação, por algum motivo ela nunca gostou da ideia de apresentar namorados.
-Você devia ter me contado antes.- eu disse.
-Eu ia mas... - a interrompi.
-Tá bom, tá bom, o que importa é que ele é ED SHEERAN! - gritei o nome dele e ela riu. - Ele é como você achava? Tipo como pessoa?
-Ok eu entendi. - ela riu. - Ah, ele é ele. 
-Que bela explicação ein. - rimos. - Vou tomar um banho porque eu ainda estou fedendo a bebida, mas na verdade eu acho que vou ficar assim mesmo, consigo sentir o cheiro do Harry misturado a bebida. - eu sorri boba e Vitoria gargalhou.
-Vai logo menina estranha.
Fui correndo para o quarto dela e entrei no banheiro para tomar meu banho.
Sai do quarto procurando por minha amiga e ela estava sentada no sofá procurando algo para assistir.
-E então como se conheceram? - falei pulando no sofá.
-Como você é curiosa. 
-Anda, me conta. 
-É aquela história, eu conheço alguém que conhece alguém que convida ele para uma festa onde eu estou, mas isso não realmente importa, é só que eu nasci com sorte mesmo.- nós rimos. 
-Falsa, se não quer me contar não precisa então. Estou querendo alguma coisa doce agora, que tal fazer um bolo? 
-"Fazer um bolo", fala assim porque eu vou fazer tudo sozinha.
-Vamos lá! - falei animada e levantamos do sofá indo para a cozinha.
-Tudo aqui tem a sua cara, inclusive a cozinha. - sorri olhando o local.
Ela riu enquanto pegava os ingredientes, vamos dizer que ela tinha razão e eu praticamente não fiz nada porque quem sabe fazer bolo é ela. Eu já deveria saber fazer, e acho que até sei de tantas vezes que já a vi fazendo, mas apenas me mantive sentada em cima do balcão conversando com ela e a olhando mexer a massa.
-Pronto. Agora é só esperar assar. - ela disse sentando ao meu lado no balcão.
- "...with love we call against the tide those distant days are flashing by..." - cantarolei a música que estava na minha cabeça.
- "...Hold back the river, hold back , hold back the river , let me look in your eyes..." - ela continuou.
-Eu te amo sabia? - falei a olhando.
-Eu sei. - ela disse convencida. - eu também te amo, e sempre sinto sua falta, o tempo inteiro.- ela sorriu e eu a abracei.