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História Yours - Eight


Escrita por: lybiebers

Notas do Autor


Enjoy :)

Capítulo 8 - Eight


Sempre achei estupidez à ideia de que algo que já foi importante em sua vida simplesmente perder a graça, mas agora, enquanto encarava minhas companheiras vestidas em seus uniformes tamanho PP se alongando e fazendo piadas sobre as roupas de Olivia Pentergest, eu só conseguia me perguntar a razão pela qual eu estava ali.

Olho para meus tênis perfeitamente brancos e me lembro do dia em que papai os comprou para mim, “Espero que goste”, ele havia dito, e obviamente que eu havia amado, estava tudo perfeito, menos a noticia que veio após. Fecho meus olhos e passo minhas mãos com delicadeza em meu rosto.

- Você está bem?

Mary se senta a meu lado e coloca sua mão em minhas costas fazendo movimentos circulares, ela sabe que isso me acalma, olho para ela e dou um meio sorriso – Apenas pensando – respondo vendo seu cenho se franzir.

- Você anda fazendo muito isso ultimamente – diz inclinando sua cabeça para olhar-me.

- Bem, ao menos isso não morreu com meu pai – digo ironicamente, sinto seus dedos parando com os movimentos em minhas costas, ela suspira pesado e se aconchega mais perto de mim.

- Você não precisa estar aqui, sabe que não deve nada para Sandy, ou para qualquer uma delas, muito menos para mim – sussurra, olho para a mesma que se mantém apreensiva.

- Eu estou aqui porque amo, não porque preciso – digo ríspida, Mary arqueia sua sobrancelha bem delineada em indagação, reviro meus olhos para a mesma e volto a encarar as lideres a minha frente, Sandy mantém seus olhos sob nós disfarçadamente – Não posso abandonar tudo que gosto, isso não é certo.

- Acredito que esteja certa sobre isso, mas estar aqui agora é a ultima coisa que você gostaria de fazer – diz atraindo meus olhos para si – Você pode continuar a dizer que não, mas a única pessoa que está enganando aqui é você.

Mary levanta-se e retorna ao meio das lideres voltando a se alongar. Suspiro e me levanto do banco onde me encontrava caminhando em direção a porta do vestiário, abro e porta e sinto uma mão segurar meu braço, viro-me pronta para dizer a Mary que apenas darei uma volta, no entanto encontro apenas os olhos castanhos de Sandy.

- Está tudo bem? Vi você e Mary agora a pouco – diz seriamente, solto a porta do vestiário e me volto para a mesma, vestida com seu uniforme de capitã, Sandy consegue ser ainda mais autoritária em sua forma de se portar.

- Sim, está tudo bem, só vou dar uma volta – digo acenando para a porta.

- Falta apenas dez minutos para entramos em campo, pode ser apenas o treino dos meninos, mas também é o nosso, os jogos começam em menos de um mês – diz cruzando os braços.

- E você está repetindo tudo isso por quê? Eu estava na reunião – digo.

- Eu sei que estava, mas não acredito que ouviu algo – responde – Olha, eu sei que passou por um momento muito difícil, mas está na hora de superar e seguir em frente, seu pai não gostaria de te ver parar agora.

Ergo o queixo e suspiro tentando me acalmar, uma ideia inútil visto que já me sinto irritada – Como você poderia saber o que ele iria querer para mim sendo que ao menos se importou em estar comigo? – indago ríspida.

Sandy dá um passo para trás e olha para baixo fechando os olhos, seus cabelos loiros caem em cascatas encobrindo seu rosto, os segundos se passam e tudo que somos capazes de ouvir é as escandalosas risadas das lideres.

- Me desculpe, mas eu não podia – diz com a voz embargada olhando-me com os olhos úmidos – Eu só não podia ficar aqui o vendo morrer, você sabe que ele era como um pai para mim.

As lagrimas escorrem em filetes em seu rosto e por um segundo penso em abraçá-la e quem sabe assim, eu encontro alguém que sinta a mesma dor que eu. Sandy havia sido minha amiga mais antiga, e quando os anos se passaram e seus pais se divorciaram foi na minha casa que ela se escondeu.

- Sim, eu sei, mas ele não era como um pai para mim, ele era o meu pai e eu precisava de você comigo – digo ouvindo a rouquidão de minha própria voz, encaro Sandy que olha-me em silencio, as lagrimas ainda escorrem por seu rosto de porcelana e ainda sinto em meu mais intimo a vontade de abraçá-la.

As risadas se intensificam e me chamam atenção, há alguns meses eu estava no centro de tudo aquilo, eu era a filha, a amiga, a neta, a segunda no comando das lideres, a presidente do comitê de organização do baile, agora eu era apenas Ashaland Tunner, a órfã.

- Você está certa, Mary está certa – digo voltando a olhar para Sandy que limpa seu rosto com o dorso da mão – Nada disso importa mais, você pode abrir minha vaga – viro-me para sair e sinto seus dedos finos em meu braço mais uma vez.

- Não há ninguém neste mundo, que possa um dia substituir você – diz ainda com a voz embargada pelo choro, seguro com mais força a maçaneta da porta e puxo meu braço de seu frouxo aperto.

Saiu do vestiário sendo atingida pelo vento frio da noite, a porta bate atrás de mim e sem olhar para trás encaminho-me até a arquibancada. Mesmo sendo apenas um treino não oficial, toda a escola se encontra em peso por toda a arquibancada, alguns jogadores já estão em campo se alongando e treinando algumas jogadas.

Ignoro tudo e continuo a caminhar empurrando quem se encontra em meu caminho, ouço vozes chamando-me, mas as ignoro também, paro diante um mar de pessoas e no mais alto da arquibancada avisto apenas mais e mais alunos em seus uniformes azul e branco, cores da nossa bandeira.

Sinto meu peito queimar enquanto olho e olho para todos os lados, meu tolo coração bate descompensado apesar de já ter a resposta que tanto procura, minha mente se acelera e ouço minha pulsação, arranco a liga que prende meu pesado cabelo em minha cabeça e ele cai em cascatas por meus ombros, minha visão se turva e sinto algo molhar meu rosto, olho para cima esperando ver a chuva, mas percebo que a água que molha meu rosto vem de mim, passo meus dedos em minha bochecha e olhos e o pânico toma-me.

- Ashaland?

Viro-me deparando-me com os olhos castanhos de Shawn, seu sorriso se desfaz ao notar minhas lagrimas, ainda com meus dedos em minha bochecha o encaro.

- Ele não está aqui – sussurro.

- Quem não está aqui? – indaga.

- Meu pai – engasgo sentindo mais lagrimas descer por meu rosto, Shawn se aproxima, no entanto me afasto do mesmo embrenhando meus dedos em meio a meus cabelos – Eu não posso fazer isso, eu simplesmente não posso viver em um mundo onde ele não exista.

- Sim, você pode – diz aproximando-se de mim, continuo a me afastar negando com a cabeça, esbarro em pessoas aleatórias enquanto miro apenas em seus olhos preocupados.

Antes que o mesmo possa tentar me segurar corro para longe me desviando de todos, ouço sua voz gritando por meu nome, mas não olho para trás, apenas corro. O cheiro forte de pipoca amanteigada –a favorita dele – enche o ar, desvio do carrinho de pipoca e das lembranças que ele me traz, em determinado momento paro e sinto meus pulmões clamarem por ar, meus joelhos tremem e minha respiração descompensada deixa-me zonza.

Olho a meu redor e percebo que estou em meio ao estacionamento vazio, o vento frio não mais me incomoda, minha saia voa deixando amostra o short de elástico que uso por baixo, meus cabelos protegem meus ombros do frio, mas não meu coração.

Ando em direção a meu carro limpando as lagrimas que após tanto tempo vieram a meu encontro, paro em frente ao meu carro e percebo que minha bolsa ficou no vestiário, com as mãos na cintura solto uma gargalhada ao perceber que terei que refazer todo o caminho de volta.

- Ola beija-flor – sussurra uma voz por detrás de mim, ao tentar me virar sou pressionada contra o capo de meu carro, um corpo forte empurra minha cabeça para baixo a batendo com força sob o mesmo, solto um grito de dor e isso parece lhe divertir – Desculpe, não quis ser grosso, mas também não pude evitar.

Meu cabelo tampa minha visão, mas não preciso de mais do que um segundo para saber que se trata de Tommy, uma de suas mãos prende meus braços em minhas costas enquanto a outra corre livremente pela minha perna direita até minha bunda a apertando.

- Tommy, me solte agora – digo irritada tentando me soltar de seu firme aperto.

- Claro meu bem, eu só tenho uma perguntinha – diz rindo retirando meu cabelo de meu rosto, sinto seu hálito de menta e seus lábios roçam em minha orelha, enojada tento me afastar do mesmo que me prende com mais força – Você esta trepando com o novato não está? Não minta para mim, eu os vi agora a pouco, a forma como você o olhava, ele com toda aquela preocupação no olhar, me diga, o que vocês têm? – indaga mordendo minha bochecha.

- Isso não é da sua conta, agora me solta ou eu juro por Deus que vou gritar tão alto que até a policia irá ouvir – ameaço sentindo seu corpo vibrar com sua risada – Eu falo serio, Thomas! – grito debatendo-me. 

- Serio como quando me dizia para ir mais fundo? Vamos lá Ash, você sente falta minha falta, não sente? Pode assumir que se arrepende por tentar terminar o que temos – indaga em desespero.

- Meu único arrependimento é ter deixado você entrar em mim, seu imbecil de merda – digo.

Por um instante ele para de respirar e o silencio retorna como se ao menos estivéssemos ali, no instante seguinte Thomas puxa meus cabelos batendo minha cabeça de encontro ao capo do carro, grito em dor e minha visão se embaça, ele me vira para si me soltando, seguro minha cabeça em minhas mãos e olho para o mesmo.

- Seu desgraçado! – grito avançando para o mesmo que bate fortemente em meu rosto me fazendo cair ao chão.

Meus cotovelos batem com força e sinto o cheiro forte e salgado de sangue em minha boca, ouço Thomas gritar algo e de repente outra voz se junta gritando mais alto, xingamentos são trocados, ouço o som de algo se quebrando, deito-me no chão frio e olho para o céu, minha cabeça roda em círculos e as estrelas deixam de ser pequenos pontos brilhantes.

- Ash, você consegue me ouvir? – a voz distante diz, olhos castanhos me encaram do alto, a uma ruga de preocupação entre eles, tento alcançá-la, mas meus dedos moles acertam seu nariz, um riso frouxo sai de meus lábios e minha cabeça lateja em dor – Eu vou te tirar daqui – braços fortes levantam-me do gelado chão.

Primeiro absorvo sua temperatura, depois seu cheiro. Mantenho minha cabeça encostada em seu torso e sinto o mesmo beijando o topo de minha cabeça, um sorriso estúpido passa por meus lábios, no entanto o mesmo se desfaz ao ver Thomas jogado no chão aparentemente inconsciente.

- Eu espero que você não vá para a cadeia por tão pouco – sussurro tendo um vislumbre de seu sorriso travesso.

- Meu tio jamais me prenderia – diz deixando-me confusa, sinto meus olhos lutando para se manterem mais tempo ao seu lado, uma porta e aberta e sinto meu corpo sendo cuidadosamente colocado no banco de trás de um carro – Não durma, eu te levarei ao hospital.

- Eu não posso – sussurro segurando sua mão, Shawn olha-me com preocupação – Se eu for e tiver que contar o razão de tudo isso, todos saberão quem eu sou.

- E quem você é Ashaland? – indaga-me distante.

- Alguém que meu pai se envergonharia – sussurro fechando meus olhos, sinto suas mãos sacudindo-me de leve e sua adorável voz me chamando, no entanto nada disso é capaz de me segurar.


Notas Finais


Muito obrigada por terem chegado até aqui!
Sei que hoje não é domingo, mas já que amanhã é dia das mames rs, resolvi adiantar.
Dê uma chance para TH: https://www.spiritfanfiction.com/historia/tiny-heart-12089405


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