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História Juventude - A última esperança


Escrita por: DArk_Coral

Capítulo 1 - A última esperança


Fanfic / Fanfiction Juventude - A última esperança

Ser órfã, na realidade, pode parecer bem divertido. Você não tem pais para dizer o que fazer e quando fazer. No entanto, é bem mais assustador do que pode parecer. Sentir-se solitário todos os dias é apenas uma das coisas pelas quais você passa. A parte mais aborrecível, é saber que nunca vai encontrá-los e será para sempre alguém que foi abandonado por não atender às expectativas dos seus pais.

Para ser franca, não sei se fui abandonada de verdade. Porém, essa história foi repetida tantas vezes que é difícil não pensar na possibilidade de ter sido mesmo abandonada.

Segundo a diretora do orfanato onde moro, cheguei aqui há 19 anos atrás. Só perceberam que eu estava ali porque meu choro era muito exaustivo e irritante e os vizinhos começaram a reclamar do barulho.

O lugar na qual fui encontrada, é ainda mais decepcionante de descrever.

Eu era a criança mais antiga daquele orfanato já que todas as outras que chegaram antes foram adotadas por pais que antes eu considerava amorosos e alegres. Minha esperança falava mais alto sempre que adultos visitavam o orfanato porque, para mim, eu iria ser a escolhida. Isso era uma burrice.

Geralmente, crianças inteligentes e com algum talento especial eram as escolhidas. Como eu não tinha nada de especial...

Mas lutei para que isso fosse possível. Na escola, tornei-me a melhor aluna da classe apenas para ter algo de que me gabar quando os pais dos meus sonhos chegassem. Meu esforço e dedicação não foram promissores já que continuei naquele orfanato por mais tempo do que eu imaginava.

Quando completei 17 anos, não era mais considerada alguém que merecia ou precisava dos mesmos cuidados que os outr9s. Eu era a mais velha e devia começar a cuidar dos mais novos, segundo a diretora do orfanato. Aquilo não me deixou deprimida, na verdade eu gostava de pensar que era útil pra fazer alguma coisa.

Só que... eu parecia mais alguém que trabalhava do que alguém que morava naquele lugar. O trabalho era tão exaustivo que cheguei a desmaiar algumas vezes pois, não podia comer até que tudo estivesse terminado. Quando isso acontecia, a palavra dramática sempre enchia meus ouvidos onde quer que eu estivesse.

Eu deveria me sentir feliz e empolgada. Daqui à oito meses, eu seria considerada uma adulta e poderia tomar conta de mim mesma. Não que eu já não tomasse porque desde que aprendi o que cada coisa significava, entendi que nunca poderia confiar em ninguém de verdade, isso significava que só eu mesma poderia cuidar de mim.

Bem... eu achava que queria isso...

Certa tarde, cheguei da escola e fui mandada limpar a sala, pois as crianças mais novas tinham derramado tintas enquanto faziam o dever de casa. Era sempre um desafio limpar tudo aquilo sozinha, mas sempre dava certo no final, então eu apenas aceitava como se fosse mais uma etapa para ser cumprida antes de ir embora.

Mas a campainha tocou. Não costumávamos receber visitas nas tardes, então hesitei um pouco antes de ir até a porta para atender. Pais que queriam adotar alguma criança sempre escolhiam finais de semana para aparecer e nós éramos avisados com antecedência. Bem... o aviso era para as crianças. Eu apenas escutava e ignorava porque sabia que os pais dos sonhos não existiam.

Aceitei os cabelos, mas ajeitar as roupas sujas não iria ser possível. Quem quer que fosse, não teria interesse nenhum em mim ou nas minhas roupas sujas que dariam um trabalhão parar limpar, secar e depois usar no dia seguinte para ir à escola novamente.

Fui abrir a porta e me deparei com uma senhora bem vestida e um sorriso amável. Ela não parecia alguém que adotaria uma criança. Na verdade, deveria ter filhos e até mesmo netos. Seus cabelos já tinham uma tonalidade branca, resultado do tempo que se passava. Ela usava roupas de tom claro na qual o tecido me parecia tão caro quanto a bolsa que ela segurava com a mão direita.

⎯ Olá. ⎯ Eu disse, um pouco desajeitada. Não era comum, mas acabei me sentindo envergonhada de estar usando roupas tão diferente das dela.

A senhora abriu um sorriso radiante e me perguntei se estava fazendo aquilo para que eu fosse rápida e pedisse que ela entrasse logo.

⎯ Você pode esperar aqui por um minuto? ⎯ Perguntei e esperei ela ocupar algum dos sofás da sala.

Os olhos da senhora elegante olhavam para todos os lados que conseguia encontrar primeiro. Ela parecia bastante interessada no lugar.

Ela poderia ser uma compradora?

Comecei a sair da sala em passos lentos para ir até a sala da diretora, mas não precisei me dar o trabalho já que ela entrou na sala minutos depois.

⎯ Sra. Choi, essa...

Ela fez um sinal com a mão para que eu me calasse.

⎯ Seja bem-vinda Jin-Ah. ⎯ Disse a diretora com o tom de voz que ela usava para pessoas importantes ou com cargos superiores ao dela ⎯ A que devo o prazer dessa visita?

⎯ Eu estava passando por perto e acabei decidindo aparecer por aqui. ⎯ Disse a mulher, ainda sorrindo. ⎯ Tenho mais tempo livre para sair agora que meu neto se mudou para minha casa.

Continuei em pé ali porque sabia que Sra. Choi pediria alguma coisa. Ela sempre pedia como se eu fosse sua funcionária particular.

⎯ Ye-Jin. ⎯ Chamou ela como eu já esperava. ⎯ Traga algo para comer.

⎯ Sim, senhora.

Me retirei da sala rapidamente. Sra. Choi era extremamente exigente quando se tratava de tempo. Ela queria que as coisas fossem feitas com agilidade, caso contrário, iria escutar um sermão que duraria uma semana inteira, pois sempre que ela me via, fazia questão de lembrar meu atraso para as outras crianças como: "Não sejam atrasados como Ye-Jin" Ou "Tempo é dinheiro para alguém"

Entrei na cozinha e comecei a procurar algo para comer. O que será que aquela senhora gostava de comer? Não tínhamos comidas chiques os algo do tipo.

Sem tempo para pensar, avistei os pacotinhos de chá no armário e decidi que aquilo era o mais perto que tínhamos de algo que uma pessoa com muito dinheiro gostaria. Então, como eu já estava acostumada com a rapidez com que as coisas eram exigidas, terminei de fazer tudo em cinco minutos e retornei a sala levando também as xícaras mais bonitas que tínhamos.

⎯ Sinto muito. ⎯ Eu disse. ⎯ Como não sabia do que a senhora gostava, achei melhor trazer apenas o chá.

Um brilho risonho surgiu nos olhos dela e comecei a me perguntar se não estava sonhando. Em que mundo pessoas ricas se dariam o trabalho de sorrir para alguém como eu?

⎯ Não se preoculpe, minha querida. Agradeço a sua gentileza.

Tinha medo de falar alguma coisa desnecessária, então apenas sorri. Me afastei um pouco delas, esperando que Sra. Choi me pedisse mais alguma coisa. Precisava ficar sempre atenta quanto a isso isso.

⎯ Então foi assim que aconteceu? ⎯ Continuou a diretora.

⎯ Sim. Meu neto decidiu morar comigo já que sua mãe fez uma viagem para o exterior. ⎯ A mulher experimentou o chá, mas pela careta que ela fez, sei que não gostou muito do sabor.

Deixei escapar uma risada e rapidamente quis voltar no tempo para não ter feito aquilo.

⎯ Ye-Jin, o que ainda está fazendo aqui? ⎯ Sra. Choi se virou para me encarar com um tom de severidade.

⎯ Ah, é só caso a senhora precise de mim para fazer algo.

A diretora deu um sorrisinho falso para mim.

⎯ Falando assim, parece que sempre estou pedido que você faça alguma coisa.

E não pedia?

⎯ Não foi isso que eu quis dizer ⎯ Me apressei em falar e abaixei a cabeça para não quer que encarar seus olhos que mais pareciam os olhos de uma serpente venosa.

⎯ E quantos anos você tem? ⎯ A senhora elegante me perguntou, deixando a xícara de chá em cima da mesinha.

Olhei de relance para Sra. Choi. Ela poderia achar que eu estava me metendo nos assunto dos adultos, mesmo que eu não estivesse tentando fazer aquilo.

⎯ Eu tenho 19. ⎯ Respondi, mas sem encará-la de volta.

Me senti intimidada em falar minha idade. Sra. Choi, fazia questão em deixar claro o fato de eu nunca ter sido adotada por ninguém. Aquilo não me deixava deprimida como ela achava que deixava. Na verdade, eu não tinha essa vontade de ser adotada há muito tempo quando percebi que ser adotada era uma ilusão da minha mente.

⎯ Você trabalha aqui? ⎯ Continuou ela.

⎯ Eu...

⎯ Não, ela é órfã assim como todas as outras que vivem aqui. ⎯ Sra. Choi atropelou minhas palavras, mesmo que fosse exatamente isso que eu iria falar. ⎯ Mas ela já é tão velha para ser adotada. Ye-Jin está apenas esperando os 20 anos para ir embora.

É... ela fez de novo...

Fiquei ofendida e minhas bochechas começaram a esquentar.

Tudo bem, aquilo era verdade, mas eu mesma poderia ter dito. Não tinha mais três anos de idade para precisar que alguém falasse por mim.

⎯ Na verdade, eu não vim apenas visitar o orfanato. ⎯ Confessou a senhora, se levantando do sofá. ⎯ Eu quero adotar alguém para morar comigo. Percebi que minha casa está muito vazia ultimamente.

⎯ Então. ⎯ Sra. Choi se apressou em dizer. ⎯ Espere aqui e pedirei que as crianças venham...

⎯ Isso não será necessário. ⎯ A mulher encarou a diretora profundamente e acrescentou. ⎯ A pessoa que eu quero adotar já está bem aqui.




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