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História Zero - Deixa eu bagunçar você, deixa eu bagunçar você


Escrita por: ShiroKohta

Notas do Autor


Minha primeira fic do Pentagon ≧◡≦
Eu venho passando por um bloqueio criativo terrível e fui recomendada a tentar algo novo e fora da minha zona de conforto, então escolhi um grupo que nunca escrevi e que estou me tornando fã como um todo.
Eu sou Jinho biased desde da época em que ele era trainee na SM, e estou descobrindo os outros meninos agora.
Queridas Universe! Espero que vocês me aceitem e me tratem com carinho.
❀◕ ‿ ◕❀

Capítulo 1 - Deixa eu bagunçar você, deixa eu bagunçar você


A gente fica mordido, não fica?
Dente, lábio, teu jeito de olhar

Me lembro do beijo em teu pescoço

Do meu toque grosso, com medo de te transpassar

 

 

Jinho sempre foi um trabalhador diligente, não era a toa que ele era considerado o melhor arquiteto que a CUBE já teve em todos os tempos. Ele tinha o emprego dos sonhos, uma casa, um carro, dinheiro e amigos, mas ainda assim ele sentia que alguma coisa estava fora do lugar, que faltava a última peça de seu quebra-cabeça. Jinho sabia o que era.

Amor.

Faltava-lhe amor.

Mas o que mal Jinho sabia, era que o amor às vezes se manifesta das formas mais improváveis, nos lugares mais imprevistos, ou, bem debaixo do nosso nariz. O amor pode vir em forma de furacão, ou simplesmente em forma de uma suave essência de baunilha e abraços quentes de um dongsaeng.

....

Aos vinte e seis anos Jinho havia chegado ao estágio da vida em que sua existência girava em torno de uma rotina monótona. Ele havia alcançado uma fase em que se sentia velho demais para mudar e sonhar. Diferentemente de quando criança, onde sonhava com muitas coisas, sonhava em ser grande, ser inesquecível, fazer uma grande diferença no mundo. Mas toda a gana que tinha quando pequenino se perdeu no meio do caminho, se perdeu entre decisões importantes como: ‘Para qual Universidade ir’, ‘Qual curso se especializar’, Que tipo de emprego almejar’, ‘Fazer dinheiro’, Orgulhar os pais’, ‘Ser financeiramente estável antes dos trinta’. Se perdeu entre expectativas parentais. Seus sonhos foram enterrados no ano de 2007 junto com o seu primeiro amor, Kim Jinwoo, seu doce Kim Jinwoo.

....

Kino está deitado no sofá os olhos vidrados no celular estendido acima do rosto, a televisão brilhando com um comercial da polishop que não estava prestando atenção, uma coisa que o mais novo não gostava era de silêncio, então quando estava sozinho em casa sempre ligava a televisão, ou o rádio, mesmo que não prestasse atenção, só para ter outras vozes em sua companhia. Jinho achava engraçado o fato de seus dois irmãos serem seu total oposto, enquanto prezava pelo silêncio Hwitaek e Hyunggu gostavam da euforia de várias vozes e música alta. Ele entra na sala deixando a mochila no chão ao lado do sofá tropeçando no tapete e atraindo a atenção do mais novo que ri soltando o celular em algum lugar no sofá.

― Você chegou! ― Kino diz abrindo os braços e Jinho toma como um convite para deitar por cima do mais novo. ― Como foi seu dia?

Seu irmãozinho caçula o segura nos braços e Jinho acha isso engraçado também, ele não havia crescido muito e ao contrário de si seu irmão que antes se encaixava perfeito em seus braços havia crescido demais, com dezesseis anos Hyunggu era uns bons centímetros mais alto que ele.

― O de sempre, só estou feliz que cheguei em casa.

Ele murmura contra o pescoço do outro, os olhos fechados e o corpo relaxando.

― Hey Jinho hyung, você não pode dormir assim. ― Kino o cutuca na costela. ― Hyung~~, minhas pernas estão dormentes. — O mais novo o cutuca mais uma vez lhe fazendo cócegas lhe tirando uma série de risadinhas. ― Hey, nem pense em ir dormir antes de comer, eu fiz jantar pra você.

Jinho se levanta ao ouvir a palavra comida, a última vez que havia colocado algo decente no estômago tinha sido no café da manhã preparado pelo Hwitaek.

― Eu vou tomar banho. — Ele diz se dirigindo ao quarto.

― Acho bom! Vou colocar a mesa.

Quando tinha 13 anos, Jinho já era um pré-adolescente organizado e louco por planejamento, já naquela época tinha um objetivo a ser alcançado. Iria se tornar um arquiteto renomado, iria ter um apartamento aconchegante em uma cobertura no centro de Seul e um carro do ano e o principal, iria dividir tudo isso com Kim Jinwoo. Era um plano bom e ele conseguiu tudo isso, menos a última parte. No lugar de seu namorado, seus irmãos dividiam consigo o apartamento de quatro quartos em Gangnam, trazendo alegria a sua vida monótona… Mas ainda assim ele se sentia tão sozinho.

[...]

 

Era uma manhã como qualquer outra no apartamento 1016. Era sábado e um dia perfeito para dormir até as costas doerem de tanto ficar deitado. Mas aparentemente, Hwitaek tinha outros planos quando lhe tirou da cama às sete da manhã. Jinho senta no sofá com uma cara de poucos amigos, ele daria tudo para continuar embaixo de seus lençóis quentinhos, mas não se atreve a se levantar do sofá. Não era uma coisa esperta enfurecer seu irmão do meio. Hui volta para a sala arrastando o caçula dos três. Kino trás consigo o edredom e Jinho não pode deixar de achar uma fofura. O mais novo se joga ao seu lado deitando a cabeça em seu colo, enquanto Hwitaek se posiciona sentado de frente pra eles em uma mesinha de centro.

― Convoquei vocês aqui porque tenho algo importante para comunicar.

O loiro diz trazendo toda a atenção para si.

― Você vai se casar com o Hyojong hyung?

Kino pergunta e Jinho ri da visão de seu irmão do meio ficando gradativamente vermelho. Hyojong era um assunto delicado e principalmente a relação colorida de ambos.

― Não. QUE?! Nós somos amigos!

― Eu não sabia que amigos beijavam na boca.

Hyunggu diz sacana fazendo Hui arfar indignado, suas orelhas ficando vermelhas com rapidez.

― É. Também não sei que tipo de atividade de amigo você faz com o Hyojong que te deixa cheio de chupões e com dificuldade para sentar.

Jinho completa ajudando o caçula a desestruturar o irmão do meio. Era divertido ver Hwitaek ficando gradativamente vermelho por todo o rosto e pescoço, era mais divertido ainda lhe tirar do sério.

― NÃO TEM NADA HAVER COM O HYOJONG, TÁ LEGAL? — O loiro grita o que faz Jinho e Kino gargalharem — Vocês podem parar de falar sobre ele?!

O tom da voz do Hui sinaliza que ele estava prestes a ficar chateado de verdade e Jinho volta a sua pose de irmão mais velho sério incentivando o outro a falar.

― O que é então?

― Nós temos um quarto sobrando, aí eu pensei se não poderíamos alugá-lo.

― Pra quem? Pro Hyojong hyung?

Hui se levanta rápido e se joga contra o mais novo e por consequência em cima do Jinho, eles se engalfinham em uma briga cócegas que termina com os três rolando do sofá e caindo no chão.

Quem olhasse de fora não saberia onde começava um e terminava outro.

― Nós não estamos colocando um estranho dentro da nossa casa, Hui.

Jinho diz depois dos ânimos terem sido acalmados. Ele tem o Kino deitado por cima de si e o Hui em cima do mais novo, não era lá uma posição muito confortável e ele tinha certeza que suas costas iriam reclamar depois, mas não faz seus irmãos se mexerem.

― Não é um estranho é o Hongseok.

Hwitaek responde.

― Oh! Hongseok hyung voltou do Japão?

Hyunggu pergunta curioso. Os dois mais novos tinham uma afeição e amizade muito grande com Hongseok, eram amigos desde pequenos afinal.

― Ele conseguiu uma transferência para uma filial em Seul. Ele não tem onde ficar, então pensei se ele poderia ficar com a gente?

― OH! Eu estou morrendo de saudades do Seokie hyung! Ele pode ficar, não pode, hyung?

O olhar no rosto do caçula é tão fofo e cheio de expectativa que Jinho não tem como negar. Na verdade, mesmo que ele não pedisse, não negaria abrigo a Yang Hongseok, ele gostava do garoto mesmo não sendo tão íntimo dele.

― Tudo bem.

[...]

 

Quando Hongseok recebeu a proposta para trabalhar na Coréia ele aceitou sem nem pestanejar. Depois de anos vivendo longe de casa mal podia esperar para colocar os pés em sua terra natal. Obviamente, a empolgação​ fora tanta que nem conseguiu pensar direito em onde iria ficar já que seus pais haviam se retirado para o interior, mas o quão maravilhoso são as amizades e quando todos os seus amigos se oferecem para lhe dar abrigo ele se sentiu sortudo. Mesmo depois de tanto tempo longe, eles ainda se importavam o que lhe aquecia o coração. Mas de todos, ele tivera que escolher a hospitalidade do Hwitaek. Poderia ter ido morar com o Yeo One e com o Yan An, mas teria que aguentar a eterna tensão sexual entre os dois. Poderia ter ido morar com o Hyojong, mas só de lembrar da época em que dividiram um dormitório na universidade lhe traz calafrios, os gostos peculiares do mais novo eram assustadores. Shinwon não estava em Seul, tendo muito trabalho sendo um modelo internacional e ainda morava com a mãe.  No final, sua opção mais plausível era o Hwitaek, seu amigo de infância e melhor amigo. Conhecia o mais velho desde os 12 anos, cresceram juntos, foram à faculdade juntos e vira o Hyunggu sair das fraldas para se tornar um noona killer, os dois eram os únicos do grande grupo de amigos com quem ele falava todos os dias, então era lógico aceitar a proposta, mas porque se sentia tão inseguro?

Hongseok se sentia temeroso, porque não dividiria um teto com apenas seus amigos de infância, junto estaria à pessoa que tomava parte de sua mente, a pessoa que achou que havia esquecido. Não estava completamente pronto para encarar Jo Jinho e provar pra si que não havia esquecido seu primeiro amor.

Jo Jinho pra si era o inalcançável, um ser inatingível. No começo assim que havia se mudado pro mesmo bairro dos garotos e feito amizade com o Hwitaek, Hongseok achou que o que sentia pelo irmão mais velho do amigo era admiração, afinal era filho único e sempre desejara ter um hyung. Mas com o tempo foi percebendo que não era só isso, ele tinha inveja do primo dos Jo, ele queria ser como Kim Jinwoo que sempre andava pra cima e pra baixo com o Jinho. Na época com treze anos, Hongseok percebeu que não queria ser um irmãozinho caçula e sim queria ser aquele que beijava seu hyung na beira da piscina. Quando Jinwoo se mudou, ele viu a oportunidade de se aproximar do outro por um tempo, fora fácil conversar com o Jinho, mas ele era quatro anos mais novo e a agenda de um adolescente no ensino médio não permitia seu hyung de ter muito tempo pra ele e para os irmãos. Mas isso não impediu Hongseok de gostar dele a distância. E quando o Jinwoo se foi e seu hyung se tornou recluso e fechado para o mundo, ele também não deixou de amá-lo.

Porém, o tempo fora passando e seu crush no irmão mais velho do melhor amigo, fora se esvaindo, bom, assim pensava.

Hongseok entrou na faculdade, conheceu outras pessoas, bebeu, conheceu o Hyojong, fumou maconha, perdeu a virgindade com uma garota mais velha, transou com alguns garotos, incluindo o melhor amigo e o pra sempre não namorado desse. Ele viveu o que um jovem com a maior idade recém-conquistada tinha que viver, mas ainda assim dentro dele algo lhe lembrava que não tinha aquilo que mais queria e amava.

E quando nas férias tinha que voltar pra casa e rever seu hyung, seu amor platônico lhe doía tanto, porque sabia que jamais seria alguém amado por ele, que jamais iria ser o que Kim Jinwoo fora para o mais velho.

Morar no Japão havia sido uma escapatória. A oportunidade era perfeita, iria fazer um mestrado em uma conceituada universidade, iria ser chef em um renomado restaurante e iria ficar longe do Jinho. Então ali se iniciou uma nova vida, fez outras amizades sem esquecer as que tinha, namorou garotos e garotas, e alimentou a ilusão de que havia esquecido seu hyung. Porque até se pode não esquecer o primeiro amor, mas superá-lo parecia ser fácil. Mas obviamente estava enganado e a prova estava diante dos seus olhos.

Hongseok sorriu ao sair do portão de desembarque e dar de cara com Hyunggu segurando um cartaz escrito 'Bem-vindo de volta, meu Seokie-hyung <3’ e vários corações, pulando de um pé pro outro com um sorriso fofo no rosto, ao seu lado Hwitaek agora loiro acenava empolgado, mas o que o fez parar fora a visão do Jinho sorrindo carinhoso pra si, ele ainda amava aquele maldito sorriso. Hongseok não tem muito tempo para olhar seu hyung, não quando Hyunggu se joga em seus braços em alta velocidade quase levando ambos ao chão, o pirralho havia crescido bastante.

— Eu senti tanta sua falta Hyung! Eu quase não dormi de ansiedade por você estar de volta! — Ele diz de forma fofa o abraçando e Hongseok ri, assanhado o cabelo pretinho do mais novo e devolvendo o abraço. Ele beija ambas as bochechas do menor que ficam vermelhas o fazendo rir mais ainda.

— Olha só como você cora. Desse jeito vou achar que você ainda é afim de mim Kino-ah.

Suas palavras fazem o garoto se afastar fazendo uma careta.

— Eu já te superei hyung, agora eu gosto de caras da minha idade, tipo o Wooseok eu te falei dele lembra?

Ele acena em afirmativo, mas não responde por ser abraçado por braços fortes. Hongseok aperta Hwitaek, que lhe beija o rosto.

— Eu não acredito que você está de volta, finalmente!

Ele diz e Hongseok não pode deixar de concordar, eles se abraçam mais um pouco e ele tenta dividir a atenção entre ambos os irmãos que falavam sem parar com muitas informações.

— Eu não ganho um abraço também?

Jinho pergunta e Hongseok sente suas pernas fraquejarem, por um breve momento havia esquecido que o mais velho também estava ali. Seu hyung está na sua frente, ele não crescera muito e ainda conservava o rostinho de adolescente e seu sorriso ainda era o mais lindo e caloroso do universo. Ele abre os braços e Hongseok dá um passo hesitante para frente e se abaixa para abraça-lo de volta e quando faz comete o terrível erro de respirar fundo. Jinho ainda cheirava a essência de morango como se lembrava, e Hongseok não podia mais odiar morangos.

[...]

 

A rotina com a inclusão do Hongseok não muda muito. Eles raramente estavam em casa no mesmo horário. Quando Jinho saia para o trabalho, o mais novo estava dormindo, quando ele chegava Hongseok havia acabado de sair para seu turno no restaurante. E quando ambos estavam em casa ao mesmo tempo, nunca estavam sozinhos.

Mas também não era como se não existisse uma quarta pessoa no apartamento. Era fácil perceber não só pela escova de dente extra no banheiro, ou os sapatos na sapateira na entrada, era fácil perceber pela refeição decente que sempre tinham, pela organização impecável que de repente tomou conta do lugar. Era também fácil de perceber pelo cheiro de baunilha que impregnava o banheiro e o corredor quando o mais novo saia do banho e era bom.

Quando Hongseok entrou na vida de seus irmãos, Jinho não notou muito o garoto franzino, filho dos novos vizinhos, na época com catorze anos estava descobrindo o que era ser gay - apesar de naquela época não saber essa denominação - e gostar de outro garoto, estava experimentando beijos e toques com o Jinwoo às escondidas. Com quinze já sabia o que era e que amava Jinwoo, e não fora surpresa pra ninguém quando começaram a namorar. Naquela época lembra que a pressão para escolher uma universidade já estava começando, mas também lembrava de ter tirado um tempo para brincar com Hwitaek e seu melhor amigo Hongseok, um garoto moreno e vesguinho, de sorriso fofo que fazia querer lhe colocar num potinho. E depois veio a depressão, o afastamento de todos, a fase de reclusão, ele não saia de seu quarto, muito menos de casa o máximo que conseguia ir era até a varanda do segundo andar, porém por poucos minutos sempre tinha uma vontade louca de se jogar de lá de cima. Não fora fácil, e até hoje se sentia culpado por ter dado tanto trabalho aos pais, por terem feito deixarem um pouco de lado os irmãos menores para ficarem sempre atentos a seus passos, sentia muito por não se sentir bem para atender os chamados do Hyunggu para brincar de casinha, ou do Hwitaek para jogar videogame e a isso era grato ao Hongseok por ter estado lá e se tornado um irmão para seus irmãos.

― Ele é muito bonito. Eu sempre me perguntei quem poderia ser, todas as vezes que passei por aqui você está encarando essa foto com um olhar distante.

A voz o assusta, ele nem havia percebido que encarava a foto em cima de sua mesa muito menos havia notado a presença da outra pessoa em sua sala. Jinho olha pra foto mais uma vez por alguns segundos e depois encara a colega de trabalho. SuAh o encara expectante de uma resposta.

― Ah! ― Jinho sorri triste, seus dedos deslizam pelo rosto do garoto de olhos expressivos e alma doce que sentia tanta falta. ― Ele foi a pessoa mais importante da minha vida, mas já não está mais entre nós.

— Meus pêsames. — ela diz aparentando está realmente sentida e ele dá de ombros.

— Faz muito tempo. Então, o que posso te ajudar?

— Ah, eu vim perguntar se precisa de mais alguma coisa antes que eu vá.

— Não não. Pode ir SuAh, tenha uma boa noite.

— Boa noite, Sr. Jo.

...

 

― Yah Kim Jinwoo!! Você me paga! ― O Jinho de 13 anos grita correndo na direção das gargalhadas altas que se fazia ouvir através do jardim. Um garoto de mesma idade com cabelos no queixo corria, dele que tinha toda a roupa molhada segurando um balde com água. Mas ele não calcula bem a rota de fuga ficando imprensado entre o Jinho e a parede do quintal.

— Se rende? — ele pergunta sorrindo vitorioso colocando o balde no chão, Jinwoo também sorri de forma presunçosa e não responde escolhendo correr, mas não rápido o bastante e ao passar pelo mais velho é puxado pela camisa caindo no chão.

― Te peguei!!! — Jinho diz rindo e sentando em cima do primo que também ri, e é tão lindo, ele poderia beijá-lo ali mesmo, mas tinha uma missão. ― Você está injustamente seco!

― O que eu posso fazer? — Jinwoo pergunta levando as mãos para as coxas do mais velho tentando empurra​-lo de cima de si, sem sucesso.

― Se molhar ué! — dizendo isso ele joga a água do balde em cima dos dois. Jinho ri se levantando e correndo para longe de retaliações.

― Yah Jo Jinho!!!

Jinwoo gritava indignado por ter sido ensopado com água fria.

...

Jinho fecha os olhos apertados e leva às mãos a cabeça. Ele sentia tanta falta de Kim Jinwoo mesmo tendo passado tanto tempo, ainda lhe doía o peito. Seu celular vibra com uma mensagem do Yan An avisando que já o esperava do lado de fora da Cube. Ele arruma suas coisas e sai para a noite fria de Seul, pronto para aliviar a cabeça e esquecer seu amor do passado por um tempo.

 

[...]


 

Hongseok não é muito chegado a festas, mas se sente comovido por seus amigos terem tirado um tempo em suas agendas para se reunirem e lhe dar boas vindas, definitivamente estava grato.

Parecia bom reviver os tempos de faculdade mais uma vez, onde eles bebiam como não houvesse amanhã e no outro dia choravam feito bebês de arrependimento. Apesar de que a festa agora tinha menos álcool envolvido e estava sendo mais comportada por estarem em um pequeno restaurante familiar. Apesar de quê isso não parece acalmar os ânimos do Hyojong que tem sua quarta dose de tequila na mão e tenta sem sucesso fazer Hwitaek tomar o conteúdo de sua boca não obtendo sucesso e indo se sentar no colo do Yeo One que parece feliz demais em participar da brincadeira, mas logo desiste quando vê Hwitaek caminhando até eles enfurecido.

Hongseok ri para os amigos e se vira para Shinwon e Hyunggu onde o mais novo tentava convencer o modelo que estava tudo bem ele tomar um gole da cerveja, afinal tinha quase dezoito anos.

— Shinwon-ah ele não tem quase dezoito anos, na verdade ele só tem dezesseis, você quer ser preso? — Ele pergunta assustando os dois, o pânico no rosto do Shiwon é impagável e o faz rir.

— Hyung! — Hyunggu reclama fazendo manha para qual ele revira os olhos, já tinha virado craque na arte de resistir a fofura do caçula.

— O quê? Esse coquetel de morango sem álcool está maravilhoso. — ele diz colocando a taça na mão do adolescente que o encara com um bico nos lábios, mas toma o conteúdo mesmo assim.

— Oh! O Yan An chegou finalmente.

Shinwon diz se levantando e Hongseok olha na direção da entrada. Lhe surpreende ver Jinho entrando acompanhado do Yan An. O primeiro do grupo a notá-lo atrás do Chinês é o Shinwon que corre com suas pernas longas e abraça o mais velho o suspendendo do chão. Seu estômago se contrai ao ver seu hyung sendo abraçado pelos outros meninos sorrindo brilhantemente pra eles. Às vezes era demais, Hongseok só queria poder uma vez na vida ser o centro das atenções do Jinho.

— Depois que você foi pro Japão e eu e o Hyunggu viemos morar com o Hyung, ele se afeiçoou aos outros rapazes.

Hwitaek sussurra em seu ouvido seguindo sua linha de visão.

— Eu fico feliz em vê-lo tão alegre e diferente.

— Sabe, por um momento eu achei que você não iria aceitar morar com a gente por causa do hyung.

Hongseok olha o amigo por alguns segundos e abaixa a cabeça encarando o copo de cerveja que tinha na mão.

— E porque eu faria isso?

— Porque você ainda gosta dele e se me lembro bem, teve uma época em que você evitava meu irmão feito a praga.

— Não é verdade.

Hongseok resmunga, mas era verdade sim. Ele evitou o Jinho por um bom tempo, e tudo havia começado depois do primeiro sonho erótico que teve com seu hyung, ele era um adolescente e se sentia vergonhoso por ter tido pensamentos tão pecaminosos com o outro.

— É sim. Eu lembro dessa época também, hyung.

Hyunggu diz, escolhendo sair de sua cadeira ao seu lado e sentar no seu colo, Hongseok suspira resignado. Enquanto Hwitaek tomava a cadeira antes ocupada pelo caçula.

— Eu pensei em não aceitar é verdade, mas sabe, eu já superei o Jinho hyung.

— Que mentira. Nós estamos morando na mesma casa e você nunca fica sozinho com ele por medo.

— Eu não tenho medo.

— Tem sim hyung, quer ver? JINHO HYUNG!

Hyunggu grita antes mesmo que ele possa lhe impedir e o moreno apenas o belisca na barriga em retaliação. Ele observa em pânico Jinho se desgrudar do Hyojong do outro lado da mesa e se aproximar dele, em seu canto de olho Hui tá se levantando para sair e Hyunggu tenta fazer o mesmo, a intenção era clara, queriam lhe deixar sozinho com o Jinho, mas ele não iria permitir. Hongseok segura o menor com força pela cintura em seu colo e o observa lhe sorri debochado.

— Você está perturbando o Seok, Kino-ah? — Jinho pergunta e se era possível ele ficava ainda mais bonito em suas roupas de trabalho, uma camisa social preta, calça de mesma cor e sapatos marrom.

— Claro que não hyung, mas esse chato não me deixa tomar um gole de cerveja. Por favorzinho hyung, me deixa tomar?

— Claro que não. O Hongseok fez bem. — Jinho diz se sentando ao seu lado, ele lhe sorri com o maldito sorriso que tanto odeia, que faziam seus olhos sumirem em duas crescentes e seu coração vibrar — Eu fico feliz que você esteja de volta com a gente Seok, de verdade.

— Eu também fico feliz hyung.

Jinho sorri mais uma vez e se distrai com o Yeo One e Yan An e ele se permite respirar normalmente.

Kino deita a cabeça em seu ombro para lhe sussurrar no ouvido.

— Você deveria parar de fugir dele hyung, desse jeito você nunca vai ser notado.

 

[…]

 

Jinho cumprimenta alguns de seus colegas de trabalho com um aceno breve ao passar pelas portas de vidro do prédio da Cube, com um sorriso ele cumprimenta as recepcionistas e se dirige ao elevador que parecia lhe esperar e pressiona o botão para o décimo andar. Jinho encara seu reflexo no espelho atrás de si com uma careta, seu cabelo estava uma total bagunça, bem diferente de como estivera pela manhã e suas roupas um tanto amassadas pelo tanto de tempo que havia passado sentado em reunião. Ele passa as duas mãos pelas madeixas tentando domá-las, mas logo desiste, parecia mais que estava piorando a situação. Com um ding suave, o elevador para em seu andar e Jinho anda rápido por entre os corredores, parando vez ou outra para dizer olá a seus estagiários e assistentes indo em direção a seu escritório.

― Sr. Jo. ― A voz de sua secretária SuAh lhe chama a atenção antes de entrar, ele faz um curto caminho até a mesa dela de frente a sua sala ― Tem alguém a sua espera lá dentro.

― Oh, e quem seria?

― Eu não sei bem o nome, desculpe. O Sr. Yeo que o deixou lá dentro, na realidade ele acabou de sair de lá.

Jinho se abstém de revirar os olhos para a garota, ele sabia que aceitar a contratação da filha de seu chefe era uma péssima ideia, mas não tivera como dizer não a quem pagava suas contas. Ele não diz nada, resolvendo ir em direção a sua sala e ver por si só quem era o visitante. Quando abre a porta espera encontrar o intruso sentado no sofá de couro preto que tinha no canto, mas ao invés o encontra de pé atrás de sua mesa encarando a enorme janela de vidro, bastante concentrado na paisagem através do espelho. Jinho gostava bastante de como seu escritório era localizado, lhe fazendo ter uma visão privilegiada do centro da cidade. Ele se aproxima com cuidado do mais alto que não lhe nota, Jinho se posiciona ao lado dele e com delicadeza coloca a mão no cotovelo do mais novo.

― Bonito não é? ― Ele diz fazendo o outro gritar e levar as mãos ao peito. Jinho ri alto e a porta de seu escritório é aberta por sua afobada secretária.

― E-eu ouvi um grito tudo bem? ―  Ela pergunta incerta o que o faz rir mais ainda.

― Tá tudo bem SuAh, foi só um susto. Pode voltar ao trabalho.

Jinho espera ela fechar a porta e então se vira para o outro que tem o rosto vermelho de vergonha.

― Você quer me matar do coração, hyung? ― Hongseok pergunta com um bico nos lábios e Jinho revira os olhos pro mais novo.

― O que você tanto pensava concentrado que não me viu entrar?

― Nada ― Hongseok dá de ombros dando a volta na mesa e indo se sentar na poltrona disposta em frente a sua mesa. Jinho se encosta no pedaço de madeira com os braços cruzados encarando o mais novo com cuidado. Ele e Hongseok não tinham muitas oportunidades de ficarem sozinhos e tinha certeza que na lista de emergência do garoto se precisasse de alguma coisa ele era o último, então era muito estranho vê-lo ali na sua sala.

― Então, no que o hyung pode te ajudar? ― ele resolve perguntar fazendo o mais novo tirar a atenção das mangas de sua camisa e focar seus olhinhos​ vesguinhos em si. ― Aconteceu alguma coisa com o Hyunggu?

― Uh… Hm Não. Eu vim te chamar pra jantar? ― A afirmação sai mais parecida com uma pergunta de tão hesitante que soa. Jinho franze o cenho por alguns segundos, mas resolve não dizer nada.

― Espero que não tenha ficado me esperando por muito tempo, eu tive uma reunião de última hora com um de nossos clientes.

― Ah não. Cheguei faz pouco tempo e o Changgu ficou me fazendo companhia.

― Que bom. ― ele responde se sentando em sua cadeira e abrindo uma das gavetas, tirando de lá seu celular pessoal e sua carteira. Ele volta a se levantar e pega a jaqueta de couro que estava no encosto da cadeira e se dirige para a porta.

― Hm, hyung. Você vai sair comigo? ― Hongseok pergunta mordendo o lábio inferior ainda sentado na poltrona e Jinho sorri revirando os olhos pela segunda vez.

― Mas é claro bobo. Vamos logo estou morrendo de fome.

Apgujeong-dong está repleta de pessoas. Jinho quase havia se esquecido que dia era. Mas andando pelas ruas, evitando habilmente tropeçar e esbarrar os ombros com qualquer um fica claro que é uma noite de sexta-feira. Eles caminham por um tempo, três passos, depois dois entre eles. Uma mochila de marrom escuro paira em um dos ombros do Hongseok. Jinho acaba estendendo a mão para ajustar corretamente as correias, para segurá-la para que não se separem muito na multidão. O mais novo por ter pernas maiores conseguia cobrir uma distância mais ampla e ele estava tentando não parecer um bobo correndo atrás do maior. Quando Jinho abre a boca para perguntar para onde exatamente eles estão indo, Hongseok faz uma súbita curva para a direita e entra em um restaurante. Não é um lugar elegante. A placa de neon com seu nome é fraca e oxidada, mas parece ser um lugar suficientemente limpo, mas ainda assim lhe surpreende o mais novo sendo um chefe de um renomado restaurante de luxo frequentando um lugar singelo, era interessante. Hongseok os guia até uma mesa no canto abastado do restaurante, se sentando na cadeira de plástico e colocando a bolsa no chão a seus pés. Ele cumprimenta o ahjumma que trabalha lá com familiaridade suficiente fazendo Jinho pensar que ele deve frequentar o lugar com frequência. O mais velho se senta em frente a ele, apoiando as mãos no colo. Hongseok faz o pedido para os dois, e ambos se despem de suas jaquetas enquanto o frio de antes desaparece. Eles observam as entradas serem colocadas a frente deles em silêncio. Quando os olhos de Jinho piscam até Hongseok, ele o vê o mais novo o olhando de forma concentrada. Um olhar penetrante que ele não consegue decifrar, mas que faz suas mãos suarem e seu coração agir estranho.

Porém, mais estranho ainda era o fato de os dois estarem ali, sozinhos. Jinho sempre teve uma afeição pelo Hongseok, mas nunca a demonstrou com muita visibilidade e o mais novo também nunca havia demonstrado querer passar muito tempo em sua companhia, pelo menos não quando estavam sozinhos, o que lhe fazia pensar…

― Então, de qual dos meus irmãos foi a ideia genial de jantarmos juntos? ― Ele pergunta fazendo Hongseok abaixar a cabeça, ele parecia envergonhado. O que o faz sorri com carinho.

― Eu não poderia ter tido uma vontade própria em passar um tempo a sós com o hyung? ― Ele pergunta se inclinado sobre a mesa apoiando o queixo na mão.

― Poderia, mas nós dois sabemos que você não faria isso sem uma pressão básica. Então, quem foi? Aposto que foi o Hwitaek.

Jinho reorganiza os pratos até que eles se alinhem perfeitamente, pegando um pedaço de kimchi e mastigando-o lentamente.

― Na verdade foi o Hyunggu. ― A resposta do mais novo o faz bufar, não poderia esperar menos do seu maknae, afinal.

A situação era de um todo não muito confortável. Eles tinham amigos em comum, conseguiam funcionar em grupo, porém sozinhos era novo. Jinho tinha nada contra o Hongseok, na realidade eles tinham bastante coisa em comum, só não tinham oportunidade de compartilhá-las. Secretamente Jinho admirava o Hongseok por seu jeito com as pessoas, era fascinante como o mais novo não conseguia se expressar direito com palavras, mas conseguia colocar todo o amor e carinho que tinha pelos outros com gestos. Ele tinha muito a agradecer ao Hongseok por ter estado ao lado de seus irmãos nos momentos em que mais precisaram e Jinho não pôde ajudar por estar lidando com seus próprios monstros.

― O Hyunggu deveria se meter em sua própria vida. Nós não somos estranhos um com o outro, nós somos?

Ele pergunta depois de um par de minutos em silêncio. Hongseok tem a atenção voltada para a rua e a chuva que caía incessante lá fora, quando ele vira para encará-lo, Jinho respira fundo desconcertado pela beleza de seu dongsaeng.

― Só um pouquinho. — O mais novo responde, juntando o indicador e o polegar e o deixando uma brechinha pequena entre os dois, franzindo o nariz junto em um aegyo intencional.

— Eu acho que somos um bocado.

Ele diz rindo divertido ao ver a expressão indignada no rosto do moreno. Sim, eles eram realmente estranhos um com o outro, mas não chegava a ser desconfortável o que era bom.

― Ah hyung~~ Você me adora, todo mundo adora. ― Hongseok resmunga com um bico fofo nos lábios fazendo Jinho gargalhar.

― Pensei que fosse ao contrário.

― Todos têm um caso de amor e ódio com Yang Hongseok, é só questão de tempo pra você também ter hyung.

Naquela noite quando os dois voltaram pra casa, cada um se recolhendo no conforto de seus respectivos quartos, Jinho se permitiu pensar. Talvez, ele já estivesse em um caso de amor e ódio com o Hongseok, só não sabia ao certo o que predominava mais em seu coração e isso era assustador. Assustador por ser tão súbito, praticamente irreal e impossível.

 

[…]

 

― Acho que vou chamar a SuA pra sair ― Jinho toma um susto com a voz, ele estava numa pequena sala de reuniões onde seus estagiários haviam montado um pequeno estúdio onde confeccionavam as maquetes dos projetos feitos por Jinho e eles.

O mais velho se afasta de sua posição debruçado sobre uma planta de um apartamento de luxo, reajustando os óculos que escorregavam pela ponte de seu nariz. Changgu está de pé com dois copos de papel nas mãos, os lábios se curvando em um sorriso cordial. Jinho semicerra os olhos para o mais novo e cruza os braços sobre o peitoral.

― Nem pense em fazer isso, ela é a filha do chefe. Além do mais pensei que estivesse rolando algo entre você e o Yan An.

O nome do Chinês faz Changgu fazer uma careta, as pontas de suas orelhas ficam vermelhas e Jinho se controla para não rir. Seus amigos eram patéticos, ambos estavam perdidamente apaixonados um pelo outro, mas ficavam se negando ao amor.

― Eu te trouxe café. ― O mais novo diz estendendo um dos copos. Ele sempre adiciona muita água a bebida e Jinho odeia, mas ele aceita mesmo assim murmurando um obrigado com seu melhor sorriso.

― Como foi seu encontro com o Hongseok hyung? ― Changgu pergunta sorrindo por cima do copo de café. Seus dentes são dignos de um anúncio de pasta de dente, retos e obscenamente branco.

― Não foi um encontro. Somos amigos ― Ele responde na defensiva, é estranho, mas se sente incomodado com a suposição do mais novo. Obviamente isso só faz Changgu sorrir mais largo ainda e é irritante. Yeo Changgu tem o rosto de um príncipe ou um herdeiro chaebol ou um protagonista de um drama. Ele se veste como todas essas coisas também, caro e antiquado. Ele é lindo e sabe disso e às vezes a sua beleza e altura deixava o mais velho consciente demais de sua baixa estatura e rosto comum.

Jinho suspira fingindo irritação e volta a se debruçar sobre a mesa com um lápis grafite em mãos pronto para corrigir qualquer erro encontrado no esboço feito, ele ainda consegue sentir a presença do outro na sala e quando levanta os olhos do papel, Changgu ainda está lá.

― O que foi Yeo One? ― ele pergunta usando o apelido que o amigo havia ganho na faculdade, agora não fingindo mais estar irritado.

― Nada. Eu só estou feliz que você e o Hongseok hyung estão se acertando é só ― Jinho levanta uma sobrancelha em questionamento, mas não recebe nenhuma explicação ― Eu vou indo. Até depois, hyung.

Jinho volta para o desenho e se perde fazendo os ajustes. Ele lembra tardiamente de saborear o café, morno e diluído. Seu celular, vibra em seu bolso, zumbindo com uma notificação. Mas ele não dá muita importância. Outro gole no café instantâneo, outro buzz. A curiosidade é maior que si e ele pega o telefone olhando a tela de bloqueio que brilha sinaliza duas mensagens no KakaoTalk de Yang Hongseok.

Hongseok: De 0 á 10 o quanto o hyung gostaria de tomar um sorvete nesse frio, comigo? ≧◡≦

Jinho deixa o dedo pairar sobre o teclado do celular por alguns segundos, antes de responder.

1000 é bom pra você?

Hongseok: Heol!~

Um sorriso adorna seus lábios ao ver o emoji empolgado mandado pelo mais novo.

 

[...]

 

O ar correndo pelos pulmões de Hongseok é refrescante, porém morno. Irá ficar muito quente em algumas horas, quente demais para correr, pelo menos para ele. Mas agora, o vento é frio o suficiente para manter suas roupas no lugar e não colando em seu corpo molhadas de suor. Ele está correndo o mais devagar que o habitual olhando para trás a cada segundo para ter certeza que não estava muito longe.

― Acho que estou morrendo ― Uma voz falha e ofegante diz a suas costas, e quando se vira Hongseok encontra Jinho curvado, com as mãos apoiadas nos joelhos. Seu cabelo está amarrado em um mini rabo de cavalo no meio da cabeça de forma fofa, o deixando com mais cara de criança ainda.

― Onde está sua estâmina? ― Hongseok pergunta com uma careta no rosto ― Você está sem fôlego e tremendo e nós mal começamos, só fazem trinta minutos! Hyung, você fuma por acaso?

― Não ― O mais velho diz entre uma puxada de ar ― Só sou sedentário mesmo.

Ele resmunga levando as mãos ao cabelo e sem querer assanhando os fios do penteado. Hongseok se aproxima e leva as mãos ao cabelo de seu hyung, tirando o elástico e voltando a prender todo o cabelo tirando de seu rosto.

― Quer descansar um pouco? ― Ele olha pra baixo e Jinho o encara com as bochechas vermelhas, provavelmente da corrida, ele acena positivo com a cabeça ávido pela ideia de finalmente poder sentar e o mais novo sorri de lado de forma maldosa.

― Nos seus sonhos ― Hongseok diz e volta a correr deixando pra trás seu hyung gritando em protesto, mas o seguindo mesmo assim.

Eles param depois de algumas voltas. Jinho parece que vai desmaiar a qualquer momento, seu rosto está muito vermelho e a respiração pesada e entrecortada.

― Não acredito que deixei você me convencer a fazer isso! ― Ele choraminga ― Meus músculos irão doer por dias! ― Jinho diz deitado em um banco de madeira, as mãos contra o peito. ― Quer dizer, isso se eu sobreviver, meus pulmões estão em chamas, vou entrar em combustão, Seokie.

Hongseok morde o lábio para não rir do mais velho, ao mesmo tempo que tenta não corar com o apelido.

― Você está ótimo, sua morte não será hoje ― Ele responde revirando os olhos, mas mesmo assim se agacha ao lado do Jinho e passa uma mão em seu peitoral em uma massagem e o coloca sentado. Ele lhe dá uma garrafa de água, e o mais velho bebe todo o conteúdo de uma única vez, um pouco do líquido escapa pelo canto de sua boca, por seu queixo até cair em sua camisa cinza e ele suprime a vontade de puxar o mais velho pelo pescoço e beijá-lo, no lugar ele escolhe se sentar ao lado do seu hyung.

Eles sentam com as costas retas, observando as pessoas passarem por eles. Eles estão suados e cansados, mas é bom. Jinho já não treme mais e sua respiração volta ao normal, e Hongseok não se contém em não olhar o seu hyung.

― Hyung, posso te fazer uma pergunta?

― Você já está fazendo uma pergunta, mas eu deixo você fazer outra ― Jinho diz sorrindo maroto e o mais novo revira os olhos.

― Hm... você … ― Ele passa uma mão no pescoço sem jeito, sem saber ao certo como perguntar, mas ele precisava saber. ― Você está saindo com alguém?

O céu está sem nuvens e o vento parece ter se retirado deixando o ar mais abafado. Jinho não responde de imediato, o que o faz ter medo da resposta.

― Por quê? Você quer sair comigo Hongseok? ― o tom de voz do mais velho não lhe diz muito e o sorriso em seu rosto é brilhante, porém cheio de brincadeira.

Eu quero, sim. Ele pensa, mas não diz nada.

― Só fiquei curioso.

― Sei. Mas não estou saindo com ninguém, não. ― Jinho responde. ― E você? Tem saído com alguém?

― Não.

― Quando foi a última vez que saiu com alguém?

― Há muito tempo ― Hongseok responde, mas na verdade não havia sido tanto tempo assim, na realidade nem um relacionamento de fato eles tinham. Ele e Yukito eram apenas amigos de foda, por assim dizer, ele não a amava e sabia que ela sentia o mesmo. ― Ela era uma boa pessoa.

― Ela? ― Jinho o encara por alguns segundos de forma estranha. Mas logo volta a deitar no banco agora com as pernas por cima das do mais novo.

[...]

 

Eles assistem Kimi no wa junto com o Hyunggu depois de muita insistência do mais novo. Algo sobre um aluno de intercâmbio ter mencionado ser seu filme favorito e ele tinha que assistir antes do Wooseok para impressionar o tal do Yuto. Hongseok acha fofo e Jinho diz que seu irmãozinho é muito novo para se relacionar com alguém.

No fim, os três assistem Taki e Mitsuha em sua saga contra o tempo e contra o esquecimento. Hongseok sentado ao chão entre as pernas do Jinho que está sentado no sofá com a cabeça do Hyunggu no colo. E quando Taki escreve que ama Mitsuha na mão da garota, Hongseok sente uma vontade boba de fazer o mesmo com seu hyung. Seria fácil esperar o mais velho ir dormir e depois entrar em seu quarto e escrever "Eu te amo" na palma de sua mão.

Quando o filme termina e a música de encerramento começa a tocar, Kino se levanta indignado com lágrimas escorrendo pela face, ele murmura algo sobre ir dormir cedo porque tinha aula e Jinho e Hongseok riem porque sabiam que o mais novo iria deixar sua fúria no twitter por causa do final aberto.

...

Quando a imagem fica negra e a trilha sonora final começa a tocar, Hongseok coloca a televisão em mudo e se vira para Jinho com um sorriso. Ele gosta de como seus caninos são um pouco mais proeminentes do que o resto dos dentes. Ele gosta de muitas coisas sobre o sorriso do mais novo, na verdade. E principalmente gosta da sensação calorosa que aquele sorriso deixa em seu peito. É familiar o suficiente. Ele sabe o que significa, mas ainda assim...

Jinho tem plena consciência que pode se acostumar com qualquer coisa. O peso de seus óculos na ponte do nariz, a maneira como suas lentes de contato tornam seus olhos irritados e secos. Sair todas as noites da semana, ter sua vida resumida ao trecho da estrada entre o apartamento e o trabalho. Amigos se tornando estranhos. Estranhos se tornando amigos. Quando ele percebeu pela primeira vez que queria nada além de beijar um garoto e esse garoto era seu primo, ele pensou, tudo bem eu posso fazer isso pra sempre. E enquanto olha para Hongseok agora, um garoto que conhece há quase metade de sua vida, mas realmente só recentemente teve um contato mais profundo, ele pensa a mesma coisa, tem a mesma sensação, na sua mente vibra algo entre 'Eu me acostumei com você', e 'Eu poderia te beijar pra sempre'.

— O que há de errado, hyung? — Hongseok pergunta ficando de lado e pressionando a bochecha no couro do sofá à esquerda do joelho do mais velho, lhe encarando.

Jinho leva um momento para considerar uma resposta plausível.

— Não é nada, meu bem.

Ele empurra suavemente os fios de cabelo longe do rosto do Hongseok com o dedo indicador, seus dedos deslizam pela tez morena de leve, e quando o mais novo suspira ele retrai a mão. Jinho inala profundamente pelo nariz, mantém a respiração em seus pulmões por um momento e depois deixar sair.

— Posso te contar uma coisa? — Hongseok fala baixinho com os olhos fechados e Jinho murmura um 'pode' mais baixo ainda — Eu também gosto de homens. Às vezes.

Não era uma coisa que Jinho não soubesse, pelo menos achava que não era segredo pra ninguém, não quando Hwitaek havia lhe mencionado de uma vez que tiveram um momento íntimo, e de alguns namorados do mais novo. Mas ele não pode deixar de ficar tenso, porque as palavras de Hongseok pareciam ter um significado diferente.

— Às vezes? — Ele pergunta.

Hongseok olha para suas próprias mãos, mas quando ele vê o quanto elas estão tremendo, ele olha para longe.

— Às vezes — Hongseok repete — Não exclusivamente, e não--

O mais novo gagueja e não parece hábil de terminar a frase.

— Você já esteve com um homem antes? — Jinho pergunta mesmo já sabendo a resposta.

— Sim — Hongseok lambe os lábios, um tique nervoso. — Eu tive um namorado por um tempo... no Japão, mas ele não era o que eu queria.

— Você tem padrões realmente altos ou algo assim?

— Talvez eu tenha. — Ele responde e os olhos do mais velho focam em sua boca. Pare de lamber seus lábios.

Hongseok se puxa lentamente para cima e para fora do chão, e se senta no sofá. O coração do Jinho está martelando tão forte contra o interior de seu peito e seu cérebro age por conta própria.

— E quanto a mim? — Ele pergunta. — Eu alcanço aos seus padrões elevados?

Jinho espera a resposta do mais novo impaciente. Jinho tinha medo de poucas coisas, gatos com garras afiadas, casarões mal assombrados, fantasmas, perder o Kino numa multidão e nunca mais o encontrar, pássaros que voam muito perto de sua cabeça, mas ele não tinha medo da mudança.

— Você sempre fez hyung, você é o padrão.

E pra dizer que estava surpreso com a confissão do maior seria uma total mentira. Porque no fundo Jinho sabia que Yang Hongseok não o via apenas como um hyung mais velho que deveria respeitar, não era cego, nunca fora.

— Você se apaixonou por mim, Hongseok?

— Não hyung. — O moreno sorri triste encarando as mãos e quando levanta a cabeça para olhá-lo, parece que vai chorar a qualquer momento — Eu sempre fui apaixonado por você.

Outra ingestão brusca de ar. Outro sorriso, menos vacilante, mais ainda assim hesitante. Jinho não tem a certeza qual dos dois se moveu primeiro, mas seus olhos observam atentos Hongseok se inclinar para a frente com um propósito. Jinho o encontra no meio do caminho, seus lábios se encaixam juntos, como se tivessem sido feitos pra isso. Ele é empurrado de volta até que suas costas estão tocando no encosto do sofá, uma mão grande se curva sobre sua coxa, enquanto a outra se enrola sobre a parte superior da almofada bem próximo a sua cabeça.

É um beijo doce, mas com a intensidade certa, ele não se contém e faz pequenos ruídos quase como gemidos, e aperta a camisa do Hongseok como uma âncora. A mão do mais novo se move lentamente da almofada para agarrar o seu ombro subindo até parar na parte de trás do seu pescoço, enquanto a mão em sua perna lhe aperta lá. É surreal, mas é tão bom que Jinho se deixa levar pelo momento e sem pudor algum ele puxa Hongseok pra cima de si. Quando o beijo cessa e os dois tentam recuperar o fôlego, Jinho com as mãos nos cabelos do maior em um cafuné e Hongseok distribuindo beijos por seu rosto e pescoço ele se perde em descrença, afinal, estava beijando Yang Hongseok, um garoto que conhecia desde pequeno, o melhor amigo do seu irmão do meio, o filho fofo e vesguinho dos vizinhos.

Ele não consegue acreditar, e ainda assim ele está bem ali.

[...]

 

Jinho mal podia conter a felicidade tanto que pulava feito idiota em cima da cama, depois de seis meses apenas conversando pelo Skype e por mensagem de texto, ele finalmente iria poder tocar Jinwoo da forma que queria, iria poder lhe abraçar, beijar e cumprir todos os desejos sexuais confidenciados em sexting. Também mal podia esperar pelo fim do ensino médio porque ambos poderiam prestar vestibular pra mesma universidade.

― Meu filho eu sei que você está empolgado pela volta do Jinwoo, mas o que você tanto faz aqui em cima que não para de pular?

Assim que sua mãe termina de falar entrando em seu quarto e ele para de pular na cama, a cigarra toca e Jinho a ignora correndo escada abaixo para abrir a porta. Obviamente ele espera encontrar Kim Jinwoo com seus olhos castanhos expressivos e sorriso tímido, mas dá de cara com uma dupla de policiais.

― Sua mãe está em casa? — Um deles pergunta e Jinho confirma com um aceno.

― Ô MÃEÊEE!!

― Não precisa gritar estou bem atrás de você. ― ela diz com uma expressão enfezada no rosto. ― Pois não?

Jinho revira os olhos já se encaminhando para dentro da casa, porém para ao ouvir as palavras seguintes dos policiais.

― A senhora é tia de Kim Jinwoo? Aconteceu um acidente na rodovia próxima, um caminhão carregando areia perdeu o controle e tombou na pista, antes de bater em alguns carros, nós achamos isso nos destroços e gostaríamos que a senhora nos acompanhasse até o hospital central onde estão os feridos.

Jinho toma a mochila da mão do policial, ele reconheceria aquela bolsa em qualquer lugar porque tinha sido um presente seu ao mais novo.

― Jinho você fica. — Ele nem olha na direção da mãe, mas pelo seu tom de voz ele percebe que ela está abalada.

― Fico uma ova, eu vou junto.

Ele diz, seguindo os policiais até a viatura, a mochila ainda na mão e com a respiração ofegante. Jinho tenta não pensar no pior, ele tenta.

[...]

 

Hongseok abre a porta do apartamento para encontrá-lo absurdamente silencioso, sem os gritos de seus colegas de quarto, o rock pesado vindo do quarto do Hwitaek, ou a televisão no último volume passando algum MV das Girls Generation e o Kino dançando junto, ou Jinho sentado no sofá rindo do irmão caçula, principalmente o Jinho. Desde o beijo que haviam trocado eles vinham se portando de maneira estranha, seu hyung não lhe dava muita definição do que eram, ou se queria algo mais profundo consigo, eles se beijavam, conversavam ao sussurros a noite, saiam apenas os dois, mas ainda assim Hongseok sentia que algo estava segurando Jinho de seguir em frente e ele sabia muito bem que algo era esse, que fantasma era esse. As luzes do apartamento estavam todas apagadas a não ser a da cozinha e o único som era do rádio tocando músicas românticas naqueles programas de fim de noite. Ele tira os sapatos, jogando a mochila no sofá e segue pelo corredor até o âmbito.

De costas para ele seu hyung está sentado à mesa, uma garrafa de vinho vazia a sua frente e uma taça de vidro com seu conteúdo pela metade presa segura na mão direita. A cabeça dele está encostada no antebraço esquerdo, os cabelos castanhos caindo nos olhos fechados, a boca parcialmente aberta. 'Fofo' pensou o mais novo.

Hongseok se agacha ao lado dele passando a mão em suas costas em círculos carinhosamente.

― Hey hyung.― Ele chama e o mais velho se espreguiça levantando a cabeça os olhos semicerrados um pouco confusos. Hongseok sorri ao ver a confusão no rostinho do Jinho e fica de pé, que também sorri ao vê-lo eye smile e tudo.

― Honseokie~~ Yang Yang Hongseokie~~

Seu hyung cantarola sorridente.

― Eu não sabia que você bebe, hyung.― Hongseok diz sentando na cadeira oposta ao mais novo.

― Mas eu não bebo.― Jinho sussurra se inclinando sobre a mesa conspiratório como se fosse um segredo.

― Não é o que parece.― O mais novo sussurra de volta, entrando na brincadeira bêbada do colega.

― Eu só queria esquecer.

Por um breve momento Hongseok pode ver um brilho de tristeza nos olhos do mais velho, ele já tinha visto aquele brilho há muito tempo, na época ele era muito novo pra saber o que se passava  de fato com seu hyung. Novo demais pra saber e entender o quanto outro estava consumido pela depressão.

― E como é, conseguiu esquecer? ― Ele pergunta curioso.

― Eu não consigo sentir meu rosto ― Jinho diz fazendo biquinho e voltando a deitar a cabeça na mesa.

― Okay. Então é hora de parar.

Hongseok afasta a garrafa de seu alcance e a taça pela metade tomando o resto de seu conteúdo em um só gole. O mais novo não recebe resistência ao tomar seu hyung nos braços e levá-lo até seu quarto o colocando na cama sempre desfeita. Jinho se aninha aos lençóis como se nunca tivesse realmente saído de lá. Hongseok senta na beirada da cama, se deixando acolher pelo som da respiração do outro e pela primeira vez não se incomoda em nenhum momento com a bagunça ao seu redor, admirando a face do mais velho.

Hongseok queria entender o que era isso, mas ele já sabia, e como sabia, afinal estava apaixonado por seu hyung desde dos 13 anos. Ele passa a mão pelos cabelos do Jinho, deslizando os dedos por sua testa, bochecha, lábios e com um suspiro resignado Yang Hongseok se dirige até a porta, lembrando-se de deixar a luz do abajur acesa e a porta entre aberta.

 

[...]

 

Jinho acorda com uma dor de cabeça absurda e com um gosto amargo na boca. Ele ainda vestia as roupas do dia anterior, um jeans apertado e uma camiseta rosa. Ele se senta na cama, e se arrepende, cada fibra de seu corpo grita para voltar a deitar e ficar em estado vegetativo, mas não poderia tinha compromisso. Jinho se vira para a mesinha de cabeceira procurando seu celular para ver as horas e encontra uma aspirina e um copo com água e é logo rápido em tomar. Ele não era uma pessoa de beber, não lhe era atrativo ingerir uma gota de álcool de sequer, mas aquela noite depois do trabalho estava sendo insuportável. Fazia tanto tempo que não tinha pensamentos negativos, que não desejava a ser ele morto no lugar do Jinwoo, a lembrança do outro nunca havia saído de sua mente, sempre esteve pairando por seus pensamentos, mas de uma hora pra outra resolveu ressurgir de fato e em força total. Na realidade, Jinho sabia que não havia sido de uma hora pra outra, que o motivo de ter o Jinwoo em sua mente era o fato de temer está o esquecendo, ele temia está se entregando a outra pessoa e não mais lembrar.

Lutando contra o desconforto e com a dor latejante ele se dirige a cozinha, onde tinha uma vaga lembrança de ter deixado o seu celular. Ele entra na cozinha para dá de cara com Hongseok, estranhamente está tudo silencioso demais geralmente seus irmãos estariam se matando a essa hora, mas dá graças á Deus por isso não está acontecendo, poderia morrer com o barulho.

― Bom Dia Seokie — Ele diz ao mais novo encostado no balcão da cozinha. Jinho se senta na mesa e Hongseok sorri por cima do copo de refrigerante.

― Boa Tarde hyung, já são 2 horas.

― Oh merda! A apresentação de dança do Hyunggu!

Jinho tenta se levantar e comete o erro de fazer isso rápido demais, sua vista escurece e a cabeça gira, mas antes que caia a mão quente e segura do Hongseok está em seu braço lhe colocando sentado novamente.

― Calma hyung, ainda temos tempo, começa às seis. — O mais novo diz colocando uma xícara de chá de maracujá na frente do mais velho — Não faz muito tempo que o Kino saiu. E o Hyojong ligou dizendo que ele e o Hwitaek nos encontrarão lá. — Jinho revira os olhos  para a segunda informação, porque é claro que esses dois estariam juntos, não entendia  o porque deles ainda negarem estar namorando — Como você está?

― Parece que bebi um engradado de cerveja.

Ele choraminga deitando a cabeça na mesa de forma patética.

― Só foi uma garrafa de vinho. Você tomou a aspirina que deixei na cabeceira de sua cama?

― Tomei sim. O que seria de mim sem você em dongsaeng?

O mais novo dá de ombros e o encara por alguns segundos. Jinho tenta não corar com a atenção ele vinha fazendo muito disso na presença do Hongseok e já estava ficando estranho, atraindo atenção demais.

— O que te aflige hyung? — O moreno pergunta por fim e ele suspira, sabia bem o que o outro queria saber.

— O de sempre.

Hongseok não diz nada, apenas aperta sua mão de forma compreensiva e Jinho fica grato. Ele gostava disso no mais novo, adorava não precisar dizer muito para ser compreendido.

— Você deveria tomar um banho e se deitar um pouco hyung, quando for à hora de sairmos eu te chamo que tal?

Jinho parece ponderar um pouco a proposta.

― Vem pra cama comigo ― Ele diz, olhando bem nos olhos de seu dongsaeng. Hongseok sabia que não era um convite para sexo, Jinho não precisava esclarecer isso. O mais velho se levanta e Hongseok segura sua mão mais uma vez liderando o caminho para o quarto.

 

[…]

 

De todos os sonhos que sempre tivera com o Jinho o que Hongseok mais amava era onde eles dividiam coisas simples. Era quando se pegava em um universo alternativo onde o Jinho era seu namorado e podia beijá-lo incessantemente, onde assistiam filmes juntinhos, andavam de mãos dadas pela cidade, tinham brigas por coisas bobas, mas se reconciliavam logo depois com um beijo e um afago, onde dormiam agarradinhos, tão unidos que não se sabia onde começava um e terminava o outro. E ali estava ele, realizando um de seus sonhos mais íntimos em total incredulidade.

Quando o mais velho o puxou para a cama consigo tinha na cabeça que iria ficar por ali até ele adormecer, mas acabou sendo o contrário. Quando se deu por conta tinha Jinho agarrado a si como um  mini coala e ter as mãos de seu hyung lhe segurando firme, e a respiração suave contra sua clavícula era a melhor sensação do mundo. Hongseok se agarrou a isso, se agarrou a esse momento abraçando seu hyung mais perto, encaixando seu queixo no topo da cabeça do menor e lhe beijando os cabelos castanhos. E se deixou adormecer escutando a respiração suave e o bater ritmado do coração do mais velho.

 

Foi desperto pelo som irritante do refrão de Very, very, very do I.O.I, não tinha música pior para se colocar como despertador, mas era o que lhe fazia acordar pela manhã.  Hongseok abre os olhos e por um breve momento fica confuso por não reconhecer o teto, mas logo a confusão vai embora quando se dá conta que tem Jo Jinho deitado ao seu lado. Ele se inclina de leve sobre o mais velho deixando um beijo na tez alva e inalando o cheirinho de morango dos cabelos castanhos do outro.

Chega lhe dava dó ter que acordá-lo, mas se demorasse um pouco mais chegariam atrasados e teriam que enfrentar a fúria de um adolescente. E quando Hyunggu ficava chateado não era uma visão bonita.

— Hyung, precisamos nos levantar vamos chegar atrasados — Hongseok diz tentando sem sucesso se afastar do mais velho, porém o menor o agarra com mais força pressionando o rosto contra o seu peito — Jinho hyung, o Kino-ah vai ficar decepcionado se não formos.

Ele tenta mais uma vez conseguindo fazer Jinho se afastar, mas antes que consiga se colocar em uma posição sentada o mais velho se rasteja pra cima de si. Jinho se deita por cima seu corpo lhe prendendo com as pernas em cada lado seu e o rosto em seu pescoço.

— Só mais um pouquinho Seokie, cinco minutinhos.

Ele ri abraçando o mais velho achando tudo uma fofura, como uma pessoa de vinte e seis anos poderia ser tão fofa assim? mas o relógio já batia cinco horas e eles iriam se atrasar com toda a certeza.

— Hyung é sério — Hongseok rola na cama invertendo as posições fazendo Jinho rir baixinho e o pressionando contra a cama começa a deixar uma trilha de beijos no rosto do seu hyung que mantém os olhos fechados — Vamos lá hyung, o Kino vai nos matar.

— Continua me beijando que eu vou — o mais velho diz e ele é rápido em obedecer, beijando cada cantinho de pele que lhe é acessível, ele beija entre as sobrancelhas, desce pela ponte do nariz, mas para antes de  chegar na boca. Seus olhos encaram os lábios rosados do mais velho tentado a beijar bem ali, mas ainda se sentia tão hesitante.

— Você esqueceu um lugar — seus olhos vão para cima encontrando as orbes castanhas do Jinho lhe encarando, Jinho sorri levando ambas as mãos para seus cabelos puxando sua cabeça pra baixo — Deixa o hyung te beijar uh.

E Hongseok deixa, ele deixaria Jinho fazer qualquer coisa.


 

Eles chegam atrasados, Jinho tenta não rir a cada vez que Hongseok olha no relógio de pulso e tem um chilique, o mais novo gostava de regras e parecia que horários eram muito importantes. Quando chegam na escola do Hyunggu são recebidos por Hyojong e seus cabelos loiros caindo nos olhos e roupas amarrotadas os esperando na entrada.

— Cara, o Hui tá muito puto com vocês! A apresentação do filhote vai começar já já.

Ele diz e os três se dirigem para o auditório onde uma horda de mães e familiares, alunos e amigos se amontoavam olhando pro palco. Não tem mais lugar pra se sentar, então eles escolhem ficar no fundo encostados a uma parede. Hyojong some por entre a multidão atrás do Hwitaek e Jinho se derrete todo ao ser puxado por Hongseok e abraçado por trás. Há quanto tempo não se sentia protegido assim? Há quanto tempo não queria se sentir assim, abraçado e seguro pelo calor de alguém? Jinho tinha muitas duvidas e muitos medos, mas sabia que estava na hora de se deixar permitir um pouquinho e não poderia ignorar Yang Hongseok, não quando o mais novo lhe virava a cabeça e tinha lhe viciado com seus beijos.

Eles assistem Hyunggu subir ao palco e dançar um mashup de hiphop com música de girl group com um grupo de sete levando a plateia à loucura, Jinho não pode deixar de se sentir orgulhoso de seu pequeno e com certeza seus pais também estariam depois de assistir as filmagens que tinha a certeza que o Hwitaek estava fazendo.

— Me sinto um pai orgulhoso, nosso menino cresceu tanto — Hongseok diz contra seu ouvido e Jinho se vira em seus braços para encará-lo.

Jo Jinho não tinha ideia o que estava lhe acontecendo de fato, mas poder encarar o moreno de perto, sentir os braços ao redor de si, se sentir protegido e amado, era algo que não sonhara em um milhão de anos, e ali estava.

— Hongseok eu... — ele não consegue terminar a frase. O que poderia dizer? Que o ama? Que queria tentar o que quer fosse isso? Como poderia? Ele abre a boca, mas nenhum ruído sai enquanto o moreno o encara expectante — Obrigado.

Tem confusão escrito por todo o rosto do mais novo, mas ele não tem tempo de formular uma pergunta não quando um terceiro corpo se joga na equação. Hyunggu os abraça e Jinho se afasta do Hongseok para abraçar o irmão caçula.

— Hyungs vocês me viram? Eu fui incrível não fui?

— Você foi o melhor, doce! — Ele responde ao mais novo deixando um beijo em seu rosto.

— É, quase me apaixonei por você Kino-ah. — Hongseok completa bagunçando os cabelos do menor que revira os olhos irritado.

— Você não pode se apaixonar por mim agora hyung, se esqueceu que não gosto mais de você?

— Ah é Yuto e Wooseok né? Onde estão seus namoradinhos? — O rosto do Hyunggu fica vermelho logo que instantaneamente e Jinho acha uma graça ele ficar todo sem graça.

— Como é que é?

Hui pergunta puxando as orelhas do caçula e Jinho resolve ignorá-los voltando a encarar Hongseok que pedia para o melhor amigo deixar o Kino em paz. Ele puxa a manga da camisa do maior de leve atraindo a atenção do maior pra si.

— Vamos deixar Huidwan de babá por hoje e dar uma volta — ele diz, estendendo a mão para o maior que a segura. Eles dão adeus para os três ficam, e Jinho tenta ignorar os olhares sugestivos dos irmãos.

 

[....]

 

Eles sentam em um banco de madeira próximo a uma pista de corrida com o a vista da lua cheia refletida no rio Han. O ar está ficando frio e Hongseok não deixa de notar os leves tremores do seu hyung, o bobo havia saído vestindo apenas um sweater grande demais para seu corpo pequeno. Ele tira o casaco que vestia por cima do Hoodie e coloca nos ombros de Jinho que sorri, os olhos sumindo em duas crescentes e é tão lindo, de tirar o fôlego.

A sensação confortável entre eles é tão boa e ao segurar as mãos geladas do seu hyung nas suas aquecidas é maravilhoso.

― Você já amou alguém Hongseok? — A voz do Jinho é baixa, mas atrai toda sua atenção. Ele encara o mais velho por alguns segundos, antes de responder.

― Já.

— E como foi?

Como foi? Não foi, hyung, porque você nunca me notou. O mais novo pensa, mas não diz essas exatas palavras.

— Não foi, meu amor nunca foi correspondido.

Hongseok escolhe responder, o olhar perdido e distante. Depois de tantos anos era tão estranho se sentir​ assim, logo quando jurara que havia superado sua paixonite adolescente.

— É uma pena que tenha sido platônico. Você é uma pessoa que é difícil não se amar, Hongseok.

Jinho diz encostando a cabeça em seu ombro com os olhos fechados. 'E porque você não me ama então?’ Hongseok não se move, preocupado demais em controlar as batidas de seu coração e sua respiração. Seu hyung cheira a morango, e ele ama morangos e ele queria tanto beijar os lábios doces de seu hyung novamente, mas não podia em público.

O silêncio entre os dois é confortável, e Jinho nenhuma vez solta a mão do mais novo. Não era estranho, era reconfortante ter a palma quente e grande segurando a sua com firmeza. O elevador chega no andar onde moram e eventualmente Hongseok solta a sua mão para digitar a senha da fechadura e abrir a porta do apartamento. A porta se abre e o mais novo dá espaço para Jinho passar a sua frente e entrar primeiro, mas antes que ele consiga passar da soleira, Hongseok segura seu pulso o puxando contra si.

Jinho não iria mentir, mas desde que Yang Hongseok havia posto os pés em sua casa, com seu jeito calmo um tanto bobo, sorriso fácil e olhos vesguinhos ele vinha pensando em como seria o gosto dos lábios rosados e carnudos contra os seus finos e quando provou pela primeira vez quis com urgência sentir novamente. Então Jinho se deixa permitir. A boca de Hongseok é macia e gentil. É doce e hesitante no começo.

Jinho o puxa pelo capuz do casaco, abrindo a boca e permitindo que a mesma seja invadida pela língua alheia. Um suspiro escapa no beijo, não tinha ideia que desejava tanto isso. Que queria ser apertado contra o corpo esculpido do Hongseok e ter sua boca desbravada pelo outro. Eles se afastam as respirações ofegantes e Jinho abre os olhos para encontrar Hongseok encarando sua boca, para então olhar em seus olhos. Os castanhos do outro o encaram nublados por uma névoa escura, e um arrepio de excitação transpassa todo seu corpo o deixando em semi êxtase.

— Hyung eu…

— Sim — Jinho o interrompe sem ao menos ter ideia do que concorda, mas o mais novo parece pensar o mesmo que si.

Hongseok o empurra pra dentro do apartamento, a porta fecha com um clique audível atrás de ambos. Segurado sua mão ele lidera o caminho até o seu quarto, por um breve momento Jinho tem medo de encontrar seus irmãos na sala, mas as luzes apagadas indicam que nenhum dos dois haviam ainda retornado da festa.

Jinho parece em brasa em seus braços. Ele respira como se estivesse com dificuldade e leves tremores passam por seu corpo. Hongseok se atreve a colocar as palmas das mãos nos quadris do menor, agarrando um pouco mais apertado e sentindo o choque de eletricidade atravessando suas veias quando ele puxa Jinho e perde o espaço entre eles. Jinho deixa seus olhos se fecharem e ele está ... ele está arrastando o nariz ao longo do mandíbula do maior, inclinando a cabeça e abrindo sua boca convidativamente, e Hongseok está sem chão porque Jinho está quente sob a ponta dos dedos, seu peso sólido pressionando contra seu corpo, tão perto, muito perto, porém não perto o suficiente. Então Hongseok se inclina, jogando todas as hesitações pela janela, segundos se esticam enquanto seus olhos se fecham, seus batimentos cardíacos parecem rugir em seus ouvidos quando ele finalmente pressiona seus lábios contra os do seu hyung.

Se Hongseok achou que o breve momento em que se separam pra entrar na casa iria dissipar o desejo entre eles, estava completamente enganado, na verdade faz tudo ficar ainda mais quente. A segunda vez que Jinho coloca a boca na sua, é como se fogos de artifício estivessem explodindo por todos os lados. Eles tropeçam e acabam se escorando no sofá, Hongseok levas ambas as mãos para o rosto do menor, o beijando mais profundamente enquanto as mãos do Jinho se ocupam em desabotoar sua camisa por dentro do casaco. Nenhum dos dois tem os olhos aberto.

― Hyung… ― Ele murmura entre beijos, sua boca carnuda desliza pelo pescoço branquinho de seu hyung. ― Eu quero te foder na sua cama ― ele diz contra a pele quente do mais velho. Jinho sente os joelhos tremerem de ansiedade.

― Tudo bem ― ele diz, agarrando o pulso do Hongseok e puxando-o pelo escuro corredor. Ele acende a luz em seu quarto e imediatamente fica envergonhado com a bagunça e começa a se inclinar e pegar as roupas espalhadas pelo chão e jogá-las em seu cesto, porém o mais novo geme em reprovação e balança a cabeça o puxando para que possa beijar a parte de trás de seu pescoço.

― Você quer que eu te foda? ― Hongseok pergunta, as palavras são quentes contra a pele do menor que se arrepia.

― Sim ― ele responde, a resposta saindo um tanto desesperada e suplicante. ― Sim, Deus, isso está acontecendo?

― Por que não estaria? ― Hongseok parece confuso e Jinho está envergonhado demais com tudo isso. Por o quanto ele quer isso e quanto tempo ele esperava por isso. Mesmo antes de entender o que ele queria, havia uma necessidade ali que nem sabia que tinha. Jinho queria as mãos, boca, todo o corpo de Yang Hongseok contra o seu, lhe desbravando.

― Porque eu pensei muito sobre isso ― ele confessa baixinho e se pressiona contra o mais novo, suas costas contra o peito musculoso confirmando que ele é real e está lá. ― Eu não ficaria surpreso se estivesse sonhando.

― Não, não ― O nariz de Hongseok está contra a sua nuca, e então a língua dele está lambendo lá. E o faz tremer. ― Não, não pode ser. Nunca me deixei sonhar, estava com muito medo de me decepcionar. Eu sempre gostei de você hyung e doía demais.

Jinho expira com pressa e se vira tão rapidamente para ficar de frente ao mais novo. Ele quer beijar Hongseok na boca, então ele faz. Ele está meio aborrecido porque tem que se inclinar e se inclinar para cima, mas Hongseok o encontra a meio caminho e há algo sobre isso que o faz arder por dentro. Ele geme na boca do mais novo e eles haviam feito absolutamente nada e ele já estava com uma situação difícil entre as calças.

Hongseok parece amar a maneira como ele se entrega lambendo o interior de sua boca, com os dentes roçando a pele abusada dos lábios com um fervor que surpreende Jinho. Ele se pergunta se Hongseok foderia sua boca com força com seu pau e tem que quebrar o beijo porque só a simples imagem do mais novo lhe fodendo os sentidos os faz se sentir sobrecarregado.

— Jesus — Hongseok sussurra o segurando — Você é tão fofo e lindo, Jinho.

O mais velho geme quando ele diz seu nome sem formalidade, gostando da maneira como soa fora de sua boca, como sua voz está baixa e rouca e suas pálpebras são pesadas. Ele caminha para trás até suas pernas baterem no seu colchão, puxando maior consigo.

— Quão bom você vai me foder? — Ele pergunta, Jinho não era muito de conversar e dizer palavras sujas no sexo, mas com Hongseok tinha a certeza que faria de tudo, Hongseok tira o hoodie jogando em algum lugar no chão e ele começa a desfazer os botões da camisa do maior com as mãos trêmulas. É lento, mas Hongseok não o detém.

Ele apenas diz:

— Tão bom. Você precisa ser fodido tão bem. Que você nunca mais vai querer alguém depois disso.

Jinho balança a cabeça, trabalhando no último botão. Quando aparece livre, ele começa a empurrar a camisa para fora dos ombros de maior deixando sem pudor algum seus dedos e palma deslizarem pelo tórax bem definido e braços malhados e depois olha para ele.

— Eu só quis uma única pessoa na minha vida, mas você já mudou isso.

Hongseok grunhe com isso e o empurra de volta para a cama, subindo em cima de si e beijando seu pescoço, lambendo sua pele e deixando marcas que ficariam em um tom arroxeado pela manhã. Jinho tenta tirar suas próprias calças enquanto isso, o que é incrivelmente difícil, considerando que sua mente está nebulosa e Hongseok está pesado em cima dele.

— Seok — ele diz, repetindo o chamado quando o mais novo não para de lhe abusar com sua língua.

— Hongseok, se você quiser colocar seu pau dentro de mim, eu tenho que tirar minhas roupas, pelo menos um pouco delas.

—Ah — Hongseok diz, sorrindo com desculpa. Ele observa com olhos atentos Jinho se levantar e fazer um show deslizando o zíper lentamente para em seguida empurrar a calça jeans para baixo por suas coxas, junto com sua boxer, e os chutando para o lado.

— Ah ... lindo.

Ele está olhando diretamente para o pau do mais velho, o que faz Jinho corar, enquanto puxa o sweater por cima da cabeça. Quando a peça de roupa está no chão, ele se vira para ver Hongseok empurrando suas próprias calças para fora de seus quadris, a cueca indo junto.

— Porra — Jinho diz antes que ele possa se controlar. O pau do mais novo não é enorme, mas é grande o suficiente, e grosso e está duro para ele. — Acho que fui um bom menino ultimamente.

Hongseok ri com nervosismo, como se ele não estivesse certo, e Jinho quer apenas se sentar no colo dele, quer empurrá-lo contra o colchão e cavalga-lo e deixá-lo querendo mais, e ao mesmo tempo ele quer que seja especial, afinal, era um romântico sem causa. Eles podem fazer todos os kink e coisas sórdidas depois, tinha a esperança que fosse haver um depois, na realidade queria que existisse vários depois.

Jinho tinha a certeza que não deixaria Yang Hongseok fugir.

Eles usam um preservativo que Jinho encontra no fundo de sua gaveta de meias e lubrificante que estava jogado, sem uso, entre uns livros de literatura como uma espécie de decoração bizarra.

Hongseok é tão carinhoso, tão perfeito e Jinho quer bater nele. O mais novo insere o total de três dedos e cada um bem lentamente, de uma forma que o faz ofegar em desespero enquanto os dígitos deslizam por suas paredes e quando eles atingem um lugar específico, Jinho não se contém em xingar e gemer alto e arrastado. Suas mãos procuram desesperadas algo para segurar se agarrando ao lençol da cama com fervor.

Ele já está perto do orgasmo, apenas com Hongseok pairando acima de si, curvando e pressionando seus dedos no lugar certo, sua respiração quente contra o pescoço do menor. Seus quadris já estão se movendo contra sua própria vontade, embora ele esteja fazendo o seu melhor para ficar parado. Ele se sente um pouco delirante e muito fora de controle.

— Tudo bem, ok — ele diz, empurrando um dos ombros do maior. — Quero você em mim agora.

Hongseok respira profundamente com suas palavras e depois acena com a cabeça.

— Posso te beijar? — Ele pergunta, parece que ele está debaixo d'água, como ele mal consegue respirar. — Estou nervoso. Quero te beijar enquanto eu, enquanto eu ...

— Enquanto você me fode — Jinho termina por ele, e sua voz treme, ignorando o fato de que ele também está nervoso. — Sim, sim, por favor.

Hongseok o beija com tanta força que sente como se estivesse nadando, trabalhando em direção a algo, sobrecarregado por isso. Ele acha que não pode aguentar mais do que já tem, mas a cabeça do pau de Hongseok está empurrando contra sua entrada, bem lentamente, e ele quebra o beijo para sufocar com as mãos um suspiro carente que o constrange.

— Não — Hongseok balança a cabeça. — Eu quero escutar.

— Então me fode.

Jinho exige, antes de beijá-lo novamente, choramingando contra os lábios de maior enquanto ele empurra mais, arranhando suas unhas contra as costas de Hongseok quando ele começa a se sentir cheio.

— Apenas-fique… — ele diz, as palavras que saem lentas e pesadas, quando Hongseok está dentro dele completamente. Ele quer que esse momento dure para sempre, ficar aqui com seu dongsaeng em cima de si, dentro de si, nunca o deixando. Ele poderia dizer tudo isso em voz alta, mas ele não pode dizer ainda. Ele pode apenas ouvir Hongseok murmurando de acordo, apertando beijos ao lado de seu rosto e ofegando quando ele diz que Jinho é tão gostoso, tão bom.

— Jesus, tão bom, você é tão bom — ele está dizendo — Posso me mover? Posso?

— Mm, s-sim.

Quando ele faz, Jinho sente que ele vai se desmoronar e se dissolver em sua cama, como se ele estivesse se desfazendo por causa do jeito que Hongseok se move devagar, para fora e depois novamente para dentro fazendo com que ele trema com vontade por mais.

— Porra Hongseok, foda — ele está dizendo, as palavras saindo como se fosse um falsete. — Sim, está bom, certo, eu sim. Foda, quero te beijar, por favor, eu ...

Hongseok o interrompe fazendo exatamente isso, o pressionando, tirando o fôlego. E Jinho fecha os olhos tão forte que vê rajadas de branco, constelações na escuridão da parte de trás de suas pálpebras, como se houvesse uma galáxia inteira lá, nascendo agora. Jinho não duvidaria disso.

Ele goza com Hongseok lambendo seus lábios, e o estômago do mais novo se esfregando contra seu pau, Hongseok dentro dele tão completo que ele sente que nunca mais se sentirá completo sem ele lá.

Por meio minuto, ele só pode respirar pesadamente, braços sobre a cabeça, sentindo-se desossado. Mas então ele ainda pode sentir Hongseok se movendo, respirando pesado, e ele diz:

— Goza em mim, por favor — como uma oração sussurrada, pronta para juntar as mãos, mas Hongseok faz o que ele diz antes que ele precise.

Ele adora o cabelo do mais novo grudado contra seu rosto moreno quando ele colapsa em cima de si, cansado de se segurar. Jinho não o culpa e, além disso, ele gosta do peso de alguém em cima dele, assim como ele gosta da sensação do pau latejante ficando flácido em sua bunda, do pegajoso entre eles. Tudo é um pouco bruto de um ângulo, mas de onde ele está deitado, ele nunca se sentiu mais confortável, mais amado.

— Jinho hyung.

— Hm?

A voz de Hongseok é pequena e assustada.

— Eu quero isso. Eu quero você.

— Você me tem — Jinho responde, sua palma contra os cabelos do mais novo de forma protetora e segura.

 

[...]

 

No outro dia Hongseok acorda para encontrar a cama fazia, ele se sente frio e desolado no escuro do quarto. O cheiro do seu hyung ainda está sobre os lençóis, mas seu lado na cama estava frio o único indício que o menor um dia esteve lá era a bagunça e o fato que estava pelado. Uma rajada de emoções passam por seu ser quando abre os olhos e a sensação de rejeição é inevitável, mas não se deixa abater por hora por esse sentimento, não, Jinho não o deixaria, não depois da noite que tiveram, não depois de ter o deixado se entregar á ele.

Hongseok toma um banho demorado, ele se olha no espelho por um momento contemplando as marcas vermelhas em seu pescoço e as marcas de unhas em suas costas com um sorriso bobo no rosto, afinal, tinha transado com seu hyung, não, tinha feito amor com seu hyung, não podia estar mais realizado.

O apartamento está silencioso, na sala e na cozinha não há ninguém, ele bate na porta do Hwitaek e não receber resposta então a abre encontrando o quarto arrumado, provavelmente o amigo havia ficado com o Hyojong novamente, ele se dirige ao quarto o Hyunggu no fim do corredor e entra sem bater para encontrar o maknae enrolado nos lençóis, parecendo um kimbap, ele tira uma foto do garoto enviando para o chat dos amigos no kakaotalk. Seus dedos deslizam pelo ícone do Jinho, tentado a mandar uma mensagem para o mais velho, mas se abstém, ele iria voltar, tinha certeza.

 

….

 

A primeira vez de fato que Yang Hongseok havia posto os olhos em Jo Jinho tinha sido no quarto dia na casa nova. Lembrava bem, estava triste por ter deixado amigos para trás na China e ter que começar do zero. Da janela de seu quarto no segundo piso da casa, ele tinha visão para o quintal dos Jo, era um domingo de sol forte, a piscina dos vizinhos estava aberta e nela um adolescente brincava com um garotinho que parecia ter a sua idade. O primeiro sentimento que sentiu foi inveja, primeiro eles tinham uma piscina, segundo tinham a companhia um do outro, Hongseok sempre quis ter um irmão. Lembra de ter se distraído tanto que não viu os dois garotos saírem da piscina e sumir de seu campo de vista. Por um breve momento ficou triste, queria ser amigo dos dois.

Minutos depois a campainha tocou e ouviu sua mãe atender a porta, logo depois fora chamado pra baixo.

Pra sua surpresa os dois garotos vizinhos estavam na sua porta, educadamente recusaram entrar para não molhar o tapete de sua mãe. Hongseok tinha entrado em pânico, será que estavam ali para dedura-lo e lhe acusar de stalker? Mas o mais velho sorri e se apresenta como Jo Jinho e pergunta se sua mãe deixaria ele se juntar a eles na piscina, porque seu irmãozinho Hwitaek ficaria feliz em ter um amigo de mesma idade para brincar, Hongseok olhou para o garoto menor que lhe sorriu a espera de uma resposta positiva e depois voltou a encarar Jo Jinho. Naquele dia, decidiu que iria aceitar a companhia dos dois estranhos, se fosse só para ver o sorriso de anjo do Jinho novamente.

 

….

 

— Há quanto tempo ele está fora? — Hongseok encara a xícara de café por cinco minutos inteiros antes de responder. O dia já havia passado, o sol de recolhido e a lua já havia tomado seu lugar. ele havia passado o dia inteiro tentando não se preocupar, tentando não pensar demais, porém parecia inevitável não fazê-lo.

— Algumas horas. Não sei ao certo quando acordei pela manhã ele não estava mais aqui.

Ele escuta Hwitaek suspirar e se levantar saindo da cozinha e indo em direção da sala, ele volta com o celular nas mãos. Hongseok deixa ele tentar ligar para o mais velho, mas o telefone do outro estava desligado.

— Merda. Está desligado. — O amigo solta o aparelho em cima da mesa levando as mãos a cabeça bagunçando os cabelos — O que aconteceu entre vocês dois?

— Nada.

— Ele deve estar bem certo? Você não acha? — Hui pergunta e ele o encara tentando parecer confiante, mas sabia que estava falhando miseravelmente.

— Na última vez que ele sumiu assim, lembro que recebemos uma ligação do hospital dizendo que ele havia tentado se matar afogado.

— Isso foi há muito tempo. Meu irmão não vai fazer isso de novo porque agora ele tem você.

Será que tem? Ele encara o mais velho por alguns segundos. Hongseok não diz nada. Ele tira o celular do bolso e tenta mais uma vez ligar para seu hyung. Não iria se preocupar, não tinha porque se preocupar.

 

[...]

 

Quando se ama uma pessoa e ela se vai, você precisa deixá-la ir. Mesmo que doa, mesmo que não pareça certo e não faça sentido, você precisa deixá-la ir. Jinho não sabia a quanto tempo estava sentado na pequena sala onde guardava o memorial ao seu primo morto, mas sabia que não havia mais sentido em continuar com isso. Não havia porquê insistir em uma via de mão única e que só levava a solidão. Seu maior medo era esquecer o Jinwoo, mas agora sabia que não precisava se trancar pro mundo para ter a memória do seu primeiro amor viva em si. Agora sabia que se entregar a outra pessoa, amar essa pessoa, não iria lhe fazer esquecer, não iria substituir o que ainda sentia pelo primo.

Ele encara a foto de um adolescente sorridente ao lado do jarro que continha suas cinzas, com os olhos transbordando de lágrimas que logo vieram a lhe banhar a face. Amaria Kim Jinwoo para sempre, mas estava na hora de viver.

Ele tira o celular do bolso ligando o aparelho que vibra com uma chamada assim que as notificações de mensagem param de chegar, Jinho franze o nariz ao ler o nome do irmão no identificador de chamada, iria muito provavelmente receber um sermão do mais novo.

— Oi Hwitaek — Ele diz, mas recebe um muxoxo irritado em retorno.

“Até que fim Jo Jinho, achei que tivesse sido abduzido por algum alien! Você tem noção do quanto estamos preocupados? O Kino não parou de chorar desde que percebeu que você estava sumido, o Hyojong cogitou ir até a polícia junto com o Yan An, a mamãe e o papai estão a ponto de vir pra Seul por sua casa, que droga! E o Hongseok então! Ele nem fala, hyung? Qual o seu problema?”

— Desculpa maninho, o hyung só precisava de um tempo pra pensar, não tinha a intenção de preocupar vocês.

“Agora é tarde. Onde você está?”

— Estou visitando o Jinwoo.

Hwitaek suspira e Jinho consegue imaginar o mais novo perfeitamente sentado na varanda do apartamento, com um vinco entre as sobrancelhas, o rosto vermelho, com uma expressão em um misto de preocupação e raiva.

“Hm. Hyung, você sabe que o Hongseok te ama né? Ele é louco por você desde sempre, então imagina como deve está sendo pra ele agora. Você é o amor da vida dele hyung, o que te impede de ser feliz?”

Jinho não responde, o quê o impedia de ser feliz? Medo, talvez?

“Isso é por causa do Jinwoo hyung? Você sabe que ele não gostaria de te ver desperdiçando essa chance não é? Jinho. Ele morreu faz muito tempo não é possível que você não esteja pronto para outra.”

Hwitaek atestou prático como só ele.

Kim Jinwoo tinha sido uma constante em sua vida que chegou a existir uma época em que Jinho não conseguia imaginar sua vida sem ele. Eles eram primos afinal, então parecia o certo ter sempre o Jinwoo por perto. Eles se conheceram nas fraldas, amigos de mesma idade. Com o Jinwoo, ele não precisava de palavras, um gesto, um olhar e o outro sabia tudo. Kim Jinwoo o entendia como ninguém.

Então, quando seu amigo e amante sucumbiu em um acidente de carro para trás a tristeza e as lembranças de um amor de infância, Jinho se fechou em seu casulo. Não parecia certo se permitir amar novamente, ser completamente feliz, mas talvez... Yang Hongseok precisasse acontecer em sua vida.

— Eu gosto dele — Hui fica em silêncio no outro lado da linha, Jinho só tem a certeza que ele ainda está lá porque escuta o burburinho de carros e vozes ao longe — Do Hongseok, eu gosto dele, Hui.

Ele repete, mas pra si do que pro irmão.

“Então não deixa ele escapar, idiota!”

Seus olhos voltam a encarar a o memorial do Jinwoo. Não, Jinho não o deixaria escapar, não quando finalmente havia encontrado a felicidade.

 

[...]

 

Depois da ligação feita os três residentes do apartamento 1016 esperam o Jinho chegar. Hongseok se sentia apreensivo, ele queria poder fugir exatamente como fizera no passado, mas o olhar que Hwitaek lhe dava de minuto á minuto dizia que não o deixaria atravessar aquela porta antes do mais velho chegar. Eles escutam o som da fechadura e como um raio Hyunggu já está na frente da porta abraçando o irmão assim que o mesmo passa pelo portal o caçula o abraça apertado seu melhor amigo também vai se juntar a equação e Hongseok acha melhor os deixar sozinhos. Ele se refugia na cozinha. Talvez tivesse sido melhor que tivesse permanecido no Japão, tudo seria muito mais fácil, mas não se arrependia de nada que acontecera.  Mesmo que o único que sairia dali machucado fosse ele.

Ele não escuta mais os choramingos do Hyunggu nem a voz grave do Hwitaek e acha estranho, suas pernas o levam de volta para a sala para encontrar apenas o seu hyung.

— Cadê os meninos?

— O Hwitaek levou o Kino para dar uma volta, eu preciso falar com você a sós, pode ser?

Ele apenas assente indo se sentar no sofá, ele espera Jinho o acompanhar, porém o mais velho permanece de pé, os olhos fixos no chão e quando os castanhos finalmente olham nos seus, ele não acha que vai gostar do que vai ouvir.

 

[...]

 

Jinho observa Hongseok se sentar no sofá e lhe encarar, o mais novo não diz nada, praticamente não se move deixando seus olhos castanhos lhe dizerem tudo. Ele estava com medo, com raiva, e parecia querer lhe dizer muitas coisas. Jinho preferia que ele estivesse gritando e lhe xingando do que em silêncio.

— Hongseok eu-- — Jinho respira fundo fechando os olhos apertado, para logo abrir, parecia ser tão difícil tirar tudo o que estava sentindo do peito.

— Hyung, tá tudo bem. Eu entendo.

— Não. Você não entende e não está tudo bem. Eu acho que te amo Hongseok. Não, não, eu tenho certeza e você tem noção do quanto isso é assustador? Eu jurei a mim mesmo, tinha gravado em minha alma que amaria apenas o Jinwoo, que depois dele ninguém teria importância na minha vida. Quando ele morreu eu me vi sem nada, sem razão pra continuar, me perguntando e questionando Deus, porquê não eu? Pra mim um futuro sem Kim Jinwoo não existia, era impossível de imaginar ou chegar a viver. Mas veja só até onde eu cheguei, consegui continuar vivendo, mas com a certeza que não amaria mais ninguém. Hongseok, eu não quero você na minha vida como uma substituição do Jinwoo, nem quero que você pense assim. Eu-- eu me apaixonei por você e quero construir algo nosso, sabe?

Jinho não tem ideia de quando começou a chorar, mas parecia impossível agora que estava ciente de controlar as lágrimas que desciam por seu rosto, um soluço escapa de seus lábios e ele leva as mãos para ao rosto para tentar esconder as lágrimas do Hongseok, mas o mais novo está o abraçando.

— Você acha que pode me amar, hyung?

— Não acho. Eu já te amo, dongsaeng.

 

 

Deixa eu bagunçar você, deixa eu bagunçar você
Deixa eu bagunçar você, deixa eu bagunçar você

 


Notas Finais


A gente fica mordido não fica?
A música usada foi Zero de Liniker e os Caramelows:
PRIMEIRA VERSÃO (minha favorita): https://www.youtube.com/watch?v=M4s3yTJCcmI
SEGUNDA VERSÃO: https://www.youtube.com/watch?v=KDErhVB4sf4

Até a próxima fic do Pentagon, eu espero (。◕‿◕。)


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