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História Zero Hertz - Machucado


Escrita por: jubsweet

Capítulo 4 - Machucado


Quando se virou, os olhos de ambos se encontraram. E desejou profundamente, do fundo de seu âmago, que aquilo nunca tivesse acontecido.

Pai.

Sentiu suas pernas o abandonarem naquele momento. Era como se estivesse sem chão, se afundando em seu próprio limbo.

Anos atrás, quando era criança, brincava no pátio da escola quando um garoto dois anos mais velho o empurrou. De repente estava no chão, sangue pingava de sua boca, enquanto seus amigos o olhavam assustados.
Era estranho, mas não sentia como se estivesse ali, na escola. Parecia estar sentado no sofá de sua casa assistindo a si próprio na TV. Estava em transe.

E era exatamente assim que se sentia no momento. Em transe.

Podia jurar que estava assistindo uma série e agora ficava ansioso pelo que vinha a acontecer, mas tinha se esquecido completamente de que ele próprio era o protagonista.

Piscou seus olhos várias vezes enquanto o homem à sua frente o encarava, com uma expressão surpresa, porém sem deixar de ter um sorriso sarcástico no rosto.
Sua vontade era de beliscar seu braço para ver que aquilo era um sonho. Só podia estar sonhando.

Se beliscou uma, duas vezes. Além de seu pior pesadelo estar bem na sua frente, agora seu braço doía.

– Não vai cumprimentar o seu pai? – o homem falou, irônico, mesmo sabendo que ele não ia ouvir. Jimin pôde perceber que estava sem alguns dentes de trás.

Sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Não ouvia a voz de seu pai desde aquele dia, mas só de imaginar, suas mãos suavam frio enquanto seu corpo inteiro tremia. Estava em completo estado de pânico. Sentia que ia desmaiar.

O homem estava acabado, mais do que já era. O rosto cheio de manchas e linhas de expressão, demasiadamente magro.
Parecia estar alterado, mas poderia muito bem não ter usado nada: nem precisava usar alguma substância para parecer um completo maníaco.

– P-preciso ir – falou baixinho e seu pai ouviu sua voz pela primeira vez depois do incidente. Estava visivelmente diferente, falava mais devagar e fazia pausas desnecessárias.

O mais novo se virou para ir embora, mas o homem estava tão magro e seu braço tão fino, que passava tranquilamente pelas grades. Tocou seu ombro e o virou, percebendo que estava quase chorando.

Os olhos de Jimin estavam marejados, mas focou toda a sua atenção em ler os lábios e tentar entender o que o homem à sua frente dizia.

– Ah, Jimin, qual é – o homem riu em escárnio – Depois de tantos anos... Mas é verdade, você sempre foi dramático. – olhou para o teto, se divertindo com a situação.
– Você está vivo, não está? Eu te poupei. Te fiz foi um favor. Você devia agradecer o seu pai – falou lentamente olhando nos olhos dele, deleitando-se com aquilo.

O Park entendeu somente uma frase, mas ainda assim tinha ficado tremendamente irritado com o que ele tinha falado.
Estava chateado, bravo, com medo. Sentindo tantas coisas que não sabia nem como descrever.

– Pai? – Jimin riu com desprezo, mas por dentro estava despedaçado. – Mamãe riria se ouvisse isso agora.

O homem surpreendeu-se quando percebeu que o mais novo entendeu o que havia dito.
O moleque está se dando melhor do que eu pensava.

O incômodo era grande com a mão daquele sujeito, agora um completo estranho, apertando seu ombro.
Onde estava a merda daquele vigia?

– Sua mãe está morta, Jimin. – nervoso, fechou sua expressão.

– Mentira – rebateu no mesmo segundo, ficando sem paciência.
Engoliu em seco. Não ia chorar. Não ia lhe dar esse gosto, por mais que fosse difícil.

Sua mente pareceu voltar no tempo.

Naquela noite terrível, depois de estar sangrando no chão da cozinha, fechou os olhos e acordou em um quarto de hospital. Se assustou quando percebeu que realmente não estava ouvindo mais nada, os médicos ao seu redor conversavam e ele não podia ouvir um ruído sequer.
Depois de alguns dias internado, um médico escreveu em uma folha de papel que seu pai havia sido preso e confessado o assassinato de sua mãe. Anos se passaram e o corpo continuava desaparecido mesmo depois de tanto tempo, então visto os sinais de luta na cozinha e as manchas de sangue que não correspondiam ao Jimin, deram o caso como encerrado.

Mas o dançarino acreditava que ela estava em algum lugar. Tinha toda a certeza disso.

– Vocês sempre foram iguais. Estúpido que nem a mãe – sorriu debochado.
Jimin jurou ver suas pupilas ficarem mais dilatadas a cada frase que proferia.
– E sabe de uma coisa? – sussurrou, como quem contava um segredo. – Eu não me arrependo de nada.

Apertou o ombro de Jimin ainda mais forte, fazendo com que ele soltasse um resmungo e deixasse uma lágrima rolar por sua bochecha.

Não conseguia respirar. Seus pulmões pareciam estar cheios de pedras ou algo do tipo, pois cada vez que tentava inalar o ar, eles ficavam mais e mais pesados.

Seu pai continuava falando, mas não conseguia prestar atenção. Um zumbido agudo e incômodo vinha de seus ouvidos, aumentando de modo que sua cabeça parecia que ia explodir. Isso sempre acontecia quando ficava nervoso, mas nunca nessa intensidade.
Agachou-se e pôs ambas as mãos em suas orelhas, fechando os olhos com força. Tentava fazer com que aquilo parasse o mais rápido possível, mas só ficava pior.

Precisava sair dali.

Levantou-se desesperado para ir embora, mas não conseguiu evitar olhar para o rosto daquele homem que o chamava de filho.

– ...Eu a matei com tanto gosto.
E aquela velha é a próxima.

Seus pulmões pesavam, seu coração palpitava, aquele zumbido agudo mesclava-se com seus próprios pensamentos. Sentia que ia enlouquecer.

Como num reflexo, Jimin encarou seu pai, seu pulso que estava pendurado na grade e a porta da saída. Sem pensar duas vezes, o torceu com toda a força que conseguia exercer. Aquele verme não ousaria fazer nada com sua avó.

Jimin podia jurar a si mesmo que se o fizesse,
ele mesmo o mataria.

Prestes a sair correndo, sentiu seu braço ser puxado só para depois seu corpo cair no chão com toda a força.
E foi assim que o homem desferiu um soco na boca de seu próprio filho, mas não era como se já não tivesse feito coisas piores.

Breu.

Havia batido levemente com a cabeça no chão, fazendo com que sua vista escurecesse por alguns segundos. Passou os dedos em seus lábios para tentar amenizar a dor, acabando por manchá-los de seu sangue em tom carmesim.

Sentia tanta dor. E não era fisicamente.

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– Está inquieto, garoto. O que você tem? – o policial Seokjin parou de anotar em seus papéis para perguntar ao Jeon, ao vê-lo balançando seu pé contra o chão enquanto sentado na cadeira, visivelmente entediado.

Jeongguk olhou no relógio de parede pelo que parecia ser a centésima vez. Já tinham se passado quinze minutos.

– Ele está demorando – comentou, batucando com os dedos tatuados na mesa.

– Ele foi no banheiro e está fazendo o que pessoas normais fazem no banheiro. Pare de ser intrometido, isso é chato. – arqueou a sobrancelha, olhando nos olhos do mais novo.

– Pedi sua opinião? Intrometido é você, cacete! Eu nem te conheço!

– Olha garoto, você me respeita. – apontou para o distintivo em sua farda, fazendo Jeon parar de falar.
Que droga, aquele cara parecia um irmão mais velho o dando bronca.

Cinco minutos se passaram.
Nada.

– Eu vou lá vê-lo – levantou subitamente, indo em direção à porta.

– Você não vai, não acabou o depoimento ainda. – Seokjin falou curto e grosso, percebendo em seguida que não havia surtido efeito algum. Jeon já abrira a porta e estava caminhando em direção à escada.
– Qual o nome dele mesmo… Jeongwo! Volta aqui agora, eu não te autorizei! – gritou de dentro da sala, perdendo Jeon de vista em seguida.

– É Jeongguk, porra. – reclamou uma voz meio distante, fazendo com que Seokjin ficasse irritado com a falta de respeito mas em seguida soltasse um riso. Lembrou de si mesmo quando tinha a idade dele.
Esse garoto era engraçado. Rebelde, boca suja. Mas engraçado.

Jeon descia as escadas tão rápido que pulava alguns degraus sem perceber, quase tropeçando. Sua intuição não era lá das melhores, mas estava sentindo algo muito ruim. Talvez por aquele lugar ser um tanto quanto estranho, com suas paredes com a tintura meio descascada e alguns corredores sem iluminação.

Desceu os dois andares e virou à direita, abrindo a porta do banheiro com tanta força que ouviu-se um estrondo ecoar pelo corredor.
Nem sinal dele.
Desconfiado, abriu as portas das cabines e olhou uma por uma, mas estavam todas vazias. Exceto uma.

– Jimin? – bateu repetidamente na porta, ouvindo um palavrão em seguida.

– Não é possível que nem no banheiro eu tenha paz. Eu não aguento mais trabalhar nesse lugar, mal posso esperar minha demissão – uma voz grossa e desconhecida reclamou, fazendo com que Jeon, envergonhado, deixasse o banheiro a passos rápidos.

O Park devia estar tramando algo, só podia.

Saiu do banheiro e seus pés já estavam nos primeiros degraus a fim de voltar pra sala onde estava, quando a voz de um homem se sobressaiu no corredor.
Não dava pra entender o que ela dizia, então foi a seguindo e tentando ver com quem estava falando.

– Estúpido, você é estúpido – ouviu o homem dizer e foi correndo se esconder atrás da porta. Na parte de cima dela havia um vidro, onde ele poderia ver o que estava acontecendo ali dentro se ficasse na ponta dos pés, e assim o fez.
Seu estômago embrulhou quando viu aquela cena.

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O coração de Jimin parecia que ia sair pela boca. Ele chegava a doer de tão rápido que batia, mas não doía tanto quanto sua dignidade.

Não conseguia acreditar que isso estava acontecendo. Quando tinha começado a esquecer que aquele homem existia… ele destruía sua vida de novo.

Seu rosto estava levemente úmido pelas lágrimas que continuavam insistindo em cair.
Sentia-se como se estivesse a beira de um escuro precipício e seu pai estava ali, pronto para empurrá-lo.

Após alguns segundos no chão, abriu seus olhos e a primeira coisa que viu foi seu pai falando algumas palavras aleatórias com um sorriso satisfeito.
Parecia discutir com alguém, mas Jimin antes estava tão compenetrado na conversa que nem havia percebido que tinham mais presos em outras celas no fundo do corredor.

De repente, ele parou de falar e travou, como quem tivesse visto um fantasma.

Quando olhou para a porta, percebeu que ela tinha sido aberta por um chute de… Jeongguk?

Involuntariamente levantou-se o mais rápido possível do chão, não podendo evitar ficar cabisbaixo em seguida. Ele estava ali… justo nessa situação.
Sentiu-se envergonhado. Não queria que ninguém ficasse sabendo dos seus problemas, muito menos que soubessem o monstro que é seu pai.

Jeongguk era um cara legal. Muito mais que só ‘legal’, Jimin ria à toa quando estava com ele e se esquecia por algumas horas que sua vida está uma merda.

Mas... se sentiu tão exposto. Foi como se tivessem tirado toda a sua roupa na frente de uma plateia.

Ele estava sem proteção. Sem sua concha para se abrigar.
Jeongguk estava ali, parado. Vendo a vida de Jimin como ela realmente era. Crua.

O garoto olhou atônito para o rosto arroxeado e os lábios ainda sangrando de Jimin. Intercalava entre olhar para seu rosto e olhar para aquele homem, que permanecia sem expressão alguma.

– Que porra você fez com ele? – perguntou, ríspido. Fechou os punhos sem perceber, apertando a palma de sua mão com as pontas dos dedos. Devido à tensão em seu rosto, sentiu seu nariz recém quebrado latejar.

Odiava ter esse instinto protetor. Se machucassem qualquer pessoa que gostava, mesmo que gostasse só um pouquinho, ficava cego de tanta raiva.

Tudo bem. Não gostava de Jimin ‘só um pouquinho’.

– É da sua conta? – o homem de meia idade soltou, enquanto colocava um cigarro apagado na boca.
Como não podiam ter isqueiro, isso era o máximo que podia fazer para amenizar o estresse, mas pelo visto não estava funcionando.

O dançarino olhou para o rosto de Jeon e percebeu que estavam discutindo, já que o mais novo tensionou o maxilar e uma veia em seu pescoço estava saltada.

– Jeon… – falou baixo, tão baixinho que só Jeongguk foi capaz de ouvir. – N-não sei sobre o que estão conversando, mas… eu caí da e-escada, tá bom? – sua fala era ainda mais devagar do que o normal, visto que não conseguia lidar com tantas coisas ao mesmo tempo. Provavelmente ninguém conseguiria.
Seus pulmões parecendo pesar toneladas, o coração batendo rápido como nunca, sua boca pingando sangue enquanto seu rosto latejava. Estava sentindo tantas coisas diferentes que nem sabia se tinha falado corretamente, só queria ir embora.

Jeongguk arqueou uma sobrancelha após fazer uma descoberta.
Jimin era um péssimo mentiroso.

– Você tem certeza? – Jeongguk encarou seu rosto, mesmo já sabendo a resposta.

– Tenho – Jimin assentiu, não querendo dizer mais nada.

Sentia como se estivesse dentro de um pesadelo e era impossível acordar, não importava o quanto gritasse ou esperneasse. Tinha certeza de que se estivesse sonhando, estaria chorando enquanto rolava em sua cama, repetindo para si mesmo que aquilo era fruto de sua imaginação e não tinha porque ficar com medo.

Seu coração apertou ao admitir para si mesmo que não estava sonhando. Era a vida real.

– Tudo bem. Vamos embora então – Jeon falou, calmo, e esperou um Jimin humilhado passar na sua frente e alcançar a porta.

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Deu meia volta enquanto o mais velho subia as escadas.
Jeongguk estava puto.

– Escuta aqui, seu bostinha. A próxima vez que você fizer isso, eu-

– Vai fazer o quê? Mandar me prender? – riu soprado enquanto segurava o cigarro apagado entre os dedos. – Ou melhor, vai me matar? – arqueou a sobrancelha.

– Vou te mandar de volta pra buceta da sua mãe, que é de onde você nunca devia ter saído – Bang.

Olhava fixamente nos olhos negros daquele homem, sem nem mesmo piscar.
Sem esperar ele responder, virou as costas e foi em direção às escadas.

Só podia estar maluco. Tinha acabado de ameaçar um detento sem nem saber o que ele tinha feito para estar preso. Podia até mesmo ter matado alguém.
Mas a raiva era maior. Quando ficava realmente nervoso, seu rosto e pescoço ficavam vermelhos e ele podia ter certeza de que estava assim agora.

Às vezes era mais forte que ele. Odiava violência com pessoas inocentes com todas as suas forças e, de certa forma, sabia muito bem o porquê.
Sua mente teve alguns flashes de quando seu irmão mais novo sofria bullying na escola.

Ah, irmão... espero que esteja bem.

Subiu as escadas correndo, preocupado com o estado de Jimin. Seu rosto não estava nada legal e Jeon sabia muito bem que aquilo não era uma simples queda de escada, mas o deixaria confortável para falar quando quisesse.

O dançarino estava andando pelo corredor, indo em direção à porta de saída. Ainda tinha que voltar para a sala onde estavam pra continuar depondo, mas Jeon sabia que ele não tinha cabeça pra isso. Então, foi atrás dele e foram embora daquele lugar.

Apenas os grilos daquela noite quente faziam algum som na rua deserta. Ambos andavam lado a lado, sem trocar nem uma única palavra.
Jeon estava preocupado e queria deixá-lo ao menos um pouco melhor, mas tinha medo de piorar as coisas, então acabou ficando quieto.

Jeongguk parou no meio do caminho e ficou olhando para uma casa azul com um quintal na frente.
O mais velho parou e arqueou a sobrancelha como quem esperava ele continuar o trajeto.

– É aqui que eu moro. – falou, e Jimin abriu a boca em surpresa. Aquela casa era realmente bonita. Mais bonita que a sua pelo menos, com o aluguel atrasado e vários pelos de gato espalhados pelo sofá.

– Ah, tudo bem. Boa noite, Jeon – Jimin falou baixinho e fez menção de seguir o trajeto, mas Jeon segurou em sua mão.

Jimin olhou para baixo, encarando suas mãos.

Jeon olhou para sua casa e olhou para o mais velho em seguida.

– Você sabe que não vou te deixar sozinho nesse estado, né? – Jeon perguntou, fitando seus olhos.

– Tá tudo bem, Jeongguk. Eu nasci sozinho e vou morrer sozinho – deu de ombros seguido de um sorriso de poucos amigos. Embora realmente quisesse companhia, não queria que ninguém se envolvesse em seus problemas.

– Não vai morrer sozinho enquanto eu estiver aqui – Jeon afirmou, em seguida puxando sua mão e pisando no gramado verde.

– Mas... a sua mãe vai brigar...

O mais novo não respondeu e continuou andando pelo quintal, até chegar na casa.

Jimin estava vulnerável.
E foi justamente por isso que não relutou.

Pelo menos deixei ração extra para o Calico.

– Minha mãe não sabe que saí, vamos ter que entrar pela janela do meu quarto – Jeon falou devagar para que Jimin pudesse acompanhar.

– Jeongguk, pelo amor de…

Colocou seu dedo indicador sobre os lábios de Jimin, para que ficasse em silêncio. Suas bochechas teriam ruborizado, se sua mente não estivesse presa no que tinha acabado de acontecer na delegacia.

O dançarino fitou seus olhos e podia jurar que eles estavam mais brilhantes do que todas as estrelas do céu daquela noite.

Jeon bateu em seus ombros, fazendo sinal para o Park subir neles.
Revirou os olhos, pensou “seja o que Deus quiser” e fez impulso para subir nas costas de Jeongguk, como se estivessem brincando de cavalinho.

Ao invés de levantar Jimin para este subir pela janela, Jeon começou a correr pelo quintal com o mesmo nas costas.
Ele ria, fazendo com que seu hálito quente batesse contra a nuca de Jeon, o arrepiando involuntariamente.
Foi uma risada sincera. Mesmo depois daquela tempestade, Jeon conseguiu fazê-lo rir.
Jimin gostava disso nele.

O xingava baixinho de todos os nomes possíveis, com medo de que sua mãe acordasse.
Cansou de correr e então ergueu o Park para que o mesmo subisse pela janela, pegando impulso e subindo nela em seguida.

Jimin olhava ao redor como se fosse uma criança indo ao parque de diversões pela primeira vez. O quarto de Jeongguk tinha uma grande estante de livros, fazendo com que se surpreendesse com a primeira impressão que teve do garoto. Ele não parecia ser do tipo que gostava de ler e pôde perceber que era bem eclético já que, ao lado da enorme estante, havia uma mesa de cabeceira com seu PS4.

– Não é lá essas coisas, mas espero que você se sinta um pouco melhor – deu de ombros.

– Sua casa é linda, mesmo eu só tendo visto seu quarto. – sorriu sem tanta vontade e sentou na cama.
Não conseguia parar de pensar no seu pai.
Depois de tantos anos…

Era… surreal.

Jeongguk foi até o guarda-roupas e ficou na ponta dos pés, pegando uma caixa de cima dele e sentando-se ao seu lado.

O Park estava em devaneio, quando quase pulou da cama ao sentir uma coisa gelada em seu rosto. Era um algodão com antisséptico.

– Esses machucados estão feios – o olhou como se fosse um cachorro abandonado, praticamente implorando para ajudá-lo.
Jimin assentiu e fechou os olhos, enquanto Jeon passava o algodão por seu rosto e sua boca.

– H-hm – resmungou, sentindo sua boca arder. Jeongguk chegou mais perto de seu rosto, procurando onde estava doendo enquanto seus narizes estavam a alguns centímetros de distância.

Seus olhos se encontraram por alguns segundos. O olhar de Jimin era de tal transparência que por um momento Jeongguk pareceu saber tudo o que estava sentindo.

– Eu não sei muito bem o que houve – fez uma pausa para que Jimin entendesse.
Tudo o que queria era finalmente aprender linguagem de sinais e poder conversar com ele direito, sem que o mesmo ficasse desconfortável ou se esforçasse demais para responder. Sabia que Jimin tinha estudado leitura labial por muitos anos, mas também entendia que saía totalmente da sua zona de conforto e não era isso o que queria.
– Porém tenho noção de que esses remédios não vão curar esse machucado aí dentro – o mais novo continuou, pondo a mão em seu peito, por cima de seu coração. – Mas se você deixar… se você me permitir entrar, eu posso te ajudar a fazer a dor diminuir.

Eu deixo, Jeongguk.


Notas Finais


até o próximo capítulo ♡ ·˚ ♡
trailer: https://www.youtube.com/watch?v=NkCDY7fn0mc


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