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História Zootopia: O Lobo solitário. - A heroína.


Escrita por: Dekonado

Notas do Autor


Demoreeeeeeeeeeeeei, três meses, eu sei, mas chegueeeeeeeeeeei!
Fala galeeeeera, beleza? Como vão vocês? Eu vou bem, obrigado.
Sei que é meio incomodativo, mas se permitirem...

" - É aqui mesmo." - Dekonado dizia ao caminhoneiro à sua frente " - Onde assino?" - Perguntou

"- Aqui e aqui." - O grandão disse entregando a prancheta "- O que tem no caminhão mesmo?"

"- Palavras." - Ele disse sorrindo "- Muitas. Vou organizá-las assim que possível. Coisas de escritor, sabe como é." -

Exatamente galera! Um capítulo de 17.000 PALAVRAS! Rapaaaaaaaaz, que orgulho! Uma de minhas obras primas sendo postadas no SpiritFanfiction! Como disse no diálogo ali em cima, estava apenas organizando às palavras e tive que esperar um tempo para a entrega delas.

Sem brincadeiras agora, me desculpem pela demora. Ocorreram diversos eventos nestes três meses em minha vida, acreditem ou não. Li, também, a Lista de Schindler (e outros) e estive estudando literatura aos montes justamente para conseguir redigir um capítulo excelente e, olha, acho que consegui escrever um que vocês irão adorar! Eu, particularmente, amei escrever este pedaço da história e aposto que vocês também irão gostar!

Sem mais delongas, boa leitura!

Capítulo 29 - A heroína.


Fanfic / Fanfiction Zootopia: O Lobo solitário. - A heroína.

[Quebra de Lugar, Centro da cidade, Delegacia da Policia Militar, Avanço de tempo, 11:00]       

O centro da cidade de São Paulopia estava sendo irrigado e inundado pela chuva forte que começava no local, sendo acompanhada de fortes raios cujos iluminavam os céus e faziam vibrar os prédios e - mesmo com o cair da lua - carros e mais carros enchiam as avenidas e ruas da metrópole. Do lado de dentro da pálida de delegacia, Pedro L e Lucas T conversavam preocupadamente.   

    

- Tudo está andando errado! - Lucas T andava impacientemente pela sala - Aquela dupla não é manipulável como Clang falara!       

- A culpa é sua. - Pedro L contava um bolo de dinheiro à mesa - Você teve oportunidade de matar o garoto.       

- Ah sério? Você teve oportunidade de enviar os dois atrás dele também! - Ele rebateu - Se você acha que eu vou atrás de Clang para pedir isso, está enganado!       

- Nunca lhe pedi nada - Ergueu uma sobrancelha - Tu mesmo quebrou o acordo com ele e a cidade está por um fio. Sem cidade, sem poder e sem poder, sem fluxo de dinheiro. - Terminou sua contagem.       

- Eu sei, eu sei. - Lucas T se sentou em uma poltrona.   

    

A porta do escritório se abriu e a sombra de Ana pairava pela sala.    

    

- Terminei a ronda Pedro. - Ela o fitava e jogou sua metralhadora ao alcance de suas mãos - Movimento anormal pelas favelas.       

- O de sempre? - Lhe questionou       

- Traficantes, bandidos e movimento de mercadorias. - O fitou em um canto - Você tem conhecimento disto. Porque não manda uma unidade para lá? - Pedro L parecia ter sido atingido       

- Ora, porque...       

- Porque é perigoso Ana. - Lucas T o complementou - Porque não faz algo a respeito disso?       

- Ir sozinha no meio de incontáveis criminosos não me parece muito tático de se fazer. - Ergueu uma sobrancelha - Sabem que...       

- Não é capacitada para isto? - Pedro a interrompeu - Ah essas fêmeas...- Começou a rir de leve. Lucas T acompanhou-lhe na piada de mal gosto.    

    

Ana respirou profundamente buscando não se irritar com tal situação. Conhecia o machismo muito bem e a superioridade que havia de aguentar se tornou frequente no exército há anos atrás. Inúmeras vezes fora subestimada no pelotão por ser uma mulher de aparências "delicadas" e sempre rebaixada nos treinamentos. Enquanto os machos utilizavam rifles mais pesados e potentes, Ana tinha de - obrigatoriamente - agarrar uma pistola. A diferença era de que os machos não obtiveram mais de 65% de precisão e Ana acertava todos os alvos.   

Bem na cabeça.   

Seja como fosse, tempos passados vinham e desapareciam. Sabia que tentar discutir com Pedro L – e exclusivamente com ele – seria em vão e inútil. Conhecia quem ele era verdadeiramente por trás daquele distintivo. Um delegado corrupto e insaciável sedento por dinheiro.  No entanto, não poderia ser irresponsável a ponto de deixar isto passar.   

 

- Desculpe senhor... Mas não creio que me julgar apenas por ser uma mulher seja certo.    

- Eu não ligo para o que você acha Ana. – Pedro L disparou carregando um sorriso maléfico – Então, me fale uma novidade.   

 

Ana encarou Pedro L por longo dez segundos em que se instalou o silêncio. Apesar de sempre – e sempre – tentar pregar os bons valores, constantemente pagava o preço por isso, o qual acabava acumulando uma desavença contra a pessoa. No entanto, não parecia aguentar mais tantas ofensas e preconceitos vindo de chefes e companheiros de trabalho.    

Até onde aguentaria?   

 

- Gostaria de falar que talvez a Oficial Judy e Oficial Nick talvez não compareçam amanhã. A missão de hoje fora difícil para... –    

- O que?! – O Chefe quase caiu da cadeira – Porque?   

- Ordens médicas. – Ela disse – Caso exceda tal ordem ela...   

- Não ligo para ordens médicas ou se ela está com gripe. Quero os dois aqui amanhã cedo. – Cortou-a com ordem. -   

- Volto a afirmar que apenas dependerá dela. - Ela permaneceu firme - Apesar da Oficial Judy ser uma das melhores daqui da PM ela necessita ficar de repouso. - Ou então poderá ocorrer o pior com ela. - Sua inocência era tanta que não percebia portrás de intenções vindas de Pedro L. No entanto, uma ponta de suspeita ocorria no seu interior, quase suspeitando-lhe de seus planos a Judy. Entretanto Pedro L continha uma valiosa carta que o impedia de todas e quaisquer denúncias recorrentes de Ana. Não tinham provas.   

 

Simplesmente, não continham um áudio se quer deste e não poderia realizar nada. Nada relacionado à prisões.  

A sensação de impotência percorria pormenor que seja em seu íntimo e - não era uma sensação muito boa - ser reduzido a uma marionete. Não a irritava, contudo a excitava ter de combater o mal e desenvolver um plano sem falhas a necessidade de prisão a esses malfeitores e observar que - fora de seu mundinho triste - o mundo lá fora estava melhor. Mas, seria óbvio que se enojava com os incontáveis assassinatos de Clang e - A aversão aos homicídios era grande - a justiça prometida mediante a Ruan Makarov seria infinitamente maior pois Ana jamais desistiria de desempenhar e praticar justiça por onde andasse a qual se agarrava a todo momento confiar na própria justiça e não na que emanava dos demais - principalmente de altas autoridades.   

    

- Vamos ver se eles realmente terão a coragem de faltar ao trabalho. - Vociferou Pedro L sombriamente, como quem escondeu uma carta na manga - Está dispensada por hoje.   

    

Ana o semicerrou junto de seu olhar. Algo estava errado.   

    

- Boa noite chefe. - Disse mantendo o tom de ordem - Boa noite Lucas L. - Fora retribuído pelo falso gesto do tigre.    

    

O silêncio se instalou após Ana retirar-se delegacia com tais palavras cujas perpendiaram por aquela mente inocente. Afinal, o que Pedro L planejava para a dupla amanhã? Seria possível escutar o ronco das viaturas próximas dos motores se acalmando e os faróis sendo desligados acompanhados dos pequenos cliques. A questão era que - e ninguém poderia negar - Ana havia se tornado uma mulher muito forte pelo decorrer do tempo em que lutou na guerra, no entanto a mesma não tinha maturidade e seriedade para lidar com isso. A busca incessante para parar os transtornos na sua mente após o conflito ofuscou o seu verdadeiro potencial e a deixou em um canto qualquer onde ninguém a iria querer por perto. Sozinha, apenas para ficar à mercê das mãos do destino. Provavelmente, era por isto que lutava tanto pela pequena amizade que tinha pela coelha.    

Não ser solitária. Não ser mais uma única no mundo.   

Quando finalmente obteve oportunidade, esta aparentava ser a mais alvejada no mundo do crime.     

    

Sentiu os pingos gelados da chuva lhe cair em seu pescoço e descer vagarosamente para suas costas. Abriu seu carro e arremessou o rifle corpulento e potente no banco traseiro, fazendo-o tremular junto de sua mira.   

    

- Demorou hoje. - Mike estava no banco do motorista - Teve algum problema?      

- Pedro L. - Sentou-se - Ele... Ele parece não enxergar o que está à frente dele.        

- Você sabe que nem todos lhe entendem Ana. Muito menos sua justiça. - Mike a confortou - Isto não lhe dá o direito de julgar.       

- Sei disto. - Recolheu-se - Mas sinto que consigo mudar algo - Formou um punho, como se acumulasse algum poder - Mudar algo nesta delegacia. Como tentei no DPZ.   

    

Mike riu de leve e fez o carro tremer um bocado - Não duvido nada. Se for tão teimosa quanto é para visitar seus pais... Pena que Chefe Bogo não aceitou a sugestão de quando você disse que queria um escritório médico apenas para si.   

    

- Ah, para Mike! - Ela sorriu e deu um soco de leve em seu companheiro - Eu ainda era novata naquela época! Mudei muito de lá para cá.        

- Estou lhe aconselhando. - Retribuiu retornando a seriedade - Você vai conseguir mudar. Lembre-se que até a porta mais pesada pode ser aberta. - Sorriu.        

- E então, guardou alguma pizza para nós? - Indagou-lhe    

        

Após Mike sair da pizzaria depois de alguns pedidos, o grande rinoceronte sempre buscava Ana em seu trabalho com o carro comprado.  Realmente apreciava sua companhia, a realizava se sentir segura e um tanto quanto contente por ver que alguém se importava e acreditava nela. O afeto, compaixão, e estima vinda de anos de trabalho com seu parceiro lhe causava certa tranquilidade, retirando-a do abismo que é o fracasso de não ser capacitada para certas coisas. Mesmo que às vezes ambos brigassem quanto a seus ideais, retornavam melancólicos com um pedido de "desculpas", tomados pela tristeza infindável. A Companhia dele tornara-se algo importante e essencial para que sua depressão não lhe apanhasse de surpresa e a deixasse para baixo. Talvez, seu parceiro era muito mais importante o qual aparentava.       

    

- Guardei sim. - Ele ligou o carro. As luzes se acenderam, formando sombra na parede à frente e o motor esquentou-se - Como foi o seu dia? - Lhe questionou - Conseguiu pistas de Clang?   

- Nada... Só observei os seus capangas... Algo me diz que precisamos encontrar algo relacionado a ele, e não como o grupo age. Isto temos de sobra na delegacia. - Lhe disse com certo desamparo - Talvez Judy possa nos ajudar.       

- De fato. A pequenininha é veloz e astuta! - Enunciou com empolgação - Certamente deve saber interpretar suas informações de forma que ache um plano para nós.   

    

Mike pôs-se a acelerar o carro, se não fosse interrompido por uma pequena criatura os fitando de perto e, se não estivesse atento, certamente não a teria visto lhe observando. Aparentava estar sozinha na chuva com seu pêlo molhado e carregava algo que se assemelhava a ser um pequeno ursinho de pelúcia. Ele também a olhou, pensando em lhe dar abrigo. Provavelmente seria um filhote perdido ou quem sabe um necessitado? Certamente poderia resolver-lhe os problemas!   

    

- Vamos Mike! - Ana o tirou de seus pensamentos colocando seu cinto – Tenho uma longa noite pela frente.       

- Espere aí Ana... - Mike analisou as possibilidades de aquilo ser uma armadilha do SCC ou de algo pior e chegou a uma conclusão. Abriu a porta do veículo e recebeu a criaturinha. - Olá pequena.        

- Mamãe está mal. Segundo Comando atacou - A criaturinha lhe observou e viu seu tamanho - Pediu para procurar pela boa policial. – Provavelmente mencionava outra policial -        

- Ela está descansando agora criaturinha. Estava ouvindo tudo o que ela dissera no escritório, não? - Deduziu erguendo uma sobrancelha repreensora - Nós iremos ajudá-lo.      

- Mike... - Ana o chamou e vendo que ele se aproximava, prosseguiu - Tem certeza disso? - Mencionou o pedido de ajuda - Mal o conhecemos. – Sua preocupação era inocente.        

- Não preciso conhecer um animal para ajudá-lo Ana - Retribuiu sereno - Virá comigo ou não?  - Perguntou conduzindo saco de remédios em suas grossas patas. O enorme rinoceronte estava decidido, ajudar-lhe-ia o filhote. Entretanto, a companheira deparava-se com uma encruzilhada de escolhas, não sabendo pelo o que optar.    

 

Mike e Ana sempre continham uma opinião própria a respeito sobre quem realmente ajudar ou não. Michael recordava-se da vez em que ajudou um soldado inimigo - desarmado - há anos atrás a cuidar de suas feridas, lhe dando morfina para as dores, comida para a fome e água a sede. Era claro, aquilo não era um inimigo. Era um ser vivo.   

E isto o difere tanto quanto os outros. Apesar de sua irônica posição no exército, capitão da artilharia pesada, era contra – a todo momento -  utilizar armamento letal com objetivo de aniquilar os inimigos, sempre aconselhando Ana a permanecer longe do soldado recoberto em manto misterioso. Tais recomendações nunca foram atendidas e jamais entenderia a violência gerada pelos grupos combatentes e o ZISIS. A ideia de se combater apenas pela religião tornara-se absurda, a qual não evoluiria a humanidade e, decerto de tal conceito, certamente não enxergava os outros como inimigos e sim pelo o que eles eram.    

Por estes e vários outros motivos, o seu altruísmo e humildade sempre vieram à tona nestes momentos de escolha. Ana ainda não sabia decidir-se.  

 

- Então, onde está sua mãe? - Perguntou Mike perto do filhote enquanto lhe dava a mão    

- É por aqui moço. - A criatura cujo era uma capivara com grandes e fofos olhos lhe deu a mão e começou a andar. Os dois sumiram na torrente de chuva que caiam das nuvens.   

 

A questão tornava-se complexa a ela que queria provar que se tornara forte. Que seria capaz de “aguentar a pressão” e valente como uma pequena coelha pronta para salvar uma cidade. Contudo o medo de tomar uma escolha a fazia ingênua demais e a emoção a controlando-a realizava tomar algumas decisões péssimas.   

Porém, esta não seria uma delas.    

Desprendeu o seu cinto e saiu do carro em busca de seu parceiro rinoceronte. Não poderia simplesmente dizer “não” a um filhote buscando ajuda.    

    

[Quebra de Lugar, Comunidade Santo Antônio, Avanço de Tempo, 11:30]   

    

A caminhada árdua estendia-se por razão da chuva estrondosa que abatia São Paulopia violentamente, a qual inundava ruas e deixava a terra das favelas lamacentas, Ana estava chegando ao local em que a capivara mencionara e levara Mike. A comunidade do Santo Antônio - Vizinha e próxima a comunidade do Santo - tornava-se um importante local de observação para os malfeitores SCC que observavam cuidadosamente onde e como a polícia iria chegar, revelando suas posições e suas unidades, bem como armamento e número de policiais e, estar ali para Ana se assemelhava mais em chegar ao posto de observação do ZISIS. Definitivamente, algumas lembranças da guerra civil vinham à tona em momentos errados. 

 A polícia tentava incontáveis vezes invadir o morro acima e desfazer os que ficavam entocados para observarem os movimentos e bolar uma estratégia, porém, sempre eram surpreendidos, pois a Comunidade do Santo também continha animais que olhavam e falavam para a Comunidade Santo Antônio, gerando uma parceria recíproca. Tudo que se tem de conhecimento por dentro destas duas favelas, são o comércio ilegal de drogas, de armas e - as más línguas dizem - de animais. Andava por uma ladeira perfeitamente feita de lama e terra. Definitivamente, era um covil do mal.        

Ana adentrou em um campo aberto, perigoso em um pensamento súbito, mas nada de ameaçador para o enorme rinoceronte mais à frente. A clareira estendia-se com lama grudenta sendo recoberto de poças de água e uma grande montanha à direita que lhes davam uma vista a bela com algumas favelas. Aproximou-se com o rifle lhe vibrando e emitindo pequenas partículas de choque ao entrar em contato com a água. Seu amigo, já tomado pela água e com o uniforme acizentado molhado notou sua presença.   

    

- Pensei que ficaria no carro. - Lhe indagou - A bondade vem a todos, não é? -     

- Mudei de ideia. - O respondeu ficando lado a lado - Sabe o risco que passamos para estar aqui?       

- Relaxe. Da próxima vez, tenho certeza de que essa criaturinha nos protegerá. - Falou com certa convicção. O tamanho de seu corpo bloqueava uma parte da chuva de atingir a criaturinha.         

- Vocês dois são diferentes. - A criaturinha os fitava - Não são como nas revistas.   

    

Ambos não sabiam responder. Sabiam exatamente do que o filhote mencionava com "Vocês dois são diferentes". Ocorria-se óbvio ele estar mencionando de ele estar procurando Nick e Judy e não Ana e Michael. A diferença tornara-se gigantesca. Ela pensava, porventura, chamar Judy pelo rádio e acabar com a ansiosidade - ou aumentar a esperança - do menininho ao ver àquela dupla dinâmica à sua frente.    

    

- Digamos que à nossa heroína não está muito bem. - Disse meio sem graça - Mas eu posso ajudar você. - Tentou sorrir, mas não conseguira.   

    

O menino prosseguira e, desta vez, viraram à direita. Outra subida feita de terra molhada e lama. Parecia que aquele vasto morro não tinha fim, repleto de favelas. Um pensamento esguio perambulava pela mente de Ana. Sentia-se que jamais poder-se-ia igualar-se a grandiosidade e heroísmo de Judy e a via como uma verdadeira heroína de que todos tinham que se orgulhar por tê-la na cidade, trazendo incontáveis melhorias não apenas para Zootopia e sim ao mundo. O pensamento de um dia chegar a mesma posição dela e transformar a cidade, mesmo que aos poucos e progressivamente, fazia-se presente desde de seu conhecimento por ela, sendo tomada de grande inspiração a realização do trabalho pelo fato de conhece-la pessoalmente. Na realidade, enxergava nela "um modelo de herói" que, por mais que seguisse, pressentia que iria falhar e – sem suas esperanças por conta da depressão - nada do qual realizara até hoje seria digno de uma comparação com a pequena. Pressentia que algo ou alguém iria forçar uma decisão onde apenas uma sairia viva neste caso criminal.    

E Ana sabia quem iria sair viva. Quem realmente tinha um perfil e merecia o título de “heroína”.   

Afinal, confiava tanto em si mesma que sabia quem de suas falhas e quem era a heroína. 

Nunca se via como uma.  

    

[Quebra de Lugar, Comunidade do Santo Antônio, 11:50 PM]

    

Estavam encharcados. O pelo de Ana permanecia todo molhado e queria ser igual a Mike que não havia um fio de pelo sequer. Pararam ante a uma edificação de dois andares e frágil para o terreno em que se encontrava, sendo sustentada por alguns milhares de vigas de madeira aparentando desabamento. Certamente ela não queria estar lá dentro se caso ocorresse tal evento.   

    

- É aqui. - A criaturinha apontou para uma placa antiga e decadente que fora iluminada por um raio. " Orfanato". Fora o que Ana conseguira ler.   

    

- Um orfanato! - Mike reagiu alegremente - Se eu soubesse antes, teria pedido a um motoboy para trazer algumas pizzas pois apesar de meu corpo, criaturinha, não carrego tantas caixas! - Riu humildemente - Então, do que precisa? - Ao procurar pela capivara, a perdera de vista.   

    

Ana pensava nas possibilidades de aquilo ter sido uma armadilha. Não eram grandes, contudo não se tornavam ausentes. Escutava com atenção, algo surgindo entre as sombras, se aproximando à passos largos demonstrando força. Cada vez mais perto. Segundo por segundo. Botara as mãos prontas para sacar sua arma caso necessário. Eles não cessavam e batiam sobre o que parecia ser concreto, enchendo seus ouvidos. O barulho, provavelmente, provenha do Orfanato.   

Raios decaiam em sinfonia, ressoando em toda comunidade do Santo Antônio. Não estavam sozinhos e realizou-se claro quando os ruídos de passos passaram a ser acompanhados de certas tosses e murmúrios, os quais falaram em um idioma indecifrável.    

    

Apontara juntamente de sua destreza invejável o rifle de precisão à entrada da creche. A sombra de alguém recostava ao meio da porta.    

    

- Oh deus, vocês precisam me ajudar... - O animal, uma onça corria em direção a Ana e parecia carregar um ferimento em seu peito -       

- Escute moça, não sei se somos quem realmente seu filho procurou... - Ana disse lamentando o pensamento - Mas certamente iremos ajudar. - Retomou a valentia em sua voz.       

- Não, eu não preciso de ajuda, as crianças - Ela apontou desesperada para dentro do local - Ele irá fazer um massacre!       

- Quem irá fazer, minha senhorita? É horário noturno. - Mike questionou - Deveriam estar dormindo uma hora dessas!        

Clang irá fazer! - Disse com aflição.   

    

Ambos se entreolharam. Sabiam exatamente o que fazer.   

    

- Fique aqui Mike. - Ana disse enquanto agarrava seu rifle futurista vacilante - Não se preocupe senhora, não deixarei que Clang encoste um dedo naquelas crianças. - Falava como se um ódio interior surgisse.       

- Não Ana - Mike disparou - Não vou deixar você ir novamente em uma missão suicida. -        

- Suicida? - Perguntou como se não ouvisse aquilo - Mike são crianças que estão lá dentro! – Argumentou – Não era esse o propósito desde o início?        

- Moça, Mike cuidará de você. – Ignorou-a. Sua enorme forma traria segurança para qualquer um – Não vamos cometer o mesmo erro duas vezes Ana. – De uma forma tênue, referia-se à quando ela emboscou Basher Al Assed em um edifício -        

- Você sabe que eu não cometeria novamente Michael...  – Disse com os dentes cerrados, quase um rosnado –    

 

Outra vez o ódio pelo presidente disse “presente” em sua vida. Se existisse alguém além de Clang que ela odiava, seria o presidente e, sem nenhuma dúvida, ainda tinha uma desavença enorme e ativa guardada dentro de si por aquele homem. Fora ele e sua família que começaram a guerra. Não poderiam simplesmente evitar o caos? Não reprimir o povo daquela maneira?! Michael desaprovava essa vingança insistente dentro dela, o qual procurava, de alguma forma, afastar isto.    

 

- Onde estão as crianças? – Retomou sua calmaria após alguns breves segundos -       

- Eu tentei as esconder, mas... - Parecia que iria chorar por conta do nervoso - N-não sei se elas estão a salvo dele...       

- Precisamos ajudá-la Ana. - Mike ajoelhou-se observava o ferimento. Sua expressão revelava certa preocupação - Não irei deixá-la sofrer aqui. - Virou-se para moça - Mike cuidará de você, não há motivo para chorar senhorita. - Ergueu seu queixo - Aposto que você é uma mulher forte, muito forte. – Limpava suas lágrimas junto de cuidado.   

    

Ana fitava àquela confusa, mas não com raiva. Clang estava lá. Sozinho. Clang sempre fora a missão. Poderiam acabar com tudo agora.    

No entanto, subitamente, como num sopro mágico daquela chuva gélida aquilo desaparecera. A dúvida entre as escolhas de antes sumira e recordou-se da vez no carro há minutos atrás e desfez-se de sua expressão de confusão e partira para o trabalho deixando o rifle de lado, não tendo mais medo e agora, compreendera o que Mike estava sentindo por este animal, o qual estava certo desde o início, querer o ódio pelo o outro não levaria progresso algum e - realizou-se de total sentido - a partir do momento que Ana refletira neste lado e, caso continuasse na ignorância, não teria muita diferença ao compará-la com Lucas T. Teria certeza de que Judy faria o mesmo e – portanto – achou mais sentido ainda.   

Mike sempre fora protetor de todos, desde os pequenos até os maiores e junto de sua parceira nunca seria diferente. Entretanto, quando Ana era tomado pelo desejo de vingança, coisa alguma realizaria. Apenas ela poderia ajudar ela mesma, não sendo dominada pelas suas profundas emoções.  

E Mike sabia que Ana conseguiria provar seu valor.   

    

- Certo, - Jogou sua mochila no chão - Precisamos de um local isolado e seco. - Vira a pequena entrada do edifício atrás dela - O orfanato é perfeito. - Mike a olhara com repreensão - Não para isso, bobinho. - Sorrira - O plano agora é outro. - Pegou uma seringa carregada de anestesiante tamanho grande.    

    

[Quebra de Lugar, Dentro do Orfanato, Avanço de Tempo, 00:23 AM]   

    

O orfanato era depressivo. Sempre havia sido. Mas, ao menos, este tentava esconder o sofrimento que os filhotes enfrentariam durante uma vida. O local parecia frágil até demais para uma tempestade forte, goteiras despendiam dos tetos e molhavam os corredores feito de madeira envelhecida e que ruía conforme Ana andava em direção ao quarto principal. Michael, satisfeito pela escolha certa, caminhava vagarosamente para não quebrar nada. Sua estatura quase batia no teto.   

    

- Escute Ana... Quando tentei lhe impedir não fora por medo - Começou. Nunca sentia medo -        

- Sei disto Michael. - Ana segurava uma xícara de café quente esfumaçante - Lhe agradeço por ter me aconselhado. Me desculpe. Nos últimos dias tenho perdido o controle.        

- Todos nós erramos uma vez ou outra Ana. - A voz saia calma e suave - Não há problema nenhum nisto e você fará o mesmo por mim. - Desdenhou um sorriso sabichão – Mas... Ainda sente algo por Basher? – A pergunta delicada percorreu o ar.   

- Sendo sincera Michael... – Começou tímida – Não quero mais sua morte. Mas creio que sua prisão ainda é inevitável. – Michael surpreendeu-se. Não parecia mais ter uma ira interior como antes. Talvez, tenha domado suas emoções. - Ainda é responsável por incontáveis mortes... Eu acho.  

- Isso já é um começo. Muito bem Ana. – Elogiou-a – Dá próxima vez, você cuida de mim. – Disse junto de seu sorriso. Não questionaria sobre Clang. Ele era diferente.    

    

Adentraram um quarto onde a mãe repousara, agora com um cobertor devido ao frio. Uma janela aberta deixava a chuva entrar, a qual fora fechada por Ana. Lhe deu o pire de café quente e está utilizava uma grande gaze no local dos seios, onde o ferimento permanecia escarlate.   

    

- Sei que não são quem chamei. - A mãe pôs-se a falar - Mas fizeram um trabalho digno. - Se referia a dupla - Como está o pequeno Antônio? - Referiu-se a criaturinha -       

- Tudo ótimo. - Retribuira Ana - Pode nos dizer onde escondeu as crianças? - Lhe indagou -        

- É claro. - A mãe se levantara com certa dificuldade e, ao ver isto, Ana lhe ofereceu o ombro para ajudar. Ela aceitou com gratidão e a levou para um quarto rodeado de camas baratas, janelas, brinquedos e cores coloridas e alegres. Ana encantou-se ao ver tal "magia" e logo relembrou-se de sua infância. Seu velho e bom começo onde apenas queria um pouco de açúcar e um aromatizante e estaria contente com o mundo todo. Se, naquela época, pudesse se olhar no futuro e naquele dia onde aprendera uma lição, pensaria: Mas que orgulho!       

- Estão aqui. - A mãe tirara uma parede falsa grande. Dois olhos se revelaram na escuridão. Foram seguidos por mais incontáveis olhinhos de cores vibrantes e, de repente, incontáveis filhotes - sejam típicos de Brasilpia ou de outras regiões - saíram correndo para abraçar a mãe, murmurando e falando o como não achavam a coragem ao ouvir os passos pesados de Clang ou quando escutaram um grito súbito. A mãe apenas retribuía o abraço de tantas criaturas.   

 

A cena tocava Ana. Coincidia de seu antigo emprego de médica de combate cuidar de tantos serezinhos. Vira que, sem dúvida, tomara a decisão certa. Sempre gostara de orfanatos, pois poderia cuidar dos animais ali presentes e presenciar os sorrisos aconchegantes que apenas filhotes conseguiriam fornecer. Todavia, um filhote ainda lhe chamava a atenção, isolado em um canto, nem se quer parecia ter se escondido.  

Qualquer um, vivo ou não, esconderia-se de Clang sob uma terrível tempestade. 

 

- Me desculpe à pergunta senhora... – Sussurrou para a mãe – Mas, e quanto aquele ali? – Apontou com o olhar para um guaxinim preto –   

- Nunca foi de falar muito oficial... Perdera os pais muito cedo e as outras crianças não querem se enturmar com ele. – Lamentou-se – Penso que é porque ele é o mais velho daqui. Nenhuma família o quis ainda. – Os filhotes ao redor se espalhavam pelo quarto novamente agarrando alguns brinquedos. Somente Antônio – a criaturinha ou capivara – permanecera ao lado da mãe trajada de vestidos longos e florida.   

- Irei falar com ele, tudo bem? –    

- Certo oficial.  

 

Ana caminhou até o pequeno filhote isolado no canto. Apesar de ser o mais velho, aparentava ter doze ou treze anos. Lembrou-se de seu treinamento psicológico feito na faculdade, o qual conquanto fosse pouco, ainda iria lhe servir para algo naquela situação. Deveria passar por apenas algum problema comum.  

 

- Olá – Apresentou-se. O filhote estava apoiado à janela e não tirava os olhos da tempestade, como se visse um vídeo incrível da internet – Soube que você é o mais velho daqui.   

Segundos se passaram antes da primeira palavra ser dita por ele.   

- A cuidadora sabe que você está aqui? – Se referia à mãe dos filhotes como “cuidadora”. O olhar fixo aos pontos luminosos da cidade de São Paulopia não prestava atenção em Ana. –    

- É claro. – Se ajoelhou ao lado dele – Sabe o que eu penso quando vejo à chuva? – Perguntou e este gemeu em resposta – Penso em qualquer dia destes me aventurar no meio da rua com os pingos de água. Já fez isso?    

- Pare. – Ele a cortou friamente enquanto ajeitava algumas mangas de seu casaco– Está fazendo como todos os outros. – Continuou – Querem que eu seja feliz, mas só querem enquanto eu estou aqui.    

Ana compreendeu o que aquele menininho estava falando. Sem contar na percepção ágil nas marcas de cortes feitas em seus pulsos. O aspiravam contente apenas enquanto permanecia no orfanato, o qual realizaria o que com os novos pais? Nenhuma família o desejava e nem mesmo seus colegas brincavam com ele, nada a garantia um futuro certo junto de uma tristeza perpétua e uma única solução batia a porta.  

Aquilo era cedo demais.   

Via-se diante de um abismo infindável e profundo.    

 

- Escute... – Ana captou de primeira os sinais – Não há problema em fazer isso. Não vou te julgar. – Parecia entendê-lo ao olhar nos olhos recobertos da marca que todo guaxinim tem –    

- O que entende sobre isso? Porque não faz como todos os outros e me deixa em paz? - Se afastou para um canto –    

- Entendo que não pensa em falar sobre isso. – Falou – Já sofri por tal coisa. E como sofri. – Admitiu – Mas pode me entregar a ferramenta? – Estendeu a mão para recolher a lâmina.    

 

Aparentou acanhamento e transtorno. Não faria diferença, ele poderia conseguir outro amanhã ou naquela noite fria tempestuosa. Entregou sem muitos rodeios e inquieto pela ação.   

 

- Você é forte Miguel. – Enunciou o nome do garoto – Mas este mundo em que vivemos parece ter lhe deixado tímido, não é? – Seguia sussurrando sua voz tenuemente e delicada como vidro – Às vezes, quando estamos à beira do precipício e prontos para pular, não pensamos em nada. – Ficou alguns segundos em silêncio. A chuva rebatia no teto emadeirado e pingava algumas vezes em suas orelhas enquanto o vento gélido cintilava por aquele quarto, parecendo sussurrar vagarosamente – Mas lembre-se que a escolha é sua. E você pode dar meia volta e deixar este abismo do lado. – Sorrira angelicalmente. - Você é mais forte do que esse abismo.  Sempre foi Miguel. Pode reencontrar todas aquelas pessoas que te amam ao dar meia volta.  

O guaxinim finalmente parecia ter tirado sua atenção da janela quando suas orelhas se concentraram para escutar Ana. Ela falava a verdade e acreditava nele de uma única maneira que ninguém conseguira naqueles treze anos no orfanato. Definitivamente, Ana passara e sofria pela depressão convivida pelas lembranças das mortes que realizou no passado, se vendo dependente dos antidepressivos, mas o que a diferenciava de outros animais no DPZ era que continuava lutando.    

Não importa se o inevitável chegasse.   

Ambos se olhavam. Encaravam-se de uma maneira calma e aparentemente serena, entendendo um ao outro. A chuva ecoava pelo quarto e o silêncio, somente por meio dos dois predominava. Miguel conhecera Ana nos primeiros cinco minutos e já a compreendia como a mesma fazia, em uma reciprocidade sem fim. Nem mesmo a bagunça dos outros filhotes poderia interromper àquela troca de olhares tranqüila e graciosa, na qual qualquer um diria que estavam se comunicando mentalmente.   

Estava longe de ser isto. Ana acreditava nele. Acreditava que somente ele poderia sair daquela terrível escuridão que assolava seu coração e lhe massacrava a felicidade. Mais do que nunca, aquele sorriso estampado na sua cara lhe indicava de que uma única pessoa acreditava nele.   

   

Nem tudo estava perdido.  

   

Quando ela se levantou para partir após alguns minutos, ele a agarrou pela bota.    

- Nós... Somos amigos, não é? - Perguntara meio arrependido por não ter dito nada anteriormente -  

Ana demorou a responder, contudo o fez.  

– Claro que somos Miguel.   

- Mas e quanto à cuidadora? - Lhe indagou – Ela... Suspeita que eu tenha algo e eu não quero falar com ela.   

- Amigos às vezes guardam segredos. – Respondeu carregando o sorriso - Mas me prometa uma coisa.    

- O que?   

- Me prometa que acordará todos os dias e sempre verá o lado bom da vida. Veja o como conseguiu resistir até aqui e superar todos os seus dias em que pensou desistir. Prove a todos que você é forte. Prometido? - Fizera um punho para um "toquinho" com o novo amigo.   

Este delongou o processo em alguns segundos. - Prometido. - Correspondera ao "toquinho".   

 

Ana caminhou novamente em direção a mãe adornada pelos vestidos floridos. Agora, além de aprender uma valiosa lição, entendeu um segundo, precioso e raríssimo ensinamento. Enquanto andava em meio às crianças que brincavam inocentemente junto de Michael, subindo ou escalando-o, sentia-se uma verdadeira heroína. Finalmente compreendeu que, ao ajudar aquele animal, não precisava seguir ou entender nenhum modelo heroico.  Não precisava seguir uma linha clichê de padrão. Aprendera que poderia ser sua própria heroína de sua própria história, cuja moldava suas ações na vida baseando-se no bem do próximo e não acumulando ódio, sim, controlando sentimentos e olhando a razão como uma guia para vida.   

Talvez, afinal, poderia compreender o que Judy fazia todos os dias.  

   

- Ele... Ele nunca dirigira a palavra desta maneira com ninguém.... – A mãe conversava com Ana – Ele tem algo? – Perguntou preocupada.  

- É o mais diferente daqui mãe. – Ana não iria quebrar um segredo – Você consegue perceber nisto pelo seu jeito.  

- Sim, disto eu sei. – Respondera – Mas eu fico preocupada em saber que nenhuma família o escolheu. – Olhou para as outras crianças se divertindo e Miguel ainda permanecia isolado. Este, junto de seu olhar, fitava a cidade iluminada. –   

- Eu o levo para tomar um sorvete de vez em quando. – Ana respondera repentinamente – Até alguma família o adotar, acho que podemos sair para alguns passeios.  

- De verdade oficial? - A mãe animou-se - Isto seria ótimo, eu nunca consegui dar atenção a todos por conta do trabalh - Calou-se subitamente. Sua expressão murchava, decaindo a alegria anterior. - Se não for incômodo a esta hora da noite...Podemos conversar... A sós? - Lhe indagou seriamente. Ana deduziu algo de errado.   

- É claro. - A acompanhou para o quarto de antes. - Já me acostumei aos horários noturnos.  

   

[Quebra de Lugar, Zona Leste, Apartamento Abandonado, Avanço de Tempo, 4:00 AM]   

   

A chuva caia imensamente sobre as ruas desertas da Zona Leste, bem como toda São Paulopia parecia ficar no mais puro e medonho silêncio, sem nenhum carro em suas ruas e nenhum animal perambulando pelas ruas. O cair da lua refletia a imensidão daquela cidade a qual estava descansando. Os comércios da Zona Leste como casas de prostituição e tráfico tornavam-se as únicas coisas ativas em meio a solidão e devastação que o silêncio causara, suas placas neons faziam pequenas luzes refletirem nas poças de água estiradas ao chão.   

O barulho da chuva caía acima do teto do apartamento decadente o qual a dupla dinâmica descansava despreocupadamente. Após o jantar, Judy ainda queria fazer mais relatórios e estudar o próprio livro da PM, mas o sono seria tanto que fora impossível continuar. Seu parceiro, observando sua coelha dormindo à escrivaninha, a levou para a cama delicadamente e acabou adormecendo com ela junto a seu peito e acabou pegando no sono ali mesmo. Tanto esforço teria de ser útil em alguma hora do trabalho e, como era de se esperar, tudo que Nick queria para ela seria o seu descanso para não se envolver em mais casos incertos e perigosos, cuja permanecia com uma valentia imbatível e incansável de prender Clang. Cada dia desperdiçado, a ela, poderia ser bem aproveitado e utilizado para dar passos à investigação contra ele. Tal dedicação vinha de seu intenso senso de justiça, parecendo não ter quaisquer limites.    

Ela se contorcia perto do peito de Nick, no entanto não se despertava pelos movimentos. Os efeitos daquele gás ou coisa cujo respirara estavam presentes em si agora e, por aquela omissão de detalhes, não se sabia o que ocorria dentro de si. Uma única coisa se tornava certa, ela não estava bem. Era evidente em seu andar, mesmo que parada, suas pernas e pés, fortes e ágeis, estavam agora abatidos e ineficazes enquanto seus braços resistentes residiam vacilantes e inconfiável. Mesmo não presenciando os sintomas, dentro de seu sonho lhe aparentava algo estranho. Jamais iria enxergar algo em um sonho comum, no entanto aquele se achava um pesadelo tenebroso. Nada que lhe assustasse tanto. Os anos de treinamento na academia lhe ensinaram a ser forte e se tornar forte.    

Até que Clang, duas vezes maior que ela, aparecera repentinamente em seu sonho. O guardião parecia ter tomado todo o DPZ de Zootopia e ninguém estava na recepção, nem mesmo Garra Mansa. A lua prateava a recepção cinzenta e solitária do edifício. Não iria correr, mesmo frente a frente com o vilão. Naturalmente, em um sonho, não se sentia-se nenhuma emoção ou sintoma de doença, entretanto este era diferente. Este, sentia seu coração palpitar no peito,a respiração nos pulmões e a firmeza certeira em seus pés. 

- Clang! - Esbravejou empunhando a pistola - Você está cercado! - Imaginava encontrar alguém no prédio    

- Eu? - Ele perguntava com evidente risada – Oh minha querida e ingênua Judy... Até onde sua tolice a leva?   

- Não me venha com calúnias e xingamentos. - Observava o corpo gigante e encoberto do vilão - É hora de se render e acabar com isso.   

- Eu continuarei até ser impedido. - Ele pronunciou – Cling Clang lá se vão... - Pôs-se a cantarolar junto de seu andar.   

Aquela maldita canção lhe penetravam os ouvidos e a amedrontavam por dentro. Não fraquejaria perante a ele ou qualquer um, jamais. No entanto, nunca poder-se-ia negar que o medo estava presente em si. Sempre esteve em qualquer situação de risco com ou sem Clang. A emoção de sentir a adrenalina no corpo era boa, mas apenas por alguns minutos e, posteriormente, aquilo seria uma tortura a ela. O desejo de correr para um lugar seguro era a última de suas opções e ambições. Via-se firme ante àqueles olhos escarlates e penetradores de brilho único, fixos em uma única pessoa: Ela.  Escondia todo este medo de todos.   

- Cling Clang lá se vão... Alguém está prestes a encontrá-lo...   

Medo. O que corria por suas veias enquanto o cano limpo da pistola ainda estava empunhado para Clang. Ele estava cada vez mais perto de si e os pensamentos achavam-se atrapalhados por outras hipóteses. Ficar ou fugir, disparar ou mirar?    

Era tarde demais. Os passos largos se achavam a frente dela, contudo não pararam. A atravessaram como se ela mesma fosse fumaça. Clang cantava a outra pessoa. A alguém que, ela preferiria que fosse ela.   

Ele cantava a Nick.    

 

- Nick! - Gritou – Se afaste de Clang! - Disse enquanto se recuperava -    

Pensava agora em atirar e o ferir a ponto de fornecer tempo ao companheiro fugir. Porém os riscos de uma bala pegar Nick tornavam-se arriscados demais. Tudo parecia muito real. Desespero e inquietação surgiam, pequeninos, manifestavam-se lentamente em sua mente.    

- Tinindo agora... - Uma faísca saíra das correntes perto da parede – As correntes não querem perdoá-lo... - Ia para detrás do corpo imóvel - Vou continuar pequena Judy... Até ser impedido. - O simples fato dele mencionar "pequena" a fazia ter nojo dele -    

O som elevado do tiro ecoou através do salão e a luz iluminou por pequenos instantes a trajetória do tiro feito por ela. Era um caso de vida ou morte e mesmo que a prioridade fosse mantê-lo vivo, dever-se-ia levar em conta as vidas em risco. A bala atingiu o ombro de Clang, mas não teve nenhum, absolutamente qualquer, efeito nele. Ele sorrira. Ganhara a luta. Se armas de fogo jamais o machucariam e combate corpo a corpo, nem mesmo utilizando das suas ágeis técnicas de pulos cujo utilizou na academia ou utilizar a força do oponente contra ele - técnica invejável - o que o mataria? Não cedera perante tal fracasso. O pensamento de desistir jamais conceberia forma ou tamanho em sua mente, todavia conhecia a sensação do fracasso. Conhecia quando não conquistava seus objetivos como não conseguir resolver um caso em 42 horas.  Mas, naquele momento, havia ele para reconfortá-la e dizer "não" ao destino.    

Ele não estava lá para reconfortá-la agora. Ele precisava de sua ajuda.     

- Todas as coisas Judy. Pequenas ou grandes... - Envolvia a corrente em Nick – Morrem.    

- Solte-o agora! - Falou iradamente – Você não será uma exceção a isso Clang! - Procurava alternativas   

- Toda regra há sua controvérsia... - Tocava delicadamente envolta das correntes    

Ela atirou novamente, desta vez contra a enorme janela posta no teto do DPZ. Os estilhaços de vidro se encontraram com Clang e o fizeram perder a visão da pequena por alguns segundos, a qual correra e junto de um pulo seguido por um chute bem aplicado na cara de Clang o fez recuar. Ela aliviou o pouso. Nem tudo estava perdido.    

- Nick! - Ela dizia ao lado dele – Temos que ir, agora! - Corria para a recepção -     

Nick não respondera. Estava completamente imóvel. Seu desespero se fez presente no momento de que ele não retrucara algo sem graça ou pessimista como sempre fazia em alguma destas situações. Enquanto tentava tirar seu companheiro da imobilidade, não percebera Clang levantando-se, mais enfurecido do que antes.   

- Você realmente acha... - Andava para de trás de Nick – Que pode me deter?!    

- Eu posso e irei! - Apontou a arma - Não ouse tocar nele ou eu irei...   

Uma corrente veio à sua direção e a iria pegar fatalmente se não fosse pelo ágil desvio para o lado. Apesar de não ter se ferido, perdera sua pistola na ação.    

- Não resista pequenina. - Os olhos do vilão brilharam detrás de Nick, como se houvesse se teletransportado. - Deixe acontecer.   

O pior ocorreu. Um grito, não se sabe de quem, percorrera toda a sala, indo além, muito além de seus sentimentos. Ela não havia morrido, mas parte de si ao ouvir aquilo aparentemente sim. Toda sua realidade se despedaçara naquele momento, não sendo possível ver nada após a frase pois a escuridão envolvera o sonho novamente, no entanto agora todos e cada sentimento no interior despertara de tamanha força impossível de descrever, atropelando-se um ao outro a aflição, desespero, tortura, agonia e o mais superior de todos.    

Medo.   

   

Acordou com todo horror vindo à tona, assustada e com muito medo e, não seria surpresa que em sua levantada brusca acabou atingindo a o nariz de Nick que também acordou.   

    

- Caramba cenourinha... - Ele passava a mão em seu nariz - O que há de errado com seu sono?       

- N-Nick! - Judy passava por vários sentimentos, medo, vergonha por estar no peito do seu amado e horror. - Você está bem...       

- É claro que eu estou Judy, por que não estaria? - Perguntava Nick com mau humor - Estava em um sonho tão bom.       

- Não foi nada... - Ela buscou esconder ofegantemente – Vamos voltar a dormir... Desculpe o susto. -    

- Há alguma razão para você estar assim Judy. - Nick retornou – Me conte. - Pediu sonolento -    

- Um pesadelo ruim – Arrumou-se de um lado da cama – Nada mais...   

- Pesadelos não deixam você quase chorando. - Retrucou – Me conte.   

Ela fitava a janela recoberta de pingos, ignorando o pedido. Contar ou não contava a Nick? O pesadelo relacionava e tocava nos seus medos mais profundos. Fracasso, medo, desespero. Pensava que Nick, com toda a confiança, não estava preparado para a informação. Perder alguém era muito sofrido e ambos estavam em um país onde, exceto os cidadãos, os PMS se achavam sempre na mira dos traficantes. Perder em Brasilpia era muito comum. Não importa em qual lugar. Poderia ser andando na rua ou na própria folga, se vacilassem, poderiam não contar com a vida novamente. Talvez revelações deste nível o fariam paranoico pela sua segurança? Se recordava de todos os casos cujo havia observado no próprio livro da PM, caças a policiais militares que prendiam os membros do SCC, homicídios a frente de cidadãos inocentes e isso sem contar nas incontáveis formas de tortura caso algum criminoso encontrasse o policial vagando pelos morros. Se achava óbvio que Nick seria, no mínimo, independente e de habilidades consideráveis, no entanto, se Clang conseguiria superar animais com o triplo de seu tamanho, o que lhe impediria? Confiava em seu parceiro plenamente em seu companheiro que sabia que ele iria falhar contra Clang. Não havia erro nenhum nisso e, sabia também que, precisaria estar lá para ajudá-lo. Tal preocupação sobre si lhe fazia despertar uma sensação, a mesma de que sentiu nos sonhos. Um medo de não ser capaz.    

O otimismo disfarçava e amenizava isto nela. Aquilo tornava as coisas complexas demais. Talvez, ao vivenciar tal sensação de preocupação estaria sentindo algo a mais por ele.    

Nick bufou de estresse. Ser interrompido durante o sono era incomodativo demais, ainda mais quando era golpeado no focinho. Não a julgou previamente, claro, mas se ela não aspirava tocar no assunto, não havia motivos para continuar. Arrumou-se e pôs-se a roncar novamente.     

 

[Avanço de Tempo, 6:00AM, Quarta-Feira]   

    

O dia amanhecia harmoniosamente desta vez e o raiar do sol cobria toda a cidade que despertava despreocupadamente, pronta para mais um dia de trabalho árduo e cansativo. Os moradores acordavam bem cedo, por volta das cinco da manhã para trabalhar em seus setores empresariais e industriais e outros apenas acordavam para empregos menos qualificados e menos “disputados”. De uma coisa tornava-se certa, todos ali tinham uma obrigação a cumprir e – com a Reforma da Previdência – a jornada de trabalho seria dura e intensa, sem tempo para distrações. Definitivamente São Paulopia era uma cidade de trabalho e empresarial.   

Os pequenos raios de sol invadiam novamente a janela suja coberta de água pela chuva anterior e as ruas permaneciam com pequenas poças de água, o frio anteriormente – substituído pelo calor da manhã – não se fazia presente e Judy estava de pé. Não era seu costume ficar dormindo até tarde e sim acordar cedo e realizar o necessário.  Mesmo junto de um desânimo por não ter ido trabalhar mais cedo, contava com a possiblidade de ao menos conseguir arrumar alguns arquivos mais tarde e, com isso, encontrar algo do caso. Teimosia dizia "presente". Suas roupas, mesmo que finas, lhe aqueciam naquela manhã nublada.   

Recordava-se do pesadelo anterior. Um pesadelo bobo, no entanto, assustadoramente horrível. Se achava, às vezes, com sua mente lhe pregando peças e relembrando do terrível grito presenciado. Desejava nunca mais ter que ouvir tamanho som vindo dele. Sabia que não ouviria. Confiava tanto que a reciprocidade de ambos seria mais forte que Clang. Teria de ser.    

Andou até a pequena cozinha compacta, lhe retirando da geladeira um pequeno café da manhã feito nos dias anteriores. Não pensava em acordar Nick, da maneira que o raposo se tornara preguiçoso decorrido do tempo. Assim que o vira bocejando, lhe disse:   

    

- Bom dia Nick. - Sorriu -        

- Bom dia Judy...- Disse junto de sua preguiça - Não temos que... Trabalhar hoje, certo?       

- Adoraria raposa boba, mas não. - Lhe retribuiu – O caso não vai se resolver sozinho, vai? - Perguntou - Temos uma médica para visitar. - Chegou perto da cama escorada na parede – E logo depois, iremos ao trabalho.       

- Eu tinha? - Lhe indagou languidamente - Eu não lembro... Aliás, o que foi aquilo ontem à noite? Achei que não estava em condições de trabalhar...      

- Nada demais. - Repeliu – Um pesadelo bobo. Ainda posso trabalhar nos arquivos.       

- Eu não acho isso... - Se revirou na cama em busca de um cobertor – Levei um gancho de você, lembra?    

    -   Se fossemos discutir todos os sonhos de todas às noites, acho que iriamos ficar um pouco loucos, não acha? - Ergueu uma sobrancelha – Coisas estranhas ocorrem neles.   

-    Coisas estranhas não deixam você naquele estado. - Replicou -  E o que ocorrera ontem, naquele beco?  - Percebera o pequeno corte em suas lindas bochechas. 

-   Deixa pra lá Nick... Salvei um cidadão, não é lá aquelas coisas. - Disse sem se vangloriar – E então, vamos visitar Ana? - Enunciou com animação   

Judy nunca se enaltecia como uma "salvadora" ou heroína do dia. Apenas cumpriu o seu serviço de policial. Nada mais que isso. Recebera um ronco como resposta. Revirou os olhos conformada daquele tipo de brincadeira. Permanecia meio receosa, não aspirava jamais incomodar ninguém e, muito menos alguém a qual conhecia, pensando se seria um incômodo a Ana receber uma visita àquela hora da manhã. Mesmo sentindo isso, não suportava mais a ideia de ter de faltar no trabalho mais um dia.   

Entrou no pequeno banheiro para suas higientes matinais e, após isso, despiu-se para um banho quente. O som da cachoeira d'água inundou o banheiro, relaxando seus músculos enquanto a água morna escorria por seus ombros, molhando seu pompom e outras regiões. Um bom banho faria toda a diferença e afastava o stress periodicamente, achando-se um porto seguro a ela. Após minutos de uso, a fumaça afável explorava o minúsculo cômodo enquanto secava-se junto da pequena toalha. Havia trocado a atadura autoadesiva que botara no dia anterior. Teria de achar alguma lavandaria já que os prédios não forneciam tal coisa (Mesmo que estivesse no regulamento padrão, vista grossa se tornava comum por Brasilpia). Agarrou sua roupa no cabide do banheiro e se pôs a arrumar-se.    

   

 

O som das batidas - mesmo que fracas - foram ouvidas batendo à porta de Ana. Ao ouvir o ruído, algo de dentro do apartamento - meio desajeitado e desengonçado - parecia tentar abrir caminho para à porta.   

    

- Olá... - Ana com o pelo bagunçado atendia a porta - Era trote? - Perguntou –      

- Bom dia Ana! - Judy disse e a chacal olhou para baixo - Vejo que andou dormindo tarde, não?       

- Se você soubesse o dia de ontem... - Lhe deu passagem para entrar. - Então... - Bocejou enquanto Judy andava ao seu lado - O que lhe traz aqui?       

- A consulta, é claro! - Observava o apartamento. Ora bagunçado de um lado, ora de outro - Você e o Mike dividem o quarto?       

- Sim, sim... - Ela organizava algumas caixas de remédios em uma prateleira - Parte dele, parte minha, sabe como é.... -        

- Queria fazer isso com o Nick, mas acho que não daria muito certo...       

- Quaisquer coisas em relacionamentos dão certo. - Ana, desta vez, lavava sua cara - Pode se sentar na cama, quer uma ajuda? - A cama fazia-se quase o dobro de tamanho da Judy.       

Ela escalou facilmente. - Não estamos em um relacionamento. - Disse - Quer dizer...       

- Eu sei disso. Mas, quer uma opinião? - Lhe perguntou se apoiando à porta do banheiro e, ao ver o "sim" em seu gesto, respondeu lhe - Um dia, você encontra a pessoa certa com os defeitos certos. E vai ter que conviver com isso e, mais ainda, lutar por isso. Só assim sabe que está com quem quer.        

- Ele tem seus pontos negativos. - Tornou-se a enunciar - Nem tudo é perfeito.       

- Concordo com você. - Dirigiu-se a algumas prateleiras após ter despertado - Me desculpe acordar agora, longa história. Não me lembro muito bem do dia de ontem... - Botou a mão na cabeça. - Dor de cabeça... - Preparou certas agulhas de tamanho pequeno e de pontas finas. O retiramento do sangue lhe permitiria ver o que acontecera a pequena e, por meio de poucos equipamentos, dar algum diagnóstico temporário.   

A coelha não se intrometera ou atrapalhara durante todo o processo. Ana agarrou as típicas ferramentas de um médico ao qualquer paciente ir para uma consulta. Analisou os grandes olhos da coelha, suas orelhas e seus braços e pernas delicadamente e precisamente. Fazia tudo com tamanha naturalidade que não seria surpresa a coelha ela ter conseguido o posto de "médica de combate", a qual, pela diferença de tamanhos, teria de conter precisão invejável nos dedos. Uma agulha para mamíferos pequenos perfurou tenuemente para uma retirada sanguínea, Judy não sentira nada ou se contorceu. Enquanto o sangue ia para um pequeno tubo, Ana perguntou:   

- Então, está se sentindo melhor? - Indagou – Desde ontem percebi sua fragilidade nos movimentos. Qualquer detalhe é importante agora.   

Mesmo um pouco acanhada ao relevamento por conta de não aspirar a preocupação ou foco de atenção dos outros, explicou sua aventura ao resgatar um cidadão preso pelo S.C.C no dia anterior e sobre a tal fumaça em seus pulmões.   

– E Isso me impede de trabalhar? - A última frase após a explicação   

-    Estaria mentindo se dissesse que não Judy. - Ana levantou-se – No entanto, não posso ordenar coisa alguma sem uma análise séria sua.  - Levou o tubo à uma bancada e pensava nas possibilidades. - O que você me explicou aparentemente é grave. Não consigo pensar em nenhum gás que utilize tal sintomas. -    

Aquilo a pegou de surpresa. Conhecia a hipótese de ficar longe da ação intensa devido ao fracasso eminente em seus membros, no entanto seria algo de tamanha tirania e vilania tão grande cujo lhe afetava? Ana recomendou um exame de sangue no posto de saúde mais próximo e, isso, achou-se um problema. Existiam incontáveis hospitais espalhados pela grandiosa cidade de São Paulopia construídas em tempos anteriores e remotos. Esses não falhavam em existir, todavia, exceto os de custos exorbitantes, jamais alcançariam a estrutura e a constituição o suficiente a atendimentos para a cidadela que a metrópole havia se tornado. Corredores abarrotados e lotados de animais ou consultas marcadas há meses eram comuns de se encontrarem e nem mesmo o SUS, Sistema Único de Saúde criado exclusivamente para o atendimento, conseguia dar conta de tantos animais e doenças. O governo se justificava dizendo de que haviam investimentos indo diretamente à saúde, no entanto não se via os resultados. A opção se achava não depender disto.    

Após a consulta, mesmo contra a vontade da doutora, iria trabalhar arquivando casos antigos e procurando fichas dos membros dos S.C.C. Continha uma certeza absoluta cuja poderia ajudar em quaisquer coisas em que fossem possíveis. Não aspirava provar sua "força" ou "vitalidade" para os outros. Apenas queria ajudar. Não seria necessário bater o ponto exatamente às seis horas da manhã por conta do caso urgente, todavia provas e fatos tornavam-se mais que necessários. 

 

- Tudo bem. - Disse ainda vendo futuro na delegacia – Lhe agradeço a consulta Ana – Via a chacal apoiada à mesa.   

- Não tem de quê. Amigas servem para isso, não? - Perguntou com um sorriso – Sempre que quiser, pode vir a minha casa. Como um irmão meu na Itália diria, mi casasu casa.    

 

A amizade consentia no olhar de ambas. Não haviam mais quaisquer resquícios de suspeita por ela ser uma criminosa ou espiã por parte de Judy. Aquilo se tornou coisa de um passado ingenuamente ignorante e crédulo, a qual confiava em sua ajuda.  Dar o primeiro passo baseando-se na confiança era perigoso, no entanto sua simplicidade e modéstia lhe chamavam a atenção na ausência de sua sede por vingança, não mais existente a Basher-Al Assed. Talvez Ana também seria uma heroína.   

Judy se jogou de onde estava para ir embora do apartamento, no entanto no momento do pouso no chão, sentira seu equilíbrio sumir e os pés desfalecerem por um momento, quase caindo ao chão. Ana correra de seu encontro, mas a coelha se recuperara. Ela a olhou confusa. Nunca lhe acontecera de falhar em pular, ainda mais um simples como aquele.    

 

- Bem, todos nós falhamos uma vez, não é? - Tentou consolar – Tome cuidado Judy.    

 

Ela agradeceu novamente à consulta "gratuita" vinda de Ana e retirou-se do apartamento, decepcionada. Não falhara, jamais, pular e realizar exercícios junto deste importante elemento de sua espécie e, quando menos precisara, ele fraquejara. Não se sentia derrotada, mas a sensação de impotência percorria seu corpo. Assim que chegara à sua porta, vira seus outros vizinhos.   

 

- Bom dia Dona Mari. - Disse alegremente enquanto chaveava a porta -    

- Judy, que alegria! - Ela falou com alegria – Quanto tempo amiga! -    

 

Ao menos, aquela vizinha não seria um problema durante à noite com uma conversa alta à meia noite ou uma discussão. Conhecera a onça há alguns meses e não iniciaram a relação com um "pé direito", contudo após algumas conversas e encontros de "bom dia", até que se desenvolvia laços amigáveis entre as duas. Mari não tinha o costume de ficar muito em casa e sempre saia para baladas, com um vestido exagerado e muita maquiagem junto de uma bolsa, voltando tarde da noite quando a coelha repousava tranquilamente.    

 

-    Sim, faz tempo desde nossa última conversa.   

-    Ah sim claro amiga, e eu lembrei daquilo que você me falou! - Ela tirava da bolsa um celular –  Eu vi realmente que "fofo" para vocês é uma ofensa e queria me desculpar, sério, literalmente, de verdade, do fundo do meu coração eu não sabia que era e quando eu vi, fiquei tipo, "ôooh deus, sério"? Eu não pude acreditar no momento que...- Tagarelava mais algumas palavras que ocupariam um parágrafo todo caso descrito.    

 

- Que bom! - Sorriu – Sempre temos que tomar cuidado com certas expressões. - Abriu a porta – Tenho que ir, adeus! -   

- Adeus amiga! - Ela retornava ao seu apartamento – Thiago, você arrumou tudo para mim! - Judy ouvira essa frase e, enquanto abria a porta, pensava encontrar o apartamento arranjado e Nick de pé.   

 

O resultado fora um pouco diferente, contudo não se surpreendeu. Nick ainda roncava e o apartamento permanecia um caos total, papéis de doces esparramados, cama desarrumada e uma louça do dia anterior cuja deveria ter sido lavada pelo raposo. Ela olhou o relógio constando 6:15 da manhã. Se não fosse capaz de prestar serviço durante muito tempo ou ir ao trabalho, bolava um plano B. Permaneceria estudando e aperfeiçoando conhecimentos.  Aquele dia seria perfeito para estudar se não encontrasse o apartamento naquele estado. Pensava na possibilidade de continuar dividindo o apartamento com seu companheiro decaído no mundo dos sonhos. Estava certo de que Nick não era muito organizado, mas se ao menos dividisse um ambiente com ela, desejaria um espaço organizado e limpo. O contrário se via no chão, com papéis de Zwix crocante jogados.   

    

[Quebra de Lugar, Facção Segundo Comando da Capital, Avanço de Tempo, 6:40 AM]   

    

O tempo parecia não passar dentro de um pequeno quarto em um cubículo de concreto. Logo após o dia do pagamento, todo o edifício parecia estar destruído e tomado pelo mal cheiro de bebidas acompanhado de bagunça extensa e desorganização. Sorte a de Matheus que havia se prevenido, com seu quarto impecavelmente arrumado. Descansava preguiçosamente em sua cama, sem ter conhecido muitos membros da tal resistência da noite anterior. Em seu pensamento, buscaria salvar toda gente. Ao menos, tentaria.   

O único animal que lhe pareceu querer arregaçar as mangas e realizar algo efetivo seria Paul. A pequena lebre se demonstrou interessada em ajudar no que fosse preciso para conseguir enganar Clang e sair do grupo. Só tinham um pequeno problema. Mesmo após a retirada, ainda teriam de lidar com perseguições dentro da grande metrópole. A penumbra de sol se formou, ativando um mecanismo complexo de reflexões espelhar enquanto possibilitava uma flecha perpendicular próxima ao rosto do lobo, que obviamente acordou assustado.   

    

R aguardava ao seu lado.   

    

- R! - Matheus recuou e arfou ao ver a pontiaguda seta - É realmente necessário?!    

- Essa flecha é minha! - Ele a agarrou a pequenina munição - Não, não fora realmente necessário... Mas impressionantemente a física dera certo... Agora, vamos! - Pulou da prateleira onde aguardava – Temos um treinamento pela frente e se não o cumprir...       

- Se eu não cumprir, eu morro. - Se levantou - Já sei disso. -    

    

Matheus ainda estava sonolento e preguiçoso enquanto caminhava ao banheiro. Suas orelhas longas amassadas e pelo bagunçado revelavam o grande descanso tomado apesar de todo o barulho. O som de carros surgia afora do edifício, o ronronar dos motores e algazarra de buzinas remetiam ao templo nublado e chuvoso do dia anterior. Pensava na resistência proposta no dia anterior e como iria explicar a realidade a todos os membros participantes. Por mais que todos dissessem que o otimismo se tornava uma boa coisa para se levar à vida, Matheus era realista e ninguém poderia negar isso. Sabia o que a vida traria de maneira dura e repentinamente, o qual não via esperanças de parar de ser perseguido por Lucas T, a não ser que falasse toda verdade. Primeiro, no entanto, necessitaria sair do grupo.   

Decidiu por tomar uma ducha quente para distrair tais pensamentos negativos. Ao entrar no pequeno banheiro monótono, enquanto sentia a água escorrer o corpo, relaxando os músculos, aquentando seu pelo e descontraindo seus ombros, botou a pequena foto de Rosa perto da parede. Vivenciava uma perigosa e única emoção, a qual mais lhe aparentava um risco do que sentimento. O amor que ardia em seu coração por ela e não se sustentava junto a uma foto palpitava em seu peito, entretanto em meio a tanta violência e tirania, amar demais e erguer laços fortes o machucariam mais ainda por dentro. Mais do que como se machucara com sua mãe. Se alguém o visse ali, veria uma pequena lágrima se formando. Se via ante a uma prisão invisível e esmagadoramente pequena. Não seria capaz de levantar laços de afeto e afeição por ela enquanto soubesse que um dia poderia perde-la.    

Não enquanto Lucas T estivesse impune.    

 

R lhe deu roupas para vestir e pôs-se a andar assim que Matheus - Já vestido - sairá do quarto guiando pelo pátio cujo permanecia deserto, sem nem um criminoso o rondando. Ignoraram o enorme centro de treinamento em seu lado e adentraram na edificação onde Clang proferiu seu discurso. Era um espaçoso e grandioso cômodo unido de escadarias à esquerda e aparentava cair aos pedaços o qual permanecia pichado. Definitivamente, adequava-se precisamente aos predadores de grande porte junto de amplas portas e largos degraus. O solitário percebeu a pichação e pensou se ali seria algo como "Criminoso do mês" ou "Quem mais roubou, " pois, o mesmo estava marcado de B.F. Enquanto subiam os degraus empoeirados, pequenos falatórios provenientes dos cômodos vinham aleatoriamente.   

     

- O que são estes quartos? - Matheus perguntou ao vê-los.      

- Alojamentos para pessoas do alto escalão. - R disse - Tente entrar naquele! É o meu favorito. - Um laboratório auxiliado de fumaça verde saia da fresta.       

- Opto por te seguir. - Retrucou - Não quero entrar no seu laboratório de tortura por agora.        

- Não consegue passar um minuto sem julgar as pessoas?! - R jogou suas patas ao ar - Se não fosse capacitado a não as deixar vivas, tudo bem, mas a pior coisa é isto!   

- Não me parece ser legal treinar os novatos e torturar outros.        

- Bem, de fato não é legal... Mas isto não vem ao caso! -    

    

Mais discussões. Ambos nunca se pareceriam um com o outro se continuassem daquela maneira seguida de provocações, os quais certamente ainda brigariam muito. Todavia, achara certa graça de ver R irritado.    

 

- E aquela porta? - Indagou prevendo que o iria irritar -    

- Pare de fazer perguntas! - Irritou-se – Sabe o como me aborrece esse tipo de coisa? - Indagou –    

- Tudo bem, R. - Disse com um evidente sorriso – Mas o que há naquela outra? - Perguntou e, dessa vez fora evidente a seriedade.   

- Se quer tanto saber, LEIA! - Disse apontando para uma placa – Sala de câmeras, consegue ler?    

 

Prosseguiram sem mais interrupções. Uma sala de câmeras parecia amigavelmente interessante ao lobo que pensou em visitá-la mais tarde com o seu companheiro lebre.A quebra de gelo vinda do solitário, definitivamente, vinha de parte de sua personalidade com pessoas que valorizava, sendo raro tal feito. Eles chegaram a um grande corredor e, desta vez, estreito e esguio seguido de lamparinas com fogo rústico. Esse permanecia diferente juntamente de aromas harmônicos e um papel de parede austera. Nem uma palavra seria pronunciada naquela calada sinistra.    

Um instinto ascendeu-se em Matheus repentinamente. Uma voz interior - não literalmente – o aconselhava a não entrar naquela porta. Suas orelhas se ouriçaram e conseguira ouvir, se prestasse a atenção, conversas e murmúrios nos outros quartos. A tal tendência interior elevou-se de modo cuja transformou-se em uma suposição e ideia.    

    

- O que está esperando?! - R reclamou ao meio do corredor - Não irá sair nenhum monstro, por mais decepcionante que seja...   

    

Assim que se aproximou da porta e a adentrou, surpreendeu-se com o sujeito que estava na sala. Seu antigo e não tão novo inimigo. De fato, deveria ter seguido seu instinto.    

    

- Parece que alguém trocou de lado. - João sorrira - Não duraria muito...   

     

João, o antigo valentão de sua escola e um dos predadores mais altos de lá. Definitivamente, Matheus não se importava se o animal à sua frente seria um predador ou mamífero, entretanto se o qual lhe desses problemas, a situação mudaria de face. Perguntou-se o porquê de ter sido idiota a ponto de não confiar em si mesmo por um instante.    

    

- Vocês se conhecem? - R perguntou - Isso é animador! Isso, sim! - Ele percorreu o quarto.   

    

O cômodo encontrava-se extenso pela pouca quantidade de móveis antigos e empoeirados, não correspondendo a um mínimo para um "alojamento". Aquela sala fazia-se especial para R, a qual certamente se assemelhava a um centro de estratégias acompanhado de uma mesa com um mapa das regiões Leste e Oeste as mais importantes nas quais o SCC atuava com o objetivo de exportação de drogas, além de incontáveis armários. Matheus prestava sua atenção no predador de dois metros de pé à mesa junto de seus outros amigos igualmente enormes.   

    

- O que conseguiu hoje? - R sendo menor que o leão obviamente o fitava de baixo para cima -        

- Nada de interessante ratinho. - Respondeu com arrogância - Vá caçar um queijo. - Seus parceiros riram - Tu não é nada por aqui. - Impôs sua figura agigantada.   

    

O benefício de ter um imenso tamanho aos predadores de grande porte vivia-se achando uma vantagem, literalmente, vasta, uma vez qual poderiam utilizar sua estatura contra o pequenino tamanho de outros pequenos mamíferos ou predadores adolescentes. Intimidação, medo e manipulação eram as principais armas mentais utilizadas por jovens predadores enormes no colegial.    

    

- Aaah! - R berrou irritado - Não está fazendo nada de útil estes dias!       

- Olha só... - Ele o agarrou pela ponta da camisa - Está irritado... - R se contorcia com uma seta envenenada em mãos.       

- Solte-o. - Matheus disparou com o olhar - Agora. -   

    

João o encarou. Aqueles olhos recheados de impulso e fúria o penetraram por dentro e fizeram um receio surgir naquelas palavras. R aproveitou-se e o mordeu em sua pata, fazendo-o gritar de dor e lhe soltar.   

    

- Se eu pudesse, testaria um monte de flechas contra vocês! - Recuava para perto de Matheus - Ficariam perfeitos com aquele... Isso, aquele tipo de veneno é ótimo!       

- O bom filho a casa sempre retorna, não é? - O enorme leão pôs-se a andar em direção a ele.       

- Não estou aqui por que quero João. - Engoliu em seco - Estou aqui para salvar Rosa.        

- Me surpreende ainda tentar ficar com ela... - Sua voz saia de malícia - Veio buscar a verdade de seu pai? - R buscava alguns armamentos em sua pequena mochila.       

- Meu pai era um homem limpo. - O encarou - Diferentemente de você.       

- Ah sério, não me diga... Acha que seria um bom governador, é? - Lhe perguntou com a graça em seus lábios -    

    

Matheus continuou a encarar. Falaria, como sempre fizera, apenas o necessário, apesar de seu instinto natural lhe replicar que deveria, no mínimo, proteger o legado de seu pai e de sua honra (conceito mais que complicado aos lobos por uma série de motivos). Achava-se necessário realizar uma escolha, confiar na verdade dita por João ou naquela velha verdade formada de anos atrás? A primeira demonstrava confiabilidade.    

    

R lhe retirou de seus pensamentos puxando-lhe a camisa impaciente e nervoso.   

    

- Vamos logo! - Reclamou        

- Espere aí ratinho! - João se aproximou acompanhado de seus outros colegas risonhos - Não vá me dizer que ele não sabe de nada? - R o encarou desdenhoso e mostrou seus dentes - Deveria saber que todos os médicos do grupo o salvaram. - Apontou para uma cicatriz no braço do solitário. O mesmo local onde Lucas Ta atirara dias atrás - E que provavelmente, Clang está te mantendo porque é tão importante quanto ele... Ou quanto você R.       

- Minhas leis ou a mim? - Lhe indagou - Não pensa que eu não sei que o grupo está me mantendo por interesses financeiros.   

- Errou de novo Matheus. - Riu de leve – Interesses financeiros estão fora de moda há muito tempo no S.C.C... - R montava uma armadilha perigosamente interessante aos pés de Matheus. Este, permanecia calado. Sabia, não, compreendia que uma palavra mal-intencionada e iria estragar a explicação de João.  – Algo grande está surgindo pequeno solitário.... Diferente de tudo o que a cidade já vira uma vez. Os Divine retornarão.    

- Afinal, o que são os Divine? - Perguntou – Realmente, acredita nisso João? Isso que Clang está impondo a vocês pode no mínimo ser visto em...   

- Em vários outros ditadores. - O interrompeu -  Clang não é como os outros. Não se vende por uma ideia de uma sociedade utópica baseada em modelos do socialismo ou seja lá do que for, nem para ideais capitalistas. 

  

O leão deu de ombros enquanto perpendiculava Matheus. Vira a pequena armadilha de R e a chutara, desfazendo-a como se fosse um bloco de edifícios. O rato não gostara nada disso e tentara partir para cima dele, sendo interrompido pelo corpo de Matheus.    

 

- Se cuide Matheus. Nunca se sabe quando alguém com tantas informações consegue escapar. - Rira com seus comparsas - E quanto a você ratinho - O observou interrompendo a risada - Cuidado para não cair em nenhuma ratoeira ou algo maior lhe pegar. - Mostrou seus dentes, voltando a rir. -    

    

Matheus saíra do cômodo bem como R assim o fizera. Não necessitavam mais de palavras. João realizara bullying com ele desde sua escola particular e, após a mudança para a pública, isso não bastara. O perseguia como se fosse um brinquedo para seu entretenimento e – ao se dar conta disso – Matheus sempre se aborrecia. Não cruzar o seu caminho era uma boa alternativa para escapar dos espancamentos sem nenhuma razão ou dos apelidos inconvenientes vindo dele. Na realidade, talvez o ódio pelo próximo viesse de dentro da família dele e, sempre que se achava pensando nisso, não o julgava. Nunca teve muito tempo, literalmente, a reflexões pensadas por sua mente.  Estava mais que certo de que o preceito baseado em observações era algo retrógrado a ele e seus estudos.    

   

- Sobre o que eles estavam falando? - Fora direto e curto enquanto andavam para a escadaria. -  Os Divine são tão importante a ponto de se manterem ocultos de todos?      

- Nada, pequeno pardal. - O respondeu sem rodeios - Vamos logo para o treino, viemos pegar seus materiais. - Carregava alguns bastões e poções.       

- Não tente mudar de assunto R. - Parou - Eu ouvi e vi o que João tinha a falar.       

- E porque se importa com isto Matheus? - O questionou - Ao menos compreende a verdade? Sabe diferir algo manipulado de algo real?       

- Bem, parece a única coisa lógica e que se concretize! - Argumentou -  Sei que esconde algo e você não vai manter isso por muito tempo R. - O encarou.        

- Você nunca se satisfaz? - Retribuiu o olhar – Se quer tanto saber a verdade, siga-me. - Descera as escadas – Mas me garanta que não vá morrer.

    

Aguardava algo mais vindo de seu companheiro de pouco tempo. Não fora isto que recebera de seus passos descendo os degraus, não importando se havia a companhia dele ou não. Surgiu uma necessidade vinda de se calar, de reconhecer que R ali estava certo e deveria segui-lo.    

Ao menos, deveria assegurar sua vida. Não considerava que R realmente falava a verdade.    

    

[Quebra de Lugar, Centro de São Paulopia, Delegacia da Policia Militar, Avanço de Tempo, 8:30 PM] 

 

À noite caia brilhantemente e graciosamente pela cidade de São Paulopia. A delegacia pálida parecia-se um ponto branco em meio a tanto concreto cinzento. Mesmo não recomendável a ela, insistiu em trabalhar a respeito de algo e finalmente o achara na sala de casos arquivados da PM, o qual se encontrava tudo sobre quaisquer criminosos. Ao menos, deveria ser isto. No momento em que entrara, achara o cômodo desordenado e repleto de desordem.  

 

- Então cenourinha... – Indagou Nick tediosamente – Achou algo de interessante?  

- O mesmo de que antes. – Ela observava uma ficha em cima de uma mesa maior que ela – Os políticos investigados e já presos no passado forneciam tudo ao S.C.C 

 

Um descobrimento interessante decorreu-se neste dia. Judy, quando terminou de arrumar alguns arquivos, achara ligações relevantes e consideráveis acerca de incontáveis políticos em São Paulopia. Descobriu-se que, não apenas alguns, todavia vários firmaram contratos suprindo a necessidade de armas, estrutura e até mesmo funcionários. Não se contentara em ver tudo aquilo à sua frente e indagava-se o porquê de terem seguido tal caminho. A ambição, para ela, era apenas mais uma das inúmeras desvantagens que nós poderíamos carregar, a qual, apesar da aparência atrativa, corromperia o ser.  

Seja como fosse, realizaria seu trabalho. Agora, conhecia que, sem dúvidas, estavam lidando de um grupo perigoso. Um grupo armado. Não uma simples facção que organizava o trabalho de tráficos.

Agora, corriam sérios riscos. 

 

- Armas vindo de fora junto de funcionários... – Nick experimentou a palavra – Sem dúvidas uma combinação perigosa. 

- Por isso a polícia local não consegue realizar seu trabalho com eficiência. – Constatou a companheira – O buraco é muito mais fundo do que pensam. – Fechou a ficha – Bem, não temos de nos preocupar com isto. Os políticos que forneciam estão presos.  

- Então... – Ele saíra da cadeira – Nosso horário já deu por hoje... Que pena, não é? – Perguntou –  

- Uma grande. – Descera com cuidado da grande mesa por conta dos sintomas – Mas conseguimos grandes pistas hoje! – Fora ao lado de seu companheiro cujo esperava –  

 

Ambos saíram daquele cômodo bagunçado e abarrotado pelos arquivos e documentos. Judy definitivamente queria dar um jeito naquele local e organizar tudo por ordem alfabética, todavia guardava um plano para àquela noite.  

 

- Estava pensando... – Começou – Em irmos para um teatro hoje à noite. O que acha? – Perguntou – 

- Teatro cenourinha? – Indagou arqueando uma sobrancelha – Não vá me dizer que quer atuar por aqui também. – Bateu o ponto –  

- Não – Respondeu sorrindo – Só achei que seria divertido. Então? – Pegou alguns livros e, escalando-os cuidadosamente, batera seu ponto.  

- Tá... – Nick retribuiu à porta do vestiário dos homens – Nos encontramos... Na frente da delegacia? 

- Isso! – Enunciou a coelha – Te encontro mais tarde. – Entrara no banheiro feminino. 

 

A maioria das delegacias sempre continham um ou outro quarto cujo os funcionários poderiam se banhar e vestirem-se com suas roupas normais após um longo dia de trabalho. Mesmo que as de São Paulopia se achassem menor, até agora servira para a pequena. Os chuveiros, vasos e outros acessórios eram duas vezes maior que ela e, como não conseguia pular, sempre tentara realizar suas higienes com um apoio de um banco.  

Após um banho não muito longo por conta do tempo, saíra junto da fumaça calorosa e amarrada com uma toalha cujo lhe cobria. Ajeitou novamente o banco de modo que pudesse se ver no espelho e começara a maquiar-se. Não ligava muito para sua aparência e nem o que os outros iriam pensar ao vê-la, ou caso chamasse atenção. Todavia deveria relevar que era como um pequeno “encontro” em companhia de alguém marcante à sua vida. Aplicara alguns tipos de maquiagem para os olhos e outras para sua face. Minutos depois, saíra do banheiro trajada de roupas pouco coloridas. Um importante fato de que se acostumara: Sair vestindo a farda da PM, naquele caso, seria um erro tático. 

Vestido de sua roupa verde e gravata, cuja talvez fosse a única peça que levava após o trabalho, Nick a aguardava na esquina. Afinal, o raposo pensava, por quê recusar um convite dela? Não seria perturbação nenhuma a ele dedicar um tempo a pequena, cujo não fazia isto a um bom tempo. Recordava-se da vez que fora ao show da Gazelle com ela e, mesmo por poucos segundos, dançara tenuemente.  

 

[Quebra de Lugar, Frente ao Teatro, Avanço de Tempo, 9:00 PM] 

  

Um frio tímido por conta das nuvens pouco vistas e fixava-se no topo do centro da cidade. As avenidas - exageradamente largas - começavam a ser dominadas por veículos extensos e corpulentos. O sistema de transporte público não se achava em ótimas condições, principalmente por tratar-se de uma metrópole tão cheia e extensa, no entanto serviria para aquela dupla.   

O transito volumoso e amplo não daria uma trégua tão fácil. Praticamente, não existiam pequenos mamíferos ou outros animais do tamanho de Judy sem se encontrarem acompanhados de alguém maior. Não apenas nas ruas e nos tamanhos dos edifícios, a desigualdade por estatura, até mesmo no transporte público fazia-se presente. A coelha estava acostumada com tal coisa e rotina presente na nova cidade, mas não satisfeita. Não adiantaria reclamar, obviamente, no entanto se pudesse ajudar – como sempre – faria. Ainda se recordava das vezes em que ligou para seus pais mostrando a nova cidade e os pontos turísticos. Eles não paravam de compará-la a Zootopia. E também não paravam de alertá-la preocupadamente sobre os incontáveis criminosos e de como trabalhavam em sistema de “bandos” e tudo o mais. Já havia ouvido aquela mesma história antes e não seria agora à sua parada. A questão era que não seria frágil como vidro e, sabia, seria forte como uma pancada.  

Mas o que exatamente para aquela pequena coelha poderia se encontrar algo "relaxante"? Porventura alguma praia ou uma visita a seus pais? Não tinha tantas opções como teria em sua terra natal. Precisava aliviar o stress de alguma forma e o máximo que encontrara para isso fora os grandes teatros do século XIX permanecidos na cidade, os quais certamente a encantaria pela sua curiosa arquitetura romântica e clássica. Mesmo sendo não tendo graça ao raposo, pois optaria por algo mais dinâmico e menos "pé no chão".  Seja como fosse, os dois estavam no ônibus cheio de outros animais.  

Após o sinal breve para o motorista parar o ônibus, a dupla dinâmica descera do veículo e pararam ante a um grande teatro. O Teatro RenaOut. A casa de ópera, grande e robusta acompanhada de pinturas douradas atrativas chamava a atenção pela peça em destaque.  O detalhe secular era visto em suas enormes colunas de mármore lapidadas minunciosamente auxiliado de luzes azuis extravagantes.  

" - Robin Hood " - O grande cartaz exibia os principais atores da peça e uma fila enorme se estendia pelas quatro portas existentes. Animais de todas as raças e espécies entravam, entretanto alguns pareciam ser barrados logo na entrada pelos seguranças esguios e corpulentos. Nick não se surpreenderia se Mike fosse um destes, mesmo não cometendo tal ato de "barrar". A vez de ambos se aproximavam lentamente. A coelha, mesmo que andando e, ás vezes, pulando pela expectativa criada ao observar o teatro de longe, guardava certa ansiedade.   

   

Seria tudo muito divertido e - sem dúvidas - relaxante se não estivessem sido impedidos.  

   

- Raposas não podem entrar. - O guarda enorme disse ao ver Nick -      

- Mas, porque? - Indagou Judy mesmo sabendo da resposta óbvia -      

- Regras da local senhorita. Chacais, Rasposas, espécie envolvidos em crimes não é permitida a entrada. - Lhe respondeu - Tenho certeza de que você entende.     

- Desculpe, mas não compreendo. Gostaria de falar com o gerente.     

- Judy, acho que aqui não é um bom local para causar esse tipo de... Coisa. - Nick a aconselhou. - Não acha que é mais simples irmos a um restaurante?      

- Qualquer local é bom para aplicar a justiça Nick. - Retrucou - E então senhor? - Retornou seu olhar ao segurança cujo aparentava certo incômodo.     

- Escutem, isso seria bem mais fácil se seguissem o que eu mando. - Impôs sua figura - Ou você entra para o teatro sozinha, ou então cai fora deste estabelecimento. - Retorquiu sem rodeios.  

   - Eu e meu companheiro iremos entrar. - Ela era persistente - Gostando ou não.       

- Não vejo como uma coelhinha de pelúcia pode tentar me obrigar a fazer isto. - O enorme segurança a encarou – Saiam daqui ou então algo bem pior pode ocorrer.      

- A coelinha de pelúcia é um oficial. - Retribuiu o olhar - E de acordo com a lei, nenhum estabelecimento em hipótese alguma tem o direito de proibir determinada raça de circular pelo local. - Mostrou seu distintivo na esperança de deixar ele passar. Naturalmente, não realizaria tal ato dentro de tantos comércios, contudo quando o mesmo quebrava quaisquer leis, o uso vinha ser necessário e justo caso a mesma optasse.  

   

- Sua autoridade não é nada aqui. - Ele agarrou o distintivo e o jogou para longe. O mesmo agora não era de Zootopia e sim da "Polícia Militar". Caíra em uma poça d'água. -   

   

Judy o encarou por alguns segundos juntamente de seu olhar semicerrado e decepcionado. Como os animais eram feitos de fantoches e se cegavam por algo sem ao menos se questionar a razão do ato? Andou até a poça d'água pensando em como iria entrar e acabou se esquecendo de seu parceiro. Impor a autoridade nem sempre era visto com bom olhos dentro do DPZ, entretanto, se – para ela – necessitasse deste recurso, não o ignoraria.   

   

- Escute Judy - Nick se agachou e, estava um pouco irritado, contudo escondeu tal sentimento - Entre no teatro. - Pediu.     

- Porque? Para discutir com aquele segurança? - O questionou - Nós vamos entrar, juntos.    

- Judy, por favor. - Botou a pata em seu ombro - Vá para a cadeira B-42. -      

- Carteira B-42? - Perguntou - Como sabe disso?     

- Sei de tudo. - Jogou um sorriso de canto enquanto se levantava - Agora vai. Prometa-me que vai seguir um plano feito por mim. 

   

Mesmo contra vontade da coelha, sentia que não gostaria de quebrar tal pedido de seu amado. Seguiu em direção a fila novamente e aguardou alguns minutos. Nick parecia ter sumido de vista.  

   

- Olha só quem voltou. - O segurança a viu de baixo para cima novamente - Mudou de ideia? - Disse convencido     

- Nunca. - Retrucou enquanto mostrava o ingresso - Isso comprova que eu posso entrar, não é?     

- Regras são regras. - Carregava um sorriso sabichão acompanhado de premissa. Lhe agarrou o bilhete e permitiu a entrada.  

   

Prosseguiu junto de sua teimosia por realizar justiça. Aspirava retornar e dar uma boa lição naquelas regras infames e preconceituosas, no entanto, por mais que a vontade se tornasse grande, tudo ocorrera tão rápido e Nick sumira tão de repente que não tomou tempo para ao menos pensar em um plano. Seus pensamentos - focados essencialmente neste modo - se dispersaram totalmente ao entrar dentro do teatro. Era simplesmente deslumbrante ver aquele tapete vermelho estirado ao chão e alongado apresentando o palco central, o qual também revelava incontáveis cadeiras dando prioridade a grandes e médios animais. Os pequeninos ficariam nos camarotes instalados à esquerda e à direita. Sem contar na azul safira do teto extraordinário acima de sua cabeça. No momento de sua caminhada, se distraiu por um momento de tamanha beleza. O ar ao seu redor lhe abraçava em seu pescoço gelidámente e realizava o pequeno arrepio em sua espinha. Por fim, encontrou o assento.   

   

Do lado de fora do teatro, onde os atores e preparavam para encenar, Nick andava furtivamente por entre as incontáveis roupas enormes para os grandalhões. Sua altura lhe proporcionava inúmeras vantagens, mas nunca pensou ter de se esconder atrás de um casaco.   

   

- M-Mas como eu irei fazer isso? - Uma raposa caminhava em círculos. Lhe aparentava ser o ator principal.     

- A peça começa em meia hora Leo - A voz da diretora ecoou suavemente - Relaxa, você consegue.     

- Como eu consigo me apresentar para mais de trezentas animais?! - Perguntou suando frio  

   

Definitivamente exibir-se ante a dezenas de animai nunca fora talentoso ao povo de todo o país, o qual sempre se destacava os teatros de HollyWood nos Campos Unidos da América. A cultura do teatro - mesmo que pouco explorada na metrópole - jamais chegaria aos pés de uma avenida cheia de arte em Nova Yorkshire. Numerosos artistas do país esforçaram-se para serem reconhecidos internacionalmente na arte, entretanto tornou-se raro a ocasião da conquista de algum prêmio pelas academias prestigiadas de arte. O pressionamento por adquirir boa performance achava-se intenso nos cenários mais artísticos de São Paulopia e RenaOut não seria diferente.  

Caso não conquistassem uma média satisfatória - de outros observadores previamente contratados - os funcionários seriam demitidos e eventualmente tornar-se-iam artistas de rua. O sistema podia ser cruel, entretanto era eficaz.     

 

- Vejo que está com problemas. - Nick lhe apareceu de supetão acompanhado de sua voz calma - Nunca se apresentou? - O ator pareceu surpreso -     

- N-na verdade sim... Q-quem é você?     

- Relaxa amigão - Ele andou até seu lado - Sou um profissional neste ramo de apresentações! Deseja uma dica? Imagine todos de roupa de baixo.   

   

Ele rira um pouco, entretanto ainda aparentava ter as pernas bambas e os braços ondulados por conta do nervosismo.  

   

- É uma b-boa tática... M-mas não me imagino vendo aquelas senhoras de sutiã.     

- Temos algumas exceções, no entanto sei que você consegue! - Animou-lhe - Se surpreenderia se eu lhe dissesse que já me apresentei no teatro de Zootopia? – Mencionou as peças escolares.     

- Zootopia?! - O artista demonstrou tamanha surpresa - É o sonho de todo brasileiro ir para lá!  

   

Quinze minutos depois, o protagonista trajava uma fantasia de Robin Hood, arco e flecha e um belo chapéu junto de uma pena vermelha.  

   

- Sem dúvidas, um verdadeiro intérprete. - Nick elogiou - Escuta, você sabe me dizer onde fica o gerente do local? - Indagou curioso – Acho que eu e ele podemos bater um papinho com uma gelada.     

- A-ahm... É só subir aquelas escadas. - Apontou - V-você pensa que eu consigo?     

- Todos nós podemos conseguir tudo o que queremos - Sorriu enquanto andava - Só me garanta que não vá desmaiar lá na frente!      

- T-tá - Enunciou meio sem jeito - Certo Leonardo da Fama, você consegue! - Disse para si próprio      

- Léo, a peça já vai começar! - A voz suave ressoou novamente  

   

Judy desenhava em sua mente o que exatamente Nick planejava. Aquele raposo a tinha obrigado a engolir uma boa dose de "deixa que eu resolvo" e, se não resolvesse, certamente não iria gostar. Pensar no que Nick tramaria vivia sendo complicado a ela, o qual é totalmente imprevisível em seus atos. Os assentos ao seu redor principiavam-se a ficar cheio pouco a pouco e não tinha tanta certeza se conseguira guardar um lugar para Nick.  

Escuridão. Todas as luzes se apagaram repentinamente e apenas os holofotes brilharam no centro do palco. Uma voz amigável introduzia lhe a peça lhe dizendo como proceder. Indicava até mesmo desligar o celular, coisa que fizera imediatamente para não ser pega de surpresa novamente com uma ligação de seus pais. Não lhe distraia nem um instante junto ao pensamento de que Nick estava resolvendo isso com as próprias mãos.  

Teria de fazer algo. Pressentia isto em si mesma. Provavelmente a falta de confiança em seu parceiro havia lhe obrigado a proceder com tal ato se não fosse interrompida pelo próprio surgindo repentinamente lhe pregando um susto. Soltou um pequeno grito ao vê-lo.  

   

- Nick, quer me matar?! - Perguntou brava - Olha onde nós estamos!     

- Você devia ver sua cara cenourinha... - Se arrumava no banco ao lado dela - Missão dada é missão cumprida dona oficial. - Disse - Agora todas as raposas e chacais vão poder assistir à uma bela peça. - Parecia ajeitar algo em sua camisa -      

- Então você conseguiu? - Falou animada e contente - Finalmente está aprendendo a se virar, não é? Isto é muito bom Nick! Imagine o que nós podemos fazer em outras ocasiões!   

   

- Outras ocasiões? - Nick perguntou - Judy, não terá outras ocasiões. - Enunciou     

- Porquê não? - Respondeu - Nós podemos fazer isso!  

-    Viemos aqui para prender Clang, não foi? - Lhe perguntou – Nada mais que isso.   

-    Mas não era isso que sempre queríamos? ... - Indagou - Igualdade e justiça?... Podemos melhorar essa sociedade! - Desenhava planos de acordo com sua visão.   

-    A custo de que? - A fitou – Hoje quase arrumamos uma briga com um segurança por causa disso! - Estava visivelmente irritado pela teimosia da companheira – Achei que era para relaxarmos e você descansar!  

-   Se não queria fazer isso, por que havia me pedido para entrar no teatro? - Rebateu – Eu mesma resolvia!  

-     Não Judy – Ele bufou irritado - Só não quero que saia por ai mostrando quem você é para arrumar algo!  

-    É para isso que a insígnia serve! - Contrariou-o – Arrumar coisas erradas!  

-    Quer saber? - Ele se jogou na poltrona – Vamos apenas assistir essa peça. - Nick não via mais motivos para permanecer na discussão - Se acha que é isso... - Murmurou.   

 

Silêncio por parte da coelha, embora ter ouvido o ultimo comentário de seu parceiro. A briga repentina realmente fora uma surpresa a ela. Não esperava, vindo de Nick, a recusa pela justiça em outros estabelecimentos. Todavia, Nick provavelmente tinha razão. Não poderiam sair por ai mostrando quem eram para resolver brigas ou desavenças em comércios locais. Provavelmente, a afeição e estima que tinha por ela o fazia aspirar pela sua segurança, no entanto a coelha não via problema nenhum em falar quem era. Talvez, ela apenas não olhava como ele.   

A peça iniciou-se. Os holofotes ligaram-se acompanhados de um baque e vocal jovem ressoou no palco da grande apresentação. Aproveitou para buscar esquecer-se dos sintomas, ativos, no entanto adormecidos.   Ao ver os atores atuando, vira o principal deles, o Robin Hood como uma raposa. Imaginava Nick no lugar daquele ator e o via atuando muito bem, mesmo junto da desavença. Este permanecia calado posto à sua poltrona.   

Os atores interpretavam, sem uma via de dúvidas, harmoniosamente e de jeito admirável. A principal atriz, bem trajada e se comportando da maneira que uma nobreza se portaria. O ator principal, motivado por um conhecido nos últimos minutos cujo antecederam à peça, não aparentava nem um pouco de nervosismo ou aflição, este atuando muito bem. Definitivamente, aqueles dois atores garantiriam seus empregos. Holofotes cintilavam e mudavam de cor conforme o necessário e o ar frio, mas não cortante, circundava pelos ares. Aquela peça ainda reservava surpresas. Essas, até então ocultas, no entanto conhecidas por quem leu o roteiro principal.  

Quando mais atores, trajados de inimigos e capangas contra o Robin Hood, invadiram o palco e preparavam para prendê-lo em nome da aristocracia, as potentes luzes colorindo-se de vermelho e o ar carregando a abafada temperatura da luta, ele desviara e contornara a luta com um salto majestoso, caindo de pé e carregando um sorriso consigo. Iria escapar como fazia todas às vezes e, ao seu lado, todo ouro pertencente ao rei. Tudo aos pobres.   

A peça completa se esvaia conforme o tempo passava. A coelha, esforçando-se esquecer do conflito recente, mas não deixando de lado o pensamento de que poderia ter feito ou falado algo de errado. Já seu companheiro, não dispondo do mesmo pensamento, apenas observava a obra e, buscava, mandar olhares tranquilos para o companheiro que motivara mais cedo. Sabia que ele iria conseguir.   

No momento em que os holofotes se desligaram, o ar carregou-se de frio irado típico litorâneo e uma luz apenas coloriu-se de prata para simulação da lua cheia, soube-se que teriam uma cena romântica, de Robin Hood com sua amada ao lado, deitados à beira da praia fitando o planeta cinzento inexistente aos olhos dos outros.   

 

-    Sabe Wood... - A amada estava deitada em seu peito - Não acho errado o que faz. Você rouba da nobreza e dá aos camponeses famintos o que comer e beber. -   

Robin Wood demorou para responder, mas o fez.   

-    Às vezes nós apenas não olhamos como as outras pessoas olham. - A respondeu – O que é um roubo para eles, a mim é doação ou caridade. -   

-   Mas isso poderia considerar-se errado...? - Indagou -   

-    Somente se eu estivesse machucando outro animal. - Sorrira – E acho que não carrego nem mesmo uma adaga comigo. Do contrário se vê junto dos brutamontes do rei.   

-    Você nunca muda. - Terminara -   

 

" Às vezes nós apenas não olhamos como as outras pessoas olham...". Aquela pequena e curta frase de 11 palavras chamou a atenção da pequena. Mostrar sua autoridade fora um erro, mas não faria efeito algum em Zootopia, além de uma pequena briga. O inverso disso, estavam em Brasilpia, onde se encontravam na mira dos bandidos a todo instante. Talvez, no fundo, não estivesse vendo como deveria. O pensamento ecoava.   

Desenrolou-se o grande final daquela peça autêntica e verdadeiramente merecedora de aplausos. Robin Hood contra o pior inimigo, esse armado e perigoso. O rei, acompanhado de seus seguranças enormes e corpulentos contra um rapaz humilde e virtuoso. A batalha se prolongou devido aos inúmeros desvios sinuosos e ágeis do jovem Hood, dando um verdadeiro "olé" aos malfeitores e a nobreza. Todavia, no final, o verdadeiro rei aparecera, descobrindo-se ali um esquema de corrupção que envolvia ocultar o real rei. Furioso e cheio de ira, o rei banira todos aqueles que o esconderam e nomeou Robin Hood como o mais novo cavaleiro.   

Os holofotes acenderam-se e todo o elenco apareceu para os aplausos, cujo agradeceram imensamente pelo som estrondoso e vibrante vindo dos telespectadores, esses batendo palmas e alguns celebrando de pé por a ótima peça apresentada. Leonardo da Fama, ou o Robin Hood procurara por Nick e, quando o achou na plateia, o agradecia apenas com o olhar. Nick fizera o mesmo, retribuindo com um sorriso como quem falara: " Eu sabia que você conseguiria."   

Incontáveis espectadores tentavam tirar foto com a equipe de atores ou agradecer à peça com um aperto de mão, outros buscavam autógrafos. Mas alguns se retiravam e a dupla dinâmica era uma desses. Enquanto andavam pelo longo tapete que dava sucessão à porta de saída, Judy começou:  

 

-    Nick... - Falara tenuamente – O que queria dizer lá atrás com... Sair se mostrando?   

Ele permanecera em silêncio por alguns segundos. Isso já bastava. Ao ver que ela provavelmente não repetiria a pergunta, prosseguira: 

-    Depois pelo o que passamos por Clang... - Mencionava o encontro com R, na realidade – Quer que eu te explique? - Indagou sombriamente. Judy não respondeu. - Olhe ao seu redor. Não estamos mais naquela sociedade em que "todos tem uma chance". Olhe para Clang, Judy. – Clang, a enorme figura de dois metros.    

 

Judy agora captava as informações ditas com pesar por Nick. Vira que, por mais que sua opinião pessoal estivesse ali, tinha uma ponta de razão. Se em Zootopia via-se que existia uma sociedade hipócrita e preconceituosa, mesmo se baseando em conceitos útopicos e "perfeitos" junto de uma infraestrutura praticamente financiada pelo resto do mundo, imagine em São Paulopia, cidade conhecida como "Labirinto de Pedra" ou "Selva de Pedra". Não estavam mais em casa. Estavam junto de um inimigo muito, muito perigoso e influenciador. Mostrar o distintivo fora um erro que poderia ser fatal se algo ou alguém mal-intencionado permanecesse ali. Nick apenas buscava corrigir isso e, por mais que a coelha aspirasse corrigir “coisas erradas”, o respeito entre ambos deveria prevalecer e não desencadear uma briga. 

E como Nick conhecia o mundo do crime. A raposa, no início de seus anos de golpes, conhecera o mundo criminoso de uma forma sem igual. Sabia exatamente como e quando os criminosos poderiam agir e que, quando realmente quisessem, eles simplesmente apagavam uma pessoa do mapa da cidade, sem dar uma chance ao animal. Seria assim que o mundo girava no banditismo e sempre seria assim. Ele apenas optou por não seguir segmentos tão violentos e perversos. Não aspiraria, jamais, ser participante de algo semelhante. Mesmo que, esquecido no passado, isso ainda o machucava, por saber que um grupo tão grande envolvia tantos animais que, provavelmente assim como ele, puderam ter sido influenciados por um único vilão.  

-    Nick... - Ela percebera a eminente tristeza – Desculpe-me pela discussão... Eu não vira... Digamos que por seus olhos... Realmente foi um erro mostrar o distintivo tão em público... - Resguardava sua própria opinião quanto a corrigir "coisas erradas". Quaisquer palavras poderiam machucar ainda mais o companheiro de longa data.   

A raposa ficou em silêncio e, ao saírem do teatro e serem recepcionados pelo lua gélida da tarde, iriam dirigir-se a um ponto de ônibus assim que fosse possível. Fora do caminho principal, Judy ainda sentia que devia algo a ele, mais que um pedido de desculpas e, então, mesmo menor que ele, o abraçou forte. Este, rira de leve.  

-    Ah estes coelhos... - Retribuíra o abraço - Tão emotivos... Só... Toma cuidado com a cauda dessa vez.  

-    Vou tomar. - Ela sorrira.   

 

Os dois abraçaram-se ali, mesmo que outros animais os olhassem e até estranhassem verem um coelho e uma raposa se abraçando como se fossem amigos de longa data e estivessem se reencontrando depois de um bom tempo. O enlace entre os dois cheios de afeto e amizade perdoava e curava as feridas realizadas por aquela discussão boba que tiveram dentro do teatro. Reconhecendo quem estava errado, o respeito, o que deveria ter tido, prevalecera. Nem se lembravam mais o porquê da briga, todavia a coelha aprendera a real lição. Judy gostava de ouvir o barulho do coração de seu amado, mesmo que longe de seu peito, sua audição aguda escutava o "tum tum" vindo calmamente.   

Seria tão bom se pudessem permanecer mais tempo juntos e abraçados como daquela maneira. Separaram-se depois de alguns longos e duradouros minutos.  

-   Olha... - Começara Ana dentro de seu carro na rua – Eu poderia filmar e postar no Zootube, mas Mike desaprovaria. - Querem uma carona? - Perguntara   

-    Mas é clar... - Nick fora interrompido por uma cotovelada da pequena.   

-    Não se preocupe Ana, nós pegamos um ônibus.  

-    Que isso Judy, se meu carro consegue comportar Michael, consegue comportar vocês dois. Sem contar que tenho coisas importantes para falar. - Disse - Só vamos logo, o sinal vai abrir e sinto que um de vocês dois já foi um fiscal de transito. - Brincou - Não quero levar nenhuma multa!   

-    Muito engraçada. - Disse Judy -   

-    Tem que admitir que ela tem um senso de humor cenourinha. - Retribuiu Nick – E então? Acho melhor do que pegar aqueles ônibus apertados e com o triplo de nosso tamanho, não acha?   

-    Só irei por causa das informações, raposa boba. - Judy continuou - É de Clang, não é Ana?  

-    Dito e feito Judy. Talvez tenha conseguido achar uma testemunha chave se quer saber.  - O sinal estava perto de abrir - Vão vir?  

A dupla se entreolhou. Uma testemunha chave para um caso de longo tempo... Já haviam visto isso antes. Sabiam o que fazer.  

  

[Quebra de Lugar, Refeitório do S.C.C, Avanço de Tempo, 10:30 PM]

  

A calmaria e o silêncio, contraditório, todavia existente, começavam a dar as caras no refeitório do S.C.C. Após a janta longa dos criminosos realizada depois de um longo dia de trabalho justo e enriquecendo mais ainda a facção, chegava a hora de dormir para alguns. No entanto, Matheus ainda permanecia fora do enorme galpão ou seção de armazenamento, ou seja lá o nome daquela estrutura. Havia combinado com R de se encontrar e não o via desde o treinamento, cujo sumira misteriosamente sem dar mais noticias sobre os Divine. Aquilo o irritava, não saber o que lhe aguardava ou a incertidão sobre o dia de amanhã. Talvez, uma fase de sua adolescência rebelde.   

Pôs-se a caminhar vagarosamente. O frio da noite jamais o surpreenderia, obviamente, todavia não deixava de, algumas vezes, prestar atenção na lua. O silêncio do pátio junto dos bancos de pedra o realizavam deixar o ambiente assustadoramente tenebroso. 

  

A calada tenuê fora quebrada por uma armadilha cuja o solitário pisara. Ao ouvir agilmente, suas orelhas se ouriçaram e soubera de onde o perigo provinha, desviando para à esquerda em um reflexo de pura sorte e velocidade. Pousou e amorteceu a queda.  O pedregulho desfez-se após alguns metros. 

  

- Diretamente das sombras... - R iniciou sua frase - Vem... O extermínio! - Revelara-se atrás da armadilha.    

- O que você tem na cabeça... - Matheus arrumou-se - Para fazer algo desse tipo? - Indagou - E se alguém se machucasse?   

- Pare de reclamar! - Praguejou - Poderíamos utilizar o que restava para experimentos e... Sim, de fato, conseguir algo que aspiro!    

- O que quer dizer com restos? - Perguntou - Você realmente iria querer usar o corpo de alguém para fazer um experimento?   

- Porque não? - Indagou enquanto andava ao refeitório - Venha, não desejava aprender mais sobre o povo de Clang e tudo o mais? - Perguntou desinteressado. 

  

Matheus ergueu uma sobrancelha. Ele realmente iria lhe dar as respostas sem mais e nem menos? Aquilo soava suspeito demais para tudo o que viu. Exausto e subjulgado pela fraqueza dos treinamentos, o acompanhara.  

  

- Invadir à cozinha em plena onze da noite... - Disse consigo mesmo - Realmente parece dar respostas a tudo o que eu preciso.   

- Se você ficar queito, irá receber o que quer e muito mais! - R abrira ao portão da cozinha. 

  

Era enorme. O cômodo a frente deles aparentava ser muito menor por fora do que por dentro, o qual surpreenderia qual pessoa ou animal invasor sobre aquele piso empoeirado e sujo de comida. Existiam diversos fogões, armários e um teto tão alto que Matheus duvidou se era real, cujo se estendia junto de um emaranhado de repartições onde constavam ferramentas como cutelos e facas penduravam-se ao teto e ameaçavam cair a qualquer momento sob estalo enferrujados e vazios. Tudo provinha de uma coloração laranja e cheiro forte de temperos. Longos corredores faziam a cozinha parecer traiçoeira demais.  

  

Ele analisou tudo meio atônito e sério, mas fora interrompido pelos murmúrios de R mais a frente na câmara frigorifica cuja soltava uma fumaça branca. 

  

- Tem mais algo a esconder? - Perguntou - Acho que perdi o apetite. - Fora para seu lado.     

- Seria legal se sua comida provisse daqui pardal. - O rato apertava botões quaisquer - Se Clang não ficasse te adornando...    

- Me adornando? - Perguntou - Ele disse que vou morrer caso não trabalhe!   

- E trabalhou hoje? - Rebateu grosseiramente - Não me venha com seus dramas de adolescentes...  

- Drama de adolescente?! - Irritou-se e calou-se. Jamais valeria a pena falar para R. 

  

Não valeria a pena para qualquer um explicar. Na mais pura e simplicidade, não custaria às palavras e o tempo perdido para explicar que, apesar de "adolescente", sua compostura e noção seria de um adulto. Não custaria explicar o sofrimento por saber que não teria pai para suas ideias, ou de quando chorava noites em branco silenciosamente para não preocupar sua mãe ainda viva. Ser solitário não significava apenas ser desprovido de relações sociais. Ser solitário significava não ter ninguém capaz de entender você ou suas ideias e, sozinho, isolar-se timidamente em um canto qualquer.  Para ficar sozinho. As mãos do destino. Era preciso muita força para ser solitário em São Paulopia e, necessariamente, naquela cidade grande onde não se vivia as mãos do destino achando que poderia encontrar sempre alguém para cuidar de você com um "eu te amo" para reconfortar-lhe os ouvidos abatidos pelo xingamento do patrão mal educado. Matheus, talvez, apenas precisava de alguém. 

Ou Talvez, aquele drama de adolescente fosse apenas dele e R não compreenderia. Certamente o rato à sua frente não compreenderia. O elevador deu um apito convidativo e R olhou Matheus como quem diz "Irá demorar?". Ambos desceram o elevador, todavia não sabiam que uma sombra corpulenta e maçiça, acompanhada através das próprias trevas o seguiam.  

Aquela noite seria amedrontadora.


Notas Finais


Caraaamba, vocês conseguiram ler tudo? Meus parabéns querido leitor e obrigado pelo tempo dedicado à minha história!

Viram algum novo aprimoramento? Eu realmente me diverti escrevendo este capítulo e adorei as novas evoluções que consegui realizar! Um passo de cada vez pessoal.

Todavia não poderia detalhar tanto. Como é um filler, devemos relevar que emoções negativas ou muito ativas não podem ser muito inclusas, ao menos, eu acho.

Sobre o grupo Zootopia pessoal, ultima solicitação fora quase aprovada! Exceto pelo caso de que... Todos os grupos exigem uma HISTÓRIA do por quê estarem sendo criados... Exato. Bolarei uma, mas não sei se será a nível de O LBS ou outras histórias, afinal, é um grupo para nos reunirmos.

Uma coisa que aspiro falar e que está meio fora de data é sobre o Setembro Amarelo. Gostaria de falar para você do outro lado da tela que lê cada linha de minhas histórias um obrigado. Obrigado por ser quem você é. Obrigado por aguentar todos os dias ruins e continuar batalhando. Sempre que se sentir um fracassado ou derrotado por este mundo cruel, recorde-se das vitórias que já conseguiu e eu sei que você vai conseguir mais e mais vitórias ao longo dessa vida. Pode não parecer, mas nossas vidas são curtas. Ame e faça loucuras, tipo... Sei lá, comprar dois sorvetes para si ou se aventurar naquela montanha russa que lhe dá medo. Seja feliz. O mês pode ter acabado, mas nossas ações contra o suicídio não podem.

Ah é, gostaria de falar para você, meu fã (eu tenho um?) que não poderei responder caso comente neste Fim de Semana. Sairei junto de alguns amigos, mas saibam que quando retornar, responder-lhe-ei a todos! Boa semana a todos vocês.

Quer outras histórias ou até mesmo MELHORES que a minha?

Zootopia 2 Uma aventura de tirar seu fôlego! : https://spiritfanfics.com/historia/zootopia-2-uma-aventura-de-tirar-seu-folego-6394823

Zootopia: Um amor quase declarado! : https://spiritfanfics.com/historia/zootopia-um-amor-quase-declarado-7009710

Zootopia instinto primitivo (Hiato) : https://spiritfanfics.com/historia/zootopiainstinto-primitivo-7407893

A vida em um olhar Safira: https://spiritfanfics.com/historia/a-vida-em-um-olhar-safira-6581802

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Zootopia a história depois da história: https://spiritfanfics.com/historia/zootopia--a-historia-depois-da-historia-6788139

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Zootopia: Um conto irrefutável! : https://spiritfanfics.com/historia/um-conto-irrefutavel-9600017

Essa história abaixo eu recomendo galera! Tem uma escrita que olha... Me conquistou! Além de utilizar no enrendo seriedade e fazer críticas à nossa sociedade, assim como o filme! Brilhante, não?

Pilares de vidro. (Zootopia): https://spiritfanfics.com/historia/pilares-de-vidro-9186034

Então foi isso galera! Espero que tenham gostado das melhorias contidas, caso sim, comentem! Isso me da um apoio para continuar melhorando. Gostaram mais ainda? Favoritem, assim conseguirão receber uma notificação sempre que eu postar um capítulo!

Não gostaram de algo? Comentem! Apenas assim conseguirei moldar a história como gostamos!

Sombra e água para vocês irmãos! - Dekonado.

" A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita." - Mahatma Gandhi


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