tobiElec

Abro a porta com a melhor carranca que consigo e ela é desfeita no segundo em que meus olhos encontram os seus. A única coisa que me vem à mente é: como fugir dessa situação?
- O que está fazendo aqui? – pergunto confusa.
- Eu também gosto de você. – tusso surpresa com suas palavras.
- Como é? – sinto-me idiota.
- Eu também gosto de você. – repete com um sorrisinho. – Eu sinto muito por não ter te respondido, mas depois que li a sua mensagem a única coisa que consegui pensar era que queria te ver imediatamente. Eu vim do aeroporto direto pra cá.

– Saiba que também não gosto de você.
- Isso já está bem claro pra mim. – respira fundo. – E eu não me importo.
- Claro que não. Você já deve estar acostumado com essa situação.
- Na verdade. – arruma a postura. – Não me importo porque, vai ser um prazer te fazer mudar de ideia.
- Eu não sou tão fácil assim. – estreito os olhos.
- Eu sei. Por isso o gosto da vitória vai ser melhor ainda. – se aproxima. – E não pense que eu vou pegar leve com você.
Seu comentário, de alguma forma, consegue me intimidar, mas não é como se eu fosse, simplesmente, me acovardar agora. Kang Younghyun não perde por esperar.
- Nam S/n. – saio de meus devaneios. – Prepare-se pra se apaixonar por mim.

- Vou mandar uma mensagem. - Puxa o celular.
- Não! - Minha voz soa mais alta que o de costume. - Eu já mandei. - Limpo a garganta pra disfarçar.
- E o que disseram? - Inclina a cabeça, desvio o olhar.
- Não me responderam ainda. - Ela bufa.
- Tem certeza que era hoje? - Questiona mais uma vez. - As vezes você confundiu o fim de semana.
- As vezes você se atrasou tanto que eles pensaram que não viríamos.- Revira os olhos. - É sério, talvez eles já foram e nós estamos aqui como idiotas. - Balanço a cabeça fingindo indignação.
- Eu vou embora. - Levanta num salto. - Não acredito que estou perdendo meu tempo com isso.

- Talvez eu possa te ajudar. – Me ofereço.
- Não, não precisa. Eu consigo fazer isso. – Apesar do esforço percebo que ele só recusou minha oferta por educação.
- Me ajudaria a espairecer. – Aponto os livros. – Distrairia minha mente dos problemas.
- Bom, se você diz que vai te ajudar, eu aceito então. – Sorri o tempo todo. – Mas, só por causa disso.
- Claro. – Pisco pra ele. - Me chamo Liu S/n. – Estendo a mão em sua direção assim que deixamos a biblioteca.
- Prazer S/n. Eu sou Wong Kunhang. – Aperta minha mão.
O Grande Guardião do Saber. O garoto do sorriso fácil. A grande surpresa do meu dia. Caberiam perfeitamente também.

Uma semana antes de fecharem tudo, S/n tinha ido visitar sua família e nós decidimos que seria melhor ela ficar lá, pelo menos, nos primeiros quinze dias. E hoje, finalmente é o dia em que ela voltará para nossa residência, ou melhor, para mim.
Não sou a melhor pessoa pra expressar sentimentos, mas a falta que essa mulher me fez não consegue ser descrita em palavras.
Por esse motivo decidi fazer uma surpresa para ela. Algo simples, mas de coração. Quero que ela saiba, nem que apenas um pouco, sobre como me sinto.

- Esse não é o maior problema. Estou te falando pra tomar cuidado e não virar a próxima vítima. – para em seu armário. - Já ouvi dizer que ele tem uma lábia impecável, a aparência nem se fala porque aquele garoto, de fato, é um baita de um gato. – se abana com a própria mão. – Mas se você garante que não vai cair, confio em você. Só fica esperta.
- Tudo bem. – sorrio. – Vai dar tudo certo.
Não é como se eu realmente quisesse me envolver com um cara que mal sei pronunciar o nome.

- O céu está lindo hoje. - Observa a imensidão exuberante que paira sobre nós.
- O Universo teve misericórdia e nos deu esse tempo para relaxar. - Ele sorri.
O brilho do luar refletido em seus olhos, com certeza é isso que está fazendo meu estômago reagir.
- A gente vinha bastante aqui antes. - Falo nostálgica.
- Agora só é preciso um apagão para que tenhamos tempo. - Debocha.
- Não é pra tanto.
- É claro que é. - Há divertimento em sua voz. - É uma noite mágica.
Uma noite mágica, um momento bom que compartilhamos em meio ao caos que tem sido nossa rotina. Sei que não deveria criar expectativas, mas ainda assim... Será que não poderia ser algo a mais?

- O ônibus já está chegando. - Me assusto ao ouvir sua voz.
- O que está fazendo aqui? - Inquiro.
- Eu esqueci uma coisa. - Só pode ser brincadeira.
Inclino-me e olho embaixo de sua carteira.
- Não tem nada aqui. - Ergo os olhos no momento em que ele para diante de mim.
- Você vai perder o ônibus. - Dou de ombros. - Se eu não te conhecesse diria que está me evitando. - Se aproxima mais.
- Coisa da sua cabeça. - Me levanto apressada.
Meu peito sobe e desce alucinado quando percebo a pequena distância entre nós.
- É melhor a gente ir. - Minha voz falha.
- Mas eu nem peguei o que vim buscar. - Segura meu mindinho.
Fecho os olhos e então sinto os seus lábios nos meus.