nicevius

Os olhos me iluminavam como dois sóis, ou melhor, como duas luas. A respiração ofegante me dizia o qual ansiosa ela estava, talvez até mais do que eu. Os cabelos estavam soltos, exatamente como eu gostava. Ela me fitava apreensiva, como se tentasse decifrar o que se passava em minha mente. Eu a olhava da mesma forma. Eu só conseguia pensar na sensação de seus lábios nos meus, era como se o mundo não tivesse importância, desde que seus lábios rosados estivessem cobrindo os meus. Então eu a beijei, sem medo do que poderia acontecer, sem pensar se era a melhor saída, sem me dar conta do que aquele beijo significava.

Sasuke podia listar os momentos mais difíceis de sua profissão, perder pacientes guerreiros que lutavam até o ultimo momento, perder crianças que partiam dessa vida com o sorriso no rosto, sempre era difícil e cada vez que acontecia, era diferente, mas dar a notícia de que uma pessoa está com câncer é sempre do mesmo jeito. Cheio de choro, tristeza, uma clima de despedida que pairava o lugar a partir do momento que o paciente sabia que estava com a doença. Caminhavam para o quarto, Sakura ia a frente, abriu a terceira porta a direita do corredor do quinto andar, uma menina magra de cabelos lisos dormia na cama, Sasuke olhou a ficha em sua mão, 14 anos, ela era uma criança, um barulho ao seu lado o fez virar-se.

- Sakura-chan. – Uma voz baixa e doce chamou sua atenção e ele deparou-se com uma mulher de pele branca e cabelos escuros, azulados ou seria a luz do quarto hospitalar? Mas o que prendeu Sasuke foram os olhos, de um azul tão claro que pareciam cristais por onde toda a luz do mundo parecia ser filtrada.

O coração do loiro não estava mais vazio, ele não se encontrava mais sozinho, agora sim ele tinha algo para proteger, ele tinha alguém para chamar de seu, alguém por quem faria qualquer coisa e daria o que lhe fosse pedido, ele amava e era amado.

Ao entrar no caminho que direcionava a casa reparou na moça a sua frente. Um vestido solto contrastava com as outras mulheres que estavam vestidas parecendo que foram embaladas a vácuo. O salto nos pés era mediano e os cabelos estavam presos em um coque frouxo, mas os fios pareciam ser negros, ela parecia nova, mas por estar ali, sozinha, Madara concluiu que deveria ser mais velha. Ouviu um baixo xingamento e logo a menina estava literalmente de quatro no chão, teria sido cômico a forma como ela caiu, mas o Uchiha achou melhor não rir.
- Está tudo bem? – Perguntou atrás da mulher que encarava o chão.
- Estou acostumada. – A voz parecia firme demais para o timbre com o qual foi pronunciada, gentil, doce.
Ela aceitou a mão que o Uchiha a estendeu e se ergueu o olhando. Madara nunca havia visto tais olhos. Pareciam um céu logo antes de chover, quando o azul se misturava com o cinza dando espaço a uma imensidão de cores.

Naruto costumava viver como se só ele existisse no mundo, porém agora ele gasta seu tempo em como pode tira-lá da cabeça. Ele sempre tão durão e nunca realmente se entregava a nada.
Mas ela entrou em seu campo de visão, dando a sensação de ter sido atingido por um raio. Olha pra ele agora! Que patético! Ele está apaixonado!

Hinata costumava correr por aí só querendo sossegar. Agora ela acordava todos os dias procurando uma maneira de ver aquele lindo sorriso. Olhe para ela agora! Está apaixonada!
Mal consegue falar e ainda gagueja. O chão sob seus pés está chacoalhando.

Todos estão andando por aí procurando riquezas. Mas quando olho para você, eu não dou a mínima para isso
Pois tudo o que quero é ser alguém para você.

A amizade é conhecida por um sentimento de afeição, de estima e benevolência. É um laço considero precioso e um bem a ser zelado.
Mas amizade também é amor, que em geral não é aparentado.
Dizem que amor entre melhores amigos é tolice e perca de tempo.
Mas todos sabemos que algumas amizades podem ser apenas o inicio de um grande amor.

O seu sobrenome pode significar muita coisa, possuir um enorme peso, mas ele não vai ditar sua personalidade, porque você é doce Hinata e ninguém pode mudar isso.

- Um psicólogo de vinte e quatro anos em casa dormindo as dez da noite. – Sasuke falou para si mesmo e a voz ecoou por todo o quarto. Sorriu. Afetado demais. Pensou antes de fechar os olhos para tentar pegar no sono.

- Uma professora de vinte e três anos, Hyuuga, deserdada. Bela vida Hinata. – Virou-se para tentar dormir e ficou olhando a noite cinzenta pela porta de vidro em seu quarto, a pequena varanda iluminada pela lua.