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Os olhos azuis estavam no papel e na mente de Sophia, mas na vida real, ela não podia encará-los.

― Tudo certo ― ele disse, a voz ofegante ― chego em quinze minutos. Você já tomou café?
― Estou esperando a máquina prepara-lo agora ― respondi, colocando o telefone entre o ouvido e o ombro, enquanto pegava uma xícara para despejar meu café.
― Certo. Se quiser, tem frutas cortadas na geladeira ― ele disse.
― Obrigada, eu vou comer ― respondi enquanto despejava o café em minha xícara.
― Certo, até daqui a pouco ― Ele disse ― Ai! ― Ele exclamou ― Tropecei numa pedra ― Sua risada forte soou pelo telefone e eu ri.
― Cuidado! ― Eu disse, rindo ― Tchau, te amo.

― Thank you.
Disse ao garçom assim que ele me serviu mais uma caneca de cerveja, mas o meu olhar estava fixo num cara que estava há alguns metros de distância, de costas para mim. Se eu não estivesse assim tão louca ― ou as lentes de meus óculos tão embaçadas ―, eu tinha quase certeza de quem era aquele homem.

"Eu estava trabalhando em casa, tomando uma boa xícara de chocolate quente enquanto ouvia Robbie Williams. Aquele cenário todo me acalmava e me ajudava na concentração, já que esse era o item principal para que meu trabalho fosse bem executado. De repente, ouvi batidas na porta e pensei ser a diarista que me ajuda na organização da casa, então autorizei a entrada.

Mas não era ela."

"Eu estava, na verdade, tomando coragem para sair e me juntar ao restante do elenco, que incluía o homem que eu queria odiar ou ter certa indiferença, mas infelizmente eu não conseguia..."

Anne tenta, com firmeza, repelir àquele que por pouco tempo fora seu... Mas até quando ela conseguirá mantê-lo longe?

― Lara. ― Henry respirou fundo. Sua voz era aflita e seu olhar buscou o meu, mas eu não pude corresponder. ― Eu te machuquei, não foi? Me perdoe, por favor, eu jamais tive a intenção de te machucar.

Saímos pelas ruas de Londres com nossos cafés em mãos. Meus olhos estavam atentos à todas aquelas luzes e decorações que, devo confessar, estavam muito, mas muito bonitas. Num ponto ou outro, Henry ia me falando sobre alguma curiosidade ou peculiaridade do lugar. Incrível como ele é tão inteligente. E atencioso. E...

Cantarolando “Take Care Of Business”, da Nina Simone, eu pude ver o reflexo de Henry no espelho e o brilho do banho recém tomado por todo o seu corpo a ofuscar os meus olhos. Aquela boxer preta era teste pra cardíaco... e pra libido!

Eu não pude ouvir mais nada do que ele dizia, pois estava totalmente focada no movimento de seus lábios enquanto ele falava. O jeito que eles se moviam, como o Henry às vezes os molhavam com a sua língua que parecia ser muito talentosa e... Morna. Meu Deus, eu o desejava tanto e ao mesmo tempo não havia nada que eu pudesse fazer em relação a isso, pois ele nunca havia dado nenhum sinal de mínimo interesse em mim. Mas isso não me impedia de fantasiar como seria beijar aquela boca que...