Romances proibidos nunca resultam em finais felizes — a história era capaz de comprovar a veracidade nestas palavras.
O mais próximo de belo que tais romances poderiam possuir seriam os poemas, os sentimentos e, na melhor das hipóteses, a vastidão desta terra.
Seja certo ou errado, aquela paixão estava fadada ao acontecimento. Tudo tinha de acontecer; tudo possuía um destino. Sabendo disso, há somente a aceitação do que está por vir. Aceitar o coração quebrado, enquanto permanece a encarar o mar nostálgico. Aceitar a troca de uma vida pela outra.
O coração há de se conformar, um dia, pois o amor o quis assim.
"Nada que uns cinquenta anos de terapia em grupo com uma psiquiatra não resolvam." Disse Luciano, disfarçando o rosto vermelho com um copo de café na frente.
Após saber que pessoas próximas estavam tendo filhos e, com isso, aumentando a família, Martín acaba por querer algo que a maioria das crianças da sua idade desejavam: um irmãozinho — mas também poderia ser uma irmãzinha, se seus pais assim quisessem.
Soube, inclusive, que seu primo caçula nascera após muitos beijinhos, o que tornava aquela tarefa de ter um irmão ainda mais fácil. Seus pais somente precisavam se beijar e assim a família deles também aumentaria.
Contudo, o que Martín não sabia, era que bebês não vinham de beijos — assim como também não vinham das cegonhas. Bebês vinham de sementes; sementes estas que nunca poderiam germinar em terras que não foram feitas para elas.
Martín descobriria que cada família era uma família.
Amélia era a razão dos suspiros e dos sonhos doces de Luciana, isso desde que se conheceram há alguns anos. Os cabelos eram curtos e loiros como fios de ouro; os olhos eram azuis e brilhantes como a joia mais rara existente em todo o mundo. Havia sido inevitável não tê-la como a sua primeira paixão juvenil.
A única pessoa que sabia desta sua paixonite era sua prima Martina, que já não suportava mais ouvir o suspirar e o nome "Amélia" sendo pronunciado vinte e quatro horas por dia. Entretanto, ela fazia bom uso desse segredo, criando piadas internas que deixavam a jovem apaixonada sem jeito.
Ao passarem a noite juntas, diante a ausência do tio espanhol, Luciana e a prima deixam os estudos sobre a independência das Américas de lado, para tratarem de um assunto mais importante: como a jovem faria para confessar seus sentimentos à miss americana que roubara seu coração. Quem sabe assim o seu estúpido cupido não viesse a deixá-la em paz, de uma vez por todas?
Contudo, mal sabia ela que seu estúpido cupido não tinha dó e que iria feri-la outra vez.
Era uma tarde bonita e a brisa suave da primavera passava pelas janelas, trazendo para dentro da casa o perfumado frescor das flores do jardim. Sorvete azul era o favorito de Luciano, por mais que ele não soubesse exatamente o sabor que este continha.
Saboreando de sua sobremesa, o menino mantinha-se atento ao pai, que desejava arrancar seu dente de leite molenga. E, por mais que ele ficasse atento, não era como se Afonso não tivesse uma carta na manga para fazer isso acontecer.
Quanto a Chang... Chang somente aproveitava da suave brisa primaveril.
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