História " As Long As We Are Together " - Bônus de Amor - Teenagers

Aos trinta e cinco anos, Lexa Woods ainda parecia uma bebê quando dormia. Eu quase não respirava com medo de que ela acordasse e interrompesse a visão mais linda do mundo. Deslizei meus dedos pelo rosto que representava a perfeição, meu anel de casamento brilhando ao encontrar a luz de um raio de sol que entrava pela janela. Nenhum detalhe passou despercebido, nem as novas pequenas rugas quase impercetíveis que ela odiava e eu amava. Era muito estranho que eu tirasse alguns minutos e até horas nas minhas manhãs só para ver minha esposa dormir?

Ela enrugou o nariz e fungou, me puxando para perto pela cintura. É claro que fiquei frustrada porque assim eu não poderia completar meu ritual de adoração, mas era tão adorável quando ela me puxava mais para perto e ronronava contra meu pescoço que foi impossível ligar para isso.

Iniciei uma caricia lenta em seu cabelo e sorri ao perceber que Lexa estava mesmo ronronando como um gatinho sonolento, esfregando o nariz em meu pescoço, e soube que ela estava lutando para continuar dormindo.

-Por que você só faz isso quando eu tenho que acordar? - Sussurrou, com a voz rouca de todas as manhãs, e manhosa também.

-Não disse que você tem que acordar. Mas falando nisso, tem mesmo.

-Naaaaaaaaão, Clarke - Choramingou, apertando meu corpo contra o seu - Cinco minutinhos?

-Hmmm, ok - Me soltei do aperto dos seus braços e pulei para fora da cama antes que ela me puxasse de volta. Fiquei surpresa quando não a ouvi bufar nem reclamar, mas foi compreensível quando vi que ela já havia voltado a dormir. Preguiçosa.

Dei graças a Deus por estar vestida quando a porta se abriu e minhas duas garotas entraram, Ashanti carregando uma Anna sonolenta nas costas.

-Bom dia - As duas murmuraram, antes de cairem na cama e entrarem debaixo das cobertas com Lexa. 

-Ei, bom dia. Todas sonolentas hoje?

-Eu tive que carregar a Anna até aqui porque ela ainda estava dormindo. Sério, mãe, você é a única pessoa acordada aqui.

-A única - Annabeth confirmou, deslizando para mais perto de Lexa, procurando uma posição confortável -Mamãe, você é espaçosa demais, puta m...

-Annabeth Woods-Griffin.

-Foi mal.

Rolei os olhos antes de deitar perto das três, que agora estavam quase pegando no sono de novo, juntas. Suspirei de saudade e quase agonia quando vi minhas pequenas garotinhas adolescentes. Oito anos haviam se passado desde o casamento, desde a luta contra o câncer e a adoção, e agora, a luta era contra os hormônios da adolescência e...bem, com as "chatices de mãe" que nós estávamos nos esforçando para não ter porque as garotas quase imploravam que não tivéssemos. E estávamos nos dando bem. Pelo menos, Lexa estava, já que as vezes ela demonstrava ter a mesma idade mental das meninas. Eu estava tentando.

-Que dia é hoje? - Annabeth murmurou, me abraçando e jogando as pernas por cima da mãe e da irmã.

-Depois eu sou espaçosa - Lexa balbuciou, virando para abraçar Ashanti.

-Hoje é sábado, pequena.

A Annabeth de 13 anos abriu os olhos azuis e sorriu para mim, e eu quase pude ver a Annabeth de 6 anos, as janelinhas entre os dentes, o cabelo curto. Agora seu cabelo estava abaixo da cintura, esperando pacientemente para ser cortado e doado para uma instituição de câncer. Ainda tinha o mesmo brilho nos olhos. Aquele brilho de quem está perdidamente apaixonada pela vida.. era uma das coisas que eu mais amava nela.

-Gosto quando a senhora me chama de pequena - Sussurrou, olhando em meus olhos.

-Ela não chama mais porque você é uma gorda - Ashanti provocou. Annabeth se jogou por cima dela, rindo. Lexa apenas gemeu e colocou o travesseiro no rosto.

-Desculpa, não te vi aí, menina palito.

-T-TEM UMA BALEIA ENCALHADA EM CIMA DE MIM - Ashanti gritou entre gargalhadas. Era impossível não rir junto com as duas. As ofensas eram absolutamente normais entre as duas, e nós já estávamos acostumadas com as gargalhadas altas tarde da noite, no quarto delas. Ashanti mantia a proteção sobre a irmã apesar de ela não precisar mais tanto quanto antes.

Annabeth havia se desenvolvido de uma forma incrível. Conseguia andar perfeitamente bem, escrever corretamente, apesar de sua letra ser um pouco complicada por conta das mãos trêmulas, ler, e falar quase perfeitamente bem. Ainda gaguejava um pouco ou ficava muda quando estava nervosa, aquilo, infelizmente nunca mudaria, mas nós estávamos apenas seguindo em frente.

-Eu vou jogar as duas pra fora da minha cama - Lexa ameaçou, tentando levantar. Mas com as duas garotas em cima dela era quase impossível.

-Boa sorte tentando levantar a baleia enca... ANNABETH! SEM MORDIDAS, FILHA DA...

-Filha de quem, Shanti? – Lexa disse

Nessa hora, Lexa já havia conseguido tirar o braço debaixo das duas, e finalmente se ergueu. As meninas caíram para o lado juntas e gargalharam da expressão sonolenta no rosto da morena.

-Vocês me pagam - Murmurou, se aproximando de mim. Nossos olhos se encontraram e eu sorri, perdidamente apaixonada por minha família. Eu via a mesma paixão em seus olhos. Lexa enrolou uma mecha do meu cabelo em seus dedos, com um sorriso bobo.

-Sabe o que me deixaria bem humorada agora? - Sussurrou. Fiz que não com a cabeça e ela sorriu, chegando mais perto. Eu já estava salivando por aqueles lábios, mas ela se afastou antes que qualquer coisa acontecesse.

-LEXA!

-Primeiro que nossas crianças estão aqui, segundo que eu preciso escovar os dentes.

-Mãe, posso beijar seus pés? Da última vez vocês quase tiraram a roupa. Tia O mandou gravar mas eu estava ocupada vomitando. Ew - Ashanti reclamou, rolando os olhos. Jesus, eu estava me controlando para não gargalhar com elas. A garota mais velha jogou o cabelo para o lado e me lançou um olhar repreensor. Era uma honra ter aquele olhar em mim. Ashanti havia se tornado uma garota incrívelmente bonita. Seu cabelo cacheado estava bem maior do que costumava ficar, maravilhosamente volumoso, chegando até o meio das costas, e os cílios enormes destacavam a beleza dos olhos. Nós tivemos alguns "problemas" com sua beleza, como cartas e presentes de garotos, que não pareciam significar nada para ela. Só para Anna, que explodia em ciúmes da irmã. Também tivemos problemas com o passado. Ashanti precisou ver uma psicóloga quando seu passado começou a assombrá-la. Mas nada nunca seria tão difícil contanto que ela tivesse nosso apoio e todo o nosso amor. As coisas só pareciam estar indo bem.

-Ok. Só quero lembrar que a festa de vocês é hoje.

Foi tudo o que Lexa precisou dizer para que as meninas começassem a enlouquecer. Teriam uma festa do pijama com algumas amigas da escola e passaram a semana pirando por isso, mas naquela manhã de sábado, nem pareciam lembrar. Ri acompanhada da minha esposa quando elas saltaram da cama.

-A gente precisa tomar café da manhã tipo imedi... imediatamente. Eu preciso de energia pra arrumar o quarto.

-Gorda - Ashanti riu. Annabeth puxou a mão da garota mais velha e arrastou-a para fora do quarto falando sobre a lista de coisas que ainda tinham que fazer.

Levantei da cama sorrindo. Era impossível não sorrir com a família que eu tinha. Lexa me esperava na porta do banheiro, sorrindo com a boca cheia de espuma.

-Vou tirar uma foto sua assim. Espera aí.

-Nwão. Am..Clar... Porra...

Lexa enxaguou a boca o mais rápido que pôde e eu fiquei ali, parada e rindo do quanto ela era retardada e do quanto eu amava isso. Quando ela levantou os olhos para mim, sua expressão tornou-se confusa.

-Você não ia tirar uma foto, né?

-Claro que não. Só não queria beijar você e ficar parecendo um cachorro com raiva.

-Você não me respeita mesmo.

-Você é uma passiva.

-O que a Octavia fez com você?

Nós rimos juntas. Ela tentou me beijar quando eu estava com a boca cheia de espuma, mas eu recusei. É claro que minha morena foi recompensada com um beijo longo e apaixonado assim que terminei. Geralmente, nossas manhãs eram assim, cheias de amor e risadas - é claro, quando ela não ia trabalhar e me deixava sozinha, ou quando uma de nós não estava com TPM, o que geralmente causava uma briga que durava até a primeira desistir -. Muita coisa havia mudado, apesar de tudo ainda parecer igual. Nós amadurecemos para que fossemos a base das duas garotas que cresciam, e assumimos todas as responsabilidades para que elas tivessem uma vida feliz. Mas uma certa loirinha de olhos azuis havia nos ensinado que qualquer coisa podia ser boa e especial, contanto que fosse feita com amor, então isso não era, de forma alguma, ruim.

Quando arrumei a mesa do café, nem precisei anunciar que estava pronto. Annabeth veio gritando pelo corredor, como uma boa adolescente escandalosa.

-CHEIRO DE NUTELLA - Gritou, e quase se jogou em cima de mim. Abracei minha menina, rindo de tudo aquilo e do que eu sabia que aconteceria a seguir.

-GORDA! - Ashanti gritou da escada, mas seus olhos estavam fixos no celular, em algo que parecia ser muito engraçado. Logo ela estava gargalhando, e quase caiu da escada.

-SHANTI - Anna gritou, o que me causou uma leve surdez em um dos meus ouvidos. Logo, ela estava na escada, com o celular de Ashanti nas mãos, quase engasgando com sua própria gargalhada. E eu estava confusa.

-O que é tão engraçado, meninas?

-O SNAPCHAT DA MAMÃE - Berraram ao mesmo tempo. Ashanti correu para perto de mim com o celular nas mãos e me mostrou a tela, que logo foi preenchida pela foto da minha esposa, de 35 anos de idade, dona de uma editora e uma mulher totalmente madura... vomitando arco iris. Logo depois, ela apareceu com orelhinhas de cachorro e um focinho. Ash já se desfazia em gargalhadas antes das últimas fotos, que mostravam Lexa com uma expressão de bebê irritado, sem efeito algum. Na legenda, "eu quando minhas filhas me acordam". O próximo tinha quase a mesma imagem, mas a legenda dizia "sério eu podia estar dormindo agora".

-Quando ela vai aprender a usar a maldita vírgula? - Sussurrei. As garotas caíram na gargalhada de novo.

-Quem precisa aprender o que, Griffin? - Lexa gritou da escada. Balancei a cabeça negativamente, mordendo os lábios para não sorrir. Era incrível o que aquela voz rouca me causava.

-Fala, Mama - Annabeth provocou, sentando para o café totalmente vermelha de tanto rir.

-Nah, ela não se importou em colocar a vírgula antes, por que se importaria agora?

-Céus, eu podia ter me casado com uma modelo, uma cantora, uma atriz, mas olhe só, me casei com a rainha da gramática - Ela disse quando me alcançou, me abraçando por trás e beijando minha nuca demoradamente - E foi minha melhor escolha - Sussurrou. E só isso foi o suficiente para me deixar suspirando.

-Ew, eu me sinto como se estivesse vendo The L World - Ashanti resmungou, começando a cortar um pão. Lexa pulou para perto dela e sentou na cadeira.

-Você sabe o que é The L World, garota? Estou chocada. Onde estão suas séries leves tipo Backyardigans?

-Mamãe... eu tenho 14 anos.

As garotas começaram a conversar entre si sobre a idade que tinham e eu e Lexa começamos a tomar nosso café, apenas observando as duas dando chiliques por segredos que compartilhavam. Annabeth começou a devorar um pão com Nutella... bem, o segundo, e Ashanti comeu suas torradas encarando a irmã.

-Ai meu Deus Anna termina logo a gente tem que arrumar o quarto eu tenho que me arrumar e você fica comendo nessa lentidão - Disse de repente, quase sem respirar. Troquei olhares com Lexa, que observava tudo bebendo seu café. Ash podia ser um pouco explosiva as vezes, mas ansiosa... não. Não assim. Algo ali estava errado.

-Hmm, isso é tudo por causa da Emily? - Anna murmurou com um sorrisinho brincalhão e Ashanti mordeu o lábio, sua pele ganhando um tom avermelhado. Agora as coisas estavam ficando interessantes.

-Emily West, aquela colega de vocês?

-É, a crush dela.

Ashanti olhou para Annabeth horrorizada. Minha boca simplesmente se abriu sem que eu pudesse ter controle. E Lexa... bem, ela engasgou com o café.

-Socorr.. - Tentou dizer, mas engasgou no meio da frase. A morena se inclinou, totalmente vermelha, tossindo, e eu ajudaria se não estivesse tão paralisada - O QUE?

-Mamãe, eu juro que não é... – Ash tentou dizer.

-Eu achei que você fosse a hétero! - Exclamou de repente, apontando para Ashanti - Eu não acredito que você não é a filha gay, Annabeth.

-Naaaaaaaão. Não assim. Hannah Montana, né, o melhor dos dois mundos. – Disse Anna

-DESDE QUANDO? MEU DEUS EU PRECISO DE AR.

Lexa parecia estar ficando louca, rodando pela sala com os dedos entre o cabelo. Eu só conseguia olhar para as duas meninas e pensar no quanto haviam crescido. Ashanti me olhava de uma forma estranha, seus olhos bem abertos e cheios de água. Só voltei a consciência quando ela cobriu o rosto com as mãos e fungou.

-Ash... você está chorando, pequena? - Sussurrei, ainda tentando voltar a pensar com clareza.

-Isso é ridículo. Ugh, eu sou ridícula. Ela é tipo, Emily West. Ela é uma deusa grega e os garotos beijam os pés dela. E agora vocês sabem e isso é tão vergonhoso.

-Por que seria vergonhoso estar apaixonada, meu amor?

Ela olhou em meus olhos quando eu toquei suas mãos, que agora estavam cruzadas sobre a mesa, e eu vi o medo lá. Aquele medo que continuava assombrando seus pensamentos e sentimentos, aquele medo de ser abandonada, ou rejeitada. Meu coração se apertou. Como eu queria tirar aquelas coisas dela...

-Se quer minha opinião, os garotos também beijam seus pés - Annabeth falou baixinho. Ashanti sorriu fraco.

-Acho que está bem claro que eu não quero nada com eles, Anna.

-Talvez Emily também não queira... - Eu falei baixo, procurando algum jeito de parar aquela insegurança. Ash me olhou nos olhos de novo, me dando total atenção - Ela é uma garota incrível, Ash, e...

-Meu gaydar apita pra ela - Lexa disse de repente, sentando ao meu lado. Todos os olhares focaram na morena - Quando eu conheci sua mãe, ela me disse que era hétero. Ela disse que não queria nada além de amizade com uma mulher. E eu não desisti dela nem por um segundo, porque eu sabia que um dia, ela lutaria por mim da mesma forma que lutava contra mim. Porque eu sabia que ela valia a pena. Que nós valíamos a pena. Ela vale a pena, Shanti?

A garota negra soltou o ar que parecia prender nos pulmões há anos, e nos olhou. Aquele olhar determinado. Aquele olhar firme. E finalmente respondeu.

-S-sim. Ela vale a pena.

-Não pense que eu permiti alguma coisa, ok? Preciso ter aquela conversa com ela. Por enquanto, só uns beijinhos.

-Mamãe, não é como se eu fosse me casar - Ash riu, tirando os óculos de Lexa e colocando no rosto, como sempre fazia para irritar a mãe. Daquela vez, Lex nem se incomodou em pegar de volta. Apenas continuou encarando as duas meninas com um sorriso bobo.

-Vocês cresceram tanto - A morena suspirou, a voz embargada. Às vezes a ficha de que elas já tinham crescido caía de repente. Era difícil. Era estranho. Mas tudo o que nós sentíamos era orgulho de nossas garotas - Enfim, tá, é melhor vocês irem arrumar o quarto. Vou fazer compras, e essas merdas.

-Os momentos emocionais da mamãe duram pouco - Anna piscou para Ashanti que riu. As meninas nos ajudaram a tirar as coisas da mesa, e depois subiram para o quarto, juntas. A festa começaria ás sete da noite, e do jeito que as garotas deixavam seu quarto bagunçado, ainda tinham muito trabalho pela frente.

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A campainha tocou pela primeira vez ás sete e cinco. As irmãs gêmeas Sarah e Sophie entraram e nos cumprimentaram, e depois abraçaram as meninas com força. Depois delas, as outras foram chegando aos poucos. Leslie, a garota comportada que usava saias longas; Laura, a garota dos olhos verdes; Rachel, Athenna, Lucy (a garotinha do orfanato. Quando falei sobre ela para Niylah, a loira se apaixonou tão profundamente que começou a visitá-la, e depois de um longo processo, conseguiu adotar a pequena. Foi como salvar uma vida) e finalmente Emily. Ashanti estava um poço de nervos, e quando ouviu a voz da garota, deu a desculpa de que iria pegar alguma coisa na cozinha. Onde Lexa e eu estávamos.

-Gente gente gente gente gente ela chegou, eu vou morrer, sério, eu vou ter um ataque cardíaco. Por favor, vocês tem que ir lá dizer pra ela que eu desmaiei, que eu estou doente e não posso vê-la. Eu não vou conseguir falar com ela sem gaguejar.

Lexa gargalhou, fazendo com que Ashanti quase pulasse para tapar sua boca. Seu desespero só piorou quando ouviu a voz de Emily vir da sala, dizendo "Cadê a Shanti?". Ela entrou em pânico. Nós rimos maliciosamente.

-Eu não acredito que vocês não vão me defender. Os pais da família tradicional proibem suas filhas de namorar, sabiam?

-Você quer que nós...

-Não, obrigada - Ela rolou os olhos e cruzou os braços abaixo do peito, irritada, mas olhando de vez em quando para a sala. Eu estava rindo da situação quando Emily apareceu de repente e pulou nas costas de Ashanti, rindo e beijando sua bochecha um milhão de vezes, sussurrando alguma coisa que eu não conseguia ouvir, mas que fez com que minha filha não conseguisse segurar um sorriso. Lexa sussurrou "gays" em meu ouvido e voltou a pegar algumas coisas da geladeira para as meninas comerem.

-Oi tia Lex e oi tia Clarke - Emily cumprimentou gentilmente, nos abraçando. Ela era sempre gentil e simpática e realmente educada. Tinha olhos cinzentos e seu longo cabelo castanho claro alcançava a cintura. Não era muito difícil de entender quando Ashanti falava de como ela era bonita entre suspiros. Eu realmente não sei como não notei esses sentimentos antes - Posso roubar a Ash de vocês? Nós vamos jogar Just Dance e ela é tipo, a melhor dançando.

-Claaaro - Lexa piscou para as duas, mas Ashanti puxou a garota para a sala antes que entendesse o que aquela piscadela significava.

Bem, aquela seria uma noite divertida.

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As garotas dançaram e jogaram até que estivessem suadas e cansadas, e só então vieram comer alguma coisa. Lexa e eu subimos e ainda podíamos ouvir as gargalhadas altas das adolescentes.

Elas subiram depois que já havíamos tomado banho. Eu estava escrevendo em meu notebook e Lexa estava deitada em meu ombro, espiando. Ashanti entrou no quarto de repente, carregando Annabeth nas costas.

-Desculpem por não ter batido na porta. Anna está me escravizando.

-Pra você parar de dar atenção pra a namoradinha e me dar um pouco de amor, sua negligente.

-Anna, eu tenho certeza de que ela te ama mais do que ama Emily, por favor não quebre a coluna da sua irmã - Pedi carinhosanente - Queriam alguma coisa?

-Nada, só dizer que estaremos no quarto - Ashanti nos lançou o sorriso de canto que eu conhecia. Estava ali apenas para ter alguns minutos recarregando as energias. Buscando coragem para lutar pelo que valia a pena. É claro que nossos corações estavam apertados, mas era simplesmente o ciclo da vida. Enquanto não as impedíssemos de crescer, ainda teríamos nossas garotinhas.

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As meninas desceram para o café um pouco mais tarde, com olhos cansados que denunciavam o quão tarde foram dormir. Anna nem conseguia falar, apenas balbuciar e cochilar na mesa. As únicas que pareciam acordadas o suficiente para conversar eram as duas que tinham nossa atenção.

Emily e Ashanti.

As duas pareciam estar em uma bolha, rindo baixinho juntas, conversando e jogando elogios de um lado para o outro. Apesar de estarem quase caindo no sono, as outras garotas também notavam isso, olhando para as duas como se soubessem de tudo.

-Essa é a Ashanti que odeia filmes de romance porque são gays? - Lexa sussurrou para mim. Sorri olhando as duas agora em silêncio, se encarando como se o resto do mundo não existisse.

-Aw, Lex. É fofo.

-É muito fofo mas... eu não quero que ela se machuque.

-Ei. Nós não estaríamos aqui sem nossos machucados, amor.

A morena sorriu fraco e assentiu, beijando minha testa. Senti alguém cutucar meu braço e me virei para ver quem era, encontrando belos olhos azuis.

-A serenidade no olhar de quem deu uns selinhos na amiga - Anna sussurrou, apontando discretamente para as duas garotas. Eu já sabia que algo do tipo havia acontecido, só não pude evitar minha expressão chocada. E se eu conhecia bem a mulher ao meu lado, ela encarava Annabeth da mesma forma - A cara de vocês é a melhor parte disso tudo.

-Uma mãe pode ter ciúme?

-Awww - Anna sorriu gentilmente e abraçou Lexa com força, prendendo alguns fios de cabelo entre os dedos como fazia desde pequena - Claro que pode, Mama. Mas você sabe que nós nunca vamos pra muito longe de vocês - Ela se afastou um pouco de Lexa para poder me olhar também - Vocês duas nos salvaram, sabe? Eu não sei onde estaria ou quem seria se vocês não tivessem aceitado o desafio, e tenho certeza de que Ash sente o mesmo. V-vocês n-nos salv...salvaram.

Os olhos azuis se encheram de água e ela suspirou, com um sorriso carinhoso. Porém, não estávamos sozinhas, e logo as outras meninas iniciaram uma sequência de "owwwwwn", e pularam para abraçar Anna.

Mais tarde, quando as garotas foram embora e nós nos jogamos no sofá da sala de qualquer jeito para ver um filme e relaxar um pouco no nosso final de semana; quando Annabeth e Ashanti pararam de contar sobre tudo o que aconteceu e pegaram no sono; tudo o que Anna havia dito ecoou em minha cabeça, me fazendo sorrir. Eu não pude dizer na hora, e esperava que ela soubesse.

Elas nos salvaram também.