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História 12 Sóis - Consertar Você


Escrita por: Reeichel

Notas do Autor


Oi gente!

Sei que vcs não aguentam mais a palavra 'atraso' vindo de mim, mas infelizmente é maior do que eu.
Então pra evitar tristezas, venho avisar que em dezembro e talvez inicio de janeiro a entrega dos capitulos será feita de duas em duas semanas. To na reta final das provas, tem o natal e ano novo ae e acho que ninguém vai ficar lendo fanfic nesse período hahahahah

Daqui a pouco entro de férias e volto ao normal! hehehehehe

O capitulo de hoje é meio... Frustrante.... hahahah estamos naquele período da fic que não tem ninguém feliz ou bem, tá todo mundo baqueado e triste, querendo morrer e o escambau ~drama~ mas eles vão superar isso gnt, tenho certeza! hahahaha

'Consertar Você' - Além de ser o título da música do coldplay Fix You - remete exatamente a isso. Todos querem consertar as coisas, melhorar tudo, mas a maioria percebe que ou é muito dificil ou quase impossível HAUEHAIHEAHEAIUHEAUIE

Mas a esperança é a última que morre, não é? hahahha

Sem mais delongas, na capa de hoje temos ela, a odiada, temida, talvez amada por alguns, sombria e uma das minhas personagens favoritas - sou estranha - Jun Ah! E essa é a última capa das antigas! As próximas estão repaginadas e estou até com um orgulhinho de mim, pq sou péssima no PS mas até que elas ficaram fofas!

Espero que gostem! Estou indo responder os coments passados agora msm! hahaha
Bjos!

Capítulo 16 - Consertar Você


Fanfic / Fanfiction 12 Sóis - Consertar Você

Consertar Você

- Vamos lá, Kris. Você consegue. – O lobo implorou, mas aquele tremor em suas mãos não parecia querer ceder.

Se era loucura tentar impedir sua transformação no lobo? Sim, era. Mas Kris tinha que tentar, por ele e por Min Seo. Se não conseguisse nunca poderia ser feliz ao lado dela e nunca impediria a Guerra. Portanto, por mais loucura que isso fosse, Kris tinha que tentar com todas as suas forças.

Mas era difícil, muito difícil. Kris não era fã de histórias de lobisomens – apesar da irônica semelhança – mas sempre quando via um filme do tipo sentia uma sensação extremamente familiar. Primeiro, seu coração acelerava à limites exorbitantes e depois quase parava, fibrilando insanamente. Quando ele não tinha controle nenhum sobre suas transformações, esse sintoma era o suficiente para que ele perdesse os sentidos. A medida em que ele tentava controlar a maldição, ele pôde notar as outras características de sua transformação e elas não eram nada boas. Na verdade, Kris nunca se sentira tão na beira da morte e da loucura quanto aqueles poucos minutos em que lutava para não se transformar.

As unhas se transformando em garras era o passo seguinte. Era doloroso e assustador vê-las furando sua carne. Os dentes pontiagudos machucavam o interior da sua boca e uma intensa dor de cabeça torturava seu cérebro, implorando para que ele cedesse aos apelos do lobo.

Ele não cederia. Poderia morrer tentando, mas não cederia. Conseguiu frear o crescimento de suas garras e sua respiração se acalmava lentamente. Tinha que manter sua mente funcionando, seu objetivo claro em seus olhos. Se sua mente se esvaziasse por poucos segundos ele perderia todo seu esforço.

Pensou em Min Seo, em como ela ficaria feliz quando soubesse que ele estava totalmente controlado. Pensou que poderia protege-la de tudo e ter um final feliz, pensou que poderia ficar com ela para sempre.

Pensou que poderia dizer que a amava.

- O que você me faz fazer, hein, garota tonta? – Ele resmungou, lutando para delinear um sorriso.

Olhou para o céu, admirando a lua cheia. Conseguia sentir cada ser vivo rondando a floresta, cada folha que se desprendia de uma árvore. Conseguiria ouvir até um alfinete caindo no chão, de tanto que seus sentidos estavam aguçados. E foi exatamente por isso que ele sentiu o cheiro de Min Seo, mesmo ela a vários metros de distância dele.

Um estalo. A garganta de Kris ameaçou fechar e o desespero começou a tomar conta dele. O que ela estava fazendo ali? As garras romperam seus dedos numa velocidade incrível e seu coração parecia querer explodir, fazendo com que ele se curvasse e caísse no chão.

- Não, não, não! – Ele gritou, agora segurando a cabeça. Seu crânio parecia rachar com a pressão.

Min Seo não poderia estar ali, ele a mataria em poucos segundos se trombasse com ela. Rezou para que ela desse meia volta, mas o cheiro ficava cada vez mais forte, tentou se levantar para correr na direção oposta, mas suas pernas estavam moles. Tinha que se manter focado, senão a mataria. Não tinha escolha, precisava conter o lobo.

Tapou a boca para conter um uivo contundente, a respiração agora difícil e pesada. Sua mente se tornava nebulosa aos poucos, sinal de que ele estava perdendo.

- Fique calmo, fique calmo...! – Ele implorou mais uma vez, mas seus apelos eram inúteis.

Os passos de Min Seo era como uma contagem regressiva para o fim de seus desejos. Kris conseguia odiá-la nesses momentos de burrice disfarçada de ato heroico. Por inúmeras vezes ele pediu que ela nunca chegasse perto dele em época de lua cheia, quase ficando de joelhos para isso. Mas lá estava ela, prestes a ser morta. A burrice dela era a tampa do caixão dos dois.

Fechou os olhos quando a sentiu muito perto, ouvindo o bater de seu coração. Sua transformação já estava quase no final e ele estava desistindo.

- Kris... – Seria aquela a última vez em que ouviria a voz dela? Foi o último pensamento dele antes de apagar completamente.

Quando Min Seo se deparou com aqueles olhos vermelhos, ela finalmente se deu conta do que tinha feito. Por longos segundos o lobo a encarou com um sorriso débil no rosto, um semblante inteligível. Em seu primeiro encontro com ele – na noite em que Kris descobrira que ela era o Le Parkour Ninja – Min Seo sentiu medo, muito medo. Mas nada se comparava àquele momento. Não havia a mínima possibilidade de Kris retornar a sua consciência, os olhos raivosos lhe diziam isso. E ele a mataria, a mataria da forma mais dolorosa que encontrasse.

Por sorte, seus reflexos conseguiram salva-la da primeira investida. Min Seo correu pela floresta com toda força que tinha, apesar de estar sem rumo e apavorada. Contudo era inútil correr; Kris a alcançou um pouco depois, derrubando-a no chão e rasgando sua pele com as garras. O lobo escolheu cuidadosamente a morte dela, optando pela mutilação. Queria vê-la em pequenos pedacinhos sangrentos ao seu redor.

- Kris, não! Por favor! – Ela suplicou gritando enquanto as garras do lobo lhe cortavam os braços, deixando um rasto de destruição.

Min Seo lutava para sair do chão, mas o lobo a arrastava para baixo dele sempre que ela tentava alguma coisa. Nem seus gritos desesperados conseguiam trazer Kris de volta. Morreria por sua estupidez e ainda o condenaria a eterna culpa por isso.

Com um chute, conseguiu joga-lo no chão. Rolou pela terra suja, levantando-se com dificuldade, tornou a correr pela floresta, sem muitas esperanças de que conseguiria fugir dele.

O uivo do lobo cortou a noite. Era um barulho tão alto e potente que a fez cair no chão, a terra tremulando aos seus pés. O restante da floresta era silêncio puro, indicando que nenhum animal se atreveria a cruzar o caminho dele naquele momento. Min Seo estava sozinha, perdida para sempre.

O lobo a encontrou novamente, puxando-a pelos cabelos para, em seguida, tornar a joga-la no chão. Apertou seu pescoço com as garras, sufocando sua presa desarmada. Min Seo sentiu os músculos de sua garganta se lacerarem vagarosamente e a falta de ar torturar seu corpo.

Resolveu então fazer a única coisa que sabia fazer. Estendeu as mãos, tentando segurar o rosto do lobo enquanto ele permanecia cortando sua pele com as garras. Concentrou-se o máximo que pôde e usou seu poder nele, desejando que isso o fizesse parar um pouco.

Fechou os olhos, não suportando mais a dor dos ferimentos. Ficou assim por incontáveis minutos, descarregando toda sua energia nele. Percebeu que aos poucos ele parava de ataca-la, até que ele estivesse completamente imóvel.

- Kris... – Ela murmurou, pendendo seus braços no chão – Você está bem?

Kris piscou várias vezes. Estava em cima de Min Seo, que perdia muito sangue devido aos cortes que ele fizera. Sua mente estava confusa e ele mal se lembrava de respirar. Pela primeira vez ele conseguiu voltar de uma transformação antes do nascer do sol. Como era possível?

- O-o que você fez? – Ele perguntou, sem conseguir sair do lugar.

- Usei meu poder... Foi a única coisa que pensei... – Ela disse – Parece que a sua maldição é como um machucado... Talvez por isso...

Kris se deu conta que Min Seo estava fatalmente machucada, e isso fez com que ele voltasse a perder o controle. Min Seo cuspia quantidades enormes de sangue, lutando para permanecer consciente.

Kris Levantou-se rapidamente, tentando tirar o cheiro do sangue dela de sua mente. O pulsar fraco do coração de Min Seo era como um convite para ataca-la. Uma simples cura de Min Seo não deixaria o lobo calmo por muito tempo, ele sabia disso.

- Se cure! Rápido! – Ele pediu e ela prontamente o fez. Tapou os ouvidos quando ela tentou se levantar, engasgando no próprio sangue.

Quando ela estava totalmente curada, Kris explodiu de raiva. Não como o lobo, mas como alguém que teve uma tentativa frustrada de sucesso e quase matou a pessoa mais importante para sua vida.

- Sua irresponsável! – Ele gritou, o lobo remexeu-se, dizendo que era um absurdo ser parado – Eu não te falei?! Eu sempre te falei! Eu poderia ter te matado! Sua burra, estúpida!

- Eu só queria ajudar! – Ela gritou de volta, chateada – E consegui! Você controlou o lobo!

- Isso não é controlar o lobo! Eu estava conseguindo e você atrapalhou tudo! Sua burra, idiota!

- Kris, eu não queria... – Ela balbuciou, mas ele a interrompeu, segurando seu braço.

- Me escute, me escute bem. – Ele rosnou e o brilho vermelho tornou a voltar – Nunca mais volte aqui. Já chega, você só atrapalha! Nosso acordo acabou e da próxima vez que você voltar a colocar os pés aqui eu vou te matar de verdade, me ouviu?

Kris a jogou no chão, irritando-se com as poucas lágrimas que ela derramava. Estava farto da desobediência dela, não poderia lidar com isso agora. A promessa de protege-la significava exatamente isso: ter que protege-la até dela mesma. Kris sabia que ela nunca iria ouvi-lo se falasse com jeito, portanto tinha que ser assim.

A imagem dela machucada, o sangue escorrendo lentamente, a vida fugindo de seu corpo, tudo isso só aumentava ainda mais a culpa de Kris. Mesmo tendo conseguido voltar da transformação, ele se considerava um fracassado. Aquela imagem o perseguiria para sempre, o pensamento de que ele poderia ter a matado se ela não o parasse.

- Não volte mais aqui! Estou falando sério! – Ele gritou novamente, correndo pela floresta. O lobo não tardaria em voltar e ele tinha que sair dali o mais rápido o possível.

Min Seo estragara tudo. Ele foi um tolo ao achar que poderia controlar o lobo. Só de senti-la perto ele perdeu o controle em poucos segundos. Era idiotice querer tanto uma coisa que era impossível, era contra sua natureza.

Nunca conseguiria impedir a Guerra, nunca se veria livre do lobo.

Nunca ficaria com Min Seo.

 

***

 

Dor.

Mais do que a dor física, a alma de Eun Hae estava doendo.

Qual seria o limite da dor? Por quanto tempo ela aguentaria ser humilhada e torturada por Jun Ah? Por quanto tempo ela suportaria estar entre o limite da vida e da morte?

Tentou respirar fundo, mas suas costelas pareciam quebradas e o movimento se mostrou doloroso demais para ser concretizado. Tentou ao máximo não se mexer na cama, querendo ficar o mais imóvel possível para que ela conseguisse pegar no sono. Mas não era a dor física que mantinha seus olhos abertos, era a preocupação de ter que esconder tudo de Kyungsoo, a culpa de ter chegado ao ponto de ter que mentir para ele.

Eun Hae não teria como esconder dele por muito tempo, ela sabia disso. Kyungsoo era seu namorado e os dois dividiam a mesma casa, estavam sempre juntos. Kyungsoo conseguia até adivinhar o que ela estava pensando só de olhar para ela. Seria impossível esconder isso dele, mas Eun Hae tinha que tentar.

“Ou não sabe ainda que seu queridinho Kai está traindo o clã por sua causa?” as palavras de Jun Ah eram lembradas a cada fisgada de dor que Eun Hae sentia. Tudo era culpa dela. Tudo.

Ouviu Kyungsoo entrar no quarto e imediatamente se escondeu debaixo das cobertas, mesmo com a noite estando insuportavelmente quente. Ele parecia distraído e não percebeu o comportamento estranho, indo direto para o banheiro.

Precisava ser convincente, tinha que dar o melhor de si. Eun Hae levantou-se com dificuldade e foi até a penteadeira do quarto. Elevou a camisola e tirou as ataduras que Tao colocara nela, expondo os hematomas e cortes do doentio treino de Jun Ah, todos estrategicamente em regiões que Eun Hae pudesse esconder com suas roupas. Fez o que pôde para camuflar os machucados com base e corretivo e colocou a camisola de volta, jogando as ataduras num canto escondido. Voltou para a cama bem a tempo de Kyungsoo sair do banheiro, úmido do banho recém tomado, secando os cabelos com a toalha.

- Tudo bem? – Ele perguntou, notando a expressão angustiada da namorada.

- Tudo. – Eun Hae murmurou debaixo das cobertas, tentando parecer natural.

Kyungsoo se aproximou devagar, sentando ao lado dela na cama. Nervosismo era pouco para descrever o que ele estava sentindo naquele momento. Eun Hae estava do lado dele, mas parecia longe, os olhos sem o mesmo brilho de antigamente, o brilho pelo qual ele era apaixonado. Havia uma sensação de perda rondando o ar e Kyungsoo não distinguia o que ele poderia estar perdendo. Eun Hae estava ali, olhando para ele, mas Kyungsoo estava perdendo algo.

Estava a perdendo. Aos poucos e vagarosamente, Kyungsoo estava perdendo Eun Hae.

Inclinou seu corpo e beijou seus lábios, um beijo triste e estranho, frio ao contrário daquela noite quente. Eun Hae correspondeu timidamente, apoiando seus braços no pescoço de Kyungsoo.

- Kyungsoo... – Ela sussurrou colada aos lábios dele. Sentia que estava prestes a começar a chorar e isso colocaria tudo a perder. Precisava fazer alguma coisa – Apaga a luz.

Quando a escuridão invadiu o quarto Eun Hae soltou um suspiro, esperando que Kyungsoo se deitasse ao lado dela. Quando sentiu sua respiração bater em seu pescoço, os suaves beijos por sua clavícula, Eun Hae quis morrer. Ela o amava -  e como o amava! – mas estar nos braços dele escondendo tudo aquilo era sua sentença de morte. Jun Ah poderia matá-la se quisesse, Eun Hae não se importava mais. Só não aguentava mais ter que esconder tudo da pessoa que mais amava, ter que vê-lo infeliz e atormentado por causa dela.

- Eu te amo, Eun... – Sofrimento. Esse era o tom de voz de Kyungsoo enquanto ele puxava a camisola de Eun Hae. A estranha sensação de perda apertando seu coração.

Eun Hae o beijou como nunca antes, abraçando o corpo dele contra o seu. O perfume inebriante acalmava um pouco, o cheiro afável e tão conhecido a acalentava. Gostava da pele dele tocando a sua, gostava de tê-lo perto dela.

Eun Hae nunca teve dúvidas de que amava Kyungsoo com todas as suas forças, mas os acontecimentos que se seguiam deixaram sua mente embaralhada. Kai gostava dela, ela tinha quase certeza disso. E agora estava traindo o clã para arranjar um jeito de salva-la. Independentemente do que sentia por ele, Eun Hae se achava na obrigação de protege-lo, assim como ele o fez várias vezes em relação a ela.

Mas o que fazer quando essa proteção machucava terrivelmente Kyungsoo? Esse era o dilema dela.

- Eu te amo... – Kyungsoo repetiu suas palavras febris ao acariciar de maneira íntima o corpo daquela que tanto amava – eu te amo tanto...

Dor.

Eun Hae só conseguia sentir dor.

Nem mesmo a presença de Kyungsoo tão próxima anestesiava aqueles sentimentos de pesar e angústia. Eun Hae não conseguia dizer uma única palavra, lutando contra si mesma para não perder a consciência para seus problemas.

O peso do corpo de Kyungsoo em cima do seu esmagava seus ferimentos. Eun Hae tentou se virar, mas não conseguiu evitar de gritar quando o fez. Kyungsoo deu um pulo, afastando—se rapidamente.

- O que houve? – Ele perguntou, assustado – Eu te machuquei?

- Não, não foi nada... – Mentiu. Porém as lágrimas a denunciaram.

Kyungsoo puxou as cobertas, tentando enxergar o corpo dela no escuro. Mesmo no breu total ele conseguiu identificar as marcas roxas que se destacavam na pele branca de Eun Hae. Quando ele tocou uma delas Eun Hae gemeu de dor, escondendo-se novamente nas cobertas.

- O que é isso?! – Kyungsoo correu até o interruptor e acendeu as luzes – O que aconteceu com você?

- Eu cai da escada... Não queria te preocupar. – Eun Hae tentou vestir a camisola, mas Kyungsoo a impediu.

- Esses machucados não são de quem caiu de uma escada, Eun Hae! Quem fez isso em você?

Eun Hae recolocou a camisola, evitando emitir qualquer som que mostrasse sua dor. Afundou-se na cama e virou para o lado oposto, cortando o contato visual com Kyungsoo.

- Quem fez isso em você? Quem te machucou desse jeito? Foi alguém do clã? Foi a Jun Ah?

O silêncio dela era sepulcral. Kyungsoo lutou contra as lágrimas que tentavam escorrer de seus olhos, tirando o cabelo ruivo da testa dela num gesto carinhoso.

- O que aconteceu com você? Me diga, por favor... Quem fez isso com você? – Implorou, já não querendo mais esconder suas lágrimas – Eu vou consertar isso, não vou deixar que te machuquem, eu....

- Não há nada que você possa fazer. – Eun Hae sentou na cama, dessa vez olhando fixamente para ele – Porque fui eu que fiz isso comigo mesma.

Perda.

Kyungsoo finalmente se dera conta do que estava perdendo. Sua mente se negava em aceitar aquele fato exposto por ela como uma ferida aberta, mas Kyungsoo tinha a completa consciência de que Eun Hae estava perdida. Deixou seu corpo recostar-se na cabeceira da cama, as pontas dos dedos entorpecidas e o constante aperto no coração sufocando seu peito, incapacitando-o de proferir qualquer som ou palavra.

- Por quê? – Foi a única coisa que ele conseguiu dizer depois de muito tempo.

- Porque eu quero morrer. – Pesadas, as palavras de Eun Hae terminaram de perfurar o coração de Kyungsoo.

Não era a primeira vez que Kyungsoo ouvia aquela frase. Das outras vezes Eun Hae repetia isso constantemente enquanto ele a abraçava forte, dizendo que tudo ficaria bem. Por mais desesperada que ela estivesse, Eun Hae conseguia se acalmar e adormecia em seus braços, para no dia seguinte acordar com um ânimo melhor. Todas as noites, Kyungsoo ia até o quarto dela e a abraçava, dizendo que tudo iria se resolver, que a protegeria de qualquer mal que pudesse machuca-la. E em todos os dias que se seguiam depois disso, Eun Hae concordava, feliz e amável, convicta de que poderia ser forte mesmo definhando por uma doença desconhecida.

Todas as vezes em que Kyungsoo ouvira aquela frase, todas as vezes em que olhara para aqueles olhos tristes e confusos, ele conseguia trazer uma força oculta de dentro dele que não deixava que ele perdesse as esperanças. Algo dentro dos olhos de Eun Hae lhe dizia para continuar tentando, para que não desistisse.

Então por que estava tão perdido agora? Por que essa estranha perda rondava seu espírito?

- Eun Hae, tudo vai ficar bem, eu vou resolver isso... – Ele tentava resgatar a força dentro de si, mas estava confuso e sua voz estava embargada - Se é por causa do Kai, eu vou traze-lo de volta... Só, por favor... Não fale isso. Eu vou fazer de tudo, mas... Por favor...

- Não há nada que você possa fazer. – Ela repetiu – Porque sou eu que quero isso.

Porque a perda era real. Pela primeira vez, Eun Hae estava sendo verdadeira.

Kyungsoo levantou-se da cama timidamente, vestindo as roupas que nem se lembrava mais de ter tirado. Deu a volta na cama e encarou Eun Hae por um curto período de tempo, na esperança de resgatar a força que tanto queria. Contudo, não estava mais lá. Por mais que ele procurasse, tudo o que via no olhar de Eun Hae era o vazio. E o reflexo de seu próprio vazio, refletindo nos olhos dela.

- Você e eu... – Ele murmurou, um pouco incoerente e fechando os olhos. Não suportava mais olhar para aquilo. – Eu consigo ver nós dois morrendo... De alguma forma... Eu consigo ver....

Beijou os lábios dela mais uma vez. Parecia o último beijo, algo que ele nunca pensou que faria tão cedo. Eun Hae intensificou o movimento, numa dolorosa complacência. Parecia um término, mas Kyungsoo não queria isso, não queria ficar longe dela. Parecia uma despedida, uma pungente e intensa despedida.

- Nós estamos morrendo, Eun Hae? Estamos? – Kyungsoo perguntou.

Eun Hae aquiesceu fracamente, soltando-se dele e voltando a deitar na cama. Kyungsoo limpou o rosto, caminhando até a porta para sair do quarto.

A dor dilacerando-a aos poucos.

A perda negando-se a deixa-lo.

 

***

 

- Que bom que você está de volta, Ji Yeon. Sentimos sua falta nas reuniões do jornal. – Disse Song Jong Ho, vice presidente do jornal do colégio, quando a reunião começou.

- Obrigada, Jong Ho-sshi – Ji Yeon curvou-se em respeito, se encolhendo na cadeira – Também estou feliz em voltar.

- Você deveria tomar mais cuidado por onde anda. – Go Eun Ah, a responsável pela coluna de fofocas do jornal, uma garota corpulenta e com um ar afetado, desdenhou do machucado que JI Yeon tentava esconder – Colocar a mão na caldeira da escola é um tanto estúpido.

Ji Yeon abaixou a cabeça, como se concordasse com aquilo. Não poderia dizer para seus colegas que, na verdade, um homem louco numa cadeira de rodas usou seu poderes para queimar sua mão, enquanto seu namorado – Ex-namorado, ela rapidamente se lembrou – não pôde fazer nada mesmo tendo a capacidade de mover objetos com a mente. A verdade era confusa demais para todos e ela quase desejou que fosse realmente tão estúpida quanto Go Eun Ah achava.

- Não seja tão dura com ela, Eun Ah – Jong Ho pediu, sorrindo piedosamente para Ji Yeon – Foi só um deslize. Não acha, Luhan?

Luhan acordou de seu devaneio quando foi chamado. Desde que entrara na sala de reunião e se sentara na cadeira, sua mente estava presa à imagem de Ji Yeon na sua frente. Seus olhos iam da queimadura, agora primorosamente enfaixada e tratada, até os olhos da pessoa que tirava seu sono durante dias.

Luhan lutava contra si mesmo para não subir na mesa e ir de encontro a ela, abraça-la forte e implorar por perdão. Mas aquela queimadura era um aviso claro de que não poderia nunca mais se aproximar dela do jeito que queria. E era doloroso, extremamente doloroso vê-la tão perto e ao mesmo tempo tão longe.

- Eu acho que deveríamos começar a reunião. – Ele respondeu, ríspido. Tentou não olhar para Ji Yeon quando esta pousou seu olhar nele. Se cruzassem os olhares Luhan não responderia mais pelos seus atos.

Todos concordaram e por meia hora os integrantes do grupo se empenharam na busca por novas notícias para uma das últimas edições do jornal do período letivo.

- Temos que nos focar na formatura – Jong Ho declarou – e no festival de verão que é daqui há alguns dias.

-  Eu queria fechar a edição com uma bomba, sabe? – Go Eun Ah disse com os olhos brilhando – Algo que todos lembrassem depois de anos!

- Acho que só precisamos terminar bem a edição. – Luhan respondeu, olhando os papéis distraidamente. A última coisa que precisava no momento era uma bomba para afetar mais ainda o dia a dia de todos no colégio.

- Eu lembro que alguém disse, assim que entrou no jornal, que iria descobrir a identidade de um certo delinquente escolar... – Eun Ah olhou para Ji Yeon maliciosamente – Isso sim seria um ótimo jeito de fechar a edição.

Ji Yeon levantou a cabeça, olhando para todos em sua volta. Estavam falando dela, mas ela nem sequer notou isso. 

- De jeito nenhum! – Luhan alarmou-se, fuzilando Go Eun Ah com os olhos.

- Seria uma boa ideia... – Um garoto magro e com armações grossas se pronunciou – Aliás, a Ji Yeon só entrou no jornal porque convenceu todo mundo de que ela iria desmascarar o Le Parkour Ninja.

- Não! Isso é loucura! – Luhan irritou-se, levantando da cadeira bruscamente.

E, por vários minutos, Luhan discorreu que em hipótese alguma deixaria Ji Yeon se arriscar numa procura pelo Le Parkour Ninja. Para ser sincero, Luhan tinha até esquecido da existência desse infeliz há vários meses atrás. Estivera muito ocupado sendo feliz ao lado dela para se lembrar do delinquente juvenil.

Ji Yeon observava Luhan incrivelmente consternado, agindo como costumava agir quando não queria vê-la correndo perigo. O excesso de proteção ao redor dela era adorável, o ciúme de tudo e de todos.

Entretanto, Luhan não poderia mais agir assim. E ela tinha que lembra-lo disso.

- Eu vou fazer isso. – Ji Yeon disse, interrompendo o discurso de Luhan – Eu vou achar o Le Parkour Ninja.

Todos olharam para ela, mas somente um olhar interessava. Luhan pela primeira vez teve coragem de olha-la nos olhos e por segundos que pareceram horas, ficou observando aquela que não queria ter perdido. A vontade de quebrar a sala inteira voltou em sua mente, dificultando o raciocínio.

- Ótimo. – Song Jong Ho disse, encerrando a reunião que Luhan parecia não querer terminar – Nos vemos semana que vem, então. Obrigado a todos.

Luhan esperou que todos saíssem, mordendo o lábio inferior numa fisionomia do mais puro descontentamento. Quando Ji Yeon ameaçou sair da sala ele a segurou pelo braço, lutando para falar alguma coisa. Falar parecia um esforço gigantesco.

- Você não pode fazer isso.

- Não aja como se pudesse ditar o que eu devo ou não devo fazer.

- Eu só não quero que você se machuque... – Luhan encurtou a distância entre os dois, aproximando seu rosto da lateral dela. A proximidade era inevitavelmente perigosa.

Ji Yeon virou seu rosto, ficando a poucos centímetros dele. O aperto em seu braço era doloroso, mas ficar tão próxima era mil vezes mais. Observou os cílios loiros pestanejarem, suaves, enquanto ele apertava os lábios mecanicamente, aspirando o perfume de seus cabelos. Ficaram parados naquela posição por alguns segundos, onde somente o som dos longos suspiros dos dois eram ouvidos.

- Por favor... – Ele implorou baixinho, soltando o braço dela e passando o polegar por sua mandíbula. Luhan já não era dono de seus movimentos.

- Acho que é tarde demais pra querer que eu não me machuque. – Ji Yeon cortou o contato rapidamente. Levantou a mão machucada até os olhos de Luhan, mostrando que ele estava atrasado.

Luhan deixou que ela fosse embora, fechando os olhos para que pudesse manter pelo menos um pouco da presença dela em sua memória. Apertou as pálpebras quando sentiu suas órbitas arderem, querendo não chorar. Não era forte o suficiente para suportar isso, precisava dela, precisava da presença dela ao seu lado. Enlouqueceria se não a tivesse.

Já estava enlouquecendo.

 

***

 

- Você deveria desistir logo. – Jun Ah disse enquanto observava as unhas. Toda essa tortura estava acabando com sua manicure – Estamos fazendo isso há, sei lá, dois dias e você já está quase morta. Você deveria ter pena de gastar tanto o meu tempo.

Eun Hae se levantou pela milésima vez do chão, limpando a boca suja de sangue. As provocações de Jun Ah machucavam sua alma, mas ela não tinha forças para responde-las. Pensou que se conseguisse passar por aquilo calada, Jun Ah se cansaria rápido e terminaria seu martírio.

- Não vai choramingar hoje? – a líder perguntou, rodeando-a como um predador que encurrala sua presa – Não vou me divertir se você não fizer isso...

Jun Ah poderia fazer o que quisesse, Eun Hae não se importava mais. Depois da última noite com Kyungsoo pouca coisa importava para ela. Morrer ou sobreviver, isso era só um mero detalhe. Olhar para Kai também era um suplício. Tudo o que sentiu no dia de aula foram os olhares de Kai sobre ela, olhares de preocupação e culpa. Será que ele tinha ideia do que se passava? Ou era tão ingênuo quanto ela ao pensar que Jun Ah esqueceria do ocorrido?

O que ela aprendeu nesse curto período estando com a líder era que Jun Ah não se esquecia de nada. E sempre castigaria seus campeões pelos seus erros. Tudo para que conseguisse vencer o clã Yang. Se era necessário leva-los além dos limites da atrocidade para que sua vitória estivesse garantida, ela faria isso sem pestanejar.

- Ela já está no limite, Jun Ah. – Tao disse do canto da sala. Estava um pouco cansado de observar aquilo, pois tinha coisas mais interessantes pra fazer.

Coisas como preparar sua armadilha para Kris e Min Seo.

- Você vai matá-la desse jeito e sei que não é isso que você quer – Ele continuou – Pensei que quisesse que ela se matasse.

- Acho que não sei esperar... – Jun Ah sorriu ao dar mais um golpe em Eun Hae. A libélula tombou no chão mais uma vez, mas não emitiu nenhum som, deixando a líder um pouco frustrada – E não tenho tanto tempo assim.

Jun Ah continuou sua tortura e Tao suspirou profundamente, um pouco entediado. Ouviu passos adentrando a sala de treinamento e sorriu quando reconheceu quem era. Isso seria divertido.

- Olha quem veio te visitar, Jun Ah – Ele disse, rindo da expressão de horror que Kris tinha no rosto ao ver Eun Hae – Acho que esqueci de trancar a porta...

- O que você está fazendo? – Kris correu até Eun Hae, tentando acudi-la. O cheiro de sangue ainda o incomodava devido aos efeitos ainda presentes da lua cheia.

- Não sabe bater na porta? – Jun Ah perguntou, revirando os olhos – Essa não foi a educação que te dei...

- Responda à minha pergunta – Kris rosnou, lançando um olhar mortífero para Jun Ah. Seu estômago revirou ao ver aquela cena e ele estava com um mal pressentimento.

Talvez fosse a frustração da briga com Min Seo, mas Kris não estava em seus melhores dias. Resolvera procurar Jun Ah para uma simples conversa, para, quem sabe, conseguir acalmar sua mente. Mas ele tinha a impressão de que não importava para onde ele olhasse, ele sempre veria o caos reinando no local. Era enlouquecedor.

Levantou Eun Hae do chão com cuidado, identificando todas as marcas e ferimentos pelo corpo pequeno dela. Algumas com certeza eram mais antigas, revelando que não era a primeira vez que aquilo acontecia.

- O que estou fazendo? O que estamos fazendo, Eun Hae? – Jun Ah perguntou, piscando os longos cílios.

Eun Hae se soltou de Kris, lutando para permanecer em pé. Teve que reunir forças do fundo de seu ser para sorrir e abanar as mãos, querendo que Kris entendesse que tudo não se passava de um mal entendido.

- Estamos só treinando, Kris... Não se preocupe... A Unnie só está tentando me ajudar pra Guerra, mas acho que não tomo jeito...

Jun Ah sorriu ao ouvir aquilo. Pelo menos Eun Hae era obediente.

- Viu só? Por que você sempre pensa o pior de mim, Kris?

- Eu desconfio de tudo desde que você aceitou esse traste de volta – ele respondeu apontando para Tao. O moreno deu uma risadinha de satisfação.

- Sabia que ia sobrar pra mim... – Tao se manifestou, indo de encontro ao lobo – Mas entendo a sua aflição, Kris. O que eu fiz foi muito errado, me desculpe.

Kris ficou nauseado com aquelas palavras. Sabia que eram mais falsas do que uma joia barata, só não conseguia entender o porquê dele estar se submetendo a isso. E nem como Jun Ah se convenceu de que as intenções dele eram boas.

Tudo o que ela anunciou foi “Eu tenho uma dívida imensa com ele e acho que isso lhe dá uma segunda chance”. Deveria ser algo muito importante para que ela concordasse em aceita-lo de volta. Kris chegou a perguntar para Sehun e Chen, mas o maknae estava tão no escuro quanto ele e Chen se recusou a responder alguma coisa. Mas, o fato era que Tao estava de volta e participando dos planos mirabolantes de Jun Ah. E isso era preocupante.

- Acha mesmo que eu vou aceitar suas desculpas? – Kris grunhiu, descontente.

- Acho que por hoje é só, Eun Hae. – Jun Ah interrompeu a intensa onda de conflito que se formava entre os dois rapazes -  Como você se comportou muito bem hoje, eu vou te dar um presente.

Segurou Eun Hae pelo braço até a porta e entregou um pequeno frasco sem que Kris visse.

- Sabe o que é isso? – ela perguntou. Eun Hae analisou o pequeno vidro que continha um liquido transparente, mas não conseguiu identificar o que era – É veneno. E não é qualquer veneno, é um daqueles que nem os melhores médicos poderiam identificar. E a morte é rápida e quase indolor.

- Por que está me dando isso?

- É para caso você se canse de esperar pela sua morte e queira acelerar as coisas. Sou muito boazinha, não sou?

- Como você pode ser tão cruel...? – Eun Hae perguntou, chorosa.

- Pense nisso como um golpe de misericórdia. A escolha está em suas mãos, insetinho. - Ela disse sarcasticamente.

A líder lançou um olhar gelado para ela antes de entregar o frasco e fechar a porta, voltando para a calorosa discussão entre Kris e Tao.

- Acha mesmo que vou acreditar nessa história de treinamento? – Kris voltou a encarar a líder, sem qualquer medo. Todos os campeões temiam de certa forma a ira de Jun Ah, mas Kris estava tão farto de tudo que nem se importou em contesta-la.

- O que eu acho é que você não deveria se meter onde não é chamado. Não sei se notou, mas a líder aqui sou eu. Não preciso ficar dando satisfações.

- Jun Ah, o que você está fazendo com a Eun Hae? – Kris tornou a perguntar. Seu olhar começando a ficar avermelhado.

- Você realmente está incomodado com isso, não está? Desde quando se importa com ela? Desde quando se importa com qualquer um? Está ficando emotivo?

- Pare de brincar com isso! Tudo isso é um jogo pra você?!

- Kris, se continuar com esse ataque, vou considerar suas ações como rebelião. E tenho certeza quer essas não são suas intenções...

- E se forem? – Kris agarrou um braço dela, fixando seu olhar vermelho no dela. Jun Ah nem ao menos piscou com a ameaça.

- Se forem indício de rebelião, meu querido Kris, a única coisa que tenha a dizer pra você é que tenho pena. Porque de todos os campeões, você é o que menos tem escolha nesse processo.

- Isso é o que vamos ver. – Ele disse por fim, soltando o braço dela. O lobo ainda não estava completamente controlado, mas isso era só questão de tempo. Jun Ah não seria mais dona de seu destino – Se eu souber que você continua com essa história com a Eun Hae, eu vou direto nos anciões, me ouviu?

Jun Ah deixou que ele fosse embora, rindo com sempre da falta de humor do lobo. Resolveu que não levaria aquelas ameaças para o pessoal, já que Kris sempre ficava desse jeito depois da lua cheia. Tao também ria ao seu lado, malicioso e dissimulado. Estava começando.

- Se eu não conhecesse tão bem o lobo – ele disse, arrumando distraidamente a sala de treinamento – diria que ele estava sendo verdadeiro quando disse que se rebelaria.

- Ele só está assim por causa da lua cheia. Sei que ele é fiel a mim, não tenho dúvidas disso...

- Sim, o sempre fiel e leal Kris, sempre ao lado da nossa poderosa Jun Ah...

O sorriso da líder evanesceu ao ouvir aquela frase. Tao sempre fora um tanto sarcástico em relação ao lobo, mas algo no tom de voz dele a deixou intrigada.

E se Tao estivesse certo?

 

***

 

- Alguma coisa está acontecendo com a Eun Hae. – Kai murmurou para Ji Yeon. Estava preocupado, muito preocupado.

- Como assim? – Ji Yeon perguntou, tirando sua atenção da tela do notebook por um instante.

- Ela parece... Mais fraca que o normal.

- Ela acabou de voltar do hospital, Kai. É normal que esteja fraca...

Kai mordeu o lábio, uma intensa preocupação atingindo sua cabeça. Conhecia Eun Hae, mesmo estando debilitada ela nunca ficara daquele jeito. Era como se estivesse se apagando... Ou morrendo.

- Só de olhar pra ela na escola eu acho que tem algo errado. – Ele continuou, fitando o quarto exageradamente rosa de Ji Yeon – Fico pensando se é tudo é minha culpa.

- E não é? Foi por sua causa que ela foi parar no hospital...

Kai fez uma careta com a resposta dela. Ji Yeon estava passando por uma fase péssima de mau humor. Naquele dia, particularmente, ela estava pior ainda.

- Precisa ser tão grossa? Esbarrou com o Luhan hoje? – Kai fez um muxoxo, indignado.

Ji Yeon o encarou friamente, franzindo as sobrancelhas num gesto que indicava reprovação. Kai revirou os olhos e deitou ao lado dela na cama, ignorando os protestos da garota. Pegou um dos livros das escrituras dos clãs e começou a fazer sua pesquisa. Ji Yeon resolveu ignorar o abuso de seu amigo e voltou para o notebook.

Tinha uma missão agora. Um missão muito importante que caíra dos céus para aliviar seu coração da constante lembrança de Luhan. Voltar a procurar o Le Parkour Ninja trazia de volta sua animação usual e ela quase pôde esboçar um sorriso. Talvez esse mistério não estivesse ligado aos clãs, já que nem Kai nem Luhan tinham ideia de quem poderia ser.

Procurar o Le Parkour Ninja seria a coisa mais normal que ela faria em meses.

- Ji Yeon, posso entrar? – Ela ouviu a voz de seu pai batendo na porta. Cutucou Kai ao seu lado e ele rapidamente desapareceu, bem a tempo do senhor Park entrar no quarto – Ia esperar até amanhã mas estou tão animado que não consegui esperar.

- O que foi, Appa?

- Isso chegou hoje de tarde – Ele entregou um envelope elegante para ela, sorrindo como uma criança.

Ji Yeon examinou o envelope, que continha o brasão da Universidade de Beijing. Dentro dele havia uma carta de admissão. Ji Yeon havia sido aceita no curso de publicidade da universidade.

- Appa! Mas eu nem me inscrevi...

- Eu e sua mãe te inscrevemos sem que você soubesse – O senhor Park sentou-se ao lado dela, culpado – Sei que seu plano é cursar uma faculdade aqui na Coréia, mas também sei que você adora a Universidade de Beijing! E você fez ótimos amigos na China, não fez?

- Appa... Eu nem sei o que dizer...

- Você não precisa ir se não quiser, Jiji... Mas, como te conheço bem, sei que você gosta de ter várias alternativas! O que quer que você escolha, saiba que eu e sua mãe estamos muito orgulhosos por você.

Ji Yeon não sabia o que pensar. Se seu pai aparecesse com aquela carta há alguns meses atrás, ela pularia de alegria. Olhar para o brasão da universidade, no entanto, só trazia dores em seu coração. Mesmo não querendo, lembrou-se das inúmeras conversas que teve com Luhan sobre o futuro, o desejo de irem para a mesma universidade, ela cursando Publicidade ou Jornalismo e ele Relações Internacionais ou Ciências Políticas. Não importava o curso, os dois só queriam estar juntos o máximo possível e aproveitar a companhia um do outro.

Como aqueles sonhos se distanciaram tão rápido? Ter um futuro com Luhan era tão impossível agora quanto voltar a ter o que tinha antes com ele.

- Só tem uma coisa – O pai dela continuou – Se você aceitar, terá que ir para China depois das provas finais. Parece que eles têm uma espécie de confraternização com os calouros... Acho que você não poderá comparecer a formatura...

- Mas isso é daqui há duas semanas! – Ji Yeon disse, aturdida.

- Pense com carinho, Jiji... O que você escolher será bom... – Ele a beijou no rosto e saiu do quarto, para que ela pensasse no assunto.

Assim que o senhor Park saiu do quarto, Kai reapareceu do lado dela. Notou a expressão aflita de sua amiga e a carta da universidade. Arrancou o papel das mãos dela, arregalando os olhos.

- Universidade de Beijing?! Você não vai pra China, vai? Você não pode ir!

- Por que não posso? Não tenho nada aqui... Que me prenda a esse lugar. – Ji Yeon abaixou os olhos marejados.

- Mas e quanto ao Luhan? E quanto a mim? E aquela história de impedir a Guerra?

Ji Yeon não respondeu, escondendo o rosto nas mãos e chorando baixinho. Kai leu e releu o papel infinitas vezes, na esperança que aquele texto mudasse ou desaparecesse. Mas logo entendeu que talvez fosse melhor que Ji Yeon se afastasse, que lutasse para voltar à normalidade de sua vida. Acariciou os cabelos negros dela e deu um beijo no topo de sua cabeça, abraçando-a em seguida.

- Ji Yeon, se você quiser ir... Não tem problema... Sei que até o Luhan entenderia.

- Eu não quero...! Mas não vejo outra escolha... Eu não consigo mais... Não consigo...!

Ela não terminou a frase. Abraçou Kai o máximo que pôde, chorando como nunca antes. Aquele era o fim de seu conto de fadas.

Era doloroso demais pensar nisso.

 


Notas Finais


Gente, calma... Geral tá meio depressivo, mas eles são fortes e aguentam mais do que imaginam.

NÃO SE DESESPEREM! AS COISAS VÃO MELHORAR! :DDDDDDDD

Ou não... Mwahuahiauhauihauihauihauia

Até a próxima! ^^

p.s.: Ah, gnt, só mais uma coisa! Quem quiser me add aqui ou no face, ou no twitter, por favor fiquem a vontade! Eu sou meio timida mas adoro fazer novas amizades e conhecer quem gosta das minhas histórias! *stalkeando as leitoras* hahahhahaha

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Beijocas!


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