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História 12 Sóis - Noite do Caçador


Escrita por: Reeichel

Notas do Autor


HO HO HO feliz natal! Só que não u.u

Então, era pra sair ontem, mas não consegui terminar. Ia ser um presentinho de natal, mas tá valendo ainda né?

NÃO ATRASO MAIS GALERE! To de férias e só tenho isso pra fazer, então... semana que vem ou até antes eu posto os demais capítulos!

Não posso falar mto agora pq tenho que sair daqui a dois segundos... vou responder os coments pelo cel no caminho ai ai ai

e aqui começam as capas novas! O que acharam?

Bjos bjos! Mais tarde eu faço uma nota melhor...

Capítulo 17 - Noite do Caçador


Fanfic / Fanfiction 12 Sóis - Noite do Caçador

Noite do Caçador

 

Mais um dia comum.

Luhan ajeitou-se na cadeira, tentando prestar atenção no professor. Olhou a janela, um pouco entediado, perguntando-se quanto tempo faltava para o fim das aulas. O dia lá fora era mais um daqueles impiedosos de verão, ostentando um grande e redondo sol a pino.

Perguntou-se também quantos dias comuns como aquele ele ainda teria.

Quando voltou sua atenção para a aula, percebeu que era o único da sala. Ultimamente ele se perdia tanto em seus pensamentos que nem notava o tempo passando. Arrumou suas coisas o mais rápido que pôde, pronto para ir para a casa descansar. Saiu da sala sem notar que até os corredores estavam vazios.

Olhou a paisagem pelas janelas do corredor: o pátio também estava vazio. Para onde olhasse, Luhan não conseguia distinguir uma alma viva aos arredores. Um vento tímido chacoalhava as árvores e o sol continuava intenso, ocupando o centro da visão de Luhan.

- Luhan... – Um voz o chamou do lado oposto do corredor.

Luhan se virou. No final do corredor estava seu pai, Suho. E atrás dele uma enorme e ameaçadora escuridão se erguia, esgueirando-se como fumaça venenosa pelas paredes que pareciam se contorcer com o contato. Suho sorria, mas tinha lágrimas nos olhos, que escorriam à medida em que Luhan se aproximava vagarosamente, confuso pela presença do pai.

- Eu sinto muito. – Ele disse, sem se importar com os braços frios da escuridão que o abraçavam.

- Pai! – Luhan gritou, correndo em direção a Suho.

Contudo, antes que ele pudesse fazer alguma coisa, Suho foi engolido pela escuridão. Observando a imensa onda negra se aproximar, Luhan tentou fugir, procurando a saída pelo local agora desconhecido.

- Luhan! – Outra voz gritou seu nome. Um grito agoniante de dor.

Era Min Seo. Luhan viu sua irmã pendurada no teto pela escuridão, chorando e se debatendo para sair da armadilha. A negritude corroía sua pele, cada vez mais puxando-a para o vazio.

- Luhan, saia daqui! – Dessa vez era Lay que gritava, encolhido num canto do corredor – Fuja!

Luhan correu. Correu como nunca no corredor interminável, desviando dos tentáculos escuros que tentavam agarra-lo. Queria salvar seus amigos, sua família, mas era impossível. Sempre que ele tentava se aproximar a escuridão os tragava para seu interior, não restando outra escolha a não ser fugir.

Rostos conhecidos chamavam seu nome: Sua mãe, Bo, Xiumin, Baekhyun e pessoas que lhe eram queridas imploravam por ajuda ou o mandavam fugir, sempre presos por trevas mortíferas. Os gritos se somavam, transformando-se num gigantesco zumbido, que aos poucos incapacitava a força de Luhan. As janelas deformadas expunham um sol pela metade, também degradando-se vagarosamente.

Sem forças, Luhan agachou-se no chão, tapando os ouvidos para se proteger dos gritos a sua volta. A treva se aproximava a passos lentos, lambendo e destruindo tudo a sua volta com enorme ferocidade.

- Luhan! -  Era a milésima vez que ele ouvia seu nome, mas dessa vez o som era nítido e normal. Luhan foi levantado por braços fortes, que o puxavam em direção a saída.

- Kai! O que está acontecendo? – Luhan perguntou. Kai desviava das armadilhas pelo chão com incrível destreza, indicando os caminhos que Luhan tinha que seguir.

- Temos que sair daqui! – Ele respondeu, puxando Luhan para a frente.

O céu estava negro, sendo iluminado somente pela resto do sol que se escondia cada vez mais pela sombra. Luhan mal conseguia ver Kai a poucos palmos atrás dele, sendo guiado pelos sons dos passos do amigo.

- Ji Yeon está lá na frente, nós vamos conseguir... – Kai disse num murmúrio, empurrando Luhan que cismava em ficar para trás.

Kai também agonizava com os gritos, o rosto contorcido pela angústia. Haviam mais semblantes familiares chamando por eles, Eun Hae e Kyungsoo violentamente presos nos paredões, gritando por Kai.

- Ji Yeon está lá na frente, nós vamos conseguir. – Kai repetiu, lentamente perdendo as forças. Fechou os olhos para ignorar os apelos de Eun Hae.

Lá fora, a eclipse estava completa. A Escuridão tomara conta de tudo. Era impossível enxergar qualquer coisa. Luhan deu meia volta, procurando por Kai e Ji Yeon. Tateou o invisível, chamando por Kai que não parecia estar mais ali.

- Ji Yeon está lá na frente – A voz sem rosto de Kai tornou a repetir, apagada e minúscula – Nós vamos... Nós vamos...

Luhan sentiu as garras do escuro tocarem sua pele, frias e intensas, enroscando-se pelo seu corpo. Procurou com os olhos algum ponto de luz, algum farol para sua salvação. O sol começava a aparecer novamente, na mesma luta de Luhan para escapar do fim inevitável. Notou um rosto na penumbra e se sacudiu para se soltar, na esperança de ser Ji Yeon um pouco distante.

- Faça o que quiser, Luhan. Lute o quanto aguentar. – o rosto anunciava. Aproximando-se, notou que se tratava de Chanyeol, tão enroscado nas trevas quanto ele. Entretanto, o líder estava calmo e sorria pacificamente – Mas fique sabendo que nada disso mudará seu destino.

- Ji Yeon! – Luhan gritou, tentando ignorar as profecias detestáveis de Chanyeol.

Mais um vez Luhan ouviu seu nome sendo chamado. A voz que ele tanto queria ouvir estava a poucos metros acima dele, Ji Yeon sorria para ele, amável e bondosa, enquanto também era engolida pelo escuro. Luhan, ao conseguir se soltar um pouco, esticou sua mão ao encontro da dela. Ao se tocarem ela sorriu mais ainda, tentando acalmá-lo.

- Vai ficar tudo bem. Você vai conseguir... Eu sei que vai... – Ela disse.

- Que amável – Outra voz se anunciou ao lado dela. Jun Ah estava mais próxima de Chanyeol, observando passivamente seu corpo ser desintegrado – Mas você não vai. Ninguém foge de seu destino.

- Ninguém... – Chanyeol confirmou.

- E você vai aprender isso da forma mais dolorosa o possível. Todos nós aprenderemos...

- Todos nós... – A voz de Chanyeol ecoou pelo cérebro de Luhan.

- Não se preocupe – Ji Yeon ainda permanecia sorrindo, lutando para continuar segurando a mão de Luhan. Contudo, as trevas eram fortes e impiedosas – Vai ficar tudo bem...

Chanyeol e Jun Ah gargalharam ao notar o desespero de Luhan tentando puxar Ji Yeon de volta para ele. Gargalharam tanto que este era o único som que Luhan conseguiu ouvir.

- Vai ficar tudo bem – o murmúrio de Ji Yeon era inaudível comparado às gargalhadas dos dois líderes. O rosto dela já estava completamente encoberto – Eu sei que vai...

“Vai ficar tudo bem”

“Todos nós aprenderemos”

“Nada disso mudará seu destino”

“Eu sinto muito”

Fragmentos de frases rodavam ao redor de Luhan.

O zumbido chamando seu nome cada vez mais forte torturando-o, dilacerando suas tentativas de liberdade.

A escuridão tomando conta de todos os espaços de sua alma.

                                                                             “Ninguém foge de seu destino”       

 

***

 

- Luhan! Luhan! Acorda! Pelo amor de Deus, acorda! – Lay gritou, quase sendo jogado pela janela pela telecinese sonâmbula de Luhan.

Dormir no mesmo quarto que ele estava sendo uma tarefa árdua para Lay ultimamente.

- Luhan! Que droga, toda noite é assim! – Ele resmungou, jogando um caderno que flutuava ao lado dele na cabeça de Luhan.

Luhan debateu-se na cama, tentando acordar do terrível pesadelo. Ainda sentia a escuridão apagar tudo o que amava, os dedos frios de Ji Yeon escapando para sempre.

Quando finalmente conseguiu abrir os olhos, Lay e tudo que levitava caiu ao seu redor. Por pouco Lay não caiu em cima dele.

- Acho que vou começar a dormir na sala... – Lay disse, jogado no chão – Pensei que fosse sair voando pela janela dessa vez.

- Me desculpe... – Luhan se sentou na cama, limpando os olhos tristes. Já estava acostumado a ter esse tipo de pesadelo quase todas as noites.

- Não tem problema... – Mentiu. Lay estava muito cansado de ser arrancado de seus doces sonhos – Mas você deveria fazer algo a respeito disso.

- Tipo o que?

Lay não sabia como responder aquela pergunta. Ele mesmo tinha seus próprios pesadelos, seus próprios medos que ele não sabia como lidar. Sua sorte era que ele não sofria do mesmo mal de Luhan, senão a casa e o bairro inteiro sofreriam as consequências de descargas elétricas sem rumo.

Como já era de seu costume ser acordado daquele jeito, Lay deixou Luhan sozinho no quarto para que se acalmasse, pegando seus itens de higiene pessoal e indo até o banheiro. Encontrou-se com Min Seo no caminho.

- Luhan teve outro pesadelo? – Ela perguntou, saindo do quarto da mãe.

Lay assentiu com a cabeça, notando as enormes olheiras e os olhos inchados de Min Seo. Parecia que ela passara a noite chorando sem dormir.

- Omma também não está bem. – Ela continuou, demonstrando que também estava cansada – Ela estava chorando quando entrei no quarto dela. Acho que não vou à escola hoje pra fazer companhia a ela.

- Faça isso, acho que será bom... – Lay aconselhou, dando um abraço gentil em Min Seo.

Min Seo aceitou o abraço, nitidamente perturbada com a falta de sono e o susto que levara há algumas noites atrás. Agora, além de tudo que passara, tinha perdido Kris para sua teimosia. Mas não poderia pensar nisso naquele momento, já que sua mãe precisava de seu apoio.

- Fique bem, ok? – Lay deu um beijo em sua bochecha, se afastando.

- Ok. – Min Seo tentou sorrir, mas não havia um pingo de alegria em seu gesto.

Lay se trancou no banheiro, tirando a roupa enquanto esperava a água do banho esquentar. Ele queria se manter forte para amparar Luhan e Min Seo, mas não tinha forças nem para consolar a si mesmo.

- Eu preciso fazer alguma coisa... Não aguento mais vê-los assim.... – Ele disse para si mesmo, entrando na água quente e cálida do chuveiro.

Sua primeira tentativa de salvar alguém tinha ido por água abaixo, quando ele tivera a brilhante ideia de confrontar Chanyeol quando chegou da China. Ele aprendeu sua lição a duras penas, sofrendo consequências físicas e sendo o culpado por Baekhyun e Xiumin começarem as espionagens. Lay sentia que, de alguma forma, era o responsável pelos pesadelos de Luhan e pelas noites sem sono de Min Seo. Também se sentia culpado por ter desvirtuado um pouco as intenções de Bo, mas Lay sentia mais raiva e amargura dela do que qualquer outra coisa.

Estando certo ou errado, Lay achava que já era hora dele começar a agir.  Não poderia continuar assistindo o sofrimento das pessoas que mais amava e não fazer absolutamente nada. Ele lutaria com todas as suas forças, nem que isso significasse outra surra de Chanyeol.

- Eu vou ajuda-los, preciso fazer isso! – Ele fechou os punhos, confiante de que daria certo.

Pelo menos era o que ele esperava.

 

***

 

Alguma coisa muito ruim estava acontecendo com Eun Hae. Kai podia sentir isso.

Não era só pelo fato dela estar estranha e quieta demais, ou por Kyungsoo também estar diferente e muito calado, esquecendo até de tirar satisfações com ele. Era algo sutil demais para que Kai pudesse denominar, mas estava ali, com certeza, rondando e dominando Eun Hae.

Ele observava seus antigos amigos entrarem na sala de aula, silenciosos e discretos, sem notar a presença dele os observando. Kyungsoo estava encolhido em sua carteira, estranhamente sem olhar para Eun Hae e sorrir, ato que ele sempre fazia quando chegava na sala de aula.

Eun Hae estava tão diferente que Kai se perguntou se aquela era a mesma pessoa que conhecia tão bem. Os olhos estavam mais fundos do que o normal e ela parecia estar em constante agonia, murmurando palavras indecifráveis enquanto se mexia.

Algo muito ruim estava acontecendo com Eun Hae. E Kai temia ser o culpado disso.

- Kai – O moreno sentiu uma mão apertar-lhe os ombros – Posso falar com você?

Kris estava ao seu lado, tão estranho e diferente quanto Eun Hae e Kyungsoo. Pelo menos ele tinha um motivo para estar assim; a lua cheia sempre o deixava cansado e sombrio. Mas, talvez ele estivesse cansado e sombrio demais naquele dia.

- Aconteceu alguma coisa? – Kai perguntou. Kris e ele não eram muito próximos, portanto era raro que conversassem em qualquer lugar, principalmente na escola.

- É sobre a Eun Hae. – Kris respondeu, confirmando as suspeitas dele – Será que podemos conversar num lugar com menos gente?

- Ah... Claro. – Kai seguiu o lobo em silêncio, a culpa já pesando em sua cabeça.

Kai suspirou alto, já arquitetando sua teoria sobre a estranheza de Eun Hae. Se Kris sabia de alguma coisa, era bem provável que Jun Ah estivesse envolvida nisso.

- Por acaso você sabe de algum tipo de treinamento que Eun Hae e Jun Ah estão fazendo juntas? - Kris perguntou com uma expressão muito séria e rezando para que Kai ao menos tivesse ideia do que estava acontecendo.

- Treinamento? - Kai franziu as sobrancelhas, confuso - Mas a Eun Hae não pode treinar...

- Não foi o que me pareceu ontem... - Kris disse com a voz cansada, desejando um cigarro. Já tinha parado de fumar há bastante tempo por causa de Min Seo, mas ultimamente seu corpo estava almejando um pouco de nicotina.

- O que Jun Ah está fazendo com ela?

- Não sei dizer ao certo, mas não me cheira bem. Quis falar com você antes do Kyungsoo porque sei como ele ficará quando souber dessa notícia. Cheguei de surpresa na sala de treinamento e encontrei Eun Hae toda machucada e na companhia de Jun Ah e Tao. Ela disse que não era nada demais, mas sabendo do histórico daqueles dois, tenho quase certeza de que Eun Hae não está lá por livre e espontânea vontade.

- Mas por que Eun Hae estaria lá forçada? Ela não fez nada... Acabou de sair do hospital...

Kai arregalou os olhos assim que sua mente juntou todos os pedaços do quebra-cabeça. Eun Hae não fizera nada, mas ele tinha feito.

- Jun Ah não fez nada com você mesmo sabendo que você estava traindo o clã, não é? – Kris fez o favor de pronunciar as palavras que Kai não tinha coragem de dizer.

- N-não...

- Ainda bem que eu falei com você primeiro... Converse com ela antes de fazer qualquer coisa... Jun Ah é muito esperta, Eun Hae deve estar bastante comprometida nessa história.

- Eu farei isso. Obrigado por me avisar... – Kai agradeceu à bondade do lobo, mesmo estranhando o fato de que Kris era considerado o campeão mais fiel à líder e que não costumava estragar os planos de Jun Ah – Mas por que está fazendo isso?

- Estou um pouco cansado disso tudo. – Kris deu de ombros enquanto ia para sua sala.

Kai também voltou para sua sala, com os passos lentos e tristes. Voltou a encarar Eun Hae, sentindo os olhos lacrimejarem e arderem. Sentiu-se tão estúpido que tinha vontade de começar a bater em sua cabeça e só parar quando algum pensamento útil brotasse em sua mente. Jun Ah estava punindo Eun Hae por causa dele, por causa de sua traição. Na verdade, Jun Ah estava mesmo era acabando com dois problemas de uma vez só: Matar Eun Hae antes da Guerra só pouparia a vergonha e humilhação da líder de vê-la perdendo. E também puniria ele e Kyungsoo por um dia ter pensado em acabar com a Guerra por causa da fragilidade de Eun Hae.

E o pior de tudo era que Jun Ah estava fazendo tudo bem debaixo do nariz deles. Se Kris não tivesse o alertado, Kai só saberia do ocorrido quando Eun Hae estivesse morta. E Kyungsoo não parecia estar sabendo de muita coisa também, já que aparentava estar tão estático quanto ele.

- Eun Hae... – Ele mal percebeu que estava parado em frente a ela, com os punhos cerrados e os olhos marejados, quase desabando na frente dela e de Kyungsoo.

- Aconteceu alguma coisa? – Eun Hae perguntou, mas sem aquela preocupação genuína de antes.

Kyungsoo voltou sua atenção para os dois. Notou os olhos molhados e a voz embargada do amigo; Será que ele sabia de algo?

Será que Kai sabia que Eun Hae queria se matar?

Kai abriu a boca para falar algo, mas foi interrompido pela entrada de Luhan e a equipe do jornal do colégio fazendo muito barulho e entregando folhetos do festival de verão da escola. Go Eun Ah se esgueirou até ele, entregando o folheto e dando uma piscadela escandalosa em sua direção. Kai sentiu um arrepio na espinha, se arrependendo do dia em que ele a levou para as arquibancadas. Nunca mais teve sossego depois disso.

- Posso ter sua atenção por um minuto? – Luhan disse, fazendo com que todos se sentassem.

Luhan procurou Ji Yeon com os olhos e a encontrou no fundo da sala, perto de Kai e Kyungsoo. O sonho voltou em sua mente e, mais uma vez, teve a sensação de que a perderia de novo. Por alguma razão, Luhan estava preparado para que levassem Ji Yeon embora novamente.

- Como podem perceber, o festival de verão é esse fim de semana – Continuou – E gostaria muito que todos comparecessem. Sei que todos estão ocupados com as provas finais dessa e da outra semana, mas é um dos nossos últimos momentos juntos antes da formatura, então adoraria ver todos vocês lá.

Ji Yeon revirou os olhos ao ouvir as suspiradas e sussurros de todas as garotas da sala para Luhan. Não importava o que Luhan tinha para dizer, elas sempre concordariam e fariam tudo o que o príncipe pedisse. Não pôde evitar de sentir um pouco de ciúme. Kai riu um pouco ao perceber isso.

- E, falando da formatura, as fotos serão tiradas na semana que vem. Todos irão participar, certo?

Para a surpresa de todos, Ji Yeon levantou sua mão. Luhan manteve sua respiração presa, temendo o pior. Olhou para Kai e ele não tinha uma expressão boa no rosto, confirmando seus maiores medos.

- Eu não estarei na formatura. – Ela disse – Fui aceita na universidade de Beijing e irei para China assim que as provas terminarem. Eu sinto muito.

“Eu sinto muito”. Ji Yeon falou aquelas palavras diretamente para Luhan, apesar de todos da sala acharem que era por causa de sua ausência na formatura. Enquanto todos a parabenizavam pela conquista, Luhan sentia os braços da escuridão dando-lhe outro abraço amargo, constatando que aquela ausência seria permanente.

Ji Yeon agora estava com os olhos baixos, mirando a mesa. Não queria olhar para Luhan, sabia exatamente o que se passava na mente de seu ex-namorado. Luhan falaria que ela estava fazendo o certo ao se afastar dos perigos, ao se afastar dele. Mas, no fundo dos olhos grandes e magoados de Luhan, havia a certeza de que a ida de Ji Yeon torturaria sua alma. E ela não era capaz de encarar isso de frente.

- Você fez o certo. – Kai cochichou para ela, enquanto assistia Luhan sair correndo da sala sem terminar seu discurso.

- Se é o certo... Por que dói tanto? – Ela murmurou, alheia aos parabéns de seus colegas de classe.

- Acho que a realidade é como um soco na cara. Ultimamente tenho pensado assim.

Kai encarou Eun Hae novamente, dessa vez fitando as costas dela. Mais do que um soco na cara, a realidade agora parecia um nocaute violento.

Mas, para ser um nocaute, era pressuposto que ele estivesse lutando. E ele não estava. Nenhum deles estavam.

Todos só estavam esperando em silêncio o triste e inevitável fim.

 

***

 

O líquido transparente no pequeno frasco serpenteava pelos dedos de Eun Hae enquanto ela o fitava distraidamente, decidindo se iria ou não tomar seu conteúdo. Chacoalhou o frasco, agitando o líquido que traria sossego para sua vida sofrida.

Se tomasse aquilo, todos seus tormentos iriam embora num piscar de olhos. Não precisaria mais ter que suportar a dor de ver Kyungsoo e Kai sofrendo por ela, não precisaria mais envergonhar Jun Ah com sua fraqueza. Não precisaria mais de nada, só do descanso final da morte.

Era a saída mais fácil e óbvia, a saída que todos esperariam dela. Até Kyungsoo parecia, de certa forma, conformado com aquilo. Sua presença não faria falta para ninguém.

Suspirou alto enquanto colocava o frasco de volta ao bolso do uniforme. Era tão covarde que não tinha coragem nem para dar fim a sua vida, sendo fadada a suportar a tortura de Jun Ah até o fim de suas forças. Desencostou-se da estrutura metálica de apoio das arquibancadas; já estava ausente da aula fazia muito tempo e era bem capaz de Kyungsoo já estar procurando por ela.

- Eun Hae. – Ela ouviu seu nome seu chamado, mas não era Kyungsoo e sim Kai que ia ao seu encontro com uma aura preocupada.

Kai andou até ela e, sem dizer uma única palavra, levantou a blusa de Eun Hae até as costelas, expondo as ataduras e curativos de Tao. Eram tantos que as mãos de Kai tremeram com o horror, soltando a peça de roupa em seguida para tapar um grito que se formava em sua garganta.

- O que é isso?

Eun Hae suspirou mais uma vez, fechando os olhos para não começar a chorar na frente dele. Não conseguia nem sentir raiva das burradas de Kai, porque tudo o que ele fez tinha como finalidade salva-la. Mas responde-lo demandava uma enorme força que ela não tinha. Esticou seu corpo e tratou de sair de lá o mais rápido o possível. Kai podia estar com as melhores das intenções, mas sua preocupação só atrapalharia mais as coisas.

- Me responda. – Ele disse, agarrando o pulso fino com o pouco de delicadeza que ainda lhe restava.

- Te interessa? Pensei que minha fraqueza te irritasse.

- Você sabe... – Kai engoliu em seco – Que tudo o que eu disse naquela noite não era verdade.

- Deveria ser. – Ela disse com rispidez, soltando-se dele – Seria mais fácil assim.

- Eun Hae!

- O que você quer que eu diga, Kai?

- Por que está deixando Jun Ah fazer isso com você? Se é por causa de mim...

- Não é por causa de você. Estou treinando com a Jun Ah por causa da Guerra e....

- Pare de mentir pra mim! – Kai exasperou – Você nunca quis lutar e eu sei que você está fazendo isso escondida do Kyungsoo! Me conte a verdade!

- A verdade? A verdade?! – Eun Hae não pôde evitar de derramar algumas lágrimas, mas estas eram da enorme raiva que crescera dentro dela nos últimos dias – A verdade é que você estragou tudo! E agora eu estou pagando por isso! E se você não quiser estragar mais ainda as coisas, me deixe em paz!

- Pare com isso! – Ele a segurou de volta, dessa vez num forte e intenso abraço – Eu sei que fiz tudo errado, mas eu preciso...

- Me solta! – Eun Hae gritou, sacudindo-se nos braços dele.

- Me desculpa, por favor... Eu não queria...

Eun Hae parou de se sacudir nos braços dele, atenta aos movimentos de vai e vem da respiração em descompasso de Kai. Deveria ter tomado o veneno de Jun Ah antes, tudo seria mais fácil assim.

- Eu sei o que você está sentindo – Ela murmurou, fechando os olhos novamente – Mas isso só dificulta as coisas... O que estou fazendo é o melhor caminho...

- Como pode ser o melhor caminho se você não estará aqui...? – Kai disse num sussurro, levantando o queixo de Eun Hae com o polegar e o indicador.

Eun Hae permanecia de olhos fechados, enquanto Kai a encarava com uma expressão dúbia no rosto. Nunca esteve tão perto dela quanto agora, poderia realizar o maior desejo de sua vida naquele momento, que era beijar aqueles lábios macios e vermelhos. Porém nunca esteve tão longe também.

- Não dificulte mais as coisas – Ela disse, abrindo os olhos de súbito e fixando seu olhar no dele – Faça isso por todos nós.

E, então, ela se afastou definitivamente dele, deixando-o parado debaixo das arquibancadas. Foi a vez de Kai fechar os olhos, impossibilitado de exprimir qualquer palavra.

Um pouco mais ao longe, Kyungsoo assistia a tudo com o coração acelerado com a descoberta. Sentiu a terra tremer embaixo dos seus pés e espremeu os olhos e os lábios, implorando para que não se descontrolasse.

Eun Hae estava fazendo tudo isso por Kai. Kyungsoo tinha certeza disso.

Tinha certeza também que não deixaria Eun Hae continuar com aquela loucura.

Custasse o que custar.

 

***

 

Vários pensamentos passavam pela cabeça de Ji Yeon. Mas, o maior de todos sem dúvida era a lembrança do olhar que Luhan lhe dirigira quando soube que ela iria embora. Aquele olhar a atormentaria por muito tempo.

Sentia falta dele como sentiria se o sol lhe fosse privado. Sentiria por toda a sua vida.

Ji Yeon amaldiçoou o dia em que ela quis viver um conto de fadas. Apesar de considerar Luhan um príncipe, sua realidade estava muito longe de ser feliz e fantasiosa. Ela quase desejou que nunca tivesse reparado em Luhan e ter levado o resto do período escolar com sua calma e tediosa vida. Se tivesse feito isso ela estaria feliz e ansiosa para o fim das aulas, para a formatura e para a faculdade. Mas sua realidade era outra e isso tudo só a lembrava da contagem regressiva para perder Luhan e Kai para sempre.

Ji Yeon tentava se manter forte por Kai, porque sabia que ele estava muito mais fragilizado que ela. Luhan, ao menos, tinha sua família para consola-lo e apoia-lo, já Kai não tinha família e fora obrigado a se afastar das pessoas que mais amava, só restando ela mesma para lhe fazer companhia.

E era por isso que ela estava quase correndo até seu encontro. A última mensagem de texto dele a chamava até as arquibancadas e, mesmo sendo só um breve e curto texto, Ji Yeon conseguiu sentir a aflição vinda da mensagem.

- Kai, aonde você está? – Ela o chamou assim que chegou no local.

Kai não precisou responder. Somente soluçou alto, revelando onde estava. Ji Yeon foi até ele, já imaginando que ele se encontrara com Eun Hae ou Kyungsoo.

E, pelo desespero impresso em seu choro, era quase certo que tinha sido Eun Hae.

- O que houve? – Ji Yeon perguntou, secando as lágrimas do rosto de Kai.

- Eun Hae está morrendo... – gaguejou – E está fazendo isso por minha causa. Ela está sendo punida por minha culpa!

Kai contou tudo o que Kris lhe dissera naquela manhã. A cada palavra Ji Yeon tinha cada vez mais certeza de que os líderes dos clãs eram as pessoas mais detestáveis e maléficas de toda história. Não era possível que Jun Ah e Chanyeol conseguissem arquitetar tantas maldades sem nem ao menos pestanejar ou sentir um pouco de culpa.

Não era possível que não houvesse uma maneira de sair disso.

- Vai ficar tudo bem... – Ela disse, afagando os cabelos negros de seu amigo e dando um leve beijo em sua bochecha – Nós vamos conseguir...

- Não vai, não vai! Eu não aguento mais... Não consigo mais fazer isso!

- Vai ficar tudo bem... – Ela repetiu, tentando convencer Kai e a si mesma. Mas o tremor em seus braços e a fraqueza em seu corpo atestavam o contrário.

Kai a segurou pela cintura, percebendo o início de desespero que se formava nos olhos de Ji Yeon. A aproximou mais de seu corpo, recostando-se nos vergalhões de aço da arquibancada porque não estava aguentando nem o peso de seu próprio corpo.

- Por que não conseguimos proteger as pessoas que amamos, Ji Yeon? – Ele murmurou, roçando levemente a ponta de seu nariz no dela, aspirando um pouco de seu perfume – Por que nosso destino é viver nessa solidão horrível?

Pelo menos, ele ainda tinha Ji Yeon. E, de certa forma, a presença dela ainda conseguia manter uma fagulha de esperança em seu coração. Ela sabia e passava pelos mesmos problemas e angústias que ele, o mesmo sentimento de impotência ao ver a pessoa amada sofrendo e não poder fazer nada em relação a isso.

- Você lembra do que você me disse quando descobriu que eu gostava da Eun Hae? Que poderíamos nos ajudar e nos reerguer juntos?

Kai encostou seus lábios levemente nos dela, depositando um suave beijo no canto de sua boca. Não gostava de Ji Yeon dessa maneira, mas estava tão desesperado...

- Sei que você disse que não seria dessa maneira, mas... Só agora... Será que a gente pode acabar com essa solidão pelo menos por um segundo...?

Ji Yeon fechou os olhos, sem reação aos toques de Kai. O beijo dele era afetuoso e amável, mas não se comparava ao de Luhan. Ambos sabiam disso.

Mesmo com todos os sinais de que aquilo não adiantaria de nada na cura de suas feridas, Ji Yeon colou mais seu corpo ao dele, entrelaçando seu braços no pescoço moreno e intensificando o beijo, sem saber ao certo o que estava fazendo.

Solidão era algo difícil de se curar, ela pensou por último, sentindo o toque firme dos dedos de Kai subirem por debaixo de sua blusa até sua cintura.

- Vai ficar tudo bem... – Ela disse mais uma vez, abraçando Kai o mais forte que pôde para depois voltar a tomar os lábios dele.

Solidão era o sentimento mais confuso e incapacitante que existia no mundo.

 

***

 

Luhan inspirou fundo, puxando todo o ar que podia para dentro de seus pulmões para depois solta-los vagarosamente, tentando acalmar seu corpo. Segurou os dedos com força, apertando-os e torcendo-os enquanto procurava por Ji Yeon pela escola.

Ji Yeon estava indo para China. Daqui há duas semanas. Ji Yeon estava indo embora para sempre.

Era o certo. Luhan tentava explicar para sua mente que aquilo era mais que certo; era o ideal para que ela ficasse protegida e continuasse com sua vida normal. Era o certo, mas o coração de Luhan gritava tão alto que todo seu corpo estremecia em resposta, deixando-o surpreso de estar conseguindo andar diante de tamanho desespero.

Era o certo, mas Luhan precisava conversar com ela. Sabia que, no máximo, os dois brigariam e tudo terminaria com mais choros e decepções. Mas precisava vê-la, precisava ouvir a voz dela. Precisava dela naquele momento.

Precisava se despedir, talvez. Não conseguiria fazer isso, certamente que não. O certo era permanecer longe, porque Luhan estava tentado a implorar que ela não fosse embora, que ficasse com ele até o final.

- Eu não vou fazer isso! – Ele retrucou-se, tentando se recompor – Eu vou dizer que apoio a decisão dela e que não vou desistir de impedir a Guerra...

Impedir a Guerra. Luhan não pensava nisso direito desde o incidente com Chanyeol na escola. Talvez ele realmente estivesse aceitando seu destino. Aquele maldito sonho insistia em voltar, forçando-lhe a assistir àquela tortura por períodos intermináveis. Mas não estava vencido ainda. Talvez, com Ji Yeon longe, ele conseguiria colocar sua cabeça no lugar e voltar com seus planos.

A única coisa que tinha certeza naquele momento era que vê-la na escola todos os dias era um martírio. E ele não conseguia pensar em mais nada a não ser nela quando isso acontecia.

Decidiu procurar pelo local mais óbvio: as arquibancadas. Provavelmente ela estaria na companhia de Kai. Luhan esperava que a Cobra estivesse fazendo um bom trabalho em protege-la. Foi o primeiro e talvez o último favor que pedira a Kai em sua vida. Luhan sentia que podia confiar nele.

- Vai ficar tudo bem... – Luhan ouviu a voz de Ji Yeon ao longe, exatamente igual ao seu sonho.

Parou de procurar por um momento. Estava sonhando de novo? Rodeou o local à procura da escuridão, mas tudo parecia normal. Aguçou os ouvidos para ouvir o barulho usual dos corredores e relaxou um pouco. Parecia um esforço enorme distinguir a realidade dos sonhos ultimamente.

Porém, ao ir de encontro à voz de Ji Yeon, Luhan percebeu que a realidade conseguia ser mais amarga e destrutiva do que seus piores pesadelos.

Por um momento, tudo o que Luhan viu foi o escuro que já se tornava rotineiro. Seus outros sentidos se aguçaram e ele puxou Kai até o chão sem conseguir enxergar o que estava fazendo. Sentiu um cheiro metálico de sangue, incitando-o a bater com mais força ainda onde quer que fosse. Seus ouvidos só captavam seus próprios gritos e os de Ji Yeon, que tentava afastá-lo de Kai. Mas a força mecânica de seus golpes fluía como eletricidade e nada o pararia, nem mesmo Ji Yeon.

Quando Kai parou de se debater debaixo dele, Luhan conseguiu recuperar um pouco de sua razão. E foi nesse momento que Ji Yeon conseguiu afastá-lo.

- Você vai mata-lo! – Ela gritou, acudindo Kai quase desfalecido. Seu lindo rosto estava coberto por sangue e cortes.

- Luhan... Não é nada disso... – Kai tentou dizer, mas havia muito sangue em sua boca para que ele pronunciasse as palavras direito.

- Eu pedi que você cuidasse dela e é isso que você faz?! Eu confiei em você! – Luhan bradou, tentando avançar em Kai novamente. Mas dessa vez Ji Yeon o impediu, se colocando na frente dele.

- Pare! Você não tem o direito...!

Ji Yeon o empurrava para longe de Kai, mas, por causa de sua mão machucada, Luhan mal se movia do lugar de onde estava. O príncipe só ficou parado olhando Ji Yeon defender seu inimigo.

- Você não entende nada! Não podia ter feito isso! -  Ji Yeon gritou, cansando-se de bater e empurrar Luhan.

- Eu confiei em você! – Luhan continuou gritando para Kai – Tudo o que eu te pedi era que cuidasse dela!

- Acho que Eun Hae tem razão – Kai disse para si mesmo enquanto cuspia o sangue – Eu só dificulto as coisas...

- Não se aproxime dele! – Ji Yeon gritou mais uma vez.

- E você... Você está fazendo um esforço enorme pra eu te odiar, não está? Pois acho que está conseguindo...

- Eu não fiz de propósito – Ela tentou segurar Luhan, mas ele rebateu os braços dela com força – Eu nem sei ao certo o que eu fiz! Só estava me sentindo muito sozinha e ele também e....

- Se sentindo muito sozinha! Então é isso o que você faz quando se sente sozinha? Corre pros braços do primeiro que te oferece companhia?

- Não fale assim! Você não sabe o que está acontecendo conosco!

- Sabe o que eu sei agora? Que eu estava certo desde o início quando disse que você só me atrapalhava...

Luhan se desvencilhou de Ji Yeon, querendo sair de lá o mais rápido o possível, senão começaria a bater em Kai novamente. Por que ele ficou surpreso com isso? Era de se esperar que Kai desse o bote em Ji Yeon assim que pudesse, era a atitude esperada de seu inimigo.

Pensar que Kai um dia pudesse ser algo parecido com um amigo era idiota e imbecil. Luhan não teve dúvidas de que aquilo era só mais uma prova de que os dois lados nunca se entenderiam.

Clã Yin e Clã Yang estavam condenados a serem inimigos por toda eternidade.

- Eu vim aqui me despedir de você – Luhan voltou-se para Ji Yeon – E agora tenho certeza de que você ir embora é a melhor coisa que você vai fazer desde que me conheceu.

Ji Yeon desviou o olhar de Luhan, extremamente magoada. Luhan era um cego quando se tratava dos sentimentos dela, sempre impulsionado pelo ciúme. Ele não conseguia entender o quanto era difícil estar ao redor dele e não poder toca-lo, não poder nem ao menos conversar com ele como fazia antigamente. Luhan a odiava por um único momento de fraqueza que ela deixou passar.

- Então acho que isso é um adeus. – Ela murmurou, voltando a olhar nos olhos dele.

Luhan gesticulou um sim com a cabeça, convicto de que aquilo era o fechamento adequado para sua história com Ji Yeon. “É melhor assim” Ele pensou, fugindo daquele local.

- Então acho que isso é um adeus... – Repetiu as palavras dela.

 

***

 

“Sinto sua falta.” – Kris.

Kris tentava se convencer de que não deveria, em hipótese alguma, mandar aquela mensagem para Min Seo. Ele tinha conseguido o que queria; por alguns dias Min Seo estava tão afastada dele que parecia que os dois nem se conheciam. Ela finalmente estava sendo obediente, seguindo as ordens dele.

- Você viu o que aconteceu com a cara do Kai hoje? – Sehun tagarelava ao lado dele, seguindo-o até a sede. Kris não fazia questão de ouvir o que ele dizia – Será que Kyungsoo fez alguma coisa com ele?

“Me desculpa, eu não devia ter dito aquilo tudo. Sinto sua falta.” Ele reescreveu a mensagem e quase sentiu vontade de vomitar. Por que sempre voltava atrás em suas decisões? Por que sempre ia correndo atrás dela depois de uma discussão? Isso não combinava em nada com a personalidade fria e distante dele.

“Que merda! Eu sou um lobo, não um cão adestrado com o rabo entre as patas!” Ele rugiu por dentro, apagando a mensagem e guardando o celular no bolso. Não mandaria aquela mensagem hoje nem nunca. Essa sua fraqueza por ela era o que tinha o colocado em todas as confusões, tinha que aprender a se controlar.

Mas por que ele achava que isso era mais difícil do que controlar o lobo?

- Estava mandando uma mensagem de amor pra sua namoradinha? – Sehun perguntou, finalmente conseguindo a atenção do lobo.

- Se você disser mais alguma babaquice que nem essa, sua cara vai ficar pior que a do Kai.

- Quanta agressividade... – Sehun revirou os olhos, rindo um pouco – Mas você não engana mais ninguém.

- Por que está me seguindo? Chen deve estar esperando por você...

- Vou voltar com a Noona... Tenho que contar sobre esses machucados do Kai.

- Ah, esqueci que você é o espiãozinho dela. – Kris disse, um pouco irritado. Esperava que Kai não tivesse bancado o idiota de sempre e ter aberto a boca para Kyungsoo. Isso estragaria tudo e não ajudaria Eun Hae em nada.

- E por que você está indo na sede? Soube que você e Jun Ah brigaram...

- Ela me chamou pra uma reunião.

- Mesmo brigado você continua sendo o filhotinho dela... É até fofo.

Kris resmungou uma lista enorme de palavrões, caminhando até a sala de treinamento. Abriu a porta e não ficou nem um pouco surpreso por Tao estar ali também. Sua surpresa era pelo fato dos dois não estarem sozinhos. Um grupo enorme de rapazes se amontoava num canto da sala, pessoas as quais Kris identificou como sendo subordinados de Tao.

Em outras palavras, eram aqueles rapazes que faziam o trabalho sujo do clã.

- Sehunnie, o que está fazendo aqui? – Jun Ah perguntou ao ver o irmão.

- Tenho algumas fofocas pra te contar! – Sehun respondeu com uma animação genuína e Kris se perguntou quem era o filhotinho de Jun Ah, afinal.

- Agora não posso conversar, irmãozinho... Tenho assuntos muito importantes pra resolver com o Kris hoje.

- Fale logo o que você quer, Jun Ah. – Kris resmungou mais uma vez. Não estava gostando nem um pouco da presença de toda aquela gente na sala.

- Quanta agressividade... – Jun Ah deu uma gargalhada.

- Ele está assim por causa da namoradinha dele. – Sehun zombava da cara do lobo sem saber o perigo que estava correndo.

- Fale. Logo. – Kris grunhiu entre os dentes.

- Kris, sei que está confuso com tanta gente aqui dentro – dessa vez era Tao que falava – Eu que pedi para que Jun Ah te chamasse. Preciso da sua ajuda.

- Pois vai morrer esperando por ela. – Kris respondeu com enorme fúria, dirigindo-se para a saída.

- Kris, o Tao quer sua ajuda pra capturar o Le Parkour Ninja. – Jun Ah sorriu para ele e, como esperava, o lobo parou de andar de imediato.

- Como é?

- Como nós dois fomos os únicos que enfrentamos o delinquente, achei que seria interessante juntarmos nossas forças. – Tao continuou – E também chamei meus alunos nos acompanharem.

Kris contou quantas pessoas estavam naquela sala. Contando com Tao, se totalizavam dez pessoas em busca do Le Parkour Ninja.

Em busca de Min Seo.

- Pra que isso tudo? – Kris tentou contornar a situação – Faz bastante tempo que ele não aparece...

- Tenho a sensação de que ele aparecerá essa noite. – Tao sorriu ligeiramente. Ainda não podia transparecer que sabia de tudo.

- Sei que tudo o que você mais quer é acertar as contas com a única pessoa que te passou a perna – Jun Ah ronronou para o lobo, querendo que ele aceitasse a missão que ela lhe dera – Não seja tão cabeça dura e aceite isso, por favor...

- Isso é ridículo, Jun Ah. Não há mais motivos pra você continuar perseguir esse cara...

- E não há motivos pra você não aceitar isso. Ou será que Tao estava certo desde o início e você sabe quem é o Le Parkour Ninja?

Jun Ah ria para ele, certa de que Kris aceitaria seus comandos. E ele não tinha escolha, afinal, já que se se recusasse ficaria evidente que ele sabia quem era o Le Parkour Ninja desde o princípio. Teria que ir com Tao e captura-lo.

Onze pessoas atrás de Min Seo. Ela nunca conseguiria fugir, seria capturada em pouco tempo. E Kris não teria tempo nem de alerta-la.

- Tudo bem. – Kris gaguejou por um segundo. Não poderia deixar isso acontecer – Mas vou levar o Sehun também.

- O Sehun?! – Tao saiu de seu estado de constante implicância para consternação – Ele só vai atrapalhar!

- Ei! – Sehun ofendeu-se.

- Pense bem, Jun Ah – Kris continuou. Pensou que, se Sehun estivesse lá, a águia atrapalharia mais do que iria ajudar. Se isso fizesse com que Tao perdesse sua atenção em Min Seo por um segundo que fosse, talvez ele pudesse salva-la – Já está mais do que na hora do Sehun começar a enfrentar desafios. Ou você quer que ele vá sem experiência nenhuma pra Guerra?

- Eu acho que o Kris está certo. E eu quero ir também. – Sehun inflou seu peito. Não perderia isso por nada desse mundo.

- Acha que consegue ir sem atrapalhar ninguém, Sehunnie? – Jun Ah perguntou. Estava se divertindo com tudo isso.

- Claro, Noona! Confie em mim!

- Deixe o Sehun ir, Tao. São doze pessoas atrás de uma só.

- Claro, Jun Ah. – Tao concordou, um pouco amargurado.

Jun Ah bateu palmas para todos, rindo das caras de Tao e Kris. Se pudesse iria junto só para ver os dois brigando mais do que qualquer coisa. Infelizmente tinha outra sessão de treinamento com Eun Hae.

- Espero que hoje seja a noite do caçador – Ela disse por fim – e não da caça.

 

***

 

- Por que você insiste em fazer isso, Lay? – Baekhyun suspirou, limpando os ferimentos de Lay com cuidado. Eram tantos que só Min Seo conseguiria dar um jeito naquilo – Já não te disse um milhão de vezes que confrontar o Chanyeol só vai te prejudicar. Mas você é tão burro que nunca me ouve.

Lay prendeu um gemido de dor quando Baekhyun encostou o algodão com remédio em suas costas. Mais uma vez, ele estava sendo punido por falar que não aceitaria a Guerra para Chanyeol. Mais uma vez ele teve que apanhar por causa disso.

- Você pelo menos poderia ter surtado igual ao Luhan e eletrocutado o Chanyeol – Baekhyun continuou seu sermão – Mas nem isso você foi capaz de fazer. Acha que só falar “Por favor, pare a Guerra” vai fazer com que aquele maluco te ouça? Me poupe.

- Eu só queria conversar com ele – Lay choramingou – Mas ele nem quis me escutar.

- Desde quando Chanyeol ouve alguém? Você não deveria ter ido pra China... Se tivesse ficado aqui saberia que ele não ouve ninguém.

- Ele ouvia o Suho! Pensei que se falasse as mesmas coisas que ele eu conseguiria...

- Vai por mim, se Chanyeol tivesse ouvido o Suho uma vez na vida, muitas coisas não teriam acontecido. – Baekhyun colocou as gazes com um pouco de força demais, provocando um grito de Lay. Estava irritado com aquilo tudo – Pronto. Acho que isso segura até você ir pra casa e falar com a Min Seo.

- Não quero preocupa-la mais ainda. Luhan e Min Seo estão passando por muitas coisas... A Senhora Kim não para de chorar faz uns dias... Aquela casa parece estar de cabeça pra baixo.

- E você não ajuda, né? Só fica se metendo em confusão! Não consigo nem sentir pena de você!

Enfurecido, Baekhyun guardou seu kit de primeiros socorros com pressa. Se Chanyeol soubesse que ele estava ajudando Lay, ele mesmo seria o próximo a apanhar. A última coisa que precisava agora era um ataque de burrice de Lay.

- Talvez eu precise tomar medidas mais drásticas – Lay murmurou, mas Baekhyun ouviu sua ideia.

- Nem pense nisso! Vou ter que colocar um cão de guarda pra te impedir? Que droga, Lay! Deixe de ser um imbecil!

- O que está acontecendo aqui? – Bo apareceu de repente. Ouviu os gritos de Baekhyun do pátio principal.

- Ótimo, eu precisava mesmo de um cão de guarda – Baekhyun puxou a garota até bem perto de Lay, fazendo com que ela se sentasse ao lado dele – Por favor, tente convencer esse energúmeno de que ir contra a Guerra só vai fazer com que ele se machuque? Não aguento mais falar as mesmas coisas sempre e ele nunca me ouvir!

- Acha que ele me ouve? – Bo resmungou, observando Baekhyun ir embora como um coelhinho apressado.

Um constrangedor silêncio tomou conta enquanto Lay recolocava sua camiseta, envergonhado por Bo ter o visto assim. Levantou-se com dificuldade e pegou sua mochila, pronto pra ir se entocar em algum canto bem longe da sede, já que não poderia voltar pra casa por causa dos machucados.

- Você é realmente muito burro. – Bo disse com sua franqueza habitual.

- Você realmente não deveria estar se metendo na minha vida. Você não se importa com nada disso, lembra?

- Até quando você vai ficar tendo esses ataques de menininha magoada? Sei que você tem uma tendência a isso, mas ultimamente...

- Para! Me deixa em paz! – Ele gritou e Bo percebeu que seus olhos estavam marejados – Eu não quero saber de você, Bo! Eu quero ajudar meus amigos, eu quero que eles fiquem bem!

- Ficar apanhando do Chanyeol não vai ajudar em nada! – Ela gritou de volta.

- Pelo menos eu estou fazendo alguma coisa! Não sou igual a você que não se importa com ninguém! Eu sei que não estou fazendo nada certo, mas pelo menos estou tentando!

Lay jogou sua mochila no chão, rangendo os dentes e coçando a cabeça para bloquear o impulso de começar a chorar na frente dela. Por que ele não conseguia ser decidido e forte como Luhan? Por que qualquer coisa o atrapalhava em seus verdadeiros objetivos? Só de ver Bo ele já perdia as estribeiras, seu coração acelerava a limites exorbitantes. Não queria se importar tanto com a falta de afeto de Bo, mas isso envenenava sua alma.

- Lay, se acalme um pouco... – Bo tentou acalma-lo.

- Me acalmar? Me acalmar?! Como posso fazer isso se todos a minha volta estão sofrendo e eu não consigo fazer absolutamente nada para ajuda-los? Como posso me acalmar sabendo que estou perdendo meu tempo apaixonado por uma garota que parece mais um robô?

Apaixonado? Ele disse apaixonado?

- O que você disse? – Bo levantou uma sobrancelha, assustada. Não pôde evitar de corar um pouco.

- Eu... Eu...

- Você está apaixonado por mim?

- ...Claro que não! Olha só o que você me faz fazer! Estou tão confuso que...

Bo não sabia onde colocar os olhos. Não esperava isso dele e, até onde sabia, Lay ainda era perdidamente apaixonado por Min Seo.

- Como eu poderia estar apaixonado por você? Você é uma máquina sem coração! Mesmo se eu quisesse eu não poderia fazer isso! Você é a pessoa mais detestável que conheço!

Estava estragando tudo de novo. Não queria dizer tudo isso para ela, mas era muito humilhante falar isso sem ser correspondido. Se o fora de Min Seo tinha doído, o de Bo doeria mil vezes mais.

- Você é péssima! Ninguém nunca vai te querer! Fiquei com você só por pena e porque você me ameaçou! Me deixe em paz de uma vez por todas!

Bo franziu o cenho, estava zangada, muito zangada. Lay estava magoado, mas não tinha o direito de falar isso tudo.

- Você vai morrer. – Ela disse antes de golpeá-lo na barriga e na cabeça.

Lay caiu no chão de barriga, gemendo mais ainda de dor. Por que tinha falado aquilo tudo?

- Você não me conhece! – Bo gritou e Lay teve a impressão de que talvez ela estivesse chorando.

- Oh, Deus... Talvez eu seja mesmo um energúmeno...


Notas Finais


Esse capitulo ia ser maior, mas ia ser tão grande que achei que vcs iam me xingar
Então fiz umas adaptações e algumas coisas ficaram pro próximo cap.

Não me mateeeeem! Esse beijo do Kai e da Ji Yeon não significa nada! hahahahahahahhahaah

Ah, quero perguntar uma coisa pra vcs...
Vcs são team Kai ou team Kyungsoo?

QUeria mto saber

Bjos bjos!


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