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História 30 Dias - Dia 10


Escrita por: trishakarin

Capítulo 36 - Dia 10


O comandante deixou a cabana antes que nós nos aproximássemos. Do lado de fora haviam dois corpos estirados no chão e os outros soldados começavam a se aproximar. Um círculo se formou e pelas expressões preocupadas de todos ali, as notícias não seriam nada boas. O homem ficou no centro da roda, Sarah permaneceu ao meu lado e quase segurando minha mão ficou em silêncio.

- Eu não sei o que diabos aconteceu aqui – ele disse furioso – Como conseguiram deixar que nossas únicas mulheres fossem sequestradas, que passassem a noite nas mãos desses desgraçados e simplesmente a tenente Sarah ser responsável pela eliminação de cada um desses delinquentes?

Todos permaneceram quietos, visivelmente incomodados com a bronca que estavam recebendo. Eu não havia pensado naquilo, mas o comandante estava certo. Haviam tantos soldados ali, como puderam deixar isso acontecer e o resgatar simplesmente sequer ocorrer. Se não fosse Sarah, tendo um surto de superproteção, desespero em não saber se eu estava ou não bem, em não saber se haviam ou não me machucado. Se não fosse Sarah, aquele cretino de fato teria acabado comigo.

- Alguém pode me explicar o que aconteceu?

Os outros permaneciam em silêncio. Alguns deles olhavam para o chão, olhavam para suas armas, para qualquer lugar, menos para o comandante. Ele claramente se irritou com aquela atitude, um tanto quanto colegial. Tipo alunos que fogem dos olhos dos professores.

- Ninguém vai dizer nada? POSIÇÃO – todos bateram continência.

Imitei Sarah, enrigeci a coluna, levei a palma da mão ereta até minha testa e olhei para frente, reto, sem focar em absolutamente nada. O comandante passou, circulando, por cada um de nós, parou frente a mim e a tenente.

- Vocês duas, descansar – ele disse suavemente e continuou circulando – Kevin... você claramente demonstrou uma preocupação maior com as duas. Jurou e honrou protegê-las, acima de qualquer coisa. Eu mandei invadirem, não importasse o que, saíssem atirando, matassem todos e recuperassem as garotas. Mas você foi o primeiro a dizer não. Me dê um bom motivo, porque se não me der um...

- Senhor... precisávamos de um plano, senhor.

- A minha ordem não era um plano melhor?

- Me desculpe, senhor, não poderíamos arriscar a vida de todos os soldados, por apenas duas, senhor.

Eu olhei com a maior cara de idiota para aquele crápula. “Não poderíamos arriscar a vida de todos os soldados, por apenas duas”? Sério que aquele rato disse isso? Eu não poderia acreditar que um ser humano pudesse ser capaz de dizer uma imbecilidade daquelas. Abri a boca como se fosse mandar ele a merda, mas Sarah apertou minha mão com força. Ela sabia que o comandante resolveria aquilo.

- Ah... então deu ordens acima das minhas?

- Pelo bem da equipe, senhor – a voz de Kevin tornou-se trêmula.

Ele sequer olhava em direção ao comandante, enquanto este o observava bufando de um ódio sem tamanho. Até que de repente, sem prévio aviso ou sequer terem noção do que seria feito, o homem o apunha-la no estômago com um golpe certeiro. Kevin se contorce para a frente, despejando todo o ar e cai de joelhos no chão. Nesse instante o comandante lhe deposita uma joelhada no meio do nariz que o faz ser jogado para trás com toda força.

Ele se ajoelha ao lado do soldado ferido, o agarra pelo cabelo e ergue seu rosto, que já demonstrava nitidamente a dor que sentia.

- Isso, soldado, é para não esquecer que eu ainda sou o comandante dessa merda e uma ordem minha deve obrigatoriamente ser acatada, por mais loucura que pareça ser – ele largou o rosto do garoto na areia e se levantou, apontando para cada um – Eu fui pêgo como refém... Eu estava na porta daquela merda, ouvindo os gritos da minha tenente. E não podia fazer absolutamente nada. Apenas dois soldados vieram ao meu resgate e conseguimos reverter a situação. E quando me deparo com todos comentando... comentando uma ordem de um soldado estúpido de apenas vinte anos de idade, que deve estar mijando nas calças até agora. O QUE MERDA VOCÊS TINHA NESSA CABEÇA? Quase todos acataram as ordens de um moleque.

Ele estava furioso, não tinha como negar aquilo. Eu estava surpresa. Então ele também havia sido pêgo? E quem eram os soldados que vieram ao seu resgate e consequentemente ao nosso? Sarah ficou olhando para Kevin e sua expressão não era nada boa. Ela estava claramente incomodada com alguma coisa. Antes que eu a questionasse sobre o que estava incomodando-a, a vi se aproximar do garoto e o levantar, fazendo-o olhar para ela.

- Você fez tudo por Ellen, desde o primeiro dia. Você não estava escalado para essa missão – ela estava curiosa e aos poucos eu ia entendendo seu raciocínio – Você provavelmente pediu para participar. Por que?

- Queria... melhorar... - ele tossia ainda sem ar.

- Melhorar? Ou... - com a ponta do dedo indicador, Sarah ergueu o rosto do rapaz – Ou queria se dar bem com a garota?

- Perdão?

- É bom você ter os mesmos culhões que teve para dar ordens a todos os soldados, para assumir o que está fazendo aqui. Eu devo te dar créditos, meu rapaz. Enfrentar e passar por cima de uma ordem de um comandante é digno de bastante coragem. E qual coragem maior do que perder as esperanças com a mulher amada?

- O que?

- O que... você... está... fazendo... aqui? - perguntou pausadamente.

- Eu vim a uma missão, tenente... nada mais.

Sarah cuidadosamente passou a mão pelo ombro do rapaz e alcançou seu pescoço, onde segurou, inicialmente com cuidado e logo depois com mais audácia. Apertando de tal forma que Kevin foi ficando vermelho.

- Cadê seus culhões?

- Peço... perdão – ele grunhiu.

Sarah o soltou e ele cospiu no chão sem ar. Olhou para ela nervoso, com uma expressão de pouco interesse em admitir qualquer coisa que ela quisesse que ele fizesse. O comandante o olhou curioso e postou-se ao lado da tenente.

- Quando eu vi as duas no rio, eu sabia exatamente com o que estávamos lidando.

- No rio? - o comandante olhou para Sarah e depois para mim, foi então que ele abriu os lábios entendendo tudo o que estava acontecendo e olhou para os outros soldados – TODOS PREPARAR. Quero se organizando para começar a caminhada. Me deixem a sós por alguns minutos com o soldado Kevin e as garotas.

Todos obedeceram e se afastaram uma distância bastante útil para que pudéssemos iniciar uma conversa ali. Kevin se endireitou, o nariz sangrando bastante e Sarah encarando-o sem cessar, causando-lhes um nervosismo sem tamanho. Quando todos estavam longe, o comandante socou o rosto de Kevin novamente e segurou pela gola da camisa, trazendo-lhe para perto.

- Achou que tinha alguma chance com a policial, soldado? - ele perguntou furioso.

- S-Sim, senhor.

- Você se ofereceu a essa missão por causa de uma mulher?

- S-Sim, senhor.

- Eu não acredito numa merda dessas – jogou o soldado que caiu no chão – Você ameaçou toda a equipe, toda a missão pelo simples motivo de ter visto as duas no rio?

- Elas estavam se beijando, senhor. Esse tipo de atitude não é permitida. Ela deveria ser penalizada, senhor.

- Ela deveria? - ele perguntou dando-lhe novamente um soco no meio do rosto, fazendo seu nariz jorrar ainda mais sangue – O que você queria fazer com a policial? Me diga. Queria tê-la para você? Acha que isso não é digno de punição? Um soldado arriscar a vida de todos, simplesmente porque veio atrás de uma mulher, a qual achou... sabe-se lá como... que teria alguma chance.

- Eu não pretendia nada durante a missão, senhor...

- Ah, faça-me o favor, soldado – Sarah interferiu – Está sondando a Ellen desde que chegou aqui. Pensa que não percebi? Isso é assédio...

- Isso? E o que fizestes?

Mais um soco lhe foi dado e o mesmo caiu no chão agora sem forças.

- Soldado... - o comandante não sabia como agir – Eu espero que até o fim dessa missão, você consiga me provar o contrário, mas a única coisa que posso lhe adiantar... é que você não pertence mais ao exército brasileiro.

E deu as costas, caminhando a passos firmes em direção ao restante. Sarah olhou para Kevin uma última vez, não com raiva ou desprezo, mas pena. Segurou minha mão e me guiou aos demais. Seria uma longa jornada até nossa próxima parada e eu estava pronta para reviver tudo aquilo de novo, pois sabia que Sarah jamais me abandonaria, jamais permitira que qualquer mal me acontecesse. 


Notas Finais


Desculpem a demora!
Correria, mas aqui está :D
:**


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