1. Spirit Fanfics >
  2. 30 Dias >
  3. Dia 17

História 30 Dias - Dia 17


Escrita por: trishakarin

Capítulo 53 - Dia 17


Fanfic / Fanfiction 30 Dias - Dia 17

- Que postura é essa, comandante? – Sarah questionou com a voz suave.

Ele parou onde estava, pelo que parecia, ele pretendia saltar pela cama e pegar pelos cabelos. Mas Sarah o olhou com tamanha surpresa e choque, que o fez parar onde estava. Ela ainda segurava minha mão, agora com um pouco mais de força que antes. Eu estava de pé, ela sentada na beira da cama, olhando para o homem que no meio do quarto, fechava o punho controlando uma explosão impensada de ódio.

- Ela não deveria estar aqui, Sarah – ele disse cerrando os dentes.

- Por que não? Ela é algum tipo de criminosa? – voltou os olhos a mim.

- Ela passou por cima de ordens claras. Não deveria estar aqui, policial.

- Por que não?

- Seu marido nos deu ordens claras de impedir que ela se aproximasse e ela infligiu as regras. Venha, Ellen, venha comigo agora.

- Ellen? – Sarah me olhou curiosa, com a sobrancelha arqueada.

Foi questão de segundos e Sarah fez uma careta de dor, levando as mãos a cabeça, como se a dor pudesse sair enquanto a pressionava. Eu me ajoelhei ao chão imediatamente e toquei sua cabeça, segurando-a com as mãos.

- AFASTE-SE DELA – o comandante gritou agora vindo para cima de mim.

Sarah gemia de dor, enquanto eu alcançava o controle da cama e apertava o botão que chamava por algum profissional. Nesse instante, aquele homem enorme segurou meu braço com força e me puxou para longe. Me jogou contra a parede e com a outra mão segurou meu queixo me fazendo olhar para ele.

- Eu quero que você desapareça da vida de Sarah, ouviu bem? – sussurrou.

- Eu não vou a lugar algum.

- Fique longe dela. Fique longe de Sarah ou eu não medirei esforços para te manter afastada.

- Você pode fazer o que quiser, eu não vou a lugar algum.

A mão de Sarah de repente tocou o braço do comandante, que olhou para o lado visivelmente surpreso e incomodado. Ele me soltou no mesmo instante, eu continuei contra a parede, olhando para os dois. Eu senti medo, claro que senti, um homem daquele tamanho vindo contra mim era assustador o suficiente.

- O que está fazendo? – perguntou com uma das mãos ainda em sua cabeça.

- Sarah, ela é perigosa...

- Você só pode estar confun... ai – ela fechou os olhos e inclinou-se para frente.

Eu, mais rápida que ele, a segurei, evitando que ela caísse de cara no chão. Ela agarrou-se a mim, cansada e visivelmente sentindo dor. A ajudei deitar-se novamente e o comandante se aproximou de nós, me segurando pelo braço e praticamente me jogando para longe de Sarah. Ela forçou os olhos e olhou para nós dois, seu rosto fechou-se, sua sobrancelha voltou a mesma posição na qual a conheci na floresta.

- O que você está fazendo?

- Vamos, Ellen... – ele sussurrou agressivo.

- Ela não vai a lugar algum, comandante – Sarah fechou os olhos com força e jogou a cabeça para trás – Elisa – ela esticou a mão e eu corri para segurá-la – Chame a enfermeira, minha cabeça parece que vai explodir.

Levei a mão a sua testa e ela estava fervendo em febre. Imediatamente apertei o botão que chamava por alguém. O comandante nos olhava perplexo, claramente irritado. A tenente segurava minha mão com força, como se o esforço ajudasse a aliviar a dor. Acariciei seus cabelos com carinho enquanto ela gemia de dor.

- Vá embora, comandante – ela grunhiu.

Ele me olhou com os olhos arregalados, como se o pedido dela fosse um completo absurdo. Eu fiquei estática, com o olhar severo, não daria o braço a torcer por ele. Tudo o que aquele homem fizera não foi para o bem de Sarah, apenas para o bem da classe a qual ele estava inserido, de um machismo sem limites. Ele se aproveitou da fragilidade da tenente para retomar alguma situação onde se sentia confortável, ignorando qualquer vontade dela mesma. Eu ainda estava surpresa com a atitude daquele homem, não conseguia aceitar o fato dele ter passado por cima dela própria e decido o que fazer de sua vida. Suas memórias retornariam e eles estariam brincando até mesmo com os sentimentos dela, uma atitude completamente irreparável.

O comandante saiu do quarto batendo o pé, olhou para trás, fixando em mim, nos encaramos por alguns segundos, mas eu sabia naquele instante que eu precisaria tomar bastante cuidado com aquele homem. Assim que ele saiu, Maria surgiu apressada.

- O que aconteceu?

- Ela está com fortes dores de cabeça.

- Houve alguma situação para acontecer isso? – ela perguntou enquanto checava o pulso e a temperatura de Sarah.

- Ela se estressou agora a pouco e teve uma leve forçada para lembrar de alguma coisa.

- Ela não pode forçar muito agora. Está bastante recente – comentou – a temperatura subiu e o pulso está alto.

- O que temos aqui? – Hugo entrou com uma pasta nas mãos – Alguma alteração?

- Ela sente uma forte dor de cabeça, está com febre de 39° e seus batimentos estão acelerados.

Hugo me encarou por cima da pasta, anotou algumas coisas na pasta que segurava, olhou os equipamentos ao redor de Sarah e entregou um papel para Maria.

- Traga essas substâncias, irá aliviar as dores de cabeça dela e baixar a febre. Veremos como ficará seu quadro para tomarmos qualquer decisão – ele se aproximou da cama e me olhou – Forçou alguma lembrança, senhorita?

- Eu não forcei nada! Estava tudo bem até o comandante entrar aqui e fazer besteira.

- Senhorita, é melhor deixar Sarah descansar – ele disse e senti a tenente apertar ainda mais a minha mão, abrir os olhos com dificuldade e olhar para ele – Pode me dizer o que está sentindo exatamente?

- Eu quero que ela fique aqui, Hugo.

- É melhor você descansar, Sarah. Devo acreditar que ela te trouxe algumas lembranças.

- Ela não me fez nada, pelo contrário, só cuidou de mim desde que apareceu. Hugo, ela está proibida de me ver, não é?

- Sarah...

- Me responda – ela sentou-se na cama e com os olhos semicerrados o encarou.

- Sim.

- Eu quero que tire essa proibição ridícula. Eu não ordenei nada disso e acredito que sou eu quem decide quem me visita ou não. Quem deu essa ordem?

- Seu marido.

- Meu marido? Ele não é meu marido.

Hugo arregalou os olhos como se surpreso com a velocidade, eu imediatamente virei meus olhos para ela, com a expressão visivelmente surpresa, igualmente a ele. Sarah me olhou, mas seu olhar era severo, feroz. Era ela, era a minha Sarah. De alguma forma ela estava voltando. Maria retornou com uma bandeja e alguns pequenos frascos.

- Eu tenho que visitar outros pacientes – ele virou-se para Maria e tocou seu ombro – Qualquer alteração me informe, a memória dela aparentemente está voltando de uma vez.

Ele falou baixo, mas eu pude ouvir, ainda que distante. Sarah apertava os olhos enquanto Maria se aproximava da bolsa de soro e injetava alguma substância que desceu pelo pequeno tubo em direção a sua veia. O médico deixou o quarto e fiquei a sós com as duas.

- E esses remédios?

- Vão aliviar bastante as dores. Talvez ela fique com um pouco de sono, mas esse não estimula sonolência não.

- Tudo bem. Obrigada, Maria.

- Ela nem comeu não é? – perguntou olhando para o prato cheio ainda na bandeja.

- Não.

- Assim que ela sentir o alívio tente fazê-la comer. Eu vou trazer alguma coisa para você. Para cuidar dela, precisa estar pelo menos saudável.

- Tudo bem.

Maria deixou o quarto e eu sentei ao lado de Sarah, ainda com sua mão presa a minha. Ela fechou os olhos, esperando que a dor passasse, mas por sua respiração e a expressão em seu rosto, eu sabia que ela adormecera. Me encostei na cadeira, não podia deixar de observá-la, tão linda ali em seu sono suave. Ela não merecia nada do que estava acontecendo, não merecia a traição de um homem que confiava, não merecia absolutamente nada de tudo aquilo que estava ocorrendo ao seu redor. Eu sorria por dentro, pois ao menos naquele momento ela estava em paz.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...