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História 30 Dias - Dia 17


Escrita por: trishakarin

Capítulo 54 - Dia 17


Fanfic / Fanfiction 30 Dias - Dia 17

Um toque suave em meus cabelos me despertou de um sono que nem eu mesma sabia como cai. Abri os olhos lentamente, não estava assustada com nada, o toque havia sido tão delicado que claramente não havia motivo algum para sustos. Levantei o rosto, uma dor fina em minha nuca mostrava que eu havia caído no sono na pior posição possível. Sarah me encarava com aquele par de olhos castanhos, de um castanho tão atraente que me seduziam sem esforços. Levantei o rosto imediatamente.

- Sarah – um fio de voz saiu da minha garganta.

Ela apenas me olhava, mordendo o lábio inferior. Parecia analisar cada traço do meu rosto com uma imensa calma e frieza. Eu fiquei quieta, observando-a. Na realidade esperando qualquer coisa, até mesmo um tapa na cara por ter ocultado tudo, informado outro nome, mentido sobre qualquer coisa.

- Ellen... não é? – me perguntou com a voz fraca.

- Isso – confirme em quase um sussurro.

- Eu sentia que te conhecia – ela sorriu e pegou minha mão, acariciando suavemente – Eu sentia isso bem lá no fundo.

- Lembrou de alguma coisa? – perguntei com o coração disparando.

- Pouca coisa – lamentou – Mas eu me lembro que meu marido é um completo imbecil – sorriu – Mas você, eu quero tanto entender quem é você.

- O que sente?

- Eu não sei... eu juro que não sei.

- Sarah, eu sei o quanto deve ser difícil esquecer tudo, como esqueceu – as lágrimas não me deram uma trégua, pelo contrário, formaram-se com força em meus olhos, prontas para escorrer pelo meu rosto – Mas eu juro que não é fácil para mim também.

- Ellen – ela dizia meu nome como se saboreasse cada letra – Ellen – sorriu ao me olhar, mesmo já em prantos, limpei uma das lágrimas que escorreu, rindo gostosamente da forma como ela lidava com o meu nome – Soa muito melhor que Elisa. Por que disse que seu nome era Elisa?

- Eu não poderia arriscar que seu marido descobrisse. Ele com certeza armaria o maior escândalo para me manter longe de você. No mínimo colocaria guardas na porta e cartazes com meu rosto impedindo minha aproximação.

Ela riu e segurou minha mão com força e puxou os pés, virando-os para fora da cama e ficando de frente para mim. Aquela posição era deliciosa, porque a todo momento que ela ficava daquela forma, nossos corpos reagiam tais quais imãs fortes que se atraíam uma pela outra. Ela me olhava daquele jeito, como se desnudasse minha alma e me deixava completamente sem ação. Eu perdia as forças, eu perdia o ar.

- O que meu marido não poderia descobrir? Que estava vindo aqui cuidar de mim?

- Exatamente – disse trêmula.

- Ele quem deveria estar fazendo isso, mas nem tentando me enganar estava.

- Será que seria apropriado perguntar do que se lembra? Eu não quero que tenha aquelas dores de novo.

- Tudo bem, acho que depois que já lembrei, não deve acontecer nada. Eu lembro da nossa briga, da forma como ele agiu e a maneira como separamos. Lembro dos meses, muitos meses sem ele. Eu estava tão bem. sabe? É estranho, porque há poucos dias atrás, me sentia esposa dele, bem com ele. Mas apenas no momento que abri os olhos, porque desde o segundo que eu te vi – ela ergueu a mão e tocou meu rosto – é como se ele não fizesse parte da minha vida, mas você sim.

- É normal essa confusão... perder a memória não é uma das melhores coisas. Não que já tenha acontecido, claro.

- Ellen... quem é você?

- Eu não sei se devo... você viu como reagiu a uma lembrança, Sarah. Eu não quero te causar nenhum mal.

Agora segurava meu rosto com as duas mãos, com um sorriso doce e delicado, como se me desse todo apoio a dizer. Senti que ela se empurrou para a frente levemente e eu me afastei, arrastando a cadeira para trás e levantando-me no mesmo instante em que Sarah se ergueu da cama, colando seu rosto ao meu em um beijo apaixonado. Isso mesmo, apaixonado. Era a única descrição que eu poderia dar para a forma intensa que ela me beijou. Era como se nossas bocas conseguissem se encaixar deliciosamente, como se não houvesse sequer necessidade de prever ou imaginar como a outra agiria.

Sarah se afastou suavemente, ainda com seu corpo colado ao meu, ainda com seu coração batendo forte, com sua respiração ofegante, com seu olhar penetrante. Ela olhava para meus lábios, encarava meus olhos e me apertava contra seu corpo. Com um sorriso malicioso, delicado abriu os lábios deixando aquela voz deliciosa sair.

- Quem... é... você? – perguntou pausadamente.

- Sua. Eu sou sua.

Ela sorriu, um sorriso largo e honesto. Uma suave gargalhada deixou sua garganta, me fazendo rir também.

- Mas como se tornou minha?

- Você me treinou na floresta – ela me olhava atentamente – Você... – meu rosto corou, sentia minha pele queimar – Selou todo seu domínio em mim.

- Eu te possuí? – o sorriso malicioso de Sarah me deixava desesperada, meu corpo explodia de desejo por aquela mulher – Como?

Passei minhas mãos por baixo da roupa que ela tinha do hospital, suavemente inseri minha mão por dentro da calcinha de Sarah, que gemeu baixinho jogando a cabeça para trás e abrindo as pernas ajudando-me. Mesmo estando de pé, ela segurou-me pelos ombros, e seu rosto voltou-se para frente, enterrando-se em meu pescoço.

- Assim – sussurrei – Eu fui sua... eu sou sua.

O som de passos pesados no corredor, me fez tirar a mão, não tão depressa, mas rápido o suficiente para dar tempo da porta se abrir e Rafael entrar feito um tornado dentro do quarto. A expressão claramente irritada, o olhos frio para mim. Sarah olhou para trás tranquila. Ainda me segurava pelo pescoço e por sorte minha mão estava em seu quadril e não mais dentro dela.

- Que merda é essa?

- Merda? Que linguajar é esse? – Sarah questionou.

- O que essa vagabunda está fazendo aqui? Você está proibida de entrar aqui... o que ela está fazendo aqui? – ele perguntou olhando para trás e dando de cara com o comandante.

- Eu tentei, mas Sarah...

- O que vocês estão escondendo de mim? Comandante... eu confiava em você! – Sarah gritou.

- Sarah, você ainda pode confiar em mim, eu só quero o seu bem, como sempre o quis – ele disse erguendo as mãos como se tentasse acalmá-la.

Sarah, com certa dificuldade, virou-se em direção aos dois ficando de costas para mim, mas sua mão ainda segurava a minha com carinho. E a forma como ela agia parecia claramente me proteger de algo.

- Me proteger? Me mantendo perto desse homem onde claramente me abri para você, dizendo tudo o que ele fez e da imensa alegria que sentia por não estar mais com ele? É disso? Porque ao contrário do que diz, comandante, você não tentou me proteger, mas me jogou contra o que eu mais queria estar afastada, longe o suficiente para não me causar nenhuma dor.

- Sarah, as coisas não foram bem assim. Você tem que entender...

Rafael deu um passo para frente, impaciente, como se quisesse finalizar aquela história toda na marra. Eu apertei a mão de Sarah, não por receio, mas por ela, eu não queria que nada acontecesse a ela.

- Fique onde está – grunhi invertendo as posições.

Ágil passei a frente de Sarah, impedindo até mesmo que ele a puxasse e a tirasse dali a força. Ele não parecia ser um homem muito controlado e claramente era machista a ponto de acreditar que tinha algum poder sobre Sarah, algum domínio tal como propriedade. Ela apertou meu quadril, querendo ficar a minha frente novamente, talvez preocupada comigo, mas firme como eu estava, não permitiria.

- É esse tipo de situação a qual você queria protegê-la? – perguntei com raiva encarando o comandante.

O comandante deu alguns passos para frente e segurou Rafael pelo braço puxando-o para trás. Foi quando tudo parecia se acalmar, mas ao mesmo tempo, havia muita coisa a ser esclarecido ali e a respiração ofegante de Sarah pedia e gritava por respostas.

- Posso te fazer uma pergunta, Rafael? – Sarah ficou ao meu lado com a mão em meu ombro, mantendo-se de pé – Você viveu o mesmo que eu, assim como eu sabia que não daria certo. O que te fez vir aqui, tentar recriar uma situação que deixou de existir?

- Eu te amo Sarah. Eu sempre te amei.

- Você não pode ta falando sério – ela riu – Isso não foi o que você demonstrou, Rafael. Não é só porque você teve um momento lúcido de juízo que significa que teríamos alguma ou qualquer relação. Eu jamais voltaria para você em sã consciência e você sabia disso. Usou um momento frágil da minha parte para me usar, para me enganar. Para que? Proibiu a entrada de uma pessoa que sequer eu lembrava, mas eu já sei por qual razão o fez.

- Sabe? – ele fechou a cara, grunhiu feito um Ogro e a encarou com ódio – Então lembra dessa aí?

- Adoraria lembrar – ela olhou para mim, com um sorriso delicado e voltando a uma expressão feroz, voltou a olhar para o homem a quem dizia ser seu marido – mas o esforço de vocês em mantê-la longe de mim, significa alguma coisa. Acredito que eu não precise colocar uma proibição de sua visita aqui, Rafael.

- Sarah... – ele tentou.

- Vá embora logo, antes que eu chame os seguranças. Você faz alguma ideia da merda que fez comigo, Rafael? Me enganar dessa maneira? Fingir que o tempo não passou? E você comandante. Sempre confiei no senhor, sempre apoiei suas decisões até mesmo quando não concordava. Principalmente com essa missão irresponsável na flores...

Ela arregalou os olhos e me olhou, fixamente, como se descobrisse um segredo guardado a sete chaves. Inicialmente não entendi aquela expressão, mas logo fazia sentido. 



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