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História 30 Dias - Dia 18


Escrita por: trishakarin

Capítulo 59 - Dia 18


Fanfic / Fanfiction 30 Dias - Dia 18

- Eu não sei o que aconteceu, o que te falaram, mas não me importa. Eu estou dizendo que te amo e quero passar o resto dos meus dias com você. Eu posso não lembrar de tudo o que aconteceu na floresta, mas eu sinto e o que sinto é muito forte.

- Sarah... – a mãe dela tentou interferir.

- Foi a senhora?

Sarah olhou para a mãe com um olhar decepcionado, visivelmente magoado. A mulher, que ainda estava na porta, mexia com as mãos claramente nervosa com aquela situação.

- Sarah, você nem mesmo está sã – disse rispidamente.

- Como é? Não estou sã.

- É melhor a senhora ir para casa – interrompi as duas – O médico foi bem claro quando disse que ela não poderia passar por nenhum estresse, mas é impressionante como as pessoas próximas a ela tem causado isso com tanta frequência.

- As pessoas? Então todos são culpados pela sua presença aqui?

- Como?

- Você que complicou a vida da minha filha desde que entrou. Esse estresse é causado por você e não pelas...

- Mãe – Sarah cerrou os dentes – Eu acho melhor você ir embora.

- Como é? Eu sou a sua mãe...

- Eu sei que você é minha mãe e eu agradeço por tudo o que já fez por mim, mas eu não quero que você me impeça de ser feliz, mãe – Sarah disse pausadamente.

- Não está certo, Sarah.

- O que não está certo é ver a pessoa que eu amo entrar nesse quarto desesperada porque pessoas que deveriam se importar comigo estão mais preocupados em atingi-la do que me deixar ser feliz em paz. Eu não vou escolher por ninguém, eu não vou deixar de viver com a pessoa que eu amo somente porque você acha que isso não é correto. O que não é certo? Ser feliz não é certo? Eu não estou matando ninguém, eu não estou machucando ninguém, eu não estou fazendo nada de errado, eu só estou tentando ser feliz.

- Querida... você está confusa, tudo o que aconteceu... eu entendo, ela era a única que estava ao seu lado lá...

- Não tem nada haver com a missão, mãe. Tem haver com o que sinto aqui dentro de mim. Por favor, é melhor ir embora!

- Não pode mandar sua mãe embora – ela relutou.

- Mas estou mandando. Essa é a minha casa, eu estou tentando descansar e já que não quer o meu bem, já que não quer que eu me sinta melhor, acho conveniente ir embora e mandarei notícia, não se preocupe.

A mãe de Sarah, surpresa, olhava de uma a outra como se esperasse ver se tudo aquilo não passava de alguma brincadeira. Eu nunca tive grandes problemas com minha família, nunca tive uma intromissão como aquela na minha vida pessoal e sempre fui responsável por minhas atitudes, sem ter que recorrer a ninguém. Sarah não parecia ser o tipo de garota mimada pela qual os pais interferem, tanto que parecia bastante surpresa com o que estava acontecendo.

Eu não a culparia. Claro que Rafael foi bastante rápido quanto a problematizar tudo o que estaria acontecendo entre mim e Sarah e de certa forma ele só estava tentando ganhar tempo para ele mesmo reverter toda situação. Sua atitude em proibir a minha aproximação foi baixa e sem explicação alguma. Sabendo que a memória de Sarah voltaria, foi muito arriscado, evitando até mesmo uma possível amizade que tivessem. A forma como ele chegou claramente foi de alguém que no mínimo se importava com ela, mas se mostrou um tremendo cafajeste.

- Eu jamais pensei que me expulsaria dessa casa. Talvez tenha motivos para acreditar que essa garota não seja uma boa companhia para você.

- Mãe, você só saberia disso se tivesse dado espaço para que ela se mostrasse, se apresentasse. Mas você deu? Você deu alguma chance dela mostrar quem ela realmente é?

- Fiquei aqui, arrumei tudo... para ser expulsa.

- Drama agora? Eu estou precisando descansar. Eu não posso fazer absolutamente nada...

- Eu deveria cuidar de você, eu sou sua mãe.

- Você cuidou a vida inteira de mim, está na hora de descansar. Se eu não tivesse ninguém talvez fosse uma obrigação de mãe, mas eu tenho alguém. Não precisa se esforçar tanto assim.

- Eu não estou acreditanto...

- Por favor, não faça isso com você mesma. Não teremos uma daquelas brigas, sabe o que acontecesse quando enfrentamos uma a outra. Principalmente quando é algo que diz respeito a minha vida.

Sua mãe a encarou novamente, mas balançando a cabeça negativamente deixou o quarto. Eu me senti culpada pela forma como ela saiu. Feito um cão arrependido, com o rabo entre as pernas. Sarah estava controlada, firme e séria, não foi cruel, não falou com frieza nem com desprezo, mas com firmeza por ser sua opinião e querer defende-la. Eu me levantei e segui até a porta da sala, onde sua mãe já organizava suas coisas dentro da bolsa.

- Minha filha jamais me enfrentou dessa maneira – ela grunhiu faiscando com os olhos.

Eu nada disse, não havia nada o que dizer. Eu a olhava não com ódio pelo que ela disse até aquele momento, mas surpresa em como duas pessoas que compartilhavam do mesmo sangue conseguiam serem tão diferentes. A minha criação foi muito diferente daquela, aquela frieza, desprezo nos olhos daquela mulher pelo simples fato de que sua filha estava se relacionando com outra mulher, era absurda.

- Deus ainda há de te castigar por levar minha filha pro caminho do pecado – ela disse com raiva.

Seus olhos faiscavam de ódio, emanavam desprezo. Ela me agredia com os olhos, toda aquela ira sem motivo algum ou por um motivo tão idiota. Eu fechei o punho e não para soca-la, por mais que fosse uma distante vontade, mas pela raiva que caminhava pelo meu sangue. Respirei fundo, tão fundo que achei que ia estourar os pulmões.

- Olhe aqui – dei um passo à frente, enfrentando-a – Pecado é uma mãe dar as costas a uma filha simplesmente por ela estar amando e estar sendo feliz. Tenho nojo dessas pessoas que se escondem atrás de uma bíblia todos os seus pecados e que acham que somente por frequen. Se você realmente leu cada página, teria visto que o ensinamento principal é “Amai-vos uns aos outros, como vos amo”, disse Jesus não é? Se vocês tanto dizem que haverá um julgamento, deixe que Deus me julgue, que Deus julgue por Sarah.

- Como ousa falar o nome de Deus em vão...

- Em vão? O que te faz merecedora de sequer representar? Você foi marcada como anjo dele? Porque até onde eu sei, ele só tinha bondade e não toda essa maldade e ódio que expelem dos seus olhos e emanam da sua pele. A senhora treme de raiva, a senhora cospe ofensas, cospe maldade. Você não tem qualquer direito de sequer me repreender por pecado, já que peca contra sua própria filha.

- Um dia ela irá entender.

- Não, ela não irá. Porque não há o que entender aqui. Você quer afastá-la da felicidade, unicamente por não se tratar de você. Com quem ela deve ou não estar, é com quem a faz bem, com quem ela deseja, com quem ela ama e não com quem você acha que ela deve ou não estar. Não se trata de você aqui, se trata dela e seu papel como mãe, é apoiá-la, mesmo que ela erre. Todos nós vamos errar e a mãe é a pessoa que estará sempre lá para nos receber quando mais precisamos.

- Você não sabe nem o que é ser mãe, quanto mais me dar qualquer sermão.

- Eu não preciso ser mãe, eu não preciso te dar sermão. Mas sua filha é adulta o suficiente para saber o que ela mesma quer e você não precisa dizer o que ela quer mais. Eu só quero que não coloque Deus, Bíblia ou seja lá o que for em frente da sua opinião, para disfarça-la. A ira, a vingança, são pecados. Fala de pecado enquanto peca. Pare de colocar Deus em frente ao seu preconceito.

Ela me fuzilou com o olhar, parecia que ia dizer algo, mas desistiu, me deus as costas e abriu a porta com violência, saindo logo em seguida. Ouvi seus passos pesados no corredor, sumirem aos poucos. Fechei a porta, segurando a maçaneta, não por raiva, não mais por surpresa, mas por agonia. Respirei fundo antes de atravessar o corredor.



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