História A amada do tigre - 7 capitulo

Kishan POV

Andei em círculos pela floresta como o animal agoniado que eu era. Era sábado e a Kelsey queria me fazer companhia e eu sabia que a tinha deixado triste quando disse que preferia que ela saísse com o Ren e me deixasse sozinho, mas ela teria que entender. Eu não estava com um bom humor para ficar na companhia de ninguém. Ironicamente a única pessoa que eu queria na minha companhia como tigre, era a Amelia, justamente a pessoa que tinha me deixado naquele estado.

Ao ir na lanchonete naquela noite eu já sabia que ela trabalhava lá, tanto que quando ela me viu e pareceu chocada, eu quase não consegui conter a vontade de rir.

Me deitei no chão e encostei o focinho na terra, fechei os olhos tentando trazer a sensação do seu dedo nos meus lábios de volta. Era estranho pra mim sentir aquela conexão com ela como homem também, por que até então eu só sentia que a sua presença era necessária pra mim quando eu era o tigre, mas quando eu a vi com aquele homem... rugi baixo com raiva. Ela tinha me trocado por uma tarde com aquele homem, com aquele metido a bad boy que só vestia uma jaqueta. Se ele entrasse em uma luta comigo, duvido que sairia ileso. Tanto como homem, como tigre eu iria acabar com a raça dele.

Parei de pensar em várias maneiras de rasgar a garganta do homem quando senti o seu cheiro. Baunilha. Como ela conseguia ter o cheiro de baunilha? No entanto não era só isso, ela também tinha um cheiro mais doce, um cheiro que eu tinha certeza que apenas ela tinha.

Me levantei nas quatro patas quando ouvi o barulho do taxi, sai de dentro da floresta e me sentei nas patas traseiras quando ouvi o taxi ir embora. Ela tentou na porta da casa e deve ter percebido que a Kelsey e o Ren saíram, por que ela veio direto para a floresta e parou quando me viu.

Eu deveria virar as costas para ela e ir embora, mas eu não conseguia fazer isso. Tinha alguma coisa que me puxava para ela, que mesmo magoado, não me permitia ir embora. Eu sabia que precisava dela.

Amelia caminhou até mim e eu continuei sentado fingindo que não estava tão louco para chegar perto dela que pularia em cima dela, se ela não se adiantasse naquela caminhada. Amelia parou dois passos perto de mim e eu inclinei a cabeça para o lado analisando o que ela faria em seguida, olhei para o seu rosto e farejei o ar tentando dar algum sinal que eu queria que ela se aproximasse, ela ficou de joelhos na minha frente e eu não consegui mover um musculo enquanto a via começar a chorar na minha frente.

-Des-desculpa tigre – ela soluçou e eu me inclinei na sua direção, ela levou as suas duas mãos para a minha orelha e puxou o meu rosto na sua direção – Desculpa por não ter vindo nesses dias. Eu senti tanta saudade. Eu não queria vir por que pensei que a Kelsey não entenderia, e depois não vim por que fui em um encontro... – tentei tirar a cabeça do seu aperto mas ela me puxou para mais perto – Não, não era um encontro de verdade, eu só estava querendo me distrair. Você não sabe como eu estava triste por não ter te visto. Me perdoa? Por favor?

Minha respiração ficou acelerada enquanto eu a via chorando. E fui então que eu percebi uma coisa que eu me negava a acreditar. Eu precisava dela. Precisava da sua companhia como tigre e precisava dela me provocando durantes as aulas de economia que pra mim não eram tão atrativas se ela sempre não me chamasse pedindo as minhas anotações emprestadas. Eu queria ela perto de mim. Como homem e como tigre. Eu precisava da sua companhia. Ela era como algo doce que apareceu na minha vida e me fez sair da minha rotina miserável. Era por causa dela que eu ia até a faculdade e era por isso que eu me sentia um zumbi nos dias que não tinha aula com ela. Era por ela que eu não me sentia mais estranho quando tinha que ficar as seis horas como tigre, por que ela ficava as três horas na minha companhia. Eu já a amava sem perceber.

Amelia continuou soluçando e eu senti vontade de voltar a forma humana, mas eu não podia fazer isso ainda. Ela iria se assustar e se afastar de mim, era muito pra cabeça dela.

Pressionei o meu focinho nas suas bochechas tentando limpar as lagrimas e passei a língua no seu rosto, tentando a fazer rir. E funcionou. Ela soltou uma risada meio soluçando e meio feliz por perceber que eu a tinha perdoado e aquilo foi direto pro centro do meu peito. Algo se aqueceu no meu coração e eu a vi com outros olhos. Era como se tudo ao seu redor tivesse perdido a nitidez e apenas ela tivesse colorida. Ela conseguiu trazer cor de volta pra a minha vida.

A provoquei passando a língua no seu rosto e ao contrário das outras vezes em que ela me afastava, ela apenas riu de mim e fez um carinho atrás da minha orelha, me fazendo abaixar a cabeça contra a palma da sua mão. Ela era quem eu procurava. Quem eu esperava. A minha amada.