Idiota, era isso o que eu era. Não podia acreditar que tinha me apaixonado por uma criança! Eu devia ter escutado meu irmão quando me disse para não me envolver com aquele garoto, eu iria me dar mal, e o pior de tudo: sozinha.
Com meus pais do outro lado do mundo, sem meu irmão para me apoiar, como eu cuidaria desse problema? Se eu telefonasse para Kim, ele me estrangularia via telefone, sem dúvidas... Ele cansou de avisar. Fui estúpida! Cai nos encantos daquele sorriso e dancei.
Joguei a bolsa no sofá e bati a porta de entrada com força, sem me importar se assustaria os vizinhos ou não. Olhei ao redor, a procura de algo que me descesse pela garganta, eu estava irada. Algo forte me faria bem. Agachei-me frente ao armário da cozinha e busquei por entre os itens ali guardados uma garrafa do mais caro whisky.
— Essa belezinha irá servir... — disse, sorridente, caminhando até o balcão da cozinha a procura de um copo.
Mas minhas ações pararam, fiquei encarando o copo à minha frente e soltei um grito de frustração. Nem beber ajudaria naquela situação, eu só ficaria pior, isso sim poderia acabar com a minha vida. Larguei a garrafa sobre o balcão e me dirigi até a sala correndo, a procura do meu celular, com medo de que ele tocasse e fosse quem eu não queria. Eu o mataria, caso ele entrasse em contato.
Procurei afoita pelo meu aparelho celular e quando o encontrei fiz questão de deletar todas as mensagens trocadas, apagando seu número; já que sempre fui péssima com números, não corria o risco de ter decorado e telefonar para ele por engano ou por falta de vergonha na cara. Minha memória para gravar números sempre foi péssima, e hoje dou graças a isso; mas a data do seu aniversário ainda martelava na minha cabeça: 01/09.
Era a senha do meu celular, o que eu também troquei, assim como as senhas de todas as minhas redes sociais. Tudo envolvia aquele maldito! Quando percebi, eu já chorava como um bebê, esparramada no sofá, com o cabelo todo desgrenhado e gritando. Quem visse de longe acharia que eu surtei e faria pouco caso do belo pé na bunda que levei. Mas não sou tão patética assim, acreditem. A coisa é muito pior, porque não tem nada na minha vida que não possa piorar... E tudo de ruim tem o dedo dele!
Joguei meu celular no chão e fui chorando a passos lentos tomar um bom banho, quem sabe assim eu não me tornaria outra pessoa, mais ajuizada e com uma vida melhor pela frente. Mas a realidade que se abateu sobre mim quando o barulho da água do chuveiro cessou foi muito pior do que meu papelão. As coisas não iriam melhorar, só iriam se complicar. Eu seria obrigada a conviver com as lembranças dele para “todo sempre, amém”, sem direito a divórcio ou devolução. Eu precisava do Tae para me acalmar, ou acabaria surtando; precisava de um abraço seu e um “Eu te avisei, sua idiota! Agora assume as consequências!”.
Adormeci em meio a pensamentos super otimistas, sobre como acabar com a minha vida de uma forma menos deplorável. E acordei como se fosse ouftra pessoa... Ainda estava puta da vida, mas com ele, não com a situação. Eu superaria o pé na bunda e o meu ego completamente desfalecido. Eu era o suficiente, eu daria conta. E foi com esse pensamento que meu sábado foi de faxina. Coloquei tudo em ordem, mudei algumas coisas de lugar, inclusive as fotos dele, foram todas para seu lugar de origem: o lixo.
Larguei a garrafa de whisky em cima da estante da sala e encarei por minutos. Eu a queria, mas sabia que aquilo me traria problemas; Tae não me perdoaria se soubesse. Fui tirada do dilema sobre beber ou não beber pela campainha.
Eu não estava nada adequada para atender alguém, mas a pessoa é que veio até aqui, então ela deveria saber que no meu habitat natural eu me visto assim, com uma regata folgada, que deixava meu sutiã a mostra, um micro shorts jeans surrado, e pés descalços, em contato com a natureza da madeira do meu piso de chão. Minha casa, minhas regras! Aprendi tudo o que eu sei observando tudo o que Tae não fazia, foi fácil me tornar assim!
Com certeza, fosse quem fosse do outro lado da porta, se visse meu estado psicológico, me internaria de imediato. Então fiz questão de mostrar o meu melhor sorriso para atender a pessoa que tocava a campainha da outra cidadã deste mundo às 18:00 horas de um sábado pacífico. Só que o universo não conspira ao meu favor, e meu sorriso se desmanchou por completo quando me deparei com aquele ser humano de 1.78 de altura, calça jeans rasgada no joelho, um camiseta tão larga — que cabiam 2 deles ali dentro — e seu boné ridículo, parado à minha porta.
— Jeon! — Gritei e imediatamente tentei fechar a porta na cara dele, só que seu pé me impediu; antes mesmo que eu piscasse, ele empurrou a porta contra mim e seu corpo passou para dentro de minha casa. Sua feição estava de dar medo, mas não muito diferente da minha. Só não entendia porque ele estava bravinho, se só eu tinha motivos para isso! E ele que fosse ficar com cara fechada na casa dele, não na minha... Ele não tinha bom senso mesmo... — Não sabe que não se entra onde não é convidado? — Mantive a porta escancarada para que ele desse meia volta e se mandasse da minha vista.
O que diabos a pessoa pensa que faz na casa da ex namorada um dia depois de ter dado um fora nela? Não acabamos bem! Contabilizando todos os prejuízos, dos dez vasos do apartamento, só dois ficaram intactos, e eu só acertei um deles nele, na perna; que parecia estar muito bem, obrigada.
O encarei de cima abaixo e apontei meu indicador para a rua, que era para onde eu queria que ele fosse. Eu não tinha maturidade para Jeon, não mesmo. Não depois de tudo.
— Não seja irresponsável! — Opa! Por que diabos ele estava gritando com a dona da casa, que nem ao menos o chamou ali ou terminou com ele na sexta-feira, dia do 18º aniversário de namoro?
— Você é maluco! Some daqui, agora! — Falei pausadamente aquela última palavra para não deixar dúvidas do tempo presente em que eu o queria fora da minha vida. — Ou vai querer que eu termine o que comecei a fazer ontem?
— Vai fazer o quê? — Ele fez uma pausa e se sentou no braço do sofá, de frente para mim. — Bater em mim? — Riu debochado. Eu não me importo de receber as visitas do meu irmão na cadeia, desde que Tae o visite no cemitério... — Quantos anos você tem?
— Idade o suficiente para te colocar para fora daqui. É a minha casa! — Gritei, já sem controle algum dos 22 anos que eu tinha comprovados no meu RG.
Jeon se levantou e caminhou até mim com uma cara nada boa, não teria me apaixonado por ele se ele fizesse essa cara 24 horas... Não mesmo. Ele estava intimidador e eu não conseguia entender o motivo pelo qual ele resolvera aparecer na minha casa se quis terminar tudo... Terminar tudo, para mim, é terminar tudo! Não haveriam meio termos.
Eu sabia que não podia me alterar, mas estava ficando difícil com JungKook frente a frente comigo. Soltei um gemido de dor com a pressão que a mão dele fez em meu braço, quando o mesmo me apertou.
— Até quando pensou em esconder? — Ele me encarava seriamente, e eu não ousei desviar um segundo sequer do seu olhar amedrontador.
Oh, não... Não era possível...
— O quê? Enlouqueceu? — Consegui a muito custo me soltar de sua mão, e caminhei até o centro da sala, me sentindo mais protegida. — Saia daqui! — Falei, não mais calma, mas menos afobada; e já não gritava mais. O que pareceu tranquilizar um pouco o corpo tenso dele, embora seu olhar continuasse duro em mim.
— Precisamos conversar. Sabe disso... — A forma como ele me olhava denunciava que ele estava preocupado, mas eu não queria a preocupação dele, já que na noite anterior ele não teve a menor preocupação em romper comigo sem nenhum aviso prévio. — Você não tem esse direito!
— Ah, me poupe! — Esbravejei, perdendo totalmente a compostura novamente. Ele que fosse ao diabo com aquele discurso...
Peguei minha bolsa no canto do sofá e com as chaves em mãos, caminhei decidida a passar por aquela porta e o trancar ali dentro. Mas seu braço me impediu, fazendo com que girássemos na sala e ele derrubasse as chaves, que se esconderam bem embaixo do sofá. Senti como se o sofá a estivesse engolindo e a escondendo do meu alcance, não me deixando muitas saídas daquela situação ridícula.
— Onde pensa que vai? — Ele percebeu que repetia o mesmo ato de me apertar e soltou meu braço, me empurrando, quase que gentilmente, até me fazer cair sentada no sofá com ele a minha frente, bloqueando minha passagem.
— Embora. Se você não sai, saio eu. — disse simplista, a fim de evitar esse encontro desastroso, onde só eu sairia desequilibrada...
— Quando ia me contar? — Ele novamente me ignorava, então tudo bem se fizesse o mesmo com ele... Fingi demência e passei a encarar os detalhes da minha sala de estar, o que o irritou bastante, pois o mesmo bufou e ajoelhou na minha frente, me encarando com censura. — Chega! Olha para mim...
Olhei para ele e lá estavam aqueles olhos nos quais eu me vi perdidamente apaixonada, mesmo quando Tae me aconselhou a ir com calma, não me entregar tão fácil a um menino mais novo... Ele tinha razão, JungKook não saberia cuidar de mim, assim como não cuidou.
— Sai daqui, Jeon. Eu estou te pedindo... O que pensa que faz na casa da sua ex? Não somos amigos, suma! — O empurrei, fazendo-o cair deitado no chão e resmungando algo, enquanto eu subia correndo as escadas, rumo ao meu quarto.
Segunda porta a direita. Meu quarto nunca pareceu tão longe... Entrei e me tranquei ali, até que ele fosse embora. Tinha um banheiro, minha cama e algumas comidas escondidas nos armários. Eu sobreviveria.
Em questão de segundos, ouvi batidas na porta, mas não eram batidas sutis, era como se um lutador de sumô tivesse destinado a brigar com a minha humilde porta, até parti-la no meio. Agradeci mentalmente por minha porta ser resistente e não ser a minha pessoa no lugar dela, pois faria um estrago e tanto. Eu ouvi de tudo, desde xingamentos, até pedidos gentis para que eu abrisse a porta para conversarmos. Ignorei tudo e fui tomar um bom banho.
Demorei o máximo possível no banheiro e sai já vestida com minha habitual roupa de pijama, já que não tinha grandes planos para o sábado. Enviei uma mensagem para o Jin, que apesar de ser como um irmão para Jeon, nunca me desamparou. Esse logo me retornou com uma ligação e conversamos um pouco, no banheiro mesmo.
Contei tudo, não poupando detalhes e nem adjetivos especiais ao episódio com Jeon na noite anterior, até a forma estúpida com a qual ele se enfiou na minha casa e como o tranquei para fora até que ele fosse embora. Esbravejei mais uma vez o quanto estava querendo matar aquele idiota e Jin em nenhum momento me chamou de Infantil ou algo do tipo, o que passou a me tranquilizar, ele me entendia... Embora não soubesse de tudo, ainda.
Tampouco sabia eu, que assim que saísse do meu banheiro encontraria Jeon sentado na minha cama, me encarando com uma expressão nada amigável. Ele não gostou do que ouviu... Imagino o porquê...
— Como entrou aqui? — Perguntei olhando dele para a porta, que eu tinha certeza que tinha trancado.
Ele nada respondeu, apenas me mostrou uma chave mestre da casa. Maldito! Não se deve confiar em namorados, um dia eles se tornam “ex’s” e vêm te assombrar.
— Nós vamos conversar. — Ele se levantou e caminhou lentamente em minha direção, sem desviar seus olhos dos meus.
Instintivamente, dei passos para trás e o encarei indignada; não queria conversar.
— Você vai é embora... — Peguei meu celular e gravei um áudio para o Jin, que estava online. — Jin, por favor, vem aqui agora. Seu amigo não quer sair daqui! — Dei um grito de raiva no final, para que ele percebesse o quão irritada eu estava. Jeon estava dificultando todo o meu momento. — Jeon, vai embora. — Amenizei meu tom de voz, tentando convencê-lo.
— Não! — Ele gritou e jogou a cabeça para trás, respirando fundo; virou de costas e caminhou pelo meu quarto. — Você tinha que ter me falado... — Seu tom de voz denunciava que sua raiva não passaria tão fácil, mas eu não estava mais preocupada com ele, só com o meu bem estar psicológico.
— Não tenho que dar satisfação da minha vida para você. Não a partir de ontem... — Então ele me olhou e eu pude notar o quão rancorosa eu transpareci estar.
— Você não fez esse filho sozinha! — Ele falou um pouco mais alto do que eu considero ideal para o momento, já que eu não queria que toda a vizinhança descobrisse sobre minha gravidez antes do Tae, porque aí sim eu seria enterrada viva. Então corri até ele e tampei sua boca com a minha mão, de forma um tanto quanto agressiva e desajeitada.
— Fala baixo! — Ele retirou minha mão da sua boca e riu cínico.
— Sério que está preocupada com o que os outros podem pensar? — Ele deu uma pausa, mas eu não o respondi, apenas limpei minha mão em minha regata, ignorando seu deboche. — Imagina, eles descobrindo que você ia esconder isso de mim...
— Jeon, sai daqui! Por favor. — Suspirei frustrada, me sentando na cadeira do computador. — Ou eu vou cometer um assassinato e o meu filho vai nascer na cadeira. — Fiz questão de frisar o pronome possessivo, para que ele entendesse que nessa equação mirabolante do Universo, não existia um suposto pai, muito menos um Jeon.
— Eu não vou deixar você me tirar dessa... — Ele cruzou os braços e me encarou novamente, me fazendo tombar a cabeça no encosto da cadeira giratória.
— Você não foi convidado, acredite. Não me irrite, ou vai passar por mentiroso, caso abra a boca sobre essa coisa aqui.
— “Coisa”? — Eu podia ver a indignação em seu olhar, o que me deixava fula da vida. Ele é que não tinha esse direito de se meter. — “Coisa”? Qual é o seu problema? É um filho! — Agora novamente ele andava de um lado para o outro, agoniado e bagunçando seus cabelos, vez ou outra me olhando com raiva.
— Quer parar? Você vai acabar abrindo um buraco no meu quarto... E outra, ontem terminamos qualquer relação que tivéssemos você deixou bem claro isso, então desapareça! — Levantei e me dirigi até a sala a passos largos, sendo seguida por um Jeon irritado que tentava me alcançar. — Não haja como se isso fosse assunto seu, pois não é. E se respeita mesmo algo do que vivemos, me deixe em paz!
Quando ele iria me responder, Jin apareceu correndo pela porta da frente que se encontrava apenas encostada. Salva pelo gongo.
— Jeon! O que veio fazer aqui? — Ele apoiou as mãos em seus joelhos tentando recuperar o fôlego. Em menos de 10 minutos chegar aqui de carro era algo inacreditável, então suspeitei que ele tivesse furtado a moto de Jeon mesmo...
— Vim me resolver com ela. — Tão infantil que apontou para mim, mesmo eu estando ao seu lado e não tendo mais ninguém naquela sala, o que me fez revirar os olhos.
— Não temos nada a resolver. — Direcionei-me até o Jin, depositando um beijo demorado em sua bochecha avermelhada. — Leve seu amigo daqui, antes que eu o entregue em um caixão. — Suspirei cansada, pronta a me distanciar, quando Jeon resolveu abrir a boca.
— Ela está grávida, hyung! — Droga, mil vezes droga...
Peguei o porta retrato de um foto minha na piscina e arremessei na parede ao lado do culpado por tudo aquilo, o que assustou aos dois naquela sala. Jin tampou sua boca após o grito de susto que soltou e Jeon olhava para o porta retrato espatifado no chão, completamente incrédulo. Sorte a dele eu não ter mirado diretamente nele...
— Ela é louca... — Ele sussurrou, mas eu ouvi, o que só me deixou mais irada.
— Sai! — Apontei para a porta e Jin arrastou o menor pelo braço, a contra gosto do mesmo.
Esperei os dois saírem e tranquei a porta, escorrendo pela mesma logo após, em uma crise de choro. Eu não sabia mais o que fazer da minha vida, só não queria mais ter que encará-lo. Eu estava profundamente magoada. Tudo bem que eu não esperava romantismo em um término, mas eu estava tão bem, disposta a abrir sobre a gravidez que descobri na manhã de ontem... aí ele simplesmente estraga tudo. Eu não o deixaria ficar perto de mim.
Pude ouvir meu celular apitar e o tirei do bolso, notando ser uma mensagem de Jin:
“Ei, é verdade o que Jeon falou?”
— Desgraçado! — Não era assim que as coisas deviam ser. Eu é que devia contar para eles... Eu queria que Jin soubesse, mas não daquela forma. — Tae...
[...]
Contar pro Tae não foi fácil. Duas semanas se passaram e eu me escondi na casa de uma amiga da faculdade. Tomei vergonha na cara e uma hora antes de voltar para minha casa, depois dessa minha estadia na casa da Ray, realizei um vídeo conferência via Skype com meu irmão, a fim de sofrer menos com seus gritos. O que foi em vão! Mesmo com quilômetros nos separando e a tela do computador, eu me encolhi como uma garotinha a cada reação dele. Desgosto. Raiva...
Medo quem sentiu fui eu, ao acordar no dia seguinte com meu irmão me encarando da ponta da minha cama. Fechei os olhos novamente fingindo ainda estar dormindo e fui puxada pelo pé.
— Nem ouse! — Sua voz grave me fez desistir de me fingir de morta e eu me levantei, o abraçando bem forte.
Pelo que pude perceber, eu o desarmei completamente, pois o mesmo retribuiu o meu abraço de forma acolhedora, e eu pude enfim chorar.
— Eu não queria que fosse assim, Tae... Não mesmo. — Eu não sei como, mas eu só sabia que ele estava me entendendo, mesmo com a minha voz sufocada em seu ombro e embargada pelo meu choro. — Eu não queria estar grávida. Olha, me desculpa... — Ele me apertou em seus braços, tentando me reconfortar, como só ele sabia fazer.
— Agora já foi, né... — Senti ele suspirar e com uma mão acarinhar meus cabelos.
O dia foi basicamente de abraços, meu choro infantil, a comida que Tae fez questão de cozinhar para me animar e relatos completos de toda a história, inclusive do pé na bunda. Tae ouviu tudo com toda a atenção do mundo, me apoiando a sua maneira, ora fazendo um singelo carinho no meu rosto, ora me dando petelecos na testa...
A verdade é que aos olhos de Taehyung, Jeon (não ouso chamá-lo como eu costumava chamá-lo, a partir daquela sexta, ele era somente o Jeon) não agiu como um completo cretino, pois terminou de forma limpa. Mas eu, como alvo do seu desinteresse, decido que ele foi sim babaca. Como pôde olhar para mim e dizer, sem pestanejar, que não sentia mais nada? Sendo que na semana anterior estávamos bem, normais... Isso não se faz, muito menos com a (ex) namorada grávida dele, e no dia do aniversário de namoro! Nunca o perdoaria por essa situação! Custava me preparar para o tranco, me enganar por mais um dia? Não... Mas ele decidiu ser direto e acabar com meu ano.
— Quem termina no aniversário de namoro, Taehyung? — O olhei indignada, procurando apoio, mas tudo o que recebi foi a sua cara de paisagem, como quem pensa no assunto.
Só para constar, não recebi apoio incondicional. Ele não gostou do que Jeon fez, mas tampouco quis ir até o apartamento do meu ex, quebrar a cara dele em 20 mil pedacinhos. Ainda sobrou para mim e a brilhante ideia do universo de ligar a minha pessoa a Jeon com laços sanguíneos por tempo indeterminado!
Dito e feito, Tae não hesitou em esfregar na minha cara tudo o que tinha me avisado antes; mas em nenhum momento ele me virou as costas ou me criticou para valer. O auge do meu desespero foi quando ele pegou algumas bananas, — e muitas camisinhas, — e me ensinou como se colocava uma camisinha. Foi um show de horror! Não era como se eu sendo “ensinada” fosse fazer o projetinho de ser humano voltar pro cosmos.
Depois dessa aula nada educativa, ou confortável, com meu irmão, ficamos deitados na minha cama, comendo chocolate e assistindo Os Simpsons. Até que ele decidiu se pronunciar, e eu preferia que ele tivesse continuado quieto na dele...
— Você vai chamá-lo aqui. — Por um breve momento passou pela minha cabeça que Tae arrancaria a cabeça de Jeon, mas isso não se confirmou quando ele continuou. — Vocês vão assumir essa criança como adultos, que não são...
Até nessas horas ele precisava jogar no ar a minha irresponsabilidade e imaturidade...
— Ah não! Não mesmo. Me recuso! — Sentei-me na cama, indignada com a forma leviana com que meu irmão levava a minha vida.
Ele se sentou ao meu lado e pegou minha mão com as suas, brincando com meus dedos para me distrair.
— Não é uma escolha... O estrago já está feito. Meu sobrinho não vai crescer sem pai.— Fez uma careta, provavelmente imaginando a cena, do que para Taehyung era um absurdo.
— Eu não quero! — Emburrei-me e Tae apertou meu lábio até eu gemer de dor, soltando-o.
— Você não pensa, ou vive, só por você agora. Eu vou te ajudar a tomar as melhores decisões para vocês dois... — Ele falou sério e olhou para baixo, indicando meu ventre.
A verdade é que não tinha como discutir com Taehyung quando ele colocava algo na cabeça. Então o máximo que conseguir foi adiar em uma semana o encontro com Jeon e que meu irmão abrisse o jogo para meus pais sozinho, pois não queria ver a reação deles.
Não estava mais tão irritada, mas preferi me encontrar com o suposto pai do meu futuro filho no apartamento dele, caso eu precisasse quebrar mais alguma coisa, e com Jin presente; assim os danos seriam menores.
Ele me recebeu sem nenhuma expressão, o que me deixou um pouco desconfortável, pois vivemos muitas coisas naquele apartamento. Mas meu nervosismo diminuiu quando percebi que somente eu estava assim, Jeon parecia perfeitamente confortável. Típico dele! Então decidi ser madura e resolver todas as questões de uma só vez.
— Bom, você pode ser pai dele, ou dela, sim. — Pude ver um sorriso brincar em seus lábios, mas ignorei. — Mas fique longe de mim. Não me irrite e nem ouse em se enfiar lá em casa. Eu te aviso sobre consultas, ou seja lá o que for... É isso. — Levantei sem nem dar tempo dele se pronunciar e saí de seu apartamento, rumo ao novo lugar de felicidade da minha vida: terapia.
Eu precisava, ou enlouqueceria. Grávida e com um recente pé na bunda... Sou um alvo fácil para catástrofes não planejadas pelo universo. Só espero que essa criança não tire o que me resta de juízo!
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