1. Spirit Fanfics >
  2. A Arte de (Não) lidar com um Yokai >
  3. O Gato que Não era um Gato

História A Arte de (Não) lidar com um Yokai - O Gato que Não era um Gato


Escrita por: notyuqi

Notas do Autor


Só pra contextualizar☝️🤓

Yokais são criaturas do folclore japonês que vagam entre o mundo espiritual e o nosso há séculos. Podem ser travessos, benevolentes ou até mesmo perigosos — dependendo do humor e do dia. Alguns assumem formas animais, outros se escondem em objetos cotidianos, mas todos compartilham uma coisa: adoram pregar peças em humanos desavisados.
Como Han Jisung está prestes a descobrir, nem todo desejo dito em voz alta é apenas um desabafo inocente... Principalmente quando um yokai resolve levá-lo a sério.

Capítulo 1 - O Gato que Não era um Gato


Han Jisung sempre acreditou que sua vida era perfeitamente normal.

 

Bem, tão normal quanto poderia ser para um universitário que dividia um apartamento minúsculo com seu melhor amigo, Hyunjin, e que tinha o hábito questionável de conversar com a própria geladeira quando ela decidia parar de funcionar.

 

— Por que você faz isso comigo? — Jisung lamentou, batendo levemente na porta do eletrodoméstico. — Eu te dei uma chance! Eu poderia ter comprado uma nova, mas não, eu acreditei em você!

 

Hyunjin, deitado no sofá com um pacote de salgadinhos, ergueu uma sobrancelha.

 

— Tá ligado que isso é basicamente um relacionamento abusivo, né?

 

— Cala a boca, ela só precisa de um incentivo.

 

Foi nesse exato momento que algo estranho aconteceu.

 

Um barulho vindo da varanda chamou a atenção dos dois. Um som de queda seguido de um miado abafado.

 

— Foi o gato do vizinho de novo? — perguntou Hyunjin, levantando-se com preguiça.

 

— Acho que sim. Aquele maldito sempre pula aqui pra roubar nossa comida.

 

Jisung foi até a varanda e parou bruscamente.

 

Não era o gato do vizinho.

 

Era... bem, tecnicamente era um gato.

 

Um gato laranja, com olhos dourados e uma expressão que Jisung só poderia descrever como "irritantemente superior". Mas não era só um gato.

 

Porque gatos normais não usam colares com sininhos que brilham no escuro.

 

E, definitivamente, gatos normais não falavam.

 

— Finalmente. Eu estava começando a pensar que você era surdo.

 

Jisung congelou.

 

Hyunjin, que estava logo atrás dele, engasgou com o salgadinho.

 

— O QUÊ.

 

O gato ergueu uma pata, examinando as próprias almofadinhas como se estivesse entediado. 

 

— Vocês são ridiculamente lentos. Eu miei três vezes.

 

Jisung olhou para Hyunjin. Hyunjin olhou para Jisung.

 

— Eu vou desmaiar — anunciou Hyunjin, antes de cair para trás como uma árvore derrubada.

 

O gato suspirou.

 

— Dramático.

 

Jisung, ainda em estado de choque, apontou para a criatura.

 

— Você... você está falando.

 

— Observação brilhante — o gato respondeu, sarcástico.

 

— Isso é algum tipo de sonho? Eu bati a cabeça?

 

— Se fosse um sonho, você provavelmente estaria pelado ou sendo perseguido por um monstro feito de queijo.

 

Jisung hesitou.

 

— ...Eu já tive esse sonho.

 

O gato fechou os olhos, como se pedindo paciência.

 

— Meu nome é Minho. E, antes que você pergunte, não, eu não sou um gato comum.

 

— Nunca imaginei...

 

— Eu sou como um espírito guardião.

 

Jisung franziu a testa.

 

— Tipo... um anjo da guarda?

 

— Não. — Minho deu um salto elegante, pousando no parapeito da varanda. — Anjos são chatos. Eu sou um yokai.

 

— Um o quê?

 

— Espírito sobrenatural. Folclore japonês. Google depois. — Minho olhou em volta, nariz enrugado. — Você mora aqui?

 

— Ei! — Jisung cruzou os braços. — É um ótimo apartamento!

 

— Cheira a salgadinho velho e desespero.

 

— Por que você está aqui?!

 

Minho deu uma piscada lenta, quase como um sorriso felino.

 

— Porque, Han Jisung, você me invocou.

 

Jisung engoliu em seco.

 

— ...O quê?

 

— Você fez um pedido. Um desejo. E eu vim para concedê-lo.

 

— EU NÃO PEDI UM GATO FALANTE!

 

— Não foi exatamente isso que você disse — Minho pulou para dentro do apartamento, passando por Jisung como uma sombra. — Você estava reclamando da sua vida amorosa, lembra?

 

Jisung ficou vermelho.

 

— Eu não— isso foi uma brincadeira! Eu só disse que...

 

— "Por que eu nunca consigo alguém decente? Até um gato seria melhor que os caras que eu encontro." — Minho repetiu, com um tom de voz que era claramente uma imitação zombeteira de Jisung.

 

— Oh, meu Deus.

 

— Parabéns. — Minho esticou-se, como um gato normal faria, antes de olhar para Jisung com um brilho travesso nos olhos. — Você acabou de ganhar um namorado sobrenatural.

 

Jisung engasgou.

 

— NÃO FOI ISSO QUE EU PEDI!

 

Hyunjin, ainda desmaiado no chão, resmungou algo sobre "gatos do inferno".

 

E assim começava a mais estranha — e possivelmente mais catastrófica — aventura da vida de Han Jisung.


Notas Finais


Minho, o gato falante que invade apartamentos e egos, é um bakeneko (化け猫), um yokai felino capaz de se transformar em humano e, aparentemente, de arruinar a sanidade de alérgicos como Hyunjin. Diferente do nekomata (seu primo maligno de cauda bifurcada), bakenekos podem ser neutros ou apenas inconvenientes — ou insuportavelmente charmosos, dependendo do seu gosto por ronronos e sarcasmo.
Minho, como bom bakeneko, segue a tradição de aparecer onde NÃO é convidado e responder a desejos de formas literais demais.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...