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História A Arte de (Não) lidar com um Yokai - Alergias e Atitudes Felinas


Escrita por: notyuqi

Notas do Autor


Se você acha que gatos normais são temperamentais, experimente hospedar um yokai. Dica: Não ofereça atum de supermercado. Eles preferem sua alma (ou, no mínimo, seu sanduíche).

Capítulo 2 - Alergias e Atitudes Felinas


Jisung acordou no dia seguinte com um peso no peito.

 

Não era ansiedade, nem arrependimento por ter comido três pacotes de ramyeon antes de dormir.

 

Era literalmente um gato laranja deitado sobre seu torso, ronronando como um motorzinho satisfeito.

 

Jisung tentou se levantar, mas Minho não se moveu. — Sai.

 

— Não. — Minho abriu um olho, dourado e brilhante mesmo na penumbra do quarto. — Você é quentinho.

 

— Eu não sou sua cama!

 

— Você ronca. — O gato yokai disse, com a voz suave e irônica.

 

Jisung resmungou e tentou empurrá-lo, mas Minho simplesmente se transformou em uma bolinha mais pesada, como se desafiasse as leis da física.

 

— Por que você ainda está aqui?

 

— Você me invocou. — Minho bocejou, mostrando dentes afiados. — Eu não vou embora até que seu desejo seja realizado.

 

— Mas eu não tenho um desejo!

 

— "Até um gato seria melhor que os caras que eu encontro" — Minho repetiu, agora com um sorriso claramente divertido. — Você pediu por mim.

 

Jisung cobriu o rosto com as mãos.

 

— Eu estava reclamando, não fazendo um pacto demoníaco!

 

— Yokai. Não demoníaco. — Minho se levantou, esticando as costas antes de pular para o chão com elegância.

 

— Eu não pedi por isso. Foi um desabafo!

 

— Desabafos são pedidos não-oficiais. — Minho olhou em volta, focando na pilha de roupas sujas no canto. — Você vive como um animal.

 

— Ei!

 

— Não, sério. Até eu, que sou um gato, tenho mais higiene.

 

Jisung estava prestes a revidar quando um espirro estrondoso ecoou pelo apartamento.

 

Hyunjin, com olhos inchados, nariz vermelho e um lenço na mão, apontou para Minho com expressão de horror.

 

— Ele ainda está aqui.

 

Minho olhou para ele, depois para Jisung.

 

— Ele sempre parece um panda espirrando ou isso é novo?

 

— Jisung… — ele disse, com voz rouca e dramática. — Eu… eu não estou alucinando, né?

 

Jisung hesitou.

 

— Depende. O que você está vendo?

 

— UM GATO. QUE FALA. E QUE NÃO SAI DA MINHA CABEÇA.

 

Minho virou-se lentamente, olhando para Hyunjin com curiosidade.

 

— Ah, é verdade. Humanos podem ser alérgicos a nós.

 

— NÃO ME DIGA — Hyunjin espirrou de novo, mais violentamente.

 

Jisung se levantou rapidamente, tentando mediar a situação antes que Hyunjin pegasse um extintor de incêndio (ele já tinha feito isso antes, com uma barata).

 

— Hyunjin, você tá bem?

 

— NÃO! EU SOU ALÉRGICO A GATOS! EU VOU MORRER!

 

Minho examinou Hyunjin com interesse científico.

 

— Ele não vai morrer. Só vai sofrer um pouco.

 

— ISSO NÃO AJUDA — Hyunjin gritou, antes de espirrar mais três vezes seguidas.

 

Jisung olhou entre os dois, sentindo um peso de culpa.

 

— Ok, ok! Minho, você pode… sei lá, não ser um gato por um tempo?

 

Minho ergueu uma sobrancelha (sim, gatos podem erguer sobrancelhas, aparentemente).

 

— Eu sou um gato.

 

— Mas você é um espírito! Você não pode se transformar em outra coisa? Um pássaro? Um… cachorro?

 

Minho fez uma careta.

 

— Cachorros são nojentos.

 

Após mais um espirro barulhento, Hyunjin caiu de joelhos, como um herói trágico em uma novela mexicana. — Eu… eu vejo uma luz…

 

Minho inclinou a cabeça.

 

— Eu posso. Mas eu gosto de ser um gato.

 

— POR FAVOR, MINHO.

 

O gato yokai suspirou, como se estivesse fazendo um grande sacrifício.

 

— Certo...

 

Num piscar de olhos, onde antes estava um gato laranja, agora havia um homem—alto, de olhos afiados e um sorriso que fazia Jisung engolir em seco.

 

Hyunjin parou de espirrar por puro choque.

 

— O QU—

 

Jisung parou de respirar.

 

— …Oh.

 

Minho (agora em forma humana) esticou os braços, como se testasse seu novo corpo.

 

— Isso é melhor?

 

Hyunjin olhou para Jisung, depois para Minho, depois para o teto, como se pedindo forças aos céus.

 

— Eu vou me mudar.

 

E como esperado, o apartamento virou um caos.

 

Minho, agora em forma humana, agia como se morasse lá há anos.

 

— Por que você tem tantos sapatos? — Ele perguntou, revirando o armário de Hyunjin. — Você tem sete pares iguais.

 

— Eles são diferentes! — Hyunjin protestou, tentando puxar um tênis das mãos de Minho.

 

— Um tem listras ligeiramente mais grossas. Uau. Emocionante.

 

Jisung, sentado no sofá, observava a cena enquanto comia cereal direto da caixa.

 

— Ele tem um ponto.

 

— Traidor! — Hyunjin acusou.

 

Minho ignorou os dois e foi até a cozinha, abrindo a geladeira.

 

— O que é isso? — Ele puxou um pote com sobras de quem-sabe-o-quê.

 

— Experimenta — Jisung sugeriu, maliciosamente.

 

Minho abriu o pote, cheirou e fechou imediatamente com nojo.

 

— Isso já foi vivo em algum momento?

 

— Provavelmente.

 

Minho jogou o pote no lixo com um ar dramático.

 

— Vocês dois são nojentos. Eu vou cozinhar.

 

Hyunjin e Jisung trocaram olhares.

 

— Você cozinha?

 

Minho já estava pegando uma panela.

 

— Eu tenho 400 anos. Você acha que eu passei todo esse tempo só dormindo na lua?

 

E, para surpresa de todos, Minho realmente cozinhava bem.

 

Muito bem.

 

— Caralho — Jisung murmurou, depois da primeira garfada. — Isso é melhor que o restaurante da esquina.

 

— Eu sei — Minho respondeu, orgulhoso.

 

Hyunjin, ainda relutante, deu uma mordida e ficou em silêncio por cinco segundos antes de admitir:

 

— ...Ok, você pode ficar. Mas só até minha alergia passar.

 

Minho sorriu, mostrando caninos um pouco mais afiados que o normal.

 

— Generoso da sua parte.

 

Jisung olhou para os dois e sentiu que, de alguma forma, sua vida tinha virado um drama sobrenatural.

 

E o pior?

 

Ele nem estava tão incomodado assim.

 

Naquela noite, Jisung estava no sofá, assistindo a um reality show, quando Minho apareceu do nada e se sentou bem ao seu lado.

 

— Gah! — Jisung pulou. — Você não pode fazer isso!

 

— Fazer o quê?

 

— Surgir assim! Você não é um gato agora!

 

Minho ignorou o protesto e se aconchegou mais, como se ainda tivesse forma felina.

 

— Esse programa é estúpido.

 

— Eu gosto dele!

 

— Claro que gosta. — Minho deu um tapinha na cabeça de Jisung, como se ele fosse um filhote.

 

Jisung ficou vermelho.

 

—Para com isso.

 

— Com o quê?

 

— Isso! Você age como se eu fosse seu… seu…

 

— Dono? — Minho completou, com um sorriso malicioso.

 

— NÃO.

 

Minho riu, um som baixo, antes de se inclinar para frente, nariz quase tocando o de Jisung.

 

— Você realmente não quer um namorado sobrenatural?

 

Jisung engoliu seco.

 

— Eu… uh.

 

Felizmente (ou não), Hyunjin escolheu aquele momento para entrar na sala, carregando um saco de compras.

 

— PARE.

 

Minho recuou com um suspiro.

 

— Vocês humanos são tão frágeis.

 

Hyunjin jogou um pacote de antialérgicos na mesa.

 

— Aqui está sua tralha, gato demoníaco.

 

— Yokai.

 

— Que seja!

 

Jisung, ainda com o rosto quente, afundou no sofá.

 

Ele tinha a nítida sensação de que isso era só o começo.


Notas Finais


A transformação de Minho de ‘gato chato’ para ‘homem inexplicavelmente atraente’ foi aprovada por 100% dos humanos afetados (Jisung) e 0% dos espectadores traumatizados (Hyunjin).


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