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História A Arte de (Não) lidar com um Yokai - Dois Açúcares, Um Toque de Canela (e um Yokai no Meu Sofá)


Escrita por: notyuqi

Notas do Autor


Conviver com um yokai é como ter um gato, um namorado e um demônio caseiro em um só. Eles transformam seu café em leite, suas roupas em panos de louça e sua vida em um caos adorável. Jisung não estava preparado.
(Mas, no fim das contas, quem está?)

Capítulo 6 - Dois Açúcares, Um Toque de Canela (e um Yokai no Meu Sofá)


Na manhã seguinte, Jisung acordou com uma cena tão improvável que achou que ainda estava sonhando: Minho, em forma humana, fazendo café.

 

Ou pelo menos tentando.

 

— Isso parece óleo usado de motor — comentou Hyunjin, espiando a panela com nojo.

 

Jisung, ainda segurando o bilhete chamuscado que Minho deixara para ele na noite anterior, parou na porta da cozinha. Minho estava de costas, vestindo apenas uma camiseta surrada e um short, como se fosse a coisa mais natural do mundo ser uma tentação viva às sete da manhã.

 

— Bom dia — Minho disse, sem sequer olhar para trás.

 

— Você... tá fazendo café? — Jisung perguntou, desconfiado.

 

— Obviamente não — Minho finalmente se virou, segurando uma xícara fumegante. — Transformei água em café. É mais fácil.

 

— ISSO É ASSUSTADOR! — gritou Hyunjin.

 

— É prático — Minho deu de ombros, aproximando-se o suficiente para que Jisung pudesse ver cada detalhe de seus cílios. — Quer?

 

Ele estendeu a xícara. Jisung hesitou.

 

— Tem veneno?

 

— Só se você considerar açúcar veneno.

 

— Ele considera — murmurou Hyunjin, já escapando com sua torrada.

 

Jisung tomou um gole. Era perfeito — doce, forte, com um toque de canela. Exatamente como ele gostava.

 

— Como você...?

 

— Você resmunga suas preferências enquanto dorme — Minho roubou a xícara de volta, bebendo no mesmo lugar onde os lábios de Jisung tinham tocado. — "Dois açúcares, um toque de canela, forte o suficiente pra ressuscitar um morto". Suas palavras.

 

Jisung ficou vermelho. Minho sorriu, com os caninos à mostra, deixando claro que se divertia muito às custas dele.

 

O silêncio que se seguiu foi tão denso que até Hyunjin achou melhor se retirar.

 

— Por que você tá fazendo isso? — Jisung finalmente perguntou, os dedos apertando o bilhete no bolso.

 

— Fazer café? — Minho provocou.

 

— Ser... assim. Cuidadoso. Depois de... você sabe.

 

— O beijo?

 

— NÃO PRECISA FALAR ALTO! — Jisung exclamou, querendo cavar um buraco e sumir.

 

Minho riu, mas seu olhar ficou sério. Ele inclinou a cabeça, os olhos dourados fixos nele. — Yokais não mentem sobre desejos. E você nunca desejou só um namorado.

 

— Não?

 

— Você queria alguém que entendesse quando você fala com a geladeira — Minho deu um passo à frente. — Que ficasse mesmo quando você tenta empurrar todo mundo pra longe.

 

Jisung sentiu o peito apertar. Era verdade. Todas as noites reclamando para o vazio, todos os desabafos para paredes mudas – ele nunca pedira por amor. Pedira por permanência.

 

Minho encostou a testa na dele, num gesto que doía de tão íntimo. — Eu ouvi. E vim ficar.

 

E então, com a precisão de quem esperou 400 anos para aquilo, Minho o beijou contra a geladeira – o mesmo lugar onde Jisung costumava desabafar sozinho.

 

— POR QUE SEMPRE EU TENHO QUE VER ISSO?! — Hyunjin apareceu na cozinha segurando um pacote de pão como escudo.

 

Com isso, temos três coisas que mudaram nos meses seguintes:

 

Minho agora tinha um lado humano alarmantemente doméstico – fazia café sobrenatural, roubava camisetas e beijava Jisung como se fosse um direito divino.

 

Hyunjin desenvolvera uma imunidade traumática – ainda reclamava, mas aceitara subornos na forma de ramyeon caseiro e desculpas criativas para professores ("Meu gato yokai comeu minha tarefa" funcionava surpreendentemente bem).

 

Jisung aprendera que "ficar" era um verbo concreto – nas xícaras de café perfeitas, nos cobertores aquecidos magicamente nas noites frias, no jeito como Minho o puxava de volta toda vez que ele tentava se esconder.

 

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O apartamento estava estranhamente silencioso para uma tarde de domingo – o que deveria ter sido o primeiro sinal de alerta para Jisung. Ele estava deitado no sofá, tentando ler um livro, enquanto Minho, em forma de gato, se aconchegava em seu colo, ronronando baixinho. Jisung lembrara de uma pergunta que ainda o assombrava:

 

— Ei, Minho... — Jisung perguntou, hesitante, enquanto o yokai lambia leite de uma tigela (em forma felina, por pura estética). — Se eu realmente não tivesse gostado de você... você iria embora?

 

O silêncio que se seguiu foi tão denso que Jisung quase conseguia ouvir o zumbido da lâmpada da sala. Minho parou de lamber o leite, levantou a cabeça lentamente e olhou para ele com aqueles olhos dourados que pareciam ver através de tudo.

 

Então, num movimento tão rápido que fez Jisung pular no sofá — BAM! — Minho se transformou em humano, derrubando a tigela no processo. O leite respingou no chão, formando pequenas poças brancas que brilhavam à luz da tarde.

 

— Claro que não. — Minho sorriu, mostrando os caninos afiados que deveriam parecer ameaçadores, mas que, para Jisung, pareciam mais uma provocação tentadora. — Eu só faria você pensar que gostou.

 

Jisung engoliu seco. Aquele sorriso era perigosamente bonito, e ele odiava o quanto seu coração reagia a isso.

 

— Isso é assustador.

 

— Eu sei. — Minho inclinou-se e beijou sua testa, suave e provocador. — É por isso que você me quer aqui.

 

Da cozinha, veio o barulho de panelas batendo, seguido pelo grito indignado de Hyunjin:

 

— EU OUÇO TUDO E ME ARREPENDO DE OUVIR!

 

Minho riu — aquele riso baixo e felino que sempre fazia Jisung suspeitar que travessuras estavam sendo planejadas.

 

— M-mas... você disse que yokais ficam até o desejo ser cumprido... — Jisung engoliu em seco, tentando não encarar o peito largo de Minho, que agora usava apenas uma camiseta fina demais para a dignidade humana.

 

Minho inclinou a cabeça, o sorriso diminuindo até restar algo quase... vulnerável.

 

— E se o desejo... for ficar?

 

O coração de Jisung errou uma batida. Depois outra. Depois pareceu esquecer completamente como se comportar.

 

Ele abriu a boca para responder, mas tudo o que saiu foi um ruído estranho — um misto de soluço e latido engasgado — que fez Minho arquear uma sobrancelha, divertido.

 

— Eu sabia. — Minho deu um passo à frente, com a calma predatória de um gato caçando uma presa já rendida. — Você gosta de mim.

 

— Eu não... não é assim... quer dizer... talvez... um pouco... muito... — Jisung desistiu de se explicar, cobrindo o rosto com as mãos.

 

Minho soltou uma risada baixa, genuína, e se sentou ao lado dele no sofá, dobrando uma perna de maneira casual, mas estrategicamente perto demais.

 

— Você é tão fácil de ler quanto um cardápio de cafeteria — provocou, empurrando de leve a mão de Jisung para espiar seus olhos corados.

 

Por alguns segundos, ficaram apenas se encarando. O mundo do lado de fora parecia distante. Tudo o que existia era o som suave do ronronar residual no peito de Minho e a respiração entrecortada de Jisung.

 

Minho inclinou-se devagar, sem pressa, como se desse a ele todo o tempo do mundo para fugir — mas Jisung, pela primeira vez em dias, não queria correr.

 

Quando os lábios se tocaram, foi diferente do primeiro beijo. Não um choque, não um acidente. Foi escolha. Foi promessa.

 

Jisung se viu agarrando a camiseta fina, puxando-o para mais perto, enquanto o yokai deslizava uma mão pela sua nuca, os dedos frios contrastando deliciosamente com o calor que se espalhava sob sua pele.

 

Quando se separaram, Jisung estava ofegante e meio zonzo.

 

— Se você ronronar agora, eu juro que vou te jogar pela janela — murmurou, tentando soar ameaçador.

 

Minho sorriu, aquele sorriso perigoso e devastador, e... ronronou. Alto. Sem vergonha.

 

— Você não faria isso. — Encostou a testa na dele. — Porque você gosta de mim.

 

— Grrr. — Jisung rosnou, fraco como um gatinho molhado, e afundou o rosto no pescoço dele.

 

Minho riu, um som suave, e passou os dedos distraidamente pelo cabelo bagunçado de Jisung.

 

Nos meses desde que Minho aparecera em suas vidas, algumas coisas haviam mudado. O yokai ainda alternava entre formas, mas agora passava significativamente mais tempo como humano — especialmente quando se tratava de roubar beijos de Jisung em momentos inesperados.

 

Hyunjin ainda reclamava diariamente, mas as ameaças de se mudar haviam diminuído consideravelmente depois que Minho começou a fazer aquele ramyeon caseiro que deixava até o vizinho do quinto andar com inveja. (E depois que Hyunjin descobriu que podia usar Minho como desculpa para faltar às aulas — "Meu gato yokai comeu minha tarefa" era incrivelmente eficaz).

 

E Jisung? Bem, Jisung finalmente admitira para si mesmo que, de todas as formas possíveis e impossíveis de conseguir um namorado...

 

Invocar um yokai acidentalmente tinha sido, sem dúvida, a mais inesperada.

 

E, para seu próprio espanto, a melhor.

 

— Você está sorrindo. — Minho observou, deitado ao seu lado no sofá, os dedos brincando com as pontas do cabelo de Jisung.

 

— Não estou.

 

— Está.

 

— Tá bom, estou. — Jisung revirou os olhos, mas não conseguiu disfarçar o sorriso que teimava em aparecer toda vez que Minho agia como... bem, como Minho.

 

O yokai aproximou-se, encostando a testa na dele, e Jisung pôde sentir o calor do outro, mesmo através do toque leve. Era estranho como algo tão simples podia fazê-lo sentir-se tão... certo.

 

— Então... — Minho murmurou, a voz mais suave do que o habitual. — Desejo realizado?

 

Jisung riu, sem conseguir mais negar o óbvio. Não que ele realmente quisesse negar, naquela altura.

 

— Sim.

 

E, como um verdadeiro yokai — teimoso, imprevisível e incrivelmente irritante — Minho sorriu, satisfeito, antes de selar o acordo da única forma que sabia: com um beijo que deixou Jisung sem fôlego e Hyunjin gritando da cozinha:

 

— PELO AMOR DE TODOS OS DEUSES, ARRANJEM UM QUARTO!

 

Mas, claro, Minho apenas ignorou o protesto e beijou Jisung de novo. Afinal, qual era o sentido de ser um yokai se você não pudesse irritar o melhor amigo do seu namorado de vez em quando?

 

— A propósito... — Minho mordiscou a orelha de Jisung, fazendo-o estremecer. — Você sabe que Hyunjin cheira a alvo fácil para outros yokais, né?

 

— O QUÊ?! — Hyunjin apareceu na porta da cozinha, segurando uma colher de pau como se fosse uma arma.

 

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Numa noite particularmente fria, Jisung encontrou um pequeno pergaminho no travesseiro, amarrado com uma fita vermelha.

 

"Contrato de Convivência Yokai-Humano"

Cláusula 1: Humanos devem alimentar yokais regularmente (preferencialmente com carinho, além de comida).

Cláusula 2: Yokais têm direito a três beijinhos por hora, ou mais conforme a vontade.

Cláusula 3: Humanos que tentarem fugir serão perseguidos. (Com cócegas.)

Cláusula 4: Este contrato é válido por tempo indeterminado ou até que as partes se amem tanto que esqueçam de contar. (Em outras palavras, enquanto o humano Han Jisung continuar sendo desastrado, falando com eletrodomésticos e precisando de alguém para roubar seu café... O yokai Lee Minho permanecerá.)

Assinado:

Minho (gato, yokai, futuro namorado oficial, atual problema ambulante)


Notas Finais


E finalmente chegamos ao fim!😴

Essa história foi escrita entre crises de procrastinação e noites insones então muito obrigada por embarcarem nessa loucura! Quem sabe um dia eu não invoque outra história? (Provavelmente não)

Agora vou chorar sobre ergonomia e admirar o Seungmin até recuperar minha sanidade. Ou até reprovar em ergonomia. O que vier primeiro.


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