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História A Capa - O fim do inverno...


Escrita por: Mooonwalker

Notas do Autor


Bom... gostaria de agradecer a você meu amigo de jornada, por dedicar um tempo e ler esta fan-fic que demorei tanto pra postar, mas fiz com uma alegria e imaginação elevada (no sentido de distância não de qualidade hahaha)
Aqui nossa jornada se encerra, bom, pelo menos a nossa jornada em Alsfeld na fuga (e alguns, na busca hehe) pela Besta.
Valeu mesmo, de verdade, pela companhia 😊

Capítulo 11 - O fim do inverno...


O “forte de Antrifttal” sempre parecia enorme quando Lorde Galle se ausentava, Derick aproveitava, sabia que não eram sempre as oportunidades. Saía e se encaminhava aos porões do forte, tomava um barril da mais forte cerveja e cantava... 

Era madrugada quando o conselheiro chegou suado e completamente apavorado:

- Lorde Derick, Lorde Derick! - o garoto não respondeu, na verdade nem sequer ouviu chamar seu nome - Senhor, devemos fugir para os Alpes ou para as fortalezas vizinhas o mais rápido possível 

Derick estava bêbado, subiu as escadas em zigue-zague quase como um cão. O conselheiro o tomou em braços e o pôs em seu próprio cavalo

- Como ousa me insultar desta forma Lampen? Por acaso não se lembra de quem sou?- esbravejou Derick como uma criança mimada 

- Desculpe-me senhor, mas é para seu próprio bem! Precisamos partir agora mesmo para a fortaleza mais próxima.

Derick continuou se contorcendo, o conselheiro não tinha sua paciência abundante, bateu com a bainha de sua espada na nuca do garoto, e partiu viagem.

A neve não havia cessado, a fortaleza estava logo à frente, mas o cavalo de Derick não tinha mais forças para levá-lo adiante. O conselheiro pegou o menino, pôs em suas costas e enfrentou a neve, o vento os balançava como esquilos balançam suas nozes, e ao longe um uivo se ouviu

- Não pode ser... estamos quase lá - A sombra que perseguia o velho Galle, havia voltado para buscar o herdeiro ao trono

- ABRAM OS PORTÕES -gritavam os dois

Os portões se abriram. Ambos entraram.

Derick começara a ligar os pontos. Chorou. O conselheiro nada fez, apenas entregou a capa ao Lorde Törnan.

Lorde Törnan mandou chamar os serventes para que o almoço fosse servido, com isso, todos os refugiados na fortaleza também se ajuntaram, entre eles uma linda garota dos cabelos louros e maçãs avermelhadas, acompanhada de olhos azuis como anis.

- Ella - exclamou Derick, como quem não carrega a certeza de ainda ser bem quisto

A garota não correspondeu

- Ella, sou eu Derick, lembra de mim, Alsfeld... - tornou a chamar tocando em seu ombro

A garota o empurrou em direção à parede com grande brutalidade e uma respiração constante e ofegante, a qual nem mesmo seus conhecidos reconheceriam

- Ella!- gritou Lorde Törnan- Derick é o Lorde de Alsfeld, sua terra natal como havia me dito... 

Ella lentamente se afastou de Derick, porém sem nem sequer desviar o olhar.

Durante o jantar Derick a observava, não reconhecia mais a gentil, doce e singela Ella, que corria pela floresta de pinheiros em Alsfeld levando pretzels e apfelstrudel para sua avó. Galle mudou, e o jovem herdeiro se sentia em dívida com a menina, queria de qualquer modo ajudá-la a se reencontrar. Seguiu a garota. Ella carregava uma cesta a qual parecia estar carregando seus pertences, subiu a escada e parou em frente ao trono de Lorde Törnan. Ella se ajoelhou, Törnan devolveu sua capa, em um estado invejável, com um escarlate vivo. Derick se afastou e a perdeu de vista.

Amanheceu, o que era uma grande e branca floresta, se transformou, do infindável branco invernal ao verde molhado pela neve, mal se via o sol e Ella partiu. Partiu sem dizer nada, apenas com a cesta em mãos e uma expressão frígida, nem mesmo a cachoeira congelada que aos poucos ganhava suas quedas novamente a arrebatou de seu rosto, a garota seguia insistentemente a trilha do rio, acompanhada pelos abutres que sondavam os restos mortais do que sobrara do exército Galle. Os pinheiros circuitavam-se esparramando pelos ventos seu perfume, brincavam com as lembranças da criança que Ella havia sido e com certeza, jamais tornaria a ser, lembrou do cheiro das flores que frequentemente levava do jardim da senhorita Duller, das vezes em que sua mãe a abraçava perto da lareira com a coberta envolvendo as duas, sentiu falta pela primeira vez, de algo que não tinham em outras pessoas, sentiu falta de si mesma, e de tudo que perdeu em momentos. Talvez fosse melhor se abster, “não era uma vida ruim” - pensou consigo- “talvez me casasse com Erick, o filho dos nômades que passavam o verão hospedados em Alsfeld” ou “quem sabe não montasse uma taberna de flores?”. Ella parou, ouviu algo se mexendo por detrás das árvores, no outro lado da margem. A menina apertou os passos, deixou a expressão de indiferença  e adotou a uma que poucas vezes utilizara em sua vida, pensava que nem sequer chegaria a utilizá-la, sua vida monótona e estruturada não permitia o encaixe do pânico. As mãos suadas e os pés se encontraram ao tropeçar em uma lenha no chão. Se escondeu atrás de um tronco, “poderia estar sentada na lareira de casa, comendo o delicioso pão doce da senhorita Duller e gargalhando das investidas culinárias de papai”. Respira, logo retorna a real situação. Levanta e toma seu caminho novamente. 

Chega a porta de sua avó, seus dedos estão trêmulos, teme que aquilo que tanto negava tivesse se concretizado, cruza os dedos, limpa o suor e põe um cético sorriso nos lábios. Abre a porta. O calor ainda não havia vencido a frieza dos ventos. Ella estava com frio, puxou o gorro, sutilmente deslizou seus pequenos dedos em direção ao enxoval da velha

- Está bem Vovó?

- Melhor do que nunca agora que posso lhe ver minha netinha - respondeu instantaneamente inclinando sua cabeça do travesseiro 

- Trouxe os seus bolinhos

Ella deixou a cesta em cima da mesa e se encaminhou a direção da porta 

- Não irá se despedir de sua pobre, velha e doente avó? - respondeu com uma voz mais grave do que a habitual

- Perdão, a senhora está realmente bem Vovó? - perguntou Ella enquanto já abria a porta e colocava o pé direito sobre a relva da floresta

- Melhor agora que posso provar estes bolinhos que você me trouxe Bela! - A garota sutilmente recua.

- Me chamou de quê?

- Pelo seu nome, Ella, estou com uma pequena dor nos dentes, me acompanhe por favor... porque não se senta e toma um pouco de chá comigo?! - questionou a velha puxando uma cadeira para perto de sua cama

- Não posso ficar muito, a besta está próxima de Antrifttal - desconversou colocando o pé esquerdo para fora

- Pois tenha certeza de que a besta não será mais um problema !

Ella coloca o pé direito para dentro novamente 

- Gostei de como ficou sua capa...Me lembrou seu avô, tenho certeza de que ele adoraria te ver com ela -a voz destoa novamente 

- Vó, a senhora não está bem! Nunca me falou sobre o Vovô...

- Nunca achei que estivesse interessada

- Mas é claro que estou, sempre estive!

Ella entra e bate a porta. Senta na cadeira próxima a cama. Pega a xícara, toma um gole longo e demorado

- Nunca tinha percebido como os seus olhos são grandes - disse se aproximando do rosto da velha como se algo a hipnotizasse 

- São para sempre te ver melhor minha querida 

- Nem nessas orelhas engraçadas que a senhora ganhou

- É para sempre te ouvir e dar o meu melhor para você, meu amorzinho 

- Como a senhora consegue sobreviver a tudo isso sozinha aqui?

- Eu tenho meus truques nas mangas

- Tem algo de errado com a sua boca vovó, acho que esqueci de sua alergia

- Está tudo bem - relutou a velha cobrindo parte do rosto com o lençol

- Não, não está, com toda certeza isso é aquela alergia que a senhora e minha mãe conversavam, e eu preciso ver isso de perto, por que outro motivo sua boca estaria inchada?!

- Pra mostrar quem eu sou!

Ella caiu da cadeira, a luminária se apagou juntamente com todas as outras luzes do casebre. Ao seu redor todas as sombras convergiam no corpo de sua avó, seus olhos enrubesceram como mil fornalhas ardendo. Ella se arrastou até que pudesse abrir a porta e correr para a floresta buscando por um lugar para tentar se abrigar da besta, de longe viu a casa de sua avó ser destruída pela besta que crescia e a cada segundo dobrava seu tamanho.

Ella continuou a correr, adentrou zonas onde nunca nem sequer pensara haver, pulou entre a correnteza do rio diante da cachoeira, descendo até a outra margem da floresta, acreditava que finalmente havia despistado a besta, mesmo não acreditando na ideia de que a própria fera poderia ser sua avó. A garota sentiu um vento forte vindo do norte, forte porém quente, um vento nunca antes sentido. Tudo em volta escureceu, não se conseguia enxergar mais o topo dos pinheiros, Ella não hesitou, não resistiu, nem fugiu, apenas ficou parada, estática, com os pés e as mãos encobertas por sua capa. A besta caminhou até a menina, ergueu seu pescoço e uivou, seu uivo foi ensurdecedor, não cria que fosse simplesmente um uivo, jurou ter ouvido uma voz, um grito. Ella levantou a cabeça e direcionou seus olhos até que pudessem se encontrar com o fundo dos olhos da fera. Ella viu seus pais, viu Helewidis Galle, e o Frei e muitos dos habitantes de Alsfeld, mas ainda sim, notou a falta de uma pessoa

- Vovó, a senhora é a besta - suspirou Ella estendendo as mãos para a fera, como se quisesse amansa-la - Confie em mim !

A besta se inclinou, Ella fechou seus olhos e sorriu, como alguém que sabe que a morte vem a seu encontro, mas não a teme mais...

Alsfeld foi reconstruída, suas tavernas e festivais foram reerguidos juntamente com sua população, maior do que a anterior. A besta não foi vista desde então assim como Ella. Lorde Derick Galle, organizou buscas e expedições para encontrá-la, com todos os moradores e aldeões vizinhos, e a única coisa que realmente encontraram, foi sua capa vermelha e o livro de sua avó.

Não demorou muito até que trovadores, poetas e até mesmo viajantes, confabulassem sobre os acontecimentos ocorridos, muitos acreditando, e em alguns casos mais ousados, até afirmando, que Ella está morta (o que acredito não ser necessário relatar sobre modo como ela partiu). Mas, era primavera, e como sempre, a natureza nos lembra que até mesmo os mais sombrios e frios invernos nos trazem as mais fortes e belas flores


Notas Finais


Mais uma vez, muito obrigado por viajar (literalmente hahaha) comigo nessa jornada por Alsfeld e suas redondezas.
Espero te ter como companhia nas outras jornadas que estou roteirizando
♥️😊


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